Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Próximo dia 25 é dia do caminhoneiro e também dia do colono. Em Santa Cruz do Sul (Rio Grande do Sul) eu assisti, no domingo, a um desfile que durou mais de duas horas, com uma quantidade gigantesca de caminhões, demonstrando o poder do motorista de caminhão.
Por que foi no domingo?
Porque durante a semana os motoristas vão estar na estrada.
Eles não têm tempo de parar para comemorar.
Aproveitaram o domingo para isso. A grande função desses homens e mulheres é, na cabine dos caminhões, transportar a maior parte da riqueza do país. Fica aqui o meu abraço.
É dia também do colono, do imigrante. A primeira leva de alemães chegou aqui em 1825.
Depois vieram os italianos. Depois, os poloneses, os japoneses.
Essa é a mescla maravilhosa que formou este país. Vivemos agora uma época em que querem nos separar por cor da pele, por etnia, por sei lá o quê... Tem outra também. O presidente Lula falou em Cabo Verde, agradecendo a produção no Brasil por 350 anos de escravidão.A frase saiu muito, muito estranha.
Mas nós somos uma mescla de tudo. Do indígena que aqui estava quando Cabral chegou, do europeu, do africano, do asiático.
Uma mescla do mundo. É um país que tem uma raça transgênica e ainda cai na conversa de gente que diz que não pode plantar transgênico. Quando nós somos a prova de que dá certo a mistura.
Educação norte-americana ensina valores fundamentais Eu falava ontem com um brasileiro que mora na Flórida (Estados Unidos) e está muito feliz seus filhos estarem nas escolas de lá. Ele fala: "a diferença é que meus filhos estão aprendendo para a vida; estão aprendendo disciplina, organização, cumprimento de leis, respeito aos compromissos, aos horários".
A gente aqui é meio bagunçado. Os Estados Unidos tem praticamente a mesma idade do Brasil e é a primeira potência do mundo.
Uma expulsão precipitada
Antes mesmo de qualquer julgamento, de qualquer prova, de qualquer coisa mais forte, o PSD já expulsou o Roberto Mantovani Filho,que está envolvido na acusação de ter xingado o ministro Alexandre de Moraes.
Exatamente o mesmo ministro que, lá no plenário do Supremo Tribunal Federal, disse para todo mundo ouvir que quem não quiser ser satirizado, ser criticado, que não entre na vida pública.
Mantovani entrou no partido em 2016. Em 2004 ele foi candidato a prefeito apoiado por Lula, porque tinha como vice um candidato do PT.
O advogado de Mantovani me disse que entregou à Polícia Federal um vídeo de 10 segundos muito importante daquele episódio. [e os vídeos das câmeras do aeroporto de Roma o que mostram sobre o bate-boca?]
A volta do toma-lá-dá-cá
O presidente Lula esta negociando sete ministérios e quatro estatais com o Progressista, o União Brasil e o Republicanos.
Virou notícia porque nos quatro anos anteriores a gente não ouvia falar disso, de negociação para entregar ministérios para partido político.
Em meio a mortes e destruição na Ucrânia, potência amplia poder de influência no embate com os americanos pela hegemonia mundial
Quase um mês depois de as tropas de Vladimir Putin invadirem a Ucrânia e
desencadearem a maior ação militar em solo europeu desde a II Guerra
Mundial, as peças do intrincado xadrez geopolítico global se movem em
velocidade espantosa, desenhando uma nova configuração de poder. A
Rússia, à custa de morte e destruição, tenta sacudir a irrelevância a
que foi relegada com o fim da União Soviética, em 1991. A Europa superou
as diferenças internas para se unir contra a sanha expansionista russa,
impondo duríssimas sanções ao governo de Moscou e acionando uma rede de
abrigo aos ucranianos em fuga. [sanções que na prática nada significam - um único exemplo: os alemães dizem que não comprarão mais o petróleo russo, só que não respondem à questão: quem vai fornecer petróleo para substituir o óleo russo? O petróleo que os Estados Unidos liberaram, ou estão prometendo liberar, não é suficiente para consumo de um dia.] reeditaram seu
enferrujado protagonismo internacional, reforçando a aliança militar
ocidental, a Otan, e destinando mais de 13,6 bilhões de dólares em ajuda
a Kiev. E a China, onde entra nisso? Potência econômica em permanente
expansão, com interesses espalhados pelos quatro cantos do globo, ela se
equilibra no ela se equilibra no muro da neutralidade dúbia e movediça,
sabendo que, se mover as peças com habilidade, como tem feito, é quem
mais tirará vantagem do novo cenário.
[O mundo espera que o presidente PIDÃO - o ucraniano que arranja guerras para outros combaterem - e o presidente SENIL fracassem na tentativa de envolver a China no conflito Rússia x Ucrânia.
O ex-comediante quer a qualquer custo que outros países se envolvam no conflito que ele provocou - confiando que os aliados discurseiros guerreariam por ele.
Nossos leitores conhecem nossa radical posição anticomunista, mas também sabem que na conjuntura atual a liderança do Biden é nefasta para adoção de políticas de VALORIZAÇÃO DA VIDA, da FAMÍLIA, da ORDEM, etc. Aquele vetusto senhor defende práticas como aborto, ideologia de gênero, desvalorização da autoridade policial e estrepolias do tipo.
É impositivo que todos os países do mundo tenham em conta que a Rússia - queiramos ou não - é uma potência nuclear. Se as lideranças mundiais continuarem dando atenção do ex-comediante que preside a Ucrânia, a coisa vai complica e não adianta mais armar a Otan, a Rússia, a Ucrânia, os Estados Unidos. Todos já possuem armas em demasia e partindo para o confronto nuclear uma fração do que possuem é suficiente para acabar com o planeta Terra.
Temos que ter em conta que a Ucrânia tem o apoio VERBAL, e talvez financeiro, psicológico de grande parte do mundo, mas o outro lado é uma POTÊNCIA NUCLEAR - com capacidade para destruir várias vezes o mundo.
SENHORES LÍDERES MUNDIAIS - RESPONSABILIDADE E ENTENDIMENTO que o PODER NUCLEAR NÃO É PARA SER USADO EM ÂMBITO MUNDIAL, quando muito pode ser usado em áreas restritas, o que na conjuntura atual é impossível.
Exijam que a Ucrânia desista de integrar a Otan, dispense os serviços do senhor Zelensky, reconheça a independência da Crimeia e demais territórios separatistas e deixem o MUNDO VIVER EM PAZ.]
Antes de jogar no lixo séculos de avanço civilizatório e atacar a Ucrânia, Putin tratou de estrategicamente reforçar os laços com a China, o grande pilar do lado Oriental capaz de lhe dar guarida contra as forças do Ocidente. Único líder de peso a prestigiar a abertura da Olimpíada de Inverno de Pequim, em fevereiro, ele aproveitou o palco para formar dupla com o presidente Xi Jinping. Os dois tiveram “discussões calorosas” e condenaram “a interferência de forças externas em assuntos de países soberanos”.A amizade entre Rússia e China “não tem limites”, afirmou Xi. Àquela altura, as tropas russas já contornavam a fronteira ucraniana, mas o governo chinês, da mesma forma que a maioria dos analistas, devia achar que o bote, se fosse dado, seria rápido e certeiro considerada a imensa superioridade militar. O que se viu, no entanto, foi uma resistência feroz, aliada a um eficiente fluxo de mísseis, drones e equipamentos supridos pelo Ocidente, que freou o avanço dos invasores.
Ao mesmo tempo, europeus e americanos estrangularam a economia russa fechando os bancos e instituições financeiras a todo tipo de transação com o país, congelaram suas reservas, empreenderam uma cruzada contra os oligarcas bilionários que sustentam o regime e cortaram o fornecimento de produtos cruciais, como chips e equipamentos da indústria petrolífera. Quase todas as grandes marcas internacionais, do McDonald’s à Shell saíram da Rússia, unindo-se à indignação contra a invasão (leia a coluna de Vilma Gryzinski) Diante da inesperada reação, a China, mais que depressa, tratou de corrigir sua rota, se movimentando com mestria em seu próprio xadrez chinês — o jogo de tabuleiro que envolve uma batalha tática.
A posição de Pequim, por ora, é não se comprometer com nenhum lado. O Ministério das Relações Exteriores declarou que a Ucrânia tem direito à soberania sobre seu território, mas simultaneamente se recusou a censurar a Rússia na Assembleia-Geral da ONU. “O pragmatismo da diplomacia chinesa é antigo, vem desde os tempos de Mao Tsé-tung”, lembra Jude Blanchette, especialista do Center for Strategic and International Studies, de Washington. O chanceler Wang Yi garantiu que seu país vai respeitar as sanções internacionais contra a Rússia,mas a operadora de cartões chinesa UnionPay está pronta para ocupar
(...)
A China é uma potência industrial, mas carece de recursos naturais. A Rússia é o exato oposto. A aproximação entre os dois traz para a China a vantagem extra de ter onde comprar armas, um dos poucos setores em que a Rússia mantém superioridade. Até pouco tempo atrás, Moscou relutava em fornecer aos chineses, notórios copiadores de projetos alheios, mas agora a situação mudou. “Com boa parte do mundo unida para punir a Rússia, a economia já sofre um duro golpe, e o apoio econômico da China é fundamental”, diz Helena Legarda, analista do Mercator Institute for China Studies, com sede em Berlim. Enquanto assume cautelosamente a posição de salvadora da pátria russa, a China trabalha para manter intacta sua ponte para a Europa, cuidadosamente construída por Xi Jinping. Ao longo da última década, os chineses investiram pesado na expansão de empresas para o pujante mercado europeu. “Para assumir a dianteira da globalização, a China sabe que precisa de uma economia aberta e integrada”, avalia Salvatore Babones, sociólogo da Universidade de Sidney.
No rearranjo do tabuleiro mundial, a Europa surge como peça fundamental entre o Ocidente e o Oriente. Os bombardeios incessantes sobre a Ucrânia, que arrasaram cidades como Mariupol e Kharkiv, chegaram nos últimos dias à capital, Kiev, atingindo prédios e aterrorizando civis. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, depois de pedir admissão imediata na Otan — o que por um lado lhe daria tremendo poderio bélico e, por outro, poderia desencadear a III Guerra Mundial —, admitiu que seu país provavelmente nunca entrará na aliança, o que atende a uma das principais exigências russas. “Passamos anos ouvindo que a porta estava aberta, mas agora dizem que não podemos entrar. E é verdade”, falou Zelensky, pouco antes de trilhar mais uma etapa de seu périplo virtual pelos Parlamentos aliados, desta vez dirigindo um dramático apelo por mais armas e mais ajuda aos congressistas americanos reunidos na Casa Branca.
Neste ano de campanha eleitoral acirrada,
o conceito de liberdade de expressão será testado com frequência. As
discussões em andamento sobre Telegram, fake news e outros fenômenos da
pós-verdade mostram que esse assunto dominará o ambiente social
brasileiro. Fake news, aliás, não deve ser traduzido por notícia falsa,
na verdade é notícia fraudulenta, com potencial danoso muito maior. É a
arquitetura da internet que deve ser regulada, com vista à
transparência e à lisura, o que tenta fazer o projeto de lei das “Fake
News” que está parado na Câmara.
O pano de fundo para o debate
tem de ser o consenso do mundo ocidental sobre o escopo dessa liberdade,
ao mesmo tempo um direito individual e uma garantia coletiva da
sociedade, porque, de seus desdobramentos — como as liberdades
informativas e a liberdade de imprensa —, depende aquilo que o jurista
americano Oliver Wendell Holmes chamou de “marketplace of ideas”, o
mercado de circulação livre de informações e ideias, um dos pilares das
democracias liberais. [depende de quem usa a liberdade; se usada pela esquerda, por membros do establishment e pelos inimigos do presidente = inimigos do Brasil e outras coisas do tipo, NÃO EXISTE limites. Cabe registrar que tais usuários poder se valer da interpretação criativa, permitindo a veiculação de narrativas resultantes da manipulação da verdade = maximização de pontos da notícia que possam ser apresentados de forma desfavorável ao governo do presidente.
Porém, quando usado por apoiadores do presidente Bolsonaro o limite é mínimo, praticamente zero.
Além do mais, depende muito da interpretação que, na maior parte das vezes, é realizada por adeptos ou simpatizantes da seita:qualquer um, menos Bolsonaro. ]
Essa última função tem como limite o que o
filósofo austríaco Karl Popper definiu como o “paradoxo da tolerância”
(em “A Sociedade aberta e seus inimigos”). A tolerância ilimitada com a
intolerância pode, no limite, levar à extinção da própria tolerância. Como garantir que um governo eleito democraticamente não tome medidas
que aniquilem a própria democracia e impeçam alguma minoria de se tornar
maioria? No Brasil dos últimos anos, sabemos bem como é difícil conter
essas ondas negacionistas das milícias digitais a serviço do governo.
Na
regulação da liberdade de expressão, o Brasil está mais próximo do
modelo europeu do que do americano. A visão americana é mais libertária,
toleram-se as manifestações intolerantes até o momento em que
representem ameaça concreta à vida ou à ordem pública. Mas nem nos
Estados Unidos a liberdade é absoluta. Há uma gradação entre o discurso
de ódio (“hate speech”, ou a advocacia de ideias abjetas), a incitação
(“fighting words”, o discurso de rebelião ou insuflação à violência) e o
“perigo claro e iminente” (o uso das palavras como gatilho para a
violência).
Apenas nesse último caso, quando há um ataque a
pessoas ou alvos determinados, com risco iminente, ou quando houver uma
rebelião que resulte em destruição da vida ou patrimônio, o discurso
pode ser cerceado. Na Europa, em contraste, a compreensão da liberdade
de expressão é bem mais restritiva. Na vasta maioria dos países
europeus, “hate speech” e “fighting words” também são proibidos.
A
exceção é o Reino Unido, onde “hate speech” é aceito, mas “fighting
words” não são toleradas. Em muitos países existe, como no Brasil,
legislação que criminaliza tipos específicos de discurso, como o
racismo, o antissemitismo ou a homofobia, vedando essas manifestações,
cuja simples existência é considerada um risco. Nesse ponto, a sociedade
brasileira demonstrou maturidade ao reagir com veemência à manifestação
do podcaster Monark em favor de nazistas se organizarem em partidos e
manifestarem suas ideias. [continua válida a PERGUNTA: qual o motivo de símbolos comunistas serem livres para circular? incluindo símbolos da esquerda - tipo camisetas, boinas, daquele guerrilheiro Che Guevara, também conhecido como mijão ou fedorento - existir partidos comunistas e ser proibido até propor a criação de um partido nazista.Nazismo e comunismo são inaceitáveis e AMBOS, sob qualquer forma, deveriam ser proibidos. O que motiva tanta tolerância com os comunistas?]
Não temos — nem teremos — liberdade
absoluta, mas se estabeleceu a precedência da liberdade de expressão
sobre outros direitos e princípios constitucionais. As redes sociais
trouxeram novos desafios para fazer valer direitos individuais ou
coletivos. São um foro público de debate sobre o qual o estado deve ter
algum tipo de ingerência. O caso do Telegram é exemplar: não pode atuar
no país se não se submeter às nossas leis. Emissoras e jornais estão
sujeitos a todo o arcabouço regulatório, na internet não pode ser
diferente. Os algoritmos são criados para favorecer conteúdos mais
atraentes, portanto impõem crivo editorial. Nesse ponto, o Marco Civil
da Internet adota uma postura pusilânime, segundo muitos especialistas,
pois as plataformas só têm responsabilidade a partir do momento em que
há decisão judicial mandando retirar o conteúdo ofensivo.
O
sistema mais avançado é o da União Europeia, e o país na vanguarda é
Alemanha. O princípio correto é conhecido como “notice and take down”: a
partir do momento em que uma rede social recebe notificação de que
veiculou conteúdo que gerou problema, deveria passar a ser
corresponsável.
Ainda não desisti de juntar no mesmo picadeiro todas as subespécies do comunismo à brasileira
Por falta de um BNDES irresponsavelmente perdulário, como o que torrou bilhões de reais nos tempos de Lula e Dilma, jamais saberei se o Circo Brasil Vermelho me transferiria dos apartamentos da classe média para as coberturas dos ricaços. A ideia foi parida pelos eventos de dimensões siderais ocorridos no último quarto do século 20. Como um personagem de Nelson Rodrigues, acompanhei com o olho rútilo e o lábio trêmulo a queda do Muro de Berlim, em 1989, o meteórico derretimento da União Soviética, em 1991, e, num mundo redesenhado em dois anos, o fim da Guerra Fria. Convalescia do espanto quando constatei, assombrado, o sumiço da espécie que proliferava desde 1848 no Velho Continente: o comunista europeu. Nenhum desses filhotes da Mãe Rússia resistira à surpreendente orfandade. Marx, Engels, Lenin, Stalin e outros alvos da adoração da seita pareciam coisa de tempos remotíssimos. Mais grisalhas que o Império Romano, mais antigas que as pirâmides do Egito, as divindades sem devotos não espantariam ninguém se revelassem que haviam testemunhado o desentendimento inaugural entre Abel e Caim.
Todos acham que Cuba só não virou uma Inglaterra em espanhol por causa do bloqueio imposto pelos EUA
E então bateu-me a certeza de que nada disso ocorreria no impávido colosso nascido para desafiar a lógica e desmoralizar a razão. Só o Brasil fala português. No subcontinente amalucado, foi império enquanto a vizinhança proclamava a independência de republiquetas, virou República sem abdicar da nostalgia pelos dois Pedros e, depois de exigir nas ruas a volta das eleições diretas para presidente, é frequentemente governado por vices dispensados da luta pelo voto. Na terra em que se plantando tudo dá, é compreensível que tenha vicejado — e seja hoje amplamente majoritário — o comunista que esconde que é comunista. Com a morte de Luiz Carlos Prestes e Oscar Niemeyer, comunistas confessos tornaram-se tão raros quanto a ararinha-azul. Os militantes do Partido da Causa Operária (PCO), mesmo quando não estão a bordo da van em que cabe a turma toda, não ocultam o sonho de reprisar no Brasil o pesadelo imposto por 70 anos às nações subjugadas pelo império soviético.
Em contrapartida, até os filiados ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) preferem negar o que o nome de batismo afirma. Seguindo o exemplo dos primos ideológicos homiziados no PT, no Psol e em outras legendas, declaram-se apenas esquerdistas, recitam juras de amor ao Estado Democrático de Direito e fazem de conta que a busca obsessiva da ditadura do proletariado foi substituída pela construção da sociedade socialista. Todos capricham nas fantasias. Mas não é difícil reconhecer um comunista sob a camuflagem de guerreiro da liberdade..
O disfarce desanda quando a conversa é desviada para questões internacionais. Todos acham que Cuba só não virou uma Inglaterra em espanhol por causa do bloqueio imposto pelos Estados Unidos.Amam o paraíso caribenho, mas rejeitam a socos e pontapés a ideia de lá morar porque antes precisam dar um jeito no Brasil. Queriam ser Fidel quando crescessem e mantêm pendurado num velho guarda-roupa aquele pôster de Guevara. Depois da segunda dose de rum e da terceira baforada, miram a fumaça do charuto enquanto murmuram a doce lição do carrasco do paredón: Hay que endurecer, pero sin perder la ternura.
Comovidos com o sofrimento dos palestinos, admitem que não seria má ideia afogar Israel no Mar Vermelho, ou dissolver a única democracia da região com uma bomba atômica de procedência iraniana. Ainda inconformados com a partida precoce de Hugo Chávez, aprovam o desempenho de Nicolás Maduro com um único reparo: na Venezuela há democracia até demais. Torceram pelas FARC contra os presidentes eleitos pelos colombianos, e agora exigem uma anistia ampla, geral e irrestrita para os colecionadores de sequestros e assassinatos.
Quem não tiver paciência para enfrentar o tsunami de cretinices pode chegar à verdade pelo caminho mais curto: basta chamar de “americano” alguém nascido nos Estados Unidos. O certo é norte-americano, ouvirá no segundo seguinte. Melhor ainda: estadunidense. As incontáveis correntes, tendências, alas e facções em que se divide o conglomerado dos comunistas brasucas aprende ainda no berçário que qualquer filho da América é americano. É preciso, portanto, revogar com urgência urgentíssima outra afronta arquitetada pelo país que, por considerar-se dono do planeta, expropria até palavras. A esquerda não se une nem na cadeia, dizia-se nos botequins em que se agrupavam guerrilheiros de festim. Errado. Todas as ramificações sempre estiveram unidas no ódio ao imperialismo ianque. É esse o Grande Satã universal, o inimigo comum e irremissível, a origem de todas as angústias, dores e tragédias que afligem o resto do galáxia, o Mal a ser erradicado.
O balaio esquerdista festejou o 11 de setembro de 2001 e chorou quando Osama Bin Laden virou banquete de peixe.
Agora celebra a reconquista do Afeganistão pelo Talibã. Não está claro se mudará de lado com a entrada em cena da dissidência do Estado Islâmico que acha moderados demais tanto os decepadores de cabeças quanto os que garantem que mulher sem burca é homem — e outro infiel a explodir.
A ideia do Circo Brasil Vermelho amadureceu quando entendi que as extravagâncias aglomeradas nas malocas do comunismo à brasileira dariam um zoológico e tanto.
Por que não juntar num mesmo picadeiro representantes de cada subespécie, e enriquecer com excursões pelo mais civilizado dos continentes?
Quem nasceu depois de 1980 não perderia a chance de conhecer, por um punhado de euros, tantas evidências de que o melhor do realismo mágico é menos delirante que o acervo de esquisitices que abundam por aqui. Em vez de ursinhos ciclistas, por exemplo, a plateia veria a filósofa Márcia Tiburi, escalada pelo PT, empunhando um megafone para resumir em duas frases a Teoria da Supremacia Anal: “O xx é sobretudo laico. A gente tem de libertar o xx”.
Em vez de afligir-se com os voos dos trapezistas, os espectadores se divertiriam com o jornalista designado pelo Partidão. Inventor do Uber gratuito para terroristas, ele contaria como conseguiu resistir bravamente a torturas sofridas por outros presos.
Um jogral do PCdoB declamaria pensamentos do homicida albanês Enver Hoxha.
O decano do PSTU berraria“morte à burguesia” em javanês.
E o mais recente filiado ao Psol repetiria em linguagem tupi a primeira coisa que diz o filho do casal de devotos que acabou de aprender a falar: “Morte ao imperialismo ianque”. A segunda é “mamãe”.Trinta anos depois da implosão do Leviatã soviético, a paisagem política brasileira não ficou tão diferente. As atrações de picadeiro continuam por aí. Não devo desistir de virar dono de circo.
A vacina recebida pela maioria dos brasileiros enfrenta um surto de perguntas sem resposta
O que esperar de uma cidade que já vacinou mais de 95% da população contra a covid-19? Comércio
e escolas abertos, bares e restaurantes funcionando normalmente, gente
praticando esportes e andando nas ruas sem máscara. Aquela vida normal
que tínhamos até sermos atingidos pela maior e mais devastadora pandemia
do século. Em boa parte dos Estados Unidos, Israel e nações do
continente europeu, esse é o cenário real desde que o ritmo da vacinação
acelerou-se. Mas a pacata Serrana, no interior paulista, mesmo depois de imunizar quase toda a população, continua na mesma. O município segue estritamente as regras do Plano São Paulo estabelecidas pelo governador João Doria (PSDB) e seu conselho de “especialistas em ciência” que formam o Centro de Contingência. Por lá, a vida permanece no “modo pandêmico”: comércio,
bares e restaurantes com horários restritos, controle de ocupação, uso
de máscara obrigatório até mesmo ao ar livre, nada de eventos, festas,
comemorações. A ordem é manter as orientações de quem ainda não recebeu nenhuma dose de vacina.
O estudo clínico, batizado de Projeto S pelo Instituto Butantan,
foi estruturado de maneira sigilosa ainda no ano passado e implementado
entre fevereiro e abril de 2021. Ao longo de oito semanas, pouco mais
de 27 mil moradores foram imunizados com a CoronaVac, a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Butantan —
o equivalente a 95% da população-alvo da pesquisa e aproximadamente 60%
da população total de Serrana, de quase 46 mil habitantes. Os
resultados do experimento foram divulgados numa coletiva de imprensa
mais de um mês depois do término da vacinação:as mortes por covid-19 caíram 95%, as internações recuaram 86% e os casos sintomáticos foram reduzidos em 80%.
Até agora, no entanto, o Butantan não apresentou os dados brutos da
pesquisa nem informações sobre faixa etária. A justificativa é que eles
serão publicados num artigo científico — futuramente. Segundo
especialistas, a prática de não divulgar os detalhes de um estudo científico numa coletiva de imprensa é comum, mas ajuda a engrossar o caldo de desconfiança que ronda a CoronaVac desde a sua origem.
Um festival de erros Primeiro,o relacionamento do governo paulista com o gigante farmacêutico chinês Sinovac continua um mistério. O contrato firmado envolve cláusulas sigilosas que não podem ser compartilhadas com a comunidade médica. Pela parceria, o governo do Estado diz que pagou R$ 85 milhões em junho do ano passado. Em setembro, foram US$ 90 milhões —
o governador João Doria não esclareceu se esse valor se soma ao que foi
pago anteriormente. No último dia 23, a presidente do Tribunal de
Contas do Estado de São Paulo solicitou os termos da negociação entre o
Butantan e o fabricante. Em relatório elaborado pelo órgão de controle, o
instituto é criticado pela falta de transparência no fornecimento de
informações ao tribunal.
Depois, a divulgação de dados sobre a vacina foi um show de tropeços. Após três adiamentos, coletivas que forneciam números incompletos e cálculos questionáveis, a população brasileira ficou sabendo que a CoronaVac atingiu 50,38% de eficácia global,
no limite exigido para aprovação pela Organização Mundial da Saúde e
pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). A demora em divulgar o
estudo completo e a frustrante repercussão dos resultados deram a
impressão de que o governo do Estado já sabia da baixa eficácia da
vacina e represava informações, ou, pior, tentava omitir dados.
Para além de uma vacina que bateu na trave nos critérios da Anvisa,são poucos os países que fazem companhia ao Brasil na escolha da CoronaVac: além da China, Turquia, Indonésia, Chile e Uruguai apostaram no laboratório Sinovac. No mês passado, a
Costa Rica recusou a compra do imunizante chinês sob alegação de que o
produto não atingiu os 60% de eficácia mínima exigida pelo Ministério da
Saúde local. Por fim, ainda não há notícia de que alguma autoridade
científica da comunidade internacional tenha respaldado os estudos do
fabricante chinês.
Largada da vacinação no Brasil Com a autorização do uso emergencial de duas vacinas — a CoronaVac e o imunizante do laboratório anglo-sueco AstraZeneca,
em 17 de janeiro, foi dada a largada para a vacinação no país. Pouco
mais de cinco meses depois, já foram aplicados mais de 100 milhões de
doses de vacinas contra a covid-19. Dos 100 milhões de CoronaVac adquiridos pelo Ministério da Saúde (MS) ao custo unitário de R$ 58,20, 43 milhões já foram aplicados. Valor total da negociação: R$ 5,8 bilhões.
Por algumas semanas, a vacina chinesa foi a única opção dos
brasileiros, e boa parte dos grupos prioritários recebeu as duas doses
do imunizante. Agora, resta saber se quem já gastou sua vez na fila com o produto chinês está realmente imunizado. Como escreveu o jornalista Augusto Nunes, colunista de Oeste, num artigo recente,
“ninguém torce tanto pelo sucesso da CoronaVac quanto os que receberam
duas doses do maior trunfo eleitoral do governador João Doria.” Só que torcida, em ciência, não funciona. Os fatos são teimosos.
O estudo final sobre a CoronaVac, divulgado em abril deste ano, mostrou que a eficácia da vacina para casos sintomáticos de covid-19 atingiu 50,7%, ante os 50,38% divulgados anteriormente. Os resultados foram enviados à revista científica Lancet para
revisão por pares, mas ainda não foram publicados. Entretanto, outra
pesquisa realizada pela Vebra Covid-19 (sigla para Vaccine Effectiveness
in Brazil against covid-19), grupo que reúne pesquisadores brasileiros e
estrangeiros, avaliou o desempenho da vacina em pessoas de 70 anos ou
mais vacinadas no Estado de São Paulo. A média de efetividade foi de 42%
na totalidade do grupo e de apenas 28% nos idosos acima dos 80 anos. O
trabalho envolveu 15,9 mil voluntários e foi o maior já feito nessa
faixa etária. Questionado sobre a diferença nos resultados, o Instituto
Butantan respondeu a Oeste: “O estudo em questão não
fala em eficácia. Com dados secundários, ele mediu a positividade de
casos nessa população, sem, no entanto, esclarecer quantos dos
infectados evoluem para quadros graves ou óbitos, que é justamente o que
a vacina visa a prevenir.”
Independentemente de paixões
políticas, o resultado do estudo da Vebra contestado pelo Butantan
indica uma realidade que precisa ser encarada pelas autoridades de saúde
no país: a CoronaVac tem baixa eficácia e, ao que parece, não tem se mostrado capaz de frear a transmissão da doença.
A realidade em outros países O dilema de quem confiou em imunizantes chineses não é exclusividade do Brasil. Uma reportagem recente publicada pelo jornal The New York Times mostra que outros países que também compraram vacinas produzidas na China enfrentam novos surtos de contaminação. Na Mongólia, Bahrein, Chile e nas pequenas Ilhas Seychelles,entre 50% e cerca de 70% da população foi totalmente vacinada, ultrapassando inclusive os Estados Unidos, segundo o site Our World in Data. Entretanto, todos eles foram parar na lista dos dez países com os piores surtos de covid-19 registrados na terceira semana de junho, de acordo com levantamento de dados feito pelo jornal norte-americano. Mongólia, Bahrein e Seychelles escolheram majoritariamente a fabricante Sinopharm. Já o Chile aderiu à vacina do laboratório Sinovac Biotech, o mesmo que produz a CoronaVac envasada pelo Butantan.
O caso do país sul-americano é emblemático. Com 54% da população totalmente imunizada e 65% vacinada com a primeira dose (dados do Our World in Data), o Chile segue com medidas rígidas de isolamento. No mês passado, a capital Santiago e outros municípios entraram novamente em lockdown para conter o avanço da contaminação.
O confinamento restrito se estendeu até ontem, quinta-feira 1º de
julho, quando se iniciou um programa gradual de flexibilização. No Chile, a CoronaVac corresponde a 77% do total das doses aplicadas até agora. Em
fevereiro, quando o programa de vacinação começou, foram registrados
515 novos casos por 100 mil habitantes. Em junho, a taxa de novas
contaminações atingiu a marca de 922 por 100 mil. A ocupação de leitos
de UTI segue acima de 90% no país.
Pessoas ligavam para amigos e parentes para avisar: “É Pfizer, pode vir”
Em nota publicada no site da instituição em 18 de junho, o Butantan nega que o aumento de casos de covid-19 no Chile esteja relacionado à vacinação com a CoronaVac.
Segundo Dimas Covas, presidente do instituto, dois relatórios
divulgados pelo Ministério da Saúde chileno sobre o desempenho da vacina
mostraram alta eficiência. Covas também ressaltou que “os novos
casos que têm aparecido no Chile afetam majoritariamente as populações
que não receberam a vacina, principalmente os mais jovens”. A nota informa ainda que, apesar do alcance da cobertura vacinal com as duas doses de 50%, “é necessário ter ao menos uma parcela de 70% das pessoas imunizadas para que se tenha um efeito indireto da vacinação”.
No
começo, atribuiu-se a culpa ao relaxamento das medidas de proteção, à
chegada de novas variantes e ao início do outono. Mas o conjunto de
evidências só reforça o fato de que as vacinas chinesas, embora
apresentem eficácia na redução de internações e de mortes, não
conseguiram reduzir a transmissão do vírus.
A CoronaVac no Brasil Se
os gestores públicos não querem enfrentar o assunto, muitos brasileiros
já estão tomando providências por conta própria. Em visita a um posto
de saúde na Bela Vista, bairro no centro de São Paulo, no último dia 21
de junho, a reportagem de Oesteconversou com mais de 15 pessoas que aguardavam sua vez na fila para se vacinar com a Pfizer,
marca do imunizante oferecido naquele dia. Roberto Andrade,
administrador, 56 anos, disse ter ido a três postos de saúde perguntar
qual era a vacina disponível. Ao saber tratar-se da AstraZeneca, virou as costas e foi embora.“A CoronaVac também não quero tomar. A taxa de eficácia ficou abaixo das outras duas [Pfizer e AstraZeneca]”, afirmou. “Resolvi esperar para tomar a Pfizer, tenho mais confiança no laboratório.”
No fim da fila, por volta das 10h30, Cristian Vieira da Silva, 38,
desempregado, disse não se importar de esperar, já que a vacina era a da
Pfizer. “Já fui a cinco postos. Não tomo AstraZeneca. Tenho medo porque sou portador de comorbidade. E a CoronaVac é fraca.” Enfileiradas à espera de uma picada, pessoas ligavam para amigos e parentes para avisar: “É Pfizer, pode vir”.
Seis idosos vacinados com duas doses da CoronaVac morreram de covid-19 num asilo em Arapongas
Segundo
especialistas, as taxas de eficácia divulgadas pelas desenvolvedoras
das vacinas não podem ser comparadas diretamente porque cada estudo tem
sua metodologia própria e, principalmente, um período de desenvolvimento
do ensaio clínico distinto. Mesmo assim, quem manifesta preferência por
determinado imunizante já ganhou o apelido de “sommelier de vacinas” e, embora a prática seja criticada por atrasar o avanço da vacinação, é bastante comum em vários postos de saúde.
Outra
situação frequente nesta fase da pandemia é recorrer a exames
sorológicos para saber se o organismo desenvolveu anticorpos contra a
covid-19 após duas doses de vacina. “Não existe até agora uma validação de exame contra o Sars-Cov-2 sorológico que possa confirmar que uma pessoa está imunizada”, explica a médica infectologista Patrícia Rady Muller. Entretanto, seja por curiosidade ou recomendação médica, um dos testes mais recorrentes é o de anticorpos neutralizantes,
que avalia se houve produção de anticorpos contra a covid-19 no
organismo e mostra o porcentual deles com capacidade de neutralizar o
vírus. Oeste teve acesso ao exame de anticorpos
neutralizantes do oftalmologista Luiz Roberto Colombo Barboza, vacinado
com duas doses da CoronaVac. O resultado: reagente 21%. Entre várias observações constantes no laudo laboratorial, uma delas chama atenção: “resultados entre 20% e 30% de inibição são considerados reagentes fracos e devem ser interpretados com cautela”.
“Desde o início, era sabido que a CoronaVac era uma vacina que não tinha grande eficácia, principalmente em idosos”, diz o médico-cirurgião oncológico com pós-doutorado em epidemiologia estatística, Luiz Bevilacqua. “Só que era o que tinha no momento, a gente não pode se arrepender.”
Diante da realidade que se impõe, ele defende uma reavaliação no plano
de imunização para priorizar a proteção da população de risco com
vacinas mais eficazes. Outro fator importante, apontado pela médica
infectologista Patrícia Rady Muller, é que a taxa de eficácia de uma
vacina interfere em políticas públicas para definir a extensão da
cobertura vacinal. “Quanto menor a eficácia, mais pessoas precisamos vacinar para evitar transmissão de uma pessoa a outra.”
Em junho, seis idosos vacinados com duas doses da CoronaVac morreram de covid-19 num asilo em Arapongas, no Paraná, em meio a um surto que atingiu 32 dos 43 residentes do Lar São Vicente de Paulo. Além disso, oito
dos 16 funcionários que trabalham na instituição, todos com imunização
completa com a vacina chinesa, foram diagnosticados com a covid-19 no
mês passado — até o momento, nenhum deles desenvolveu quadro grave da doença. A Revista Oeste questionou o Instituto Butantan a respeito do caso, e obteve, por e-mail, a seguinte resposta: “É
prematura e temerária qualquer afirmação sobre hospitalizações ou óbito
pela covid-19 de pessoas vacinadas contra a doença, uma vez que cada
caso, individualmente, deve passar obrigatoriamente pelo processo de
investigação, que não considera apenas a imunização de forma isolada, e
sim o conjunto de aspectos clínicos, como comorbidades e outros fatores
não relacionados à vacinação”.
De volta ao caso de Serrana, a cidade paulista com 95% dos moradores vacinados com a CoronaVac, os números indicam que o vírus continua se espalhando. “Quem eu conheço, mesmo vacinado, ainda tem medo do vírus”, disse a comerciante Eliana Maria Máximo, dona de uma lanchonete no centro da cidade. A vacinação em massa terminou em 11 de abril.Em maio, registraram-se 333 casos, um aumento de cerca de 42% em relação ao mês anterior (235).Em junho foram 299 casos. O pico de mortes relacionadas à covid-19 ocorreu em março deste ano, quando se verificaram 18 óbitos. Em abril foram oito; em maio, sete; e em junho, seis.
Oeste também solicitou ao Ministério da Saúde
informações sobre o número de mortos em razão da covid-19 por faixa
etária para cruzar com os dados de pessoas imunizadas com duas doses de
vacinas. Em resposta, por e-mail, o MS informou “que ainda é precoce fazer esse tipo de análise e cruzamentos de dados". O pedido foi feito em 19 de abril.
Ao cenário de incertezas, soma-se o fato de que os imunizados com a CoronaVac continuam proibidos de entrar nos Estados Unidos ou cruzar as fronteiras dos principais países da Europa. Isso
porque algumas autoridades sanitárias ainda não chancelaram a
fabricante Sinovac. A situação não mudou com a inclusão do imunizante
chinês na lista dos liberados pela OMS para uso emergencial. Enquanto as principais agências regulatórias do mundo não aprovam o uso da CoronaVac, a vacina segue em aplicação no Brasil com autorização de uso emergencial pela Anvisa. Os imunizantes da AstraZeneca/Oxford e Pfizer já possuem o registro definitivo. O Butantan informou que “está encaminhando as informações ao órgão, dentro do processo de submissão contínua”, mas, segundo a Anvisa, o instituto ainda não fez o requerimento para registro do produto.
Outra questão que intriga é entender por que o Butantan resolveu apostar em outra vacina, a ButanVac, quando já envasa quase 1 milhão de doses da CoronaVac por dia e investiu em nova fábrica para produzir o IFA (insumo farmacêutico ativo) nacional. Por certo, a iniciativa de ter uma vacina desenvolvida no Brasil (sem depender de insumos importados) para
ampliar o cardápio vacinal aumenta a segurança. Mas é possível que a
pressa em produzir um imunizante em três meses, como prometido pelo
Butantan, seja justificada pela preocupação em ter na manga uma
alternativa caso a CoronaVac se mostre ineficaz.
A polêmica da terceira dose e a combinação de vacinas Há meses discute-se a necessidade de uma dose extra da CoronaVac para quem já tomou duas injeções. Alguns fabricantes, como a Pfizer, anunciaram a possibilidade de uma dose anual de reforço. Afinal, é bem provável que a imunização contra a covid-19 repita o esquema vacinal contra a gripe. O que incomoda é a falta de clareza e transparência no caso da CoronaVac. Ainda
em abril, o diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan,
Ricardo Palacios, confirmou que havia estudos sobre uma eventual
terceira dose. “Existem grandes preocupações sobre como melhorar a
duração da resposta imune, e uma das alternativas que têm sido
consideradas é uma dose de reforço, seja com a própria CoronaVac, seja
com outros imunizantes." No mês passado, Dimas Covas disse, primeiro, que não havia motivo para preocupação.
“A vacina é eficiente e, neste momento, não existe necessidade de se
preocupar com uma terceira dose, como foi propalado recentemente.”No dia seguinte,
voltou atrás e admitiu que a entidade trabalha com a possibilidade de
um reforço vacinal para ser aplicado anualmente em todas as faixas
populacionais.
Em entrevista a Oeste no ano passado, quando as vacinas ainda eram uma promessa no meio científico, o médico pediatra e toxicologista Anthony Wong, falecido em janeiro de 2021,
explicou que a tecnologia do vírus inativo utilizada na produção da
vacina chinesa requer três ou até mesmo quatro doses para produzir
efeito. Segundo Wong, a oferta de apenas duas injeções teria relação
com o encurtamento das etapas de estudo da CoronaVac. “Eles não completaram a fase 2”, disse. “Então,
não sabem se será necessária ou não uma terceira dose. E garanto que
precisa. Não existe uma única vacina de vírus inativo que não exija três
doses. A única explicação para oferecer apenas duas doses é a pressa.” O diretor do Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Gao Fu, chegou
a admitir que as vacinas chinesas contra a covid-19 têm baixa eficácia e
que o governo chinês estuda misturar diferentes vacinas de modo a
aumentar a proteção. Já o diretor do laboratório Sinovac, Ying Weidong, afirmou
que uma terceira dose da vacina depois de três ou seis meses poderia
multiplicar por dez a resposta de anticorpos em uma semana e por vinte
em 15 dias, mas os resultados ainda precisam de mais estudos.
Outros países estão alerta. O governo do Chile avalia a aplicação de uma terceira dose da CoronaVac. Bahrein e os Emirados Árabes Unidos já anunciaram que vão oferecer uma dose de reforço. Na Turquia,
a revacinação da população inicia-se em julho. No Brasil, o ministro da
Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o governo federal ainda analisa a
necessidade de nova vacinação contra a covid-19 no ano que vem — ou se
bastará apenas uma dose de reforço para a população brasileira.
Mais uma possibilidade na mesa é a mistura de imunizantes. Nesta
semana, o Rio de Janeiro foi a primeira cidade brasileira a
oficialmente autorizar a combinação de vacinas para grávidas. Segundo a
prefeitura, gestantes e mulheres que acabaram de ter filhos e tomaram a
primeira dose da AstraZeneca estão autorizadas a receber a segunda
aplicação da Pfizer. Na Coreia do Sul, a decisão de adotar o “mix”
de vacinas deu-se em razão dos atrasos no envio das doses pelo
consórcio global Covax Facility. Medidas semelhantes já foram adotadas
por países como Dinamarca, Canadá, Finlândia, França, Alemanha, Noruega,
Espanha e Suécia.
A vacinação em massa tem se mostrado a melhor saída para emergir da pandemia.
Mas, se no início da campanha de imunização a melhor vacina era aquela
que chegava logo ao braço, agora os números mostram que a disparidade de
resultados em razão do uso de diferentes fórmulas no mundo tem
consequências. Enquanto alguns países já deram adeus às máscaras e estão livres de restrições, outras nações, com os mesmos índices de vacinação, amargam medidas de isolamento e enfrentam novos surtos de contaminação. O Brasil dispõe hoje de quatro vacinas em aplicação: AstraZeneca/Oxford, CoronaVac, Pfizer e Janssen — o que minimiza os riscos de depender de um único produto. Mesmo assim, cerca de 34% da população já vacinada recebeu a CoronaVac e quer respostas. Detalhe: esse
porcentual é formado em sua maioria por idosos, que têm mais risco de
desenvolver formas graves da doença, e por profissionais da saúde,
altamente expostos à carga viral.
Essa é mais uma discussão para a ciência.
“Na medicina, somos treinados. Se o tratamento B é melhor que o A,
tenho que oferecer o B, porque senão corro o risco de fazer um
tratamento inadequado”, afirma o médico Luiz Bevilacqua. “Antes não tinha vacina, agora tem. Por que insistir em algo menos eficaz?” Empurrar
o problema para a frente só vai arrastar ainda mais os efeitos da
pandemia, que já ceifou tantas vidas, sobrecarregou o sistema de saúde e
devastou a economia. Se perdermos a capacidade de questionar fatos sob
risco de ser tachados de partidários, negacionistas e antivacina, então
estaremos todos correndo risco. Não há vacina para a dúvida. Por isso, precisamos falar sobre a CoronaVac.
Aborto, drogas e casamento gay: a tríade do progressismo europeu - Foto: EFE/EPA/Szilard Koszticsak
No último artigo,
hesitei ao escrever que as ideias progressistas vêm da Europa e consistem na
tríade aborto-drogas-gays. Afinal, outro polo exportador de progressismo são os
Estados Unidos, cuja obsessão por raça não se enquadra nessa tríade. Mencionei
a Argentina como grande receptadora das ideias progressistas da Europa. Na
verdade, enxergo a Argentina como uma Europa sem Plano Marshall: em vez de
Mussolini, eles tiveram Perón, não lutaram na II Guerra e seguem idolatrando o
Mussolini deles até hoje.
Façamos então um teste. Tem
cota racial na Argentina? Pesquisando “cuotas raciales Argentina”,
encontrei artigos sobre o Brasil e até texto falando mal de Bolsonaro.
Mas cuotas raciales na Argentina, que é bom, nada. Ou seja: a Argentina,
aquele país onde o presidente fala “todes”, onde tem casamento gay
desde 2010, onde o aborto foi descriminalizado, tudo democraticamente e
sem canetadas de um STF, não tem cuotas raciales en las universidades.
Fiquemos
assim:existem dois conjuntos de ideias chamados de progressistas ou
politicamente corretos. Um é de matriz europeia, outro de matriz
norte-americana. Enquanto um tem a tríade aborto-droga-gay, o outro é
obcecado por raça.
Por que europeu não dá bola pra lei racial? A ideia de racismo leva a nossa mente direto para a Alemanha. No entanto, as leis raciais são uma invenção dos EUA aplicada aos negros que os
alemães importaram para aplicar aos judeus. As leis raciais surgem no
sul escravista dos Estados Unidos em 1877 e começam a se federalizar com
Woodrow Wilson em 1913, quando o vagabundo Adolf Hitler tinha 24 anos e
encontrava um rumo na vida na condição de soldadinho austríaco. Nos
Estados Unidos, a descentralização conseguiu dar uma segurada nos
projetos eugenistas das autoridades médicas e dos políticos entusiastas.
Na Alemanha, toda a estrutura centralizadora do poderoso Estado
prussiano foi posto nas mãos de Hitler e seus médicos eugenistas, que se
inspiravam nos norte-americanos. Não dá para dizer que os
norte-americanos sejam mais racistas do que os alemães. Ainda assim, foi
dos EUA que saiu o racismo de Estado.
A razão para
isso é muito simples. Nos EUA, o critério-chave da cidadania é o
nascimento em solo nacional. Você pode ser preto, branco, amarelo ou
verde, e a lei, até segunda ordem, irá considerá-lo um American.
Para os Estados Unidos se tornarem racistas, foi necessária uma
gambiarra jurídica, as famigeradas leis Jim Crow. A raiz legal do país
faz dele, de fato, a terra da liberdade.
Já na
Europa, o critério-chave da cidadania se confunde com a raça. Um casal
de imigrantes negros pode chegar criança à Europa, constituir família na
Europa, e ainda assim os seus filhos e netos não serão cidadãos
europeus. Nascerão e morrerão como estrangeiros dentro do país em que
construíram suas vidas. Isso só aparece para o grande público durante a
Copa do Mundo, quando as seleções europeias saem providenciando
cidadania para os jogadores de futebol negros. (Não sei detalhes, mas
países latinos com ex-colônias parecem mais propensos a negligenciar o jus sanguinis paraconceder
cidadania a africanos das ex-colônias. O Portugal salazarista, mesmo,
considerava Angola e Moçambique estados portugueses.)
Assim,
uma legislação etnocêntrica dispensa os europeus de inventarem leis
racistas.
Eles já vivem em um solo habitado por cidadãos brancos e
não-cidadãos negros. Evidentemente, isso cria um barril de pólvora de
ressentimento e culpa.
Brancos sem cidadania na Europa Mas o critério é, frisemos, etnocêntrico, não racial. Um casal de italianos
que migrasse para a Alemanha antes da União Europeia também viveria
como um perfeito estrangeiro. O europeu é bastante sedentário: veja-se
que no Brasil, onde há uma migração interna muito grande, um acriano e
um gaúcho se entendem perfeitamente em português, mas um italiano de
Nápoles e um do Piemonte, não, pois há a barreira do dialeto. Antes da
descoberta da América, os europeus migravam muito pouco, então faz
sentido que o seu critério de cidadania histórico seja étnico.
Quem
eram os estrangeiros nesse critério?Os judeus. Eram estrangeiros
errantes, viviam em guetos separados dos cristãos desde a Idade Média
até Napoleão. Foi Napoleão, no século XIX, quem saiu conquistando a
Europa e emancipando judeu. Portugal se diferencia do
resto da Europa por ter resolvido a questão judaica em 1497. Tendo que
deixar o Reino livre de todos os judeus por pressão espanhola, Portugal
deu uma solução que hoje diríamos ser bem brasileira: em vez de matar ou
expulsar todo mundo, batizou todo mundo e proibiu sinagogas. Mas o
batismo podia ser mera formalidade; ademais, se você abrisse uma
sinagoga, ninguém ia lá verificar, ou, se verificasse, você molhava a
mão.
Funcionou assim até D. Sebastião ficar encantado
em Alcácer-Quibir e deixar a Coroa na mão da Espanha, com sua temível
Inquisição. Os ex-judeus então começam a cultuar a figura d’O Esperado,
pois D. Sebastião voltaria e instauraria um paraíso terrestre. Surge o
sebastianismo, uma heresia perseguida pela Inquisição. E, sendo a
Inquisição muito mais relaxada no Brasil, aqui se tornou um bom lugar
para ser sebastianista. Ao cabo, os ex-judeus não só foram integrados à
nacionalidade portuguesa, apagando a ideia de um português étnico, como
criaram um poderoso símbolo nacional. Só a Península
Ibérica entrou na modernidade sem guetos. Assim, não é de admirar que a
mania racial tenha sido importada da América pelos europeus menos
civilizados e usada contra os judeus. Toda essa Europa que se manteve
com guetos judaicos hoje tem guetos de imigrantes, tudo não-cidadão.
O
nome de gueto é aplicado no Brasil a favelas. Curiosamente, porém,
gringos que vêm para o Brasil fazem turismo em favela, mas não em no-goareas
europeias. A favela brasileira é cheia de eleitores, de cidadãos e de
gente que fala o mesmo idioma que os demais brasileiros. Quem tem gueto é
quem aponta o dedo para nós.
Individualismo radical Penso que o que caracteriza melhor o progressismo de matriz europeia é o
individualismo radical, a atomização da sociedade. Por mais que
reconheçamos o amor romântico entre gente do mesmo sexo, e por mais que o
casamento cristão moderno seja centrado nesse tipo de amor, ninguém
razoável discordará de que as relações entre homens gays costumam ser
mais fugazesdo que as relações tradicionais entre homens e mulheres com
filhos. A fugacidade do casamento me parece ser uma meta desse tipo de
progressismo.
Filhos são um tipo de laço entre
casais. Para impedir esses laços, basta vender o aborto como grande
ícone de liberação feminina. A mulher ideal, então, faz sexo loucamente –
sem se prender a nenhum homem – e, acontecendo de ficar grávida, irá ao
médico tirar. Caso o bebê nasça – e natalidade da Europa é pequenininha
–, tem o Estado de bem-estar social para bancar o bebê e deixar a
mulher dispensar o homem e até os avós. Assim, a vida
ideal desse tipo de progressista se divide entre o trabalho bem
remunerado e a balada, esta regada a drogas caras. Nas banlieues ficam os não-cidadãos responsáveis pelo trabalho braçal.
As ameaças abertas de investidores
internacionais, de restringirem investimentos no País, a pretexto de uma
alegada má condução das políticas ambiental e indígena, na gestão do
presidente Jair Bolsonaro, que tratamos na edição anterior(“Para manter o vácuo de soberania na Amazônia, fundos ‘gafanhotos’ chantageiam Brasil”, Alerta Científico e Ambiental, 25/06/2020), precisam ser
avaliadas sob uma perspectiva histórica das verdadeiras intenções do
aparato ambientalista-indigenista internacional.
Isto porque há, nas autoridades
governamentais, uma tendência para reduzir as pressões apenas a
interesses comerciais, como uma forma de protecionismo, ou simples
desinformação, evitando assim o enfrentamento das causas reais das
pressões. Se é um fato estabelecido que as questões ambientais e indígenas têm
sido amplamente manipuladas para disfarçar manobras protecionistas, por
outro lado, tais pretextos estão longe de representar o foco principal
da insidiosa campanha internacional, da qual o Brasil tornou-se um alvo
primário a partir de meados da década de 1980, sem contrapor uma
resposta consistente, quase invariavelmente, limitada a mostrar um “bom
comportamento” diante das pressões e exigências externas. Embora esta
conduta tenha mudado no atual governo, contestando a legitimidade de
tais campanhas, é relevante retomar o tema e recordar as motivações
primárias da investida contra o País.
O movimento ambientalista foi idealizado, criado e fomentado por
setores do Establishment anglo-americano e europeu, a partir da década
de 1960, com a finalidade precípua de criar um sistema de soberanias
limitadas sobre regiões ricas em recursos naturais e limitar o impulso
pró-industrialização que, então, motivava as lideranças e populações dos
países subdesenvolvidos, em especial Brasil, Argentina, México,
Indonésia e outros.
Desde os primórdios, o conceito malthusiano de “limites” ao
desenvolvimento tem sido um pilar central das campanhas ambientalistas,
sob rótulos variados – “limites do crescimento”, “desenvolvimento
sustentável”, “capacidade de suporte”, “pegada ecológica” e outros, cuja
função básica é propalar a falaciosa proposição de uma suposta
impossibilidade de extensão a todo o planeta dos níveis de vida dos
países avançados (como se dissessem: “somos desenvolvidos mas
poluidores, por favor, não repitam os nossos erros”).
A partir da década de 1980, com a crise das dívidas externas e o
advento da “globalização” financeira, a preocupação dos centros
oligárquicos do Hemisfério Norte de assegurar o ressarcimento dos seus
empréstimos e, ao mesmo tempo, gerar vastos fluxos financeiros para
alimentar e amplificar a ciranda que viria a gerar sucessivas “bolhas”
especulativas, motivou uma série de iniciativas para forçar os países em
desenvolvimento a ceder aos“investidores internacionais” o controle
dos seus patrimônios nacionais, primeiro, empresas estatais e, depois,
os recursos naturais dos seus territórios.
Entre elas, destacam-se os famigerados acordos de trocas de “dívida por
natureza”(debt-for-nature swaps), a imposição de condicionantes
socioambientais a empréstimos internacionais e, mais recentemente, a
extensão desses condicionantes aos fluxos de investimentos, como este
Alerta tem acompanhado.
Dois eventos seminais para a determinação dessa agenda intervencionista
foram a divulgação do chamado “Relatório Brundtland” e a realização do
Quarto Congresso Mundial de Áreas Selvagens, ambos em 1987. O primeiro,
fruto dos trabalhos da Comissão das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
o Desenvolvimento, introduziu o conceito de “desenvolvimento
sustentável” e propôs a criação de uma estrutura financeira
internacional para a implementação global do conceito, um refinamento da
tosca e polêmica ideia dos “limites do crescimento” anteriormente
proposta pelo Clube de Roma.
O segundo, realizado em setembro daquele ano, em Denver, EUA, reuniu
altos representantes dos governos dos EUA e Canadá, agências das Nações
Unidas, organismos multilaterais, grandes fundações privadas e
bilionários integrantes do Establishment oligárquico, como Edmond de
Rothschild e David Rockefeller. O tema central do Congresso foi a proposta de criação de um “Banco
Mundial de Conservação”, para “identificar, desenhar e financiar
projetos de conservação sólidos no Terceiro Mundo” – eufemismo para a
“monetização” dos recursos naturais desses países, para servir como
“colaterais” para empréstimos e fluxos financeiros destinados a uma
pletora de atividades especulativas.
Curiosamente, na ocasião, Rothschild demonstrou grande “presciência”,
ao apresentar o aquecimento da atmosfera devido às emissões de dióxido
de carbono dos combustíveis fósseis, como o maior problema enfrentado
pela humanidade. Esta foi uma das primeiras sinalizações sobre o
falacioso cenário “aquecimentista”, que, desde então, ganhou contornos
de uma virtual histeria coletiva global e um eficiente instrumento de
chantagem política e financeira.
Na época, o Brasil foi virtualmente convertido em “vilão ambiental
mundial número um”, em especial, com a exagerada difusão dos incêndios
na Amazônia Legal e o assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, em
dezembro de 1988, instantaneamente convertido em “mártir” da proteção da
Floresta Amazônica. Tornaram-se, então, recorrentes, insidiosas
sugestões para a “limitação” da soberania nacional sobre a região,
oriundas de lideranças políticas das potências centrais, a exemplo do
presidente francês François Mitterrand.
De fato tomo corpo uma nova forma de guerra irregular neocolonialista:
em tanto se lançavam uma ofensiva de propaganda tendenciosa contra o
governo brasileiro, forças irregulares na forma de organizações não
governamentais (ONGs), ricamente financiadas, ocupavam nichos do governo
e ganhavam liberdade de atuação em regiões estratégicas especialmente
na Amazônia. O Fundo Ambiental Global (GEF), estabelecido em 1992, após a
conferência Rio-92, foi a concretização do banco idealizado em Denver.
Com o GEF e outras iniciativas afins, as potências controladoras do
ambientalismo-indigenismo internacional passaram a dispor de
instrumentos para pressionar os países-alvo (como o Brasil) a aceitar a
agenda ambiental e indígena, sob pena de sanções em suas negociações
financeiras internacionais e a atração de investimentos externos.
Outra forma de pressão, repetidamente aplicada sobre o Brasil, é o
financiamento a fundo perdido de programas de proteção do meio ambiente e
de indígenas, como o Programa Piloto para Proteção das Florestas
Tropicais do Brasil (PPG-7), majoritariamente financiado pela Alemanha,
EUA e outros países, e o ainda vigente Fundo Amazônia, cujo principal
financiador é o governo da Noruega. Com tais recursos, o País tem sido docilmente enquadrado na agenda
ditada do exterior, dispensando os sucessivos governos de investir mais
recursos em iniciativas de proteção real do ambiente e das comunidades
indígenas, vinculadas ao desenvolvimento socioeconômico, que representa a
melhor forma de proteção dos mesmos.
A recente agenda de “financeirização” das questões ambientais, em
especial, envolvendo o clima global, representa a fase final desse
impulso intervencionista e de um virtual caráter neocolonial, sendo que
desta vez a “metrópole” não é uma nação específica, mas o conjunto de
interesses representados no sistema financeiro internacional. De maneira
alguma, o Brasil pode submeter-se a ela. DefesaNet - Alerta Científico e Ambiental
Um gigante de tamanho difícil de imaginar, a economia global, estimada
em US$ 87 trilhões no ano passado, está sendo derrubado por seres
microscópicos, os coronavírus, num desastre muito pior e mais doloroso
que a crise financeira de 2008-2009. A extensão dos danos começa a
aparecer nos maiores mercados, o americano, o chinês e o europeu, com os
primeiros dados trimestrais de consumo, produção, investimento e
emprego. O drama dessas potências afeta o Brasil pela redução do
comércio internacional, já enfraquecido em 2019. Na melhor hipótese, as
vendas de alimentos, componente mais importante das exportações
brasileiras, serão menos prejudicadas que as de outros produtos.
Nos Estados Unidos, maior potência econômica, o Produto Interno Bruto
(PIB) encolheu à taxa anual de 4,8% no primeiro trimestre, segundo a
primeira estimativa. Fechadas em casa, famílias cortaram os gastos de
consumo, empresas diminuíram investimentos e as exportações caíram.
Diante da emergência, governo central e governos locais aumentaram suas
despesas, mas em proporção insuficiente para equilibrar o conjunto. Em seis semanas 30,3 milhões de pessoas pediram auxílio-desemprego nos
Estados Unidos. Antes da nova crise, a desocupação abrangia cerca de
3,4% da força de trabalho, como efeito de 113 meses consecutivos de
criação de empregos. Ainda é difícil determinar a nova taxa de
desemprego, porque pessoas desocupadas apenas temporariamente foram
autorizadas a buscar o auxílio, mas a piora do quadro é inegável. No
quarto trimestre do ano passado o PIB americano cresceu ao ritmo anual
de 3,5%, na última etapa de um longo período de prosperidade, iniciado
no primeiro mandato do presidente Barack Obama.
A segunda maior economia, a chinesa,sofreu no primeiro trimestre de
2020 a primeira contração em quase 30 anos, desde o início da publicação
dos dados trimestrais do PIB, em 1992. Mesmo abalada, a economia da
China ainda pode ter um desempenho invejável depois do impacto da
covid-19. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta para a China
1,2% de expansão econômica neste ano, enquanto estima contração de 3%
para o produto global e de 6,1% para as economias avançadas. Mas, por
enquanto, o balanço inicial da crise mostra grandes estragos.
No primeiro trimestre o PIB chinês foi 6,8% menor que o do período
janeiro-março de 2019, segundo a Agência Nacional de Estatísticas. Em
relação aos três meses finais do ano passado a queda foi de 9,8%. De
acordo com o governo, o desempenho deve ser muito melhor a partir do
segundo trimestre, mas economistas apontam muita insegurança quanto à
reação do consumo familiar. Com a reorganização estratégica iniciada há alguns anos, o consumo
ganhou importância relativa no papel de motor da economia, tomando parte
do espaço tradicionalmente ocupado pelo investimento em capacidade
produtiva.
Maior parceira comercial do Brasil, a China é o destino principal das
exportações do agronegócio brasileiro. A demanda chinesa tem grande
importância para o superávit comercial e para a segurança das contas
externas do Brasil. Os Estados Unidos, segundo maior importador de
mercadorias brasileiras, têm relevância especial para as vendas de
manufaturados. O terceiro maior parceiro individual, a Argentina, já
estava em crise em 2019 e assim deve continuar neste ano. Na zona do euro, também muito relevante para o comércio brasileiro, o
PIB do primeiro trimestre foi 3,3% menor que o de um ano antes. Em
relação aos três meses finais de 2019 a queda foi de 3,8%, a maior,
nesse tipo de comparação, na série iniciada em 1995.
Segundo o FMI, o produto da zona do euro deve diminuir 7,5% neste ano.
Para os Estados Unidos está projetada retração de 5,9%. Para o Brasil os
cálculos indicam um PIB 5,3% menor que o de 2019.Mas o repique
esperado para a economia brasileira, de 2,9% em 2021, é bem menor que o
previsto para os países avançados(4,5%) e emergentes (6,6%). Falta
resolver, no Brasil, um problema bem anterior à covid-19, o baixo
potencial de crescimento.
A grande barreira do Brasil contra choques externos tem sido e continua
sendo o agronegócio, principal fonte de receita e garantia do superávit
comercial. A principal ameaça ao agronegócio brasileiro, depois dos
desastres naturais, tem sido o governo federal, principal fornecedor de
argumentos ao protecionismo europeu. Nos 12 meses até novembro, o setor
exportou produtos no valor de US$ 97,7 bilhões e acumulou um saldo
positivo de US$ 84 bilhões nas trocas internacionais. Graças a isso o
Brasil conseguiu nesse período um excedente de US$ 47,5 bilhões na
balança de mercadorias, condição essencial para manter as contas
externas em condição satisfatória. O excedente garantido pela
agropecuária tem compensado o saldo negativo de outros setores e deixado
uma sobra considerável.
Qualquer obstáculo a essas exportações é um risco para a solidez cambial
do Brasil. Quem desconhece os efeitos desastrosos de uma crise cambial
pode aprender algo dando uma olhada na crise argentina. A ameaça de taxação de produtos de países poluidores reapareceu em
Madri, nos últimos dias, na conferência sobre o clima promovida pela
Organização das Nações Unidas (ONU). O assunto foi mencionado por
dirigentes da Comissão Europeia, em comentários sobre a proposta de um
“Green New Deal Europeu”. Mesmo sem decisão oficial, a mera referência ao assunto é inquietante. A
questão ambiental tem reforçado o velho discurso protecionista europeu,
apoiado pelo setor agrícola, já fartamente subsidiado, e por movimentos
sociais.
Ao entrar num embate com a ativista sueca Greta Thunberg, a propósito de
índios assassinados, o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez se expôs
como adversário do ambientalismo, ajudando, por tabela, quem acusa de
devastação o agronegócio brasileiro. O verdadeiro agronegócio, eficiente e competitivo, opera de maneira
responsável e, além disso, há décadas tem ampliado a produção muito mais
do que a área ocupada. Mas nem todos sabem disso e muitos preferem, com
certeza, deixar esses fatos na obscuridade.
Não adianta condenar o protecionismo e ao mesmo tempo reforçar o
discurso de quem lucra com a deturpação da imagem do Brasil. Perder
mercados é geralmente uma tolice –e tolice maior é pôr em risco o
acesso a um mercado como o europeu. É esta a questão. A União Europeia é o segundo destino mais importante das exportações do
agronegócio brasileiro. O maior é a China. Mas o bloco europeu,
classificado logo em seguida, absorveu neste ano, até novembro, produtos
brasileiros no valor de US$ 15,5 bilhões, ou 17,4% do total exportado
pelo agronegócio. Foi a mesma participação registrada um ano antes,
embora o valor tenha diminuído 3,8%. A parcela chegou a 17,6% nos 12
meses até novembro, com transações no valor de US$ 17,2 bilhões.
No mês de novembro, embora a participação asiática tenha atingido o
recorde de 52,6%, por causa das exportações de carnes para a China, a
fatia da União Europeia ainda ficou em 15,7%, ou US$ 1,3 bilhão. As
vendas de carnes para o mercado asiático, de US$ 4,3 bilhões, foram
22,1% maiores que as de igual mês do ano passado.As vendas externas do agronegócio representaram em novembro 46,6% do
valor total das exportações brasileiras. A participação se manteve em
43,4% no ano e em 12 meses. Em todos os períodos considerados a fatia da
União Europeia nos negócios do agronegócio brasileiro ficou quase
estável, com pequena variação em novembro. Menosprezar esse mercado,
pondo em risco a imagem dos produtores brasileiros, seria um erro
terrivelmente custoso para o País.
Erros graves foram cometidos há meses, quando tropeços diplomáticos
puseram em risco os negócios com países muçulmanos e com a China, maior
parceira comercial do País. Essas imprudências foram corrigidas, em
grande parte pelo esforço da ministra da Agricultura. O presidente da
República participou, afinal, do conserto. Mas, seguido pelos ministros
do Exterior e do Meio Ambiente, ainda age como se pouco ou nada houvesse
aprendido com as falhas. Será necessário um desastre irreparável?
O aumento da arrecadação e o controle estrito do orçamento devem reduzir bastante o déficit e gerar, mais à frente, o tão esperado superávit
O primeiro ano do governo Bolsonaro se aproxima do fim com sinais de que
poderá ser mais exitoso do que muitos previam no início de seu mandato.Depois de 30 anos em que nos acostumamos a um padrão de cooperação
entre o Executivo e o Legislativo para levar adiante o plano de governo,
a forma de governar de Bolsonaro foi um choque para a grande maioria
dos analistas. A relação quase conflituosa do Planalto com o Legislativo foi lida muito
cedo como um caminho direto para crises constantes e uma paralisia das
ações do governo em um momento de crise econômica grave e da necessidade
de reformas importantes. A falta de uma base política estruturada para
aprová-las seria o caminho natural para tal situação.
Além disto, o jeito tosco e truculento do presidente ao comunicar para a
sociedade alguns de seus valores ideológicos criou um mal-estar na
elite do país e na mídia. Citaria ainda como origem deste desconforto
inicial, certo radicalismo do todo poderoso ministro Paulo Guedes na
defesa de seus planos para a economia. Dizia ele que estava tudo errado e
que seria preciso uma verdadeira revolução liberal na busca de um
estado mínimo na relação com a sociedade. Alguns símbolos importantes da
ação social do Estado brasileiro, como a Zona Franca de Manaus, teriam
que ser sacrificados ao longo do caminho de uma reforma fiscal radical.
Mas o que vimos ao longo deste ano foi uma adaptação pragmática
progressiva de vários atores a esta nova forma de governar, com o
Legislativo ampliando seu espaço de ação política para buscar não um
conflito sistêmico com o Executivo, mas um trabalho conjunto para
construção de uma agenda comum para o país. O melhor exemplo desta nova
forma de governar foi o desenho a quatro mãos da PEC da reforma da
Previdência e, posteriormente, sua aprovação, em dois turnos, nos
plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Neste processo despontou Rodrigo Maia como uma liderança política do
Legislativo capaz de articular junto a seus pares as ações do Executivo,
tornando funcional esta nova forma de governar do presidente Bolsonaro.
E com o tempo, e principalmente com os conflitos que viveu, Paulo
Guedes aprendeu os limites de seu poder e a necessidade da negociação
política com os representantes eleitos pelo povo para viabilizar sua
agenda liberal.
Neste choque de realidade, sua própria vontade revolucionária foi
domada, como indica sua foto em Manaus declarando enterrado o projeto de
acabar com a Zona Franca. A crise social no Chile - e a convocação de
uma Assembleia para modificar a Constituição outorgada pela ditadura
Pinochet - também veio a tempo para moderar os anseios do ministro da
Economia nas suas negociações com o Congresso, facilitando o processo de
aprovação das reformas liberais necessárias para o Brasil.
Uma fotografia interessante da avaliação do governo Bolsonaro neste
final de primeiro ano pode ser encontrada na pesquisa de opinião mensal
do Ipesp e da corretora de valores XP relativa a novembro. Apesar de ser
realizada por telefone, a sua repetição mensal nos dá um quadro
evolutivo a ser visto com confiança pelo analista.Hoje para 39% dos
entrevistados o governo Bolsonaro é ruim ou péssimo. Por outro lado, 32 %
o avaliam como ótimo ou bom e 25% como regular, somando 57% dos
entrevistados que,segundo o critério europeu de avaliação de
mandatários no poder,apoiam o governo do presidente.
A mesma pesquisa mostra que Bolsonaro poderá ter em 2022, no final de
seu mandato, 45% de ótimo e bom e 16% de regular, somando 61% de apoio.
Os que acreditam que seu governo será ruim ou péssimo chegam a 32% dos
entrevistados. Esta é uma medida, ainda que precária, do resultado das
eleições de 2022.
No segundo ano de seu governo o presidente Bolsonaro deve encontrar um
cenário bem mais favorável na economia, o que poderá facilitar o
enfrentamento da questão fiscal. Um grande número de analistas de
mercado já trabalha com uma previsão de crescimento do PIB da ordem de
2,5% em 2020. Neste cenário, o aumento da arrecadação de impostos, que
acontecerá naturalmente, e um controle estrito do orçamento como vem
sendo feito, deve reduzir bastante o déficit primário e gerar, mais à
frente, o tão esperado superávit. Por outro lado, a nova estrutura a
termo dos juros vai permitir inverter a curva de crescimento da dívida
pública federal bruta.
Se este cenário realmente ocorrer o governo terá um tempo maior para
aprovar no Congresso as PECs que devem tratar da questão das despesas
obrigatórias estabelecidas na Constituição. Estas medidas são
necessárias para permitir que ocorra, com possibilidade de sucesso, a
discussão de uma reforma tributária que realmente abra espaço para uma
mudança em nossa estrutura de impostos e a tão necessária redução da
carga tributária que onera hoje as empresas brasileiras. O cenário descrito mostra uma oportunidade que não pode ser perdida pela
sociedade brasileira depois de tantos anos de crise e sofrimentos.