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domingo, 10 de novembro de 2019

O inferno II - VEJA - Gustavo Krause

Blog do Noblat

O que nós temos a dizer dos que duvidam da solidez da nossa democracia?

A democracia não é o paraíso.  O notável pensador político, Norberto Bobbio, em O Futuro da Democracia, apontava pelo menos seis promessas (ou ilusões) não cumpridas pela democracia. Por sua vez Rousseau, afirmava: “Se houvesse um povo de deuses, seria governado democraticamente, mas aos homens não convém tão perfeito governo”  Em contrapartida, a ausência da democracia é o inferno sob formas de tirania, entres as quais, a mais perversa: sistema totalitário.

Neste sentido, a nossa experiência histórica tem muito a dizer pelas agruras sofridas: uma democracia jovem, submetida a uma transição arriscada, mais lenta e menos segura do que prometia a estratégia da transição do governo militar para o governo civil.  Com evidentes sinais de consolidação (integração da sociedade civil, estado de direito, sociedade econômica, gestão pública e sociedade política), eis que a direita e a esquerda populistas ameaçam, globalmente, as democracias liberais, desta vez, chegando ao poder, não pela força, mas pelos instrumentos da democracia representativa. Uma vez instaladas no governo, as lideranças “legitimadas” pelo voto, enfraquecem à exaustão a teia protetora das instituições democráticas a ela sobrepondo o poder despótico.

O que nós temos a dizer dos que duvidam da solidez da nossa democracia? É provável que nenhuma democracia nascente tenha sido tão testada: a enfermidade letal do Presidente Tancredo Neves, o governo fraco de Sarney, mas ao qual se deve a capacidade de superar crises; cooperar decisivamente com o processo constituinte; suportar uma oposição virulenta; sobreviver à recessão e à superinflação.

O que veio depois? A maior crise, até então, do presidencialismo: o impeachment de Collor e mais uma vez um governo provisório de Itamar Franco, objeto de todos os preconceitos, que eliminou a inflação graças ao engenhoso plano de estabilização sob à lúcida liderança do Ministro da Fazenda e sucessor, Fernando Henrique Cardoso. Seguem-se o fenômeno e a tragédia: o operário e retirante nordestino chega ao Palácio do Planalto nos braços do povo com um projeto de poder a ser viabilizado por uma corrupção sistêmica. As instituições e os ritos democráticas prevaleceram: colocaram Lula na cadeia, destituíram a Presidente, empossaram Temer.

Dito isto, os esbirros juvenis e insensatos ao contrário de ameaçar, fortalecem a democracia. O STF vai dar a palavra final sobre a prisão de condenados em segunda instância. A decisão será acatada e respeitada. Resta a última instância: o oitavo fosso do quinto círculo do inferno de Dante onde os corruptos vão arder para sempre.

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA

Gustavo Krause foi ministro da Fazenda de Itamar Franco 



 

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

A falta que nos faz uma boa direita - Carlos Alberto Sardenberg

Coluna publicada em O Globo

Era a hora da direita, entendeu o eleitorado

O voto foi mais anti-PT do que pró-agenda liberal. E deu Bolsonaro, extrema direita autoritária e atrasada

Vou falar francamente, de novo: uma Thatcher, hoje, seria perfeita para o Brasil. Mas uma Thatcher em grande estilo: líder de partido, ganhando eleições com uma agenda liberal. Seria bom até para modernizar a cultura estatizante amplamente dominante no Brasil. Um pouco de história: a longa administração conservadora de Margaret Thatcher fez o trabalho, digamos, sujo de demitir funcionários excedentes, cortar gastos públicos, controlar o poder dos sindicatos de empresas estatais (e depois privatizá-las), além de desregulamentar a economia, reformar a legislação trabalhista e reduzir a pesada burocracia do Estado.

Depois de um início custoso, com greves e desemprego em alta, funcionou. Com investimentos privados, o país voltou a crescer e gerar emprego e renda. Não por acaso, Thatcher ganhou três eleições seguidas. Quando veio o desgaste até normal da administração conservadora, o serviço principal estava feito. Aí veio Tony Blair com a suave conversa do “Novo Trabalhismo”: retomada dos investimentos públicos em educação, saúde e segurança, mas em uma economia livre, aberta e competitiva.

Já entre nós, quando o eleitorado comprou a ideia de que era preciso desmontar o Estado excessivo e abrir a economia, porque só produzíamos carroças protegidas, acabou elegendo Fernando Collor, cuja agenda correta para o momento não resistiu ao caixa de PC. E terminou que a agenda liberal caiu no colo de Fernando Henrique. FH não liderou um movimento dentro de seu partido e junto aos aliados para construir uma agenda comum de reformas. Para dizer francamente, pelo menos no começo, foi tudo no vai da valsa. As trapalhadas seguidas de Itamar Franco acabaram jogando o Ministério da Fazenda no colo de FH. Aí valeram a sabedoria e aguda percepção política do professor, que definiu logo o inimigo imediato — a superinflação — e escalou a equipe certa para atacá-lo.

Então, foi na sequência: para consolidar o combate à inflação, era preciso controlar o déficit das contas públicas, para o que eram necessárias as reformas, incluídas as privatizações. Vindo da esquerda, eleito com base nas novíssimas notas de real, FH precisou construir essa agenda momento a momento. Excetuada a equipe econômica, quase ninguém entre seus colaboradores e seguidores estava preparado para a missão. Tratava-se de uma elite intelectual criada nas ideias socialistas e social-democratas, que viu ruir o Muro de Berlim e alcançou o poder em um mundo em que só existia capitalismo —e numa fase de liberalismo à americana ou “thatcherista”.

Além dessa turma, havia os velhos políticos, todos acostumados a viver em torno do Estado. A gente até se espanta de ver quanto o governo FH avançou na agenda modernizadora. Mas, é claro, não terminou o serviço. E parte desse serviço, eis outra peça do destino, ficou para o governo Lula. É a origem de nossos problemas atuais; o eleitorados e cansou de uma agenda liberal antes que ela tivesse sido completada. E elegeu um governo propondo mudar tudo para a esquerda, mas topando com os entraves causados justamente pela não conclusão da agenda liberal.

Daí o Lula do primeiro mandato, uma mistura de esquerdismo estatizante e reformas. Até que se sentiu seguro, jogou fora qualquer coisa perto de liberal, trouxe os velhos políticos e exacerbou na corrupção. E deu no governo Dilma, que acabou de desmoralizar a esquerda e a política. Era a hora da direita, entendeu o eleitorado. Mas o voto foi mais anti-PT do que pró agenda liberal. E deu Bolsonaro, extrema direita autoritária e atrasada. É verdade que carregou Paulo Guedes, este, sim, um verdadeiro liberal e que, surpresa, consegue tocar o seu programa. Mas ele não é o presidente, é demissível. E a política econômica fica constantemente em risco pelos modos e falas do presidente Bolsonaro.

Tudo considerado, eis o que sempre nos faltou: uma boa direita, moderna, capaz de ganhar uma eleição com uma agenda liberal e implementá-la rigorosamente. E depois — por que não? — abrir espaço para uma esquerda contemporânea. Os dois lados colocando para fora os velhos políticos corruptos.
 
 
 

domingo, 14 de julho de 2019

O Grande Golpe contra os Trabalhadores Ativos - Sérgio Alves de Oliveira

Artigo no Alerta Total
Por Sérgio Alves de Oliveira
Valendo-se da absoluta necessidade, e até inadiabilidade, da reforma da previdência, estão perpetrando contra os trabalhadores que ainda não implementaram as condições de aposentadoria um “golpe” inédito na história da classe trabalhadora.  Não questiono aqui a necessidade de uma profunda “mexida” na previdência social. Só mesmo um idiota não enxergaria que assim como está ela não pode ficar. Tornou-se  absolutamente  INSUSTENTÁVEL. Ademais, essa reforma vem sendo empurrada com a “barriga ” por diversos governos que antecederam o de Bolsonaro.                                                                                                                           

Usam dos mais ridículos e estapafúrdios argumentos “moralizadores” e “saneadores”, mas que acabarão em puro  “toma-lá-dá-cá”, entre políticos e governantes, e de muito “perdão legal” e omissão  de cobrança contra os  grandes sonegadores da própria previdência. O “arrocho” nas condições exigidas para gozo das NOVAS aposentadorias, tanto na idade mínima ,quanto  no tempo de serviço exigidos, e no próprio  valor mensal dos benefícios , contrastam com os  benefícios  garantidos  a quem já se aposentou, antes  das novas regras   em fase de aprovação final.       

Mas isso se dá principalmente nos regimes especiais de previdência social, vinculados ao Serviço Público, fora do alcance do Regime Geral da Previdência Social - RGPS, onde inclusive o “teto” é “sagrado”, de cerca de 5,8 mil reais mensais,  [esse teto também é 'sagrado'  durante todo o tempo de contribuição para o RGPS; ainda que o segurado ganhe R$ 20 mil ou mesmo mais, ele sempre contribui até o teto;
já os servidores públicos e outros regimes do gênero, contribuem com 11% sobre tudo que ganham - no caso do exemplo o teto é R$ 20.000.] ao contrário do que ocorre nos outros regimes dos servidores públicos e agentes políticos” (juízes, membros do Ministério Público, parlamentares, e uma infinidade de outras categorias privilegiadas),onde as aposentadoria chegam a ultrapassar o “teto constitucional”, de cerca de 39,3 mil reais mensais. [fiquem certo de que quem se aposentou recebendo R$ 39,3 mensais contribuiu sobre este valor, durante o tempo em que o recebeu quando em atividade, e agora, mesmo aposentado continua contribuinte, alíquota de 11% sobre o que ultrapassar o teto de 5,8 mil reais mensais.]

O tal de “toma-lá-dá-cá”, que o Presidente eleito Jair Bolsonaro tanto combateu na sua campanha eleitoral, marcou  durante a tramitação dessa  reforma mais presença do que nunca na política brasileira. A reforma da previdência foi um “toma-lá-dá-cá”, ”puro sangue”. Mas o que realmente causa um certo “desespero” em quem “ousar” analisar com isenção essa “enganosa” reforma, reside no fato de que mesmo os políticos e parlamentares que se opuseram a ela JAMAIS apresentaram durante todo o tempo das discussões quaisquer alternativas válidas, para recuperação da previdência, nem tocaram nas imoralidades e absurdos das diferença de tratamento dispensados, por um lado, aos FUTUROS aposentados, em comparação aos  privilégios e todo  tipo de ilegalidades usufruídas por quem  já se aposentou, antes da reforma. Portanto, essa “oposição” política à reforma não tem nenhuma sustentação “moral”.
 
Entretanto, há que se negar o mérito dessa reforma, ao menos PARCIALMENTE,na diminuição, ao menos “teórica”- sem os subterfúgios das “entrelinhas”- das diferenças entre as aposentadorias do RGPS, e dos servidores públicos e agentes políticos. Mas isso somente se dará em relação ao FUTURO, nas aposentadorias ainda não implementadas. O “PASSADO” resta “INTOCÁVEL”. E é aí justamente que reside o grande problema, o verdadeiro “rombo” da previdência. E NENHUM político, seja da “situação”, seja da “oposição”, denunciou essa disparidade. Portanto, TODOS estão de acordo com ela. São “cúmplices”.                              

Nesse ritmo,as “ofensas” financeiras à previdência perdurarão por mais 5,10, ou  20 anos, considerando as obrigações com os já aposentados e dependentes (pensionistas).[esse pessoal pagou conforme as regras vigentes, sem limite de teto, nada mais justo que se as normas valiam para cobrar, devem valer também na hora de receber.]

Trocando tudo em miúdos, os privilégios e ilegalidades gozados pelos ANTIGOS serão totalmente sustentados pelos trabalhadores ativos, com as restrições a que estarão  sujeitos nas suas aposentadorias. Também nenhum político protestou à altura da FRAUDE CONTRA A PREVIDÊNCIA, cometida pelo próprio Governo Federal, que desde o Presidente Itamar Franco,com FHC de Ministro da Fazenda,se apropriou,indevidamente, de 20% das contribuições previdenciárias dos trabalhadores, a título  de “DRU-Desvinculação das Receitas da União”, o que foi “reforçado”, nos Governos de Dilma e Temer, passando de 20% para 30%, mantido até hoje. Portanto, o próprio governo tem o 1º lugar entre os “fraudadores da previdência”.

Com certeza a “má  vontade” dos reformadores da previdência em mexer com os “direitos” dos que já se aposentaram, aliviando,assim,a “barra” dos futuros aposentados, mesmo que absurdos ,ilegais e imorais,  estaria se devendo a uma interpretação errônea e  de muita  má-fá,segundo a qual “ NÂO PODERIAM MEXER COM DIREITOS ADQUIRIDOS”.

Mas ao que parece esses reformadores, que usam o expediente da “PEC - Proposta de Emenda à Constituição”, erguendo-se, por conseguinte, à condição de titulares  do “Poder  Constituinte Derivado”, jamais teriam se dado ao trabalho de ler a Constituição. Se a tivessem lido, saberiam desde logo que o corte de privilégios  questionáveis  já concedidos em aposentadorias, mesmo que eventualmente considerados “direitos adquiridos”, de fato não poderiam  ser cancelados. Mas não poderiam ser suprimidos através de “LEI”, e não por intermédio  de “EMENDA CONSTITUCIONAL”, como é o presente caso. Sugiro que “Suas Excelências” leiam com alguma atenção o disposto no inciso XXXVI, do art.5º, da CF :”a LEI não prejudicará o DIREITO ADQUIRIDO.. [com a devida vênia ao ilustra articulista, lembro que a Constituição impede que a 'LEI' viole o direito adquirido, seja Lei Ordinária, Complementar, NÃO PODE VIOLAR DIREITOS ADQUIRIDOS, que só podem ser modificados pela LEI MAIOR = CARTA MAGNA = CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
E, sendo o artigo 5º Cláusula Pétrea só pode ser modificado pelo Poder Constituinte Original = Assembleia Nacional Constituinte.]

Sérgio Alves de Oliveira/Advogado e Sociólogo.

domingo, 7 de julho de 2019

Provas reais

No governo, Moro prossegue na transgressão às normas judiciais

[Moro erra quando fica dando explicações a qualquer um; erra quando vai ao Congresso, voluntariamente, fornecer explicações - deveria comparecer só quando convocado e por autoridades com a devida competência.

Tem a seu favor um FATO inafastável: a Constituição Federal, a Carta Magna, a Lei Maior é clara quando decreta a inadmissibilidade de provas ilícitas no processo.

As provas são ilícitas, visto que  são produto de furto, de crime. Essa procedência nem o intercePTação contesta.

Acabou. Nada mais tem Sergio Moro a explicar.

Não está no processo, não existe no mundo.

Explicar o que não existe? Só mesmo no Brasil.

Como dado secundário, mas, também importante, não houve cadeia de custódia o que impede a garantia de autenticidade.]

Em menos de um mês, Sergio Moro já recorre à terceira linha defensiva, na confrontação com as revelações do The Intercept Brasil por seu site e pela imprensa. A alegação de desimportância e normalidade das mensagens expostas mais confirmou sua conduta desregrada do que o defendeu. Logo depois, “Não reconheço toda a autenticidade das frases” foi uma dubiedade necessária, mas invalidou a intenção de desacreditar as conversas. Agora, em audiência na Câmara, Sergio Moro apelou para a cansada evasão político-sentimental: é “vítima de revanchismo”. De quem?

Dos que difundem as mensagens, claro. Da Folha, do jornal O Globo e da TV Globo, do Estado de S. Paulo, da Veja, dos que por quase cinco anos o trataram como o herói perfeito, intocável e eleitoral?  Não há motivo para revanche nessa relação de gratidões mútuas, sem ressentimentos. A Lava Jato, seus métodos e suas consequências não seriam como foram, e são, sem as contribuições da imprensa e parte das TVs, em projeção e em tolerância. Ainda agora, as revelações do Intercept Brasil associadas à imprensa são publicadas, na maioria das vezes, de maneira que nega revanchismo. É comum terem jeito de mera obrigação. O que, mesmo sem tal motivo, protege Moro das proporções de fato merecidas pelo escândalo de sua ação.

As conversas não surpreendem quem teve liberdade crítica na observação a Moro, aos procuradores e delegados da Lava Jato. Mas é espantoso, isso é, que Moro prossiga na transgressão às normas judiciais, a que dizia estar dedicado. Espantoso e provado. Bolsonaro deu ordem a Moro de investigar todos os partidos. Os traços de Estado policial nessa ordem —percepção do repórter exemplar que é Rubens Valente, na Folha de 5/6— começam, porém, em outra irregularidade grave: a ordem de Bolsonaro seguiu-se ao recebimento de cópia, entregue por Moro, da investigação sobre os “laranjas” do PSL.

Moro transgrediu o segredo de Justiça aplicado ao inquérito. Com a mesma conduta de infidelidade judicial, o mesmo método de ação subterrânea, o mesmo ânimo transgressor que as mensagens comprovam. Várias vezes indagado na Câmara a respeito de investigações contra o jornalista Glenn Greenwald, do Intercept Brasil, Moro teve duas reações: ou não respondeu, ou disse que sua relação com a Polícia Federal é apenas a de lhe proporcionar condições de trabalho. Não tinha a resposta, pois.

Não é verdade. Além do notório acompanhamento que faz da atividade da PF, o que Moro entregou a Bolsonaro foi um relato sigiloso de que tinha conhecimento, assim como das investigações da PF para a Justiça Eleitoral. Sergio Moro pode seguir na escalada de escapismos. Mas não detêm impulsos transgressores nem restauram sua imagem fantasiosa. Resta-lhe satisfazer-se com os serviços que prestou e tentar, com eles, a retribuição de uma vaga no Supremo.

O autor
Os 25 anos do Plano Real motivaram numerosas reportagens e considerações. Não faltaram autores para entrevistas e fotografias. Quem menos foi realçado —e mesmo citado— e não se ofereceu para colher gloríolas foi o autor verdadeiro do Plano Real. Uma praxe brasileira. Itamar Franco demitiu três ministros da Fazenda que não conseguiram atender, no prazo desejado, à sua exigência obsessiva de um plano anti-inflação. Fernando Henrique assumiu levando o compromisso de André Lara Resende, um tanto a contragosto: entregaria um plano em dois meses e cairia fora.

Pérsio Arida, hoje direitista mal disfarçado, foi o principal coadjuvante de André, antes companheiros na idealização do Plano Cruzado no governo Sarney. As reuniões para o Real, na casa do professor Hélio Jaguaribe, então sogro de André, contaram com poucos mais, presenças irregulares para elaboração de dados setoriais e outros pormenores.   O Plano foi entregue no prazo. Fernando Henrique o reteve quatro meses, enganando Itamar Franco, com o pretexto de atraso, por conveniência de sua ansiada candidatura à Presidência. A criatividade e o talento amplo de André Lara Resende não poderiam estar dispensados neste país de tantos oportunistas e tão menos cabeças relevantemente originais.
 

sexta-feira, 8 de março de 2019

A morte do decoro

Na Terça-Feira de Carnaval, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu superar a marca de Itamar Franco ao protagonizar um caso de vulgaridade inominável


No Carnaval de 1994, o Brasil chamou a atenção do mundo quando seu então presidente, Itamar Franco, trocou carícias e declarações apaixonadas com uma modelo sem calcinha que acabara de conhecer em um camarote da Sapucaí. A fotografia foi parar na capa de VEJA, saiu nos principais jornais do globo, gerou uma torrente sem fim de piadas — e os mais exaltados chegaram ao exagero de sugerir a renúncia do presidente, impeachment por “falta de decoro” e a antecipação do pleito de outubro daquele ano, que acabou elegendo Fernando Henrique Cardoso.

Passado o impacto inicial, o caso virou um verbete no folclore da política nacional ao qual se recorre para descrever uma autoridade que se comporta de modo abobalhado em público. Na Terça-Feira de Carnaval, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu superar a marca de Itamar ao protagonizar um caso de vulgaridade inominável. Com o objetivo de denunciar os excessos dos blocos carnavalescos, Bolsonaro divulgou em sua conta no Twitter um vídeo com imagens obscenas de dois homens durante o Carnaval (leia reportagem aqui), causando espanto mais ou menos generalizado, deflagrando as piadas de sempre e expondo o país ao ridículo internacional.

É bom não confundir os elementos. Uma coisa é um presidente ficar incomodado com comportamentos inaceitáveis em público, quer durante o Carnaval, quer fora dele. E o comportamento exibido no vídeo é execrável. Outra coisa, inteiramente diferente, é um presidente achar apropriado e adequado usar uma conta oficial de primeiro mandatário da República Federativa do Brasil para divulgar cenas de cunho pornográfico a pretexto de condená-las. Trata-se de uma dolorosa evidência de que Bolsonaro não faz ideia do tamanho, da dignidade e do decoro do cargo que ocupa.

É um tremendo desalento confrontar a iniciativa patética do presidente com a realidade socioeconômica do país. O desemprego continua na estratosfera. A economia engatinha. O sistema de saúde precariza-se cada vez mais. As escolas públicas oferecem um ensino de qualidade claudicante. A reforma da Previdência é um imperativo incontornável para o qual toda a atenção é pouca.  Tudo isso compõe um cardápio de urgências do qual o Brasil não tem o direito de abrir mão. No entanto, o presidente acha que, entre as prioridades nacionais, está um vídeo repulsivo feito durante a folia de um bloco carnavalesco em São Paulo. Com esse comportamento, o presidente Bolsonaro fica menos presidente e mais Bolsonaro.

Publicado em VEJA de 13 de março de 2019, edição nº 2625

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Exigir que o poder mande os mais fiéis para a degola a troco de nada é um passaporte para a desgraça

As escaramuças (por enquanto são só isso) em torno do presidente da República (e com a participação dele) têm sido retratadas como disputa entre um núcleo fundamentalista imaturo e outros núcleos maduros e, portanto, carregados de razão.

O primeiro reuniria antes de tudo os filhos, em primeiro lugar o do meio. Na periferia, alguns ministros da esfera de influência do chamado olavismo. Já os segundos congregariam a equipe econômica e os militares.  Desconfie das simplificações. Elas são como a Física do ensino médio: úteis para fins didáticos mas inúteis quando precisam explicar o fenômeno na essência. Dizer que “o problema de Jair Bolsonaro são os filhos” explica tudo e ao mesmo tempo não explica nada.
Duvida? Faça o teste. Tente responder a esta pergunta que deriva da afirmação acima: “Se o presidente precisar afastar do entorno os filhos, especialmente Carlos, com quem exatamente poderá contar?”

Hoje em dia, a lista mais comprida da área que reúne a Praça dos Três Poderes e a Esplanada dos Ministérios é a de candidatos a tutelar o presidente da República. É consequência, esperada, do projeto “vamos eleger o Bolsonaro para derrotar o PT e depois a gente vê o que faz”.  O então candidato do PSL aceitou jogar esse jogo, cuidando de reduzir a incerteza na política econômica. Mas nunca deu qualquer sinal de que, no poder, faria um governo de paulos guedes.

Presidentes muito fracos são levados a engolir a tutela, e isso não costuma ser suficiente. Fernando Collor, acuado, montou um ministério dito ético, vertebrado pelo PFL, e mesmo assim caiu. Dilma Rousseff entregou a articulação política a Michel Temer, e o resultado é sabido.  Nos dois casos, o que era para ser ampliação da base de governo acabou virando o centro ou parte da conspiração para derrubar o governo. Bolsonaro tem muitos defeitos, mas não nasceu ontem.
Há exceções? Uma que confirma a regra foi Itamar Franco. No começo achou que governaria. Foi trucidado pela imprensa do Sudeste (nessas horas Minas Gerais não faz parte do Sudeste). Teve de entregar a presidência de fato ao ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso.

Só sobreviveu porque abriu mão de qualquer poder, ou perspectiva de poder imediato. Caiu sem cair, esperando voltar em quatro anos. Mas FHC aprovou a reeleição e deixou Itamar na mão.  Bolsonaro, ao contrário de Collor, Dilma e Itamar, não está fraco. O núcleo da sua base social continua mobilizado pela agenda maximalista de endurecimento penal, valores conservadores e alinhamento com Donald Trump.

E o empresariado só quer saber da reforma da previdência, remédio do momento para curar a economia atacada pela estagnação. E na hora “h” o mercado vai apertar o torniquete no pescoço do Congresso até este entregar a mercadoria.  O que pode dar errado? Alguém das internas reunir massa crítica e começar a drenar poder. O vice dá seus passinhos mas, notem, Bolsonaro nunca passa recibo. O vice tem estabilidade no emprego.

Então, a bazuca presidencial volta-se contra quem ensaia apresentar-se como moderado, confiável e racional. É por aí que o poder começa a cortar cabeças. O que fica mais fácil quando o alvo potencial comete um erro.  E o erro número zero em palácio é o sujeito achar que há espaço para fazer uma política própria diferente da do chefe. Ainda mais quando o chefe está forte e cercado por fiéis.
Exigir que o poder mande os mais fiéis para a degola a troco de nada é um passaporte para a desgraça.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

O estilo teatral de Bolsonaro




Muita gente acha que Trump tem um estilo e isso é verdade, mas ele é acima de tudo um mentiroso 

Como diria Lula, nunca na história deste país um presidente trombou tantas vezes com seu próprio governo em tão pouco tempo. Não foram trombadas de conceitos, mas de fatos.  Ao contrário do que dissera, Bolsonaro nunca baixou a alíquota do Imposto de Renda nem subiu a do IOF. Como sempre acontece na história deste país tentou-se remendar o efeito das trombadas com juras de fé e coesão.  Em tese, o presidente vale-se de sua capacidade de comunicação, comprovada na construção de uma candidatura vitoriosa. Na vida real, campanha é uma coisa, governo é outra. 

[comentários de um analfabeto em economia, jornalismo e política:
- o primeiro erro de Bolsonaro é o excesso de comunicação sem rumo = excesso de entrevistas (nada contra a Imprensa e o jornalista tem o direito, até mesmo o dever, de procurar a notícia - entendo ser desaconselhável fazer reportagem baseada em indícios e não deixando claro a inexistência de provas); 

qualquer fato menor, rumor, o jornalista faz um pergunta e logo o presidente sufocado por microfones concede uma entrevista = muitas vezes sem organizar as ideias o que pode o desconforto de falar algo que contradiz o que disse em outra entrevista de dois minutos antes - quanto menos o presidente fala, mais credibilidade tem, menos contradições comete e diminui o risco de falar sobre algo que não entende (não saber tudo é inerente ao ser humano, que começa a ficar sábio - começa - quando aprende que 'só sabe, que nada sabe'):

- o Presidente da República precisa estar atento à 'liturgia' do cargo; 

- o ideal é que haja um porta-voz diretamente vinculado ao presidente da República e organize as ideias, os fatos e uma ou duas vezes por dia converse com a imprensa, fornecendo informações autênticas, consistentes; 

- cada ministro deve falar, exclusivamente, sobre assuntos da pasta que dirige - se o tema exige o concurso de dois ou três ministérios, que os titulares se organizem e o assunto vá para o porta-voz;

- quando determinada matéria exigir uma manifestação do presidente - ao juízo dele e não da Imprensa -  que seja convocada uma entrevista coletiva.

- cá entre nós e com o devido respeito ao presidente Bolsonaro - sou Bolsonarista de raiz - tem sentido uma medida dessa natureza ser tratada com destaque especial? Para dizer o mínimo, a segurança do ministro é prestada pela PF, que é comandada por Moro.

Quanto ao Trump tem dado umas escorregadas, cabeça dura, mas, tem tempo de se corrigir e não será surpresa um segundo mandato - às vésperas de sua eleição Trump se tornar presidente era considerado algo irrealizável e agora ele é o presidente.

No concernente ao alegado aumento do IOF,  Bolsonaro se empolgou, visto ser comum quando o Governo perde alguma receita e mesmo assim decida manter sinecuras (Sudam e Sudene são exemplos apropriados, são de meados do século passado  - naquela ocasião tais instrumento poderiam ser, ou parecer, viáveis - e nada fazem de útil para a consecução dos objetivos para os quais foram criadas) aumentar a alíquota do IOF, que pode ser decretado por Decreto, sem depender do Congresso.]

Novamente em tese, ele faz o que fez Donald Trump, dirigindo-se diretamente ao povo que gosta de ouvi-lo. Novamente na vida real, o estilo de Trump é irrelevante porque ele é acima de tudo um mentiroso. Calcula-se que minta cinco vezes por dia.  As curtas mensagens de Trump podem inspirar Bolsonaro, mas o meio não é a mensagem. Jânio Quadros comunicava-se por bilhetinhos que hoje enfeitam o folclore de sua Presidência, Ninguém ri dos adesivos de Winston Churchill ordenando “Ação, hoje”. Isso porque as coisas aconteciam.

As trombadas de Bolsonaro parecem-se mais com o “campo de distorção da realidade” do genial Steve Jobs. Misturando carisma e segurança, ele se julgava capaz de convencer as pessoas de qualquer coisa.  Bolsonaro pode ter convencido muita gente de que o Brasil precisa se livrar do socialismo, mas quem acreditou na necessidade de colocar o Ministério do Meio Ambiente dentro da Agricultura enganou-se.  O “campo de distorção da realidade” pode funcionar na iniciativa privada, pois diante de um conflito o gênio prevalece ou vai embora. 

Foi isso que aconteceu com Jobs em 1985, quando ele deixou a empresa que fundou. (Ele voltou à Apple em 1997, para um desfecho glorioso.) No exercício de uma Presidência, o negócio é outro. Trump ficou em minoria na Câmara e corroeu boa parte do prestígio internacional de seu país.  O governo de Bolsonaro tem três campos de distorção da realidade. Um está na segurança. A ação do crime organizado no Ceará mostrou que não existe pomada para tratar dessa ferida.  [o combate exitoso ao crime organizado no Ceará não aceita pomada - o único remédio é extirpar de forma definitiva o tumor maligno representado pelos criminosos - confira aqui.] Outro fica no mundo dos costumes e tem funcionado como um grande diversionismo. O terceiro, aquele que parecia demarcado com a delegação de poderes ao posto Ipiranga, foi onde se deram as trombadas. 

Isso porque os ministros Sergio Moro e Ricardo Vélez podem dizer o que quiserem. No mundo da economia a sensibilidade é imediata e por isso a primeira trombada teve que ser logo remendada.  A eficácia da teatralidade de Bolsonaro mostrou seu limite em menos de um mês. Isso aconteceu antes mesmo que o Congresso reabrisse seus trabalhos.  Dois presidentes deram carta branca a seus ministros da Fazenda. Num caso, com grande sucesso, Itamar Franco sagrou Fernando Henrique Cardoso.  No outro, com retumbante fracasso, o general João Figueiredo manteve Mário Henrique Simonsen no governo. Com o tempo viu-se que Itamar acreditou no que fez, enquanto Simonsen preferiu ser enganado. Não se sabe o que está escrito na carta branca de Paulo Guedes, mas essas cartas nada têm de brancas.

O simples murmúrio de que o secretário da Receita, Marcos Cintra, está na frigideira é um mau sinal. Ele deveria ter pensado duas vezes antes de botar a cara na vitrine desmentindo o presidente, mas o doutor estava certo, e Bolsonaro, errado. Era uma questão factual, o decreto do IOF não havia sido assinado. Como ensinou o senador americano Daniel Moynihan, “todo mundo tem direito à sua própria opinião, mas não aos seus próprios fatos”.

Elio Gaspari - O Popular


quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Bolsonaro: 'O povo em sua grande maioria quer hierarquia, respeito, ordem e progresso'

Presidente discursou nesta quarta (2) na cerimônia de transmissão de cargo do Ministério da Defesa.  

General Fernando Azevedo e Silva recebeu o cargo do antecessor no Clube do Exército.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (2), ao discursar na cerimônia de transmissão de cargo do "Ministério da Defesa", que a situação a qual o país chegou, atualmente, é "uma prova inconteste de que o povo, em sua grande maioria, quer hierarquia, respeito, ordem e progresso". 

Capitão da reserva, Bolsonaro fez questão de participar da solenidade realizada no Clube do Exército na qual o general Fernando Azevedo e Silva que já foi chefe do Estado-Maior – recebeu simbolicamente o comando do Ministério da Defesa do general Joaquim Silva e Luna. Para prestigiar a cerimônia da área militar, ele não compareceu à transmissão de cargo do Ministério da Economia, que ocorreu praticamente no mesmo horário. Pela manhã, Bolsonaro participou da solenidade de passagem dos cargos dos quatro ministros que têm gabinetes no Palácio do Planalto. 
Foto: Marcos Corrêa - Presidência da República

Ao longo dos oito minutos de discurso, o novo presidente, egresso da caserna, relembrou o episódio da criação do Ministério da Defesa em 1999 durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) –, ressaltando que ele foi um dos três deputados que votou contra a proposta na Câmara por acreditar que se tratava de uma iniciativa meramente política.
"O tempo passou, as nossas Forças Armadas sofreram um brutal desgaste com a classe política, mas não junto ao povo brasileiro, que continuou acreditando em nós. [...] Hoje em dia, a situação a que o Brasil chegou é uma prova inconteste de que o povo, em sua grande maioria, quer hierarquia, quer respeito, quer ordem e quer progresso", disse Bolsonaro à plateia formada majoritariamente de militares. 

"Todo aquele nosso trabalho, ao longo de quatro anos buscando viabilizar a possibilidade de uma eleição, eu cumpri escolhendo ministros técnicos para as suas respectivas áreas, e a Defesa não poderia fugir à regra", complementou. Na visão do novo chefe do Executivo, as Forças Armadas foram "um tanto quanto esquecidas" ao longo das últimas décadas porque "são um obstáculo para aqueles que querem usurpar do poder". 

Em outro trecho do discurso, o novo presidente da República disse que uma das provas da importância que ele dá para as Forças Armadas é o fato de ele ter escolhido para vice em sua chapa presidencial um general da reserva do Exército, referindo-se ao ex-comandante militar do sul Hamilton Mourão. Neste momento, Bolsonaro bateu continência e brincou com o vice-presidente, dizendo que, agora, a continência tem que ser simultânea, apesar de Mourão ser general.
"A continência tem que ser simultânea porque eu digo para ele [Mourão] que não sou mais capitão, nem ele é general, nós somos soldados do Brasil”, brincou. 

Governos anteriores
Bolsonaro usou parte do discurso para relembrar atos de governos anteriores em favor do Exército. Ele contou relembrou uma sessão solene do Senado em que saudou o então presidente José Sarney por sempre arranjar no final do ano "uma maneira para conseguir recursos extras para contemplar as Forças Armadas".
Dirigindo-se ao ex-presidente da República Fernando Collor, um dos convidados presentes à cerimônia, Bolsonaro disse que atual senador de Alagoas foi o responsável pela criação da classificação de atividade militar

Ele destacou ainda que, na gestão de Itamar Franco os militares obtiveram isonomia salarial. 

Ao mencionar o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o atual chefe do Executivo ressaltou que teve diferenças com o tucano. "Tivemos alguns problemas, em especial comigo, mas seguimos nossa jornada”, admitiu Bolsonaro, arrancando risadas dos convidados.  O novo ministro da Defesa afirmou ao discursar na cerimônia de transmissão de cargo que as ações das Forças Armadas no governo Bolsonaro serão pautadas pela Constituição.
"As ações das Forças Armadas serão pautadas pela Constituição Federal de 1988 e as leis infraconstitucionais. Como organismos de Estado, as Forças devem atuar nas coisas de soldado e cooperar com o poder civil onde forem demandadas, respeitadas as suas capacidades e competências. Internamente, no Ministério da Defesa, o foco será orientado para integração sistêmica das Forças na doutrina estratégico-operacional militar, nos planejamentos, nos projetos, nos equipamentos e nos treinamentos conjuntos", declarou o novo titular da Defesa. 

Fernando Azevedo e Silva é o 12º ministro a assumir a pasta desde sua criação, em 1999. Ele é general de Exército desde 2014.
Prestigiaram a cerimônia de transmissão de cargo da Defesa, entre outros, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro José Otávio de Noronha, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e os novos ministros Ricardo Sales (Meio Ambiente), general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).



segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Almanaque Bolsonaro

Um guia para entender o país que vem por aí, a partir da posse, em 1º de janeiro






Todo início de governo é um mar de novidades, com a revelação de novos nomes, novos gostos, novos estilos e, quase sempre, velhos hábitos. Na recente história da democracia brasileira houve a República de Alagoas, de Fernando Collor. Depois do impeachment de 1992, o Brasil apressou-se para conhecer a República mineira do pão de queijo de Itamar Franco. Com Fernando Henrique Cardoso e Lula, o país primeiramente entrou no bairro paulistano de Higienópolis para depois flanar pelas ruas de São Bernardo do Campo, e em cada região teve de aprender a reconhecer gestos inéditos.

Veio Dilma, deu-se um outro impeachment, veio Michel Temer e a velocidade das mudanças impôs uma corrida para intuir o que se veria pela frente. É o que viveremos a partir da próxima terça-feira, com a posse de Jair Bolsonaro. VEJA preparou um almanaque para começar a entender o cotidiano do presidente eleito e seu círculo. É o modo mais eficaz e divertido de navegar no ineditismo — e sobretudo o mais rápido. Em 1890, Machado de Assis publicou um conto, Como Se Inventaram os Almanaques, um texto de apresentação e defesa daquele tipo de publicação divertida e rica importada da Europa. Escreveu Machado, louvando a agilidade dos livretos de variedades: “O Tempo inventou o almanaque”.

OS PENSADORES

Três autores celebrados pelo chanceler Ernesto Araújo, o homem das relações exteriores
OSWALD SPENGLER (1880-1936) do século XX”. De um dos textos de Evola: “A mulher tradicional, a mulher absoluta, ao dar-se, ao não viver para si, ao querer ser toda para outro ser com simplicidade e pureza, realizava-­se, pertencia a si mesma, tinha um heroísmo todo seu — e, no fundo, tornava-se superior ao homem comum. A mulher moderna, ao querer ser por si mesma, destruiu-se”.

PEQUENÍSSIMO DICIONÁRIO

A origem de duas expressões que estão em voga
 (Caio Borges/.)
O.K. (“TALQUEI”, EM BOLSONARÊS) interj. Do inglês, expressa aprovação, concordância; a origem etimológica mais aceita é curiosa: seria uma abreviação de orl korrekt, um erro ortográfico de all correct (tudo certo), em voga nos Estados Unidos nos anos 1830; as referências escritas mais antigas datam de seu uso como slogan do Partido Democrata americano nas eleições de 1840. O candidato e futuro presidente Martin van Buren (1782-1862) foi apelidado de Old Kinderhook, numa referência à sua cidade natal, Kinderhook. Não demorou para se formar o OK Clube, tá o.k.?
 (Arte/VEJA)
COLOSTOMIA s.f. “Abertura cirúrgica do abdome ligada à terminação do cólon, com a finalidade de criar um ânus artificial para a eliminação das fezes”, na definição do Dicionário Houaiss; Bolsonaro deve retirar a bolsa de colostomia, colocada depois do atentado em Juiz de Fora, ainda no primeiro mês de seu mandato.
 O  ESTILO MICHELLE
 (Caio Borges/.)
Uma avaliação do vestuário e do jeito de ser da primeira-dama do 38º presidente do Brasil
André Lima, estilista paraense
“A nova alfaiataria pede um estudo de proporções menos careta: tanto o blazer quanto a calça podem ficar mais longe do corpo e menos colados, ...
 
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quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O triunfo do Bolsonarismo

Como os eleitores criaram o maior partido de extrema direita da história do país

Até o início do horário eleitoral, a visão dominante sobre as eleições de 2018 era a de que repetiria os padrões dos pleitos anteriores. Nem PT nem PSDB acreditavam no fenômeno Bolsonaro.  No sábado, véspera do primeiro turno das eleições, fui a uma festa de família em Nova Friburgo, minha cidade natal. Durante o dia, no inevitável passeio pela avenida principal da cidade, deu para perceber os sinais de campanha presidencial, o que não tinha ocorrido em nenhum momento no Rio de Janeiro: dezenas de cabos eleitorais balançando bandeiras, muita gente vestindo a camisa amarela com a foto de Bolsonaro estampada.

Em conversa com familiares, comecei a dimensionar a força do bolsonarismo na cidade. No grupo de 25 pessoas que jogam vôlei com a minha irmã, apenas ela e mais três disseram que não votariam no candidato do PSL; no grupo de vinte que jogam a tradicional pelada de fim de semana com o meu cunhado, apenas ele e mais quatro não iam votar em Bolsonaro. O mais inesperado foi ouvir relatos sobre antigos colegas de colégio, figuras silenciosas e discretas, que tinham se transformado em virulentos defensores de Bolsonaro nas redes sociais. Adotando uma “tática de enxame”, eles se especializaram em conjuntamente atacar páginas do Facebook de amigos que postassem qualquer crítica ao capitão.

Friburgo é uma cidade conservadora, mas saí de lá com a sensação de que Bolsonaro estava muito mais forte do que eu imaginava. De volta ao Rio, ao votar no primeiro turno, encontrei uma situação muito mais equilibrada. Meu passatempo, durante a longa espera, foi tentar identificar o voto dos eleitores das filas vizinhas. Alguns, atendendo ao pedido da campanha de Bolsonaro, chegaram com a camisa da Seleção brasileira. Vi muitos com adesivos de candidatos do PSOL e de Ciro Gomes. Será que as urnas em geral estariam mais próximas da maré bolsonarista vista em Friburgo ou do cenário mais equilibrado das filas de uma escola de Botafogo?

(...)
 
. Afinal, quais eram as bases do sistema partidário que teria sido destruído no primeiro turno do pleito de 2018?
Vale a pena voltar no tempo e lembrar a grande instabilidade que marcou a primeira década da vida partidária após a redemocratização. Cinco partidos foram fundados ainda no regime militar: PDS, PMDB, PT, PDT e PTB. Entre 1985 e 1994, nada menos do que 68 partidos foram organizados e disputaram pelo menos uma eleição. Dentre esses, destacam-se o PFL, o PSDB, o PL, o PCdoB, o PSB e o PRN.

Mais do que pelo grande número de legendas, o período foi caracterizado pela crise que afetou os partidos tradicionais. Nas eleições presidenciais de 1989, os candidatos do PMDB e PFL – os dois partidos responsáveis pela vitória na eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral – tiveram um desempenho pífio. Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte que encerrara seu trabalho um ano antes da eleição, obteve 4,7% dos votos. Aureliano Chaves, ex-vice-presidente da República, alcançou apenas 0,9%.

A vitória de Fernando Collor pelo PRN, legenda à qual se filiou apenas para concorrer à Presidência, e o subsequente governo de Itamar Franco, presidente que se desfiliou do PRN e governou sem estar vinculado a nenhuma legenda, ilustram bem o quadro de crise do sistema partidário nos primeiros anos da década de 90.


Para além do sucesso eleitoral, um aspecto que sempre chamou a atenção no PT foi a sua capacidade de organização. Enquanto os outros partidos mantiveram uma estrutura organizacional tênue, com baixo envolvimento dos filiados em suas atividades, o PT inovou ao apostar em uma estrutura capaz de mobilizar milhares de quadros para as suas fileiras.
Os cientistas políticos David Samuels e Cesar Zucco, no livro Partisans, Antipartisans and Nonpartisans: Voting Behavior in Brazil (2018), mostraram como a divisão PT/anti-PT foi importante na escolha dos eleitores. Caso raro, o principal concorrente do PT não foi outro partido, mas um sentimento genérico com nome próprio: antipetismo.

(...)

Numa eleição de tantas surpresas, nada foi mais espantoso do que a votação obtida pelo Partido Social Liberal para a Câmara dos Deputados. O partido obteve 11,3% dos votos e 10,1% das cadeiras. Havia conseguido eleger apenas um deputado federal nas quatro das cinco eleições que disputou antes de 2018. Era um dos partidos a serem barrados pela cláusula de desempenho. A filiação de Bolsonaro e de seus seguidores ao PSL, em março desse ano, mudou inteiramente a sorte da legenda.

O PSL foi o partido que teve o maior crescimento desde as eleições de 1990, quando é possível comparar com a primeira eleição do regime democrático, em 1986. Em 1990, o PRN do então presidente Collor obteve 8,3% dos votos, enquanto o estreante PSDB recebeu 8,7%. Ambos já contavam com um grande número de deputados e tinham o apoio de importantes lideranças regionais. Outra característica singular do PSL é o grande número de eleitos que disputam um cargo pela primeira vez.

(...) 

Escrevo as linhas finais desse texto poucos minutos após a confirmação de que Bolsonaro é o novo presidente do Brasil. Escuto muitos gritos, panelas batidas e fogos para celebrar a vitória. O volume se assemelha ao das manifestações contra a ex-presidente Dilma Rousseff. Numa eleição de tantas novidades cabe registrar mais essa. Pelo menos no Rio de Janeiro, nunca tinha visto uma vitória eleitoral ser tão celebrada.

Ainda vou passar muitas semanas analisando os dados das eleições de 2018. Mas como não podia deixar de ser, começo observando o que ocorreu em Nova Friburgo: no primeiro turno, Bolsonaro obteve 63% dos votos válidos, Ciro Gomes, 16% e Haddad, 10%. No segundo turno, Bolsonaro obteve 73%. Já na minha zona eleitoral, no Rio, o quadro foi bem mais equilibrado no primeiro turno: Bolsonaro obteve 44% dos votos, Ciro, 30% e Haddad, 13%; no segundo turno Bolsonaro chegou aos 54%.
Olho os números e me dou conta de como Bolsonaro foi bem votado em outras áreas da cidade do Rio de Janeiro. Enquanto isso, os gritos pró-Bolsonaro e contra o PT continuam a ecoar lá fora. Realmente, estamos diante de um fenômeno eleitoral diferente de tudo que eu já tinha visto.

Matéria na íntegra, Revista Piauí
 

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A [merecida e justa] cristianização de Haddad

Mais do que um arroubo retórico ou desajuste na dose do rivotril, segundo as piadas mais infames, o discurso contundente de Cid Gomes, em evento do PT no Ceará, constituiu a pá de cal na candidatura de Fernando Haddad à Presidência da República. Acabou. Não bastassem a vitalidade eleitoral exibida por Jair Bolsonaro, a consolidação de mais de 60% dos votos no candidato do PSL e a atração natural que um concorrente, digamos, com a “mão na faixa” exerce pela mera expectativa de poder, as cáusticas, mas sinceras palavras do político cearense representaram uma imensa janela de oportunidade para que partidos do espectro de esquerda — convocados a um cínico “pacto democrático” — cristianizassem o preposto de Lula.

Campanha comporta tudo, até proselitismo religioso de ateus declarados, como Manuela D’ávila. Mas, em política, o termo “cristianização” nada tem a ver com o processo de conversão de indivíduos ao cristianismo. Remonta à campanha presidencial de Cristiano Machado, em 1950. Traído ou “cristianizado” por políticos do próprio partido, o PSD, o então candidato a presidente da República acabou trocado durante a corrida eleitoral por Getúlio Vargas, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Resultado: em 3 de outubro daquele ano, Vargas regressou ao Palácio do Catete, após permanecer no poder entre 1930 e 1945. Depois de 1950, o fenômeno da cristianização ocorreu em 2002, quando Serra foi abandonado pelo PFL, e em 1989, na eleição de Collor, em que tanto o PFL cristianizou Aureliano Chaves, quanto o PMDB fez o mesmo com Ulysses Guimarães, em favor do ex-caçador de marajás.

Claro que o uso da expressão para se referir a Haddad guarda mais relação com abandono do que com traição propriamente dita. Na verdade, quem se sentiu traído, desde o nascedouro da campanha, foi Ciro Gomes. É notório que Lula da cadeia fez o diabo para desidratar a candidatura do PDT. Atuou para implodir seu arco de alianças e, conforme recente reportagem de ISTOÉ, chegou a articular envios de remessas de dinheiro por meio de jatinhos, a fim de cooptar caciques do Nordeste para o palanque de Haddad.
Ademais, o partido que se recusou a assinar a Constituição de 1988, votou contra o Plano Real, não topou participar da coalizão em torno de Itamar Franco pós-impeachment de Collor e que buscou a hegemonia por meio do aparelhamento do Estado, da corrupção institucionalizada e da perseguição inclemente a adversários políticos, muitos tratados como “inimigos a eliminar”, não dispõe de autoridade moral para entoar, aos 48 do 2º tempo, a cantilena da aliança do “centro democrático” desde que encabeçada pelo PT. Repetindo a sentença-sinceriCIDio de Gomes: o partido que adota a mentira como dogma de ação “vai perder e vai perder feio”.

Sérgio Pardellas - IstoÉ
 

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

No JN, Marina faz pose de Lula sem Lava Jato

No momento em que o TSE se equipa para proibir a candidatura de Lula, a pergunta que pode alterar os rumos da sucessão é a seguinte: para onde irão os votos que seriam destinados ao presidiário do PT? Em entrevista ao Jornal Nacional, sem mencionar o nome de Lula, Marina Silva apresentou-se aos telespectadores como uma versão feminina do líder petista — com estudo e sem menções na Lava Jato. [candidata Marina: em que pese ser pessoa estudada, sua memória está falhando: você é candidata apenas para o primeiro turno,.no segundo seus eleitores 'desaparecem'; lembre de 2014? a Dilma lhe triturou e ser triturada pela Dilma é uma nódoa em qualquer currículo.] 
 
“Seu tempo acabou”, sentenciou William Bonner, antes de convidar Marina a informar, no prazo cronometrado de um minuto, que Brasil deseja para o futuro. Para uma candidata que terá 21 segundos para vender o seu peixe no horário político da TV, um minuto é um latifúndio. E a entrevistada, espremida durante os 27 minutos anteriores, degustou cada segundo. Sem interrupções, produziu um grand finale.

Marina realçou traços biográficos que a tornam parecida com Lula e com o pedaço mais importante do eleitorado: a maioria. “…Eu sou mulher, sou negra, mãe de quatro filhos, fui seringueira, empregada doméstica, me alfabetizei aos 16 anos. E eu sei que muita gente acha que pessoas com a minha origem não têm capacidade para ser presidente da República. Eu estou aqui trazendo mais que um discurso. Eu trago uma trajetória…” [mais uma vez a memória da candidata redista falhou: esqueceu de destacar  um ponto que seu mentor - Lula foi chefe de Marina que o serviu no cargo de ministra - nunca esqueceu, qual seja: não declarar que sua mãe nasceu analfabeta - o petista  sempre deixou claro ser filho de mãe que nasceu analfabeta.] 
 
Em meio a uma disputa marcada pela raiva e pelo histrionismo das posições extremadas, Marina acionou a voz fina e serena para falar sobre as vantagens de reunir as diferenças. Renovou o “compromisso de construir um país que seja justo e bom para todos, para empresários, para trabalhadores, para a classe média, para jovens, para mulheres.”
Em vez de jactar-se da trajetória que fez dela uma personagem fora do padrão, Marina encerrou sua participação no telejornal desejando aos eleitores um Brasil com enredo de novela, só que sem o núcleo pobre: “Muitas vezes as pessoas me admiram como uma exceção, mas eu não quero um país de exceção, eu quero um país de regras. Eu serei presidente da República com o seu voto para que esse país seja economicamente próspero, socialmente justo e ambientalmente sustentável.”

Lula foi surrado em três eleições presidenciais antes que a maioria se reconhecesse nele. Elegeu-se em 2002. Reelegeu-se em 2006. Marina disputa sua terceira sucessão. Coleciona duas derrotas e algo como 20 milhões de votos. Na campanha de 2014, depois da morte de Eduardo Campos, tomou o elevador nas pesquisas. Em agosto daquele ano, ultrapassou Aécio Neves. E abriu dez pontos de vantagem sobre Dilma Rousseff no cenário de segundo turno.  Em setembro de 2014, sofreu uma pancadaria da campanha petista. Com sua marquetagem anabolizada pelas verbas sujas da Odebrecht, Dilma usou parte dos 12 minutos de que dispunha na propaganda eleitoral para destruir a ex-companheira petista. Com dois minutos de TV, Marina não esboçou capacidade de reação.

Hoje, Marina enfrenta adversidades maiores em condições menos favoráveis. Neste sábado (1º), estreará no horário eleitoral com um tempo ainda mais escasso de 21 segundos. Com 16% de intenções de voto no Datafolha, Marina ocupa a segunda posição nas pesquisas. Está espremida entre adversários. A candidata da Rede terá de provocar uma polarização com Jair Bolsonaro (22%), algo que Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e a torcida do Flamengo já estão tentando. De resto, Marina terá de cuidar para não ser ultrapassada por Ciro (10%), Alckmin (9%) ou por Fernando Haddad (4%). Não é uma tarefa simples.

Foi contra esse pano de fundo que Marina fez pose de Lula de saia no Jornal Nacional. Segundo o Datafolha, a presidenciável da Rede é, no momento, herdeira natural de um pedaço do patrimônio eleitoral de Lula.  No cenário sem o preso petista, Marina salta de 8% para 16%. Para permanecer no jogo, precisa reter os votos herdados mesmo depois que Haddad for oficializado como poste de Lula. Para tornar-se realmente competitiva, terá de convencer os devotos de Lula de que é, no momento, a melhor adversária contra Bolsonaro. Na prática, Marina inaugurou instintivamente no telejornal da Globo uma campanha sutil em favor do voto útil.

William Bonner e Renata Vasconcelos esfregaram no rosto de Marina os paradoxos que podem servir de matéria-prima para uma nova ofensiva de desconstrução. A candidata negou que a fuga de partidários da Rede seja uma consequência de falta de liderança: “Ser líder não é ser o dono do partido. O líder de um partido é aquele que é capaz de dialogar com os diferentes.”  Marina minimizou a falta de detalhamento de propostas prioritárias como a reforma da Previdência: “A gente vem da cultura do pacote, um em cima do outro, do povo brasileiro. Quando alguém diz que vai debater, vai dialogar, parece estranho, mas numa democracia, isso é o normal.”

E quanto ao apoio que deu a Aécio Neves no segundo turno de 2014? “Hoje, com as informações que vieram pela Lava Jato, não teria declarado o meu voto ao Aécio.” Não considera uma incoerência aliar-se ao PV, partido que abandonou em 2010? “A nossa aliança é programática. A Rede é um partido pequeno. É engraçado que as pessoas cobram numa hora: ‘Mas a senhora não tem alianças, não tem coligação’. Quando eu faço alianças com aqueles que sobraram dessa miscelânea de corrupção, aí as pessoas me atiram no rosto.”

O que dizer das alianças tóxicas que a Rede firmou em vários Estados? “…O que atesta a minha vida e o meu compromisso são mais de 30 anos de vida pública. Deputada, senadora, ministra. Sem nenhum envolvimento em caso de corrupção. No plano nacional, não estamos coligados com nenhum desses partidos.”
Se não consegue liderar totalmente nem a Rede, como obterá a governabilidade? “O Itamar Franco, quando assumiu a Presidência da República numa situação parecida com essa, ele não tinha uma base, e ele conseguiu juntar pessoas de diferentes partidos e governar e fazer uma transição. Eu vou ser um governo de transição.” No gogó, tudo soa fácil. Agora, resta combinar com os russos.

Blog do Josias de Souza