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domingo, 3 de julho de 2022

Defesa - Quem são os adversários da OTAN? - Luis Kawaguti

Vozes - Jogos de Guerra

 Cúpula da OTAN em Madri, nesta semana: declaração feita pelos países da aliança deixa claro que o mundo caminha para uma escalada de confrontação - Foto: EFE/EPA/LUKAS COCH

A OTAN (aliança militar ocidental) realizou nesta semana uma reunião de cúpula histórica, que formalizou a nova realidade da política mundial provocada pela guerra na Ucrânia. Nela, a Rússia não é mais vista pelo Ocidente como uma parceira em potencial, mas sim como a maior ameaça à aliança.

A China foi classificada, por sua vez, como um “desafio” à segurança, aos interesses e aos valores da ordem internacional. A Declaração da Cúpula de Madri também relevou que a OTAN permanece preocupada com a ameaça do terrorismo global e com a mudança climática. A cúpula foi uma tentativa do Ocidente de demonstrar força e coesão. Mas ainda não está claro se essa união vai se manter em meio às crises energética e de alimentos, que foram drasticamente agravadas pela guerra na Ucrânia.

Veja Também: Guerra Fria 2.0: qual será o impacto de uma nova expansão da OTAN?

Brasileiro conta os segredos da Legião Estrangeira

O ponto de vista que aparenta predominar entre os países da aliança é o de lideranças como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Eles defendem um reforço de tropas na frente oriental da OTAN, o aumento dos gastos militares na Europa e o apoio à Ucrânia até a expulsão completa das tropas de seu território. [irrealizável - prevalecendo essa posição a Ucrânia se acaba. Essa postura só interessa aos mercadores de armas.]

A ideia é fazer com que a Rússia não seja mais capaz de invadir militarmente outro país vizinho, segundo afirmou a chanceler britânica Liss Truss à BBC. Londres disse, durante a reunião, que enviará mil combatentes para defender a Estônia. [mil combatentes? cada um deles com uma arma nuclear tática, será mais que suficiente para resolver a questão = será iniciada uma guerra nuclear.]

Os Estados Unidos disseram que mandarão dois esquadrões de caças F35 (que são alguns dos mais avançados do Ocidente) para a Grã-Bretanha, dois navios contratorpedeiros para a Espanha e milhares de tropas para a Romênia.

A ideia é que essa mobilização continue até que, no ano que vem, as tropas na frente oriental da OTAN (próxima da Rússia) passem de 40 mil para 300 mil. Para se ter ideia dessa dimensão, Moscou usou cerca de 200 mil tropas para invadir a Ucrânia em 24 de fevereiro.  As tropas da OTAN na Europa também vão passar a se organizar não mais em grupos de batalha, mas em brigadas e divisões de exército - unidades maiores e mais adequadas para fazer frente a guerras de alta intensidade. Em paralelo, Finlândia e Suécia, países historicamente neutros, devem entrar na aliança.

Estrategicamente, o objetivo é que a Europa passe a gastar mais com armas para que sua defesa dependa menos dos EUA - liberando Washington para se voltar mais para a região do Indo-Pacífico (por causa da expansão chinesa). A recente Declaração da Cúpula de Madri diz que “a Federação Russa é a ameaça mais significativa e direta para a segurança dos aliados e para a paz e estabilidade na área euro-atlântica”.

A Rússia, por sua vez, vem afirmando que foi a OTAN quem adotou uma postura agressiva, com seu movimento de expansão para leste desde o fim da Guerra Fria. O motivo geoestratégico da Rússia para invadir a Ucrânia foi criar uma área neutra entre a aliança militar ocidental e o território russo.

Na cúpula de Madri, não surgiram vozes dissidentes da postura da aliança de armar a Ucrânia e reforçar as capacidades militares dos europeus. Seus maiores defensores, além de EUA e Grã-Bretanha, são os países mais próximos da Rússia, que já sofreram com invasões e dominação durante o período soviético - como a Polônia, a República Tcheca, os países bálticos e a própria Ucrânia.

Quando visitei um centro de recrutamento de civis na Ucrânia, em março deste ano, me impressionei com as colocações dos voluntários. Eles disseram preferir morrer no campo de batalha a ver suas famílias assassinadas ou passando fome nas mãos dos russos. Essas atrocidades cometidas pelos russos estão na história e na cultura desses países.

Mas, em nações mais distantes da fronteira russa, começam a surgir críticas à abordagem de confrontação, que foi oficializada na cúpula de Madri. Seu argumento é que a Ucrânia deveria ceder parte de seu território à Rússia em troca de um cessar-fogo. Em tese, isso evitaria uma matança maior tanto para ucranianos como para russos. Estima-se que a Ucrânia perde cerca de 200 militares por dia na Batalha de Donbas.

Contudo, as críticas à postura da OTAN não são motivadas apenas por razões humanitárias. As sanções econômicas à Rússia vêm causando uma alta no preço dos derivados de petróleo e o bloqueio do Mar Negro - por onde era escoada a produção de grãos da Ucrânia, impasse que elevou o custo global dos alimentos.  Na prática, a maioria dos países vem experimentando insatisfação da população, provocada pelas seguidas altas de preços nos postos de gasolina e nas lojas e supermercados.

Segundo analistas, isso pode levar ao fortalecimento de políticos ou partidos populistas e de tendência isolacionista no Ocidente. Em teoria, a ascensão deles pode, no futuro, diminuir o apetite da OTAN para confrontar a Rússia. O maior exemplo é a política de “América primeiro”, do governo de Donald Trump. O ex-presidente americano chegou a cogitar retirar os EUA da OTAN em 2018.

Porém, mesmo que um governo isolacionista seja eleito em 2024 nos EUA, é pouco provável que o país se retire da OTAN. Em 2018, Trump levantou essa possibilidade em um cenário de descontentamento com seus aliados europeus que não estavam cumprindo o estabelecido na aliança de investir anualmente 2% de seu PIB (Produto Interno Bruto) em defesa.

A vontade do Ocidente em apoiar a Ucrânia contra a Rússia por ora não parece abalada, mas a situação pode mudar. Com a chegada do inverno no hemisfério norte, pode faltar gás para aquecer as casas. Além disso, as empresas do Ocidente já começam a sentir o efeito de competição de empresas asiáticas - que vêm comprando petróleo e derivados da Rússia a preços mais baixos que os do resto do mercado.

Sabe-se,
por exemplo, que a Rússia já está entre os maiores fornecedores de petróleo da China e da Índia. Esse tipo de negociação de preços é sigilosa, mas já foi confirmado que refinarias indianas estão comprando petróleo russo com ao menos US$ 30 de desconto por barril. Elas refinam o petróleo e revendem seus derivados com preços mais altos para o mercado do Ocidente, burlando o embargo a Moscou.

Países industrializados da Europa, como a Alemanha e a Itália, já estão sentindo os efeitos da concorrência e também buscam alternativas ao gás russo. Porém, mesmo contrariados, continuam apoiando a resolução dos colegas da OTAN. [até quando?]  A principal resposta do governo do americano Joe Biden deve ser uma tentativa inédita de congelar globalmente os preços do petróleo russo. Mas analistas estão céticos sobre a viabilidade do projeto, pois os EUA não controlam a maioria da produção de petróleo mundial.

China
“Nós nos defrontamos com competição sistemática daqueles, incluindo a República Popular da China, que desafiam nossos interesses, segurança e valores, à procura de minar a ordem mundial baseada em leis”, diz o texto da declaração dos chefes de Estado da OTAN.

A China é a única nação citada nominalmente quando a aliança descreve no documento estar sendo confrontada por ameaças cibernéticas, espaciais, híbridas e assimétricas. A declaração conjunta também cita o “uso malicioso de tecnologias disruptivas”. A OTAN não diz exatamente quais são as ameaças específicas relacionadas a Pequim. Mas sabe-se que a China usou espionagem cibernética para roubar tecnologia do Ocidente e agora trava uma guerra comercial com os Estados Unidos.

Como cenário de fundo, Pequim também vem desenvolvendo tecnologia militar disruptiva, como os chamados mísseis hipersônicos - que não podem ser abatidos por defesas antiaéreas - e armas capazes de destruir satélites no espaço. A OTAN não relacionou no documento a questão nuclear e a China, mas a inteligência ocidental identificou em 2021 que os chineses estão construindo ao menos 230 silos de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM, na sigla em inglês) no deserto de Gobi e na província de Xinjiang.

Não é novidade que a China tem armas nucleares. Mas a inteligência americana afirmou que o objetivo do país é quadruplicar seu arsenal, atingindo a marca de mil armas nucleares. Se isso acontecer, o equilíbrio bipolar do poder nuclear global, exercido por Estados Unidos e Rússia (que têm 1.550 armas ativas cada), será abalado.  O crescimento do arsenal chinês tem potencial para criar um sistema tripolar e assim anular os efeitos da atual paridade de armamentos e o conceito de MAD (sigla em inglês para destruição mútua assegurada), instrumentos que por cerca de 70 anos vêm impedindo uma guerra nuclear.

Assim, a escalada chinesa poderia deflagrar, por um período de alguns anos, uma nova corrida armamentista nuclear - até o sistema se reequilibrar em um novo sistema bipolar. Além disso, antes do início da guerra na Ucrânia, China e Rússia anunciaram uma parceria estratégica irrestrita.Analistas se dividem sobre a consistência e a possível duração dessa aproximação. A única certeza é que o Ocidente fará o que estiver ao seu alcance para tentar afastar as duas potências, como ocorreu na década de 1960 durante a Guerra Fria.

Mudança climática
A mudança climática é definida pela OTAN como o “desafio do nosso tempo”. A aliança diz que o assunto terá um impacto profundo na segurança dos países aliados. O assunto também não é especificado na declaração, mas parece apontar para o esforço do Ocidente para diminuir o uso de combustíveis fósseis - não só para preservar o meio ambiente, mas para diminuir a influência da Rússia no cenário energético global.

Mas uma parte da declaração preocupou alguns analistas brasileiros: “Nós vamos integrar considerações sobre mudança climática em todas as funções principais da OTAN”, afirma a Declaração de Madri. O temor desses analistas é que a OTAN use esse argumento para intervir na região amazônica no futuro. A possibilidade não pode ser descartada, embora seja pouco provável. Os recursos e a atenção da aliança militar ocidental estão voltados para a Europa, a região do Indo-Pacífico e para o Oriente Médio.

O argumento do clima pode ser usado para tentar criar barreiras comerciais para produtos agrícolas brasileiros, mas isso também é pouco provável em um contexto de possível crise mundial de alimentos. Porém, uma alegada invasão da Amazônia pode ser usada em campanhas cibernéticas de desinformação para gerar polarização na América Latina e eventual sentimento de repulsa às ações globais da OTAN. [se tentarem invadir a Amazônia e for impossível evitar, receberão uma Amazônia a qual não poderão ter acesso por séculos.] 

Esse tipo de campanha já está em curso na Europa, mas envolvendo o tema dos refugiados. Segundo relatório recente da Microsoft, a Rússia tem lançado campanhas de desinformação para tentar explorar eventuais divisões entre os governos ocidentais ou incentivar distúrbios sociais. Hackers russos teriam criado, por exemplo, grupos e perfis falsos no aplicativo de mensagens Telegram, para difundir mensagens reais e falsas. Seu objetivo é incentivar o ódio contra refugiados ucranianos em nações europeias - ressaltando aumento de despesas dos governos locais e aumento do desemprego. Ação dessa natureza já teria sido descoberta na Polônia.

Como fica o Brasil?
A OTAN aponta como seus adversários a Rússia, a China, o terrorismo e as mudanças climáticas, entre outros desafios. Nos bastidores, a guerra econômica, a vulnerabilidade das democracias liberais a campanhas de desinformação e a polarização política ameaçam os objetivos atuais da aliança. No início da guerra da Ucrânia, analistas levantaram a possibilidade de que Moscou poderia fazer um ataque restrito a um dos países da OTAN, para pôr à prova o artigo quinto da aliança - que diz que um ataque a um membro é um ataque a todo o grupo.

Uma eventual falta de reação do Ocidente, com o objetivo de não deflagrar a Terceira Guerra Mundial, poderia fazer a OTAN ruir. Mas o governo de Vladimir Putin também não arriscou estratégia tão ousada e parece agora apostar em uma nova crise do petróleo para enfraquecer a aliança.  Nesse contexto, o Brasil vem sendo cortejado por meio do bloco econômico dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e depende da importação de fertilizantes produzidos na Rússia. A chancelaria brasileira vê o Brics como uma boa oportunidade econômica, mas se sente desconfortável com a atual tentativa chinesa de ampliar o grupo, para transformá-lo em bloco de oposição política ao Ocidente.

Por outro lado, durante o governo Trump, o Brasil foi aceito como “aliado extra-OTAN”. Isso abriu oportunidades de comprar armamentos ocidentais com restrições, mas que são importantes para o Brasil. Trump costurava com o governo de Jair Bolsonaro uma aproximação ainda maior com a OTAN, mas a ideia não avançou devido à derrota eleitoral do americano.

O governo brasileiro quer agora permanecer em uma posição de equilíbrio, tentando não pender para nenhum dos dois lados. Mas a Declaração da Cúpula de Madri mostra que isso vai ser cada vez mais difícil em um mundo que tende para uma escalada de confrontação.

  Luis Kawaguti, colunista - Gazeta do Povo - Jogos de Guerra 

 

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Putin ameaça com 'resposta' se Finlândia e Suécia entrarem na Otan

O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta segunda-feira (16) que haverá uma "resposta" caso a Finlândia e a Suécia entrem na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). "A expansão da infraestrutura militar para este território certamente causará nossa resposta", disse Putin, segundo a agência russa Tass. "Vamos analisar o que será [a resposta] com base nas ameaças que serão criadas para nós."

Suécia e Finlândia já indicaram que pretendem ingressar na aliança militar, que tem os Estados Unidos como sua principal liderança, em meio à invasão russa do território da Ucrânia. Hoje, a guerra da Rússia entrou em seu 82º dia.[o ingresso da Finlândia e Suécia não chega a ser suficiente para aumentar o risco de um conflito nuclear; o complicador é que a ser verdade o que diz a mídia esquerdista progressista, logo as tropas ucranianas estarão desfilando na Praça Vermelha - pelo noticiário daquela mídia a Ucrânia já está em solo russo. A ser verdade - o que sinceramente duvidamos - a Rússia não aceitará sair desse conflito como derrotada e a tentação do uso de uma arma tática nuclear, a pretexto dissuasório, se torna possível.]

Putin, porém, disse que a Rússia "não tem problemas" com Finlândia e Suécia, e que eles não representariam uma "ameaça direta". Para o presidente russo, a expansão da Otan é artificial, indo além de seu propósito geográfico. Na avaliação de Putin, a aliança militar poderia não influenciar da melhor maneira outras regiões.

Na Finlândia, a primeira-ministra do país, Sanna Marin, fez uma apresentação nesta segunda-feira (16) ao Parlamento sobre o relatório para a adesão à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). "Se o Parlamento aprovar as conclusões do relatório, o governo está equipado para tomar as decisões necessárias para lançar rapidamente as negociações de adesão", disse. Uma sessão plenária é realizada hoje sobre a questão.

A Rússia tem visto como ameaça a possível entrada da Finlândia na Otan, um movimento em consequência da invasão russa ao território ucraniano. Os dois países compartilham uma fronteira de cerca de 1.300 quilômetros de extensão. A entrada na Otan também é avaliada na Suécia, que hoje tem um debate em seu Parlamento sobre deliberações de política de segurança.

Em seu discurso, a primeira-ministra da Finlândia disse que "ocorreram mudanças fundamentais em nosso ambiente de segurança", ao tratar, no Parlamento do país, sobre a entrada na Otan. "A alegação da Rússia de que é alvo de ameaças externas não tem fundamento algum. O único país que está ameaçando a segurança da Europa e travando abertamente uma guerra de agressão é a Rússia", completou Marin.

Segundo ela, "cada país tem o direito de tomar suas próprias decisões sobre política externa e de segurança". "Nenhum outro ator pode infringir esse direito. As exigências da Rússia significam que, em sua opinião, a Rússia tem o direito de definir uma esfera de influência para si mesma."

Marin pontuou aos parlamentares que, como membro da aliança militar, "a Finlândia se tornaria parte da defesa coletiva da Otan e das garantias de segurança que a acompanham". "Se a Finlândia for alvo de um ataque, receberemos ajuda. E, inversamente, se outro país da Otan for alvo de um ataque, nós o ajudaremos."

Em comunicado distribuído pelo Ministério de Relações Exteriores da Rússia, o vice-ministro Sergey Riabkov disse que Finlândia e Suécia não "devem ter ilusões de que vamos simplesmente tolerar isso", em referência à possível entrada dos países na Otan.

"Ou seja, o nível geral de tensão militar aumentará e haverá menos previsibilidade nessa área. É uma pena que o bom senso seja sacrificado a algumas ideias fantasmas sobre o que deve ser feito na situação atual", completou, mencionando que o movimento é "outro erro grave com consequências de longo alcance".

Mundo - Folha de S. Paulo

 

quarta-feira, 16 de março de 2022

Rússia diz que acordo sobre neutralidade está próximo: Ucrânia desistiria da Otan, mas manteria Forças Armadas - O Globo

Moscou divulga sua versão detalhada sobre o andar das negociações e indica aceitar que vizinho mantenha suas armas. Kiev pede garantias de segurança do Ocidente

Detalhes importantes das condições de um possível acordo de paz que encerre a guerra entre Rússia e Ucrânia vieram a público nesta quarta-feira, quando autoridades russas indicaram estar dispostas a aceitar que a Ucrânia mantenha as próprias Forças Armadas para a autodefesa, contanto que o país se comprometa a desistir da aspiração de se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A Rússia está disposta a aceitar que a Ucrânia adote um modelo comparável ao da Áustria e da Suécia, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov. O país disporia de Forças Armadas para se defender de agressões, mas se declararia neutro em futuros conflitos, comprometendo-se a não se unir a nenhuma aliança militar e não sediar bases militares estrangeiras. — O status neutro agora está sendo seriamente discutido junto, é claro, de garantias de segurança — disse Lavrov à BBC russa nesta quarta. — Agora isso está sob discussão nas negociações… Há formulações absolutamente específicas e, na minha opinião, um acordo sobre elas está próximo.

Lavrov disse que "o clima de diálogo que começou a surgir nos dá esperança de que possamos concordar especificamente sobre esse tópico". — Embora esteja claro que o problema é muito mais amplo, se pudermos proclamar neutralidade e declarar garantias, será um avanço significativo.

As informações mais específicas foram oferecidas por Vladimir Medinsky, o principal negociador da Rússia, que disse à TV estatal russa: — A Ucrânia está oferecendo uma versão austríaca ou sueca de um Estado desmilitarizado neutro, mas ao mesmo tempo um estado com seu próprio Exército e Marinha.

Desde o início da invasão, a Rússia aponta a neutralidade e a desmilitarização da Ucrânia como condições para o fim da guerra. O termo neutralidade é muito abrangente e inclui desde países que não têm Forças Armadas, como a Costa Rica, a outros que têm Exército, como a Áustria e a Suécia. Agora, a Rússia indica estar disposta a aceitar que a Ucrânia mantenha seu Exército, entendendo a neutralidade armada como uma forma de desmilitarização.

Modelo potencial
A Áustria, que a Rússia agora cita como um modelo potencial, tem um compromisso com a neutralidade desde 1955, obrigação que está consagrada em sua Constituição. Segundo ela, a Áustria não pode se unir a uma aliança militar, permitir o estabelecimento de bases estrangeiras ou participar em guerras.

Por outro lado, a Áustria tem Forças Armadas, com 22 mil soldados na ativa e 945 mil na reserva. As principais missões constitucionais delas são proteger as instituições constitucionalmente estabelecidas e as liberdades democráticas da população (o que inclui se defender de ameaças externas), manter a ordem e a segurança dentro do país e prestar assistência em caso de catástrofes naturais e desastres de magnitude excepcional.

Nas décadas desde a assinatura do tratado, a Áustria seguiu uma política de “neutralidade ativa”, principalmente sediando reuniões entre o Leste e o Oeste, como visto recentemente nas discussões que ocorrem em Viena para retomar um acordo nuclear com o Irã. As Forças Armadas austríacas também participaram de operações de manutenção da paz da ONU após uma reforma constitucional em 1997.

Já a Suécia abandonou um período de quase 200 anos de neutralidade militar oficial em 2009, quando assinou tratados de autodefesa mútua com a União Europeia e com países nórdicos. Mesmo assim, o país continuou a se comportar como um país neutro e não alinhado. Após a invasão da Ucrânia, autoridades suecas sinalizaram considerar aderir à Otan, possibilidade descartada por sua premier.

Na terça-feira, os países realizaram mais uma rodada oficial de negociações. Após Lavrov, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que “esta é uma variante que está sendo discutida e que pode realmente ser vista como um compromisso”. Peskov disse que ainda é cedo para prever um acordo entre as partes. — O trabalho é difícil e, na situação atual, o próprio fato de (as negociações) continuarem é provavelmente positivo.

A Ucrânia várias vezes indicou estar disposta a desistir da entrada da Otan, contanto que receba garantias de segurança. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky — que, na terça-feira, deu um dos mais explícitos sinais de que pode desistir da intenção de se unir à aliança —, também disse que as negociações avançam, mas um acordo ainda não é iminente: — As reuniões continuam e, estou informado, as posições durante as negociações já parecem mais realistas. Mas ainda é necessário tempo para que as decisões sejam do interesse da Ucrânia — disse Zelensky.

[comentando: nos parece que  o caminho para uma PAZ DURADOURA começa  com a desistência total da Ucrânia de se associar à Otan.
Com adição de mais algumas condições inegociáveis: renúncia imediata de Volodymyr Zelensky - responsável direto pelas mortes de milhares de ucranianos e russos, ao criar uma guerra para outros países guerrearem; 
 - adoção de uma neutralidade nos moldes da adotada pela Suécia; e
- não adoção dos tais "estados garantidores" = a conduta adotada pelo  ex-comediante Zelensky - arranjar guerras, para outros países combaterem - não recomenda que haja espaço para repetição. O próprio entendimento do Podolyak, negociador-chefe,  deixa claro que para os ucranianos qualquer encrenca em que a Ucrânia se envolva, deve ter apoio compulsório de outros países.] 
 

Estados garantidores
O negociador-chefe ucraniano, Mykhailo Podolyak, disse que um modelo de garantias de segurança juridicamente vinculantes que ofereceriam proteção à Ucrânia por um grupo de aliados no caso de um ataque futuro estava "na mesa de negociações". “O que isso significa? Um acordo rígido com vários Estados garantidores assumindo obrigações legais claras para prevenir ativamente os ataques", disse no Twitter. 

Podolyak evitou comparações com o modelo de outros países. "A Ucrânia está em uma guerra direta com a Rússia. Portanto, o modelo só pode ser 'ucraniano' e apenas com base em garantias sólidas em termos de segurança", afirmou. Ele disse ainda também os signatários deveriam se comprometer com uma intervenção em caso de agressão contra a Ucrânia, em uma crítica à ajuda recebida."Isto significa que os signatários das garantias não podem ficar à margem em caso de ataque contra a Ucrânia como acontece hoje e que participarão ativamente no conflito do lado ucraniano e fornecerão imediatamente as armas necessárias",  disse Podolyak.

Mundo - O Globo
 


sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

A revelação do eucalipto - Revista Oeste

Evaristo de Miranda

Poucos consumidores sabem da presença de celulose de eucalipto em sorvetes, biscoitos, hambúrgueres, queijos, ketchup e sopas

Vista aérea de uma floresta de eucalipto no Brasil -  Foto: Paulo Vilela/Shutterstock 

Todo dia comemos e consumimos eucalipto. E ninguém se dá conta. O eucalipto reina entre as árvores cultivadas no Brasil. São mais de 5,5 milhões de hectares de eucalipto, de um total de cerca de 9 milhões de hectares de florestas plantadas, segundo a Indústria Brasileira de Árvores. A produtividade média de 39 metros cúbicos por hectare por ano (m³/ha/ano) do eucalipto brasileiro é cerca de duas vezes superior à das florestas do Chile e da África do Sul. Ela supera em três vezes a de Portugal e Espanha e em quase dez vezes a produtividade de Suécia e Finlândia.  
As florestas de eucalipto atendem à demanda por lenha, carvão, madeira e, sobretudo, celulose. 
Entre as aplicações da celulose, a produção de papel e papelão são as maiores e mais conhecidas. Não é só. As florestas de eucalipto participam da alimentação, do vestuário, do conforto do lar e até dos cuidados de saúde de todos os brasileiros.

A palavra eucalipto foi criada por um botânico francês, Charles Louis L’Héritier de Brutelle, em 1788. Ela se compõe do prefixo grego eu (bem, bom, agradável, verdadeiro) e de κάλυπτο, kályptos (coberto). Esse gênero botânico foi denominado assim pela característica de sua inflorescência. Nela, o limbo do cálice se mantém fechado, até depois da floração. Vale relacionar o significado de eucalipto (eu kaliptos) com apocalipse (apo kalipse), apo significando ação contrária ao coberto e, portanto, revelação.

O prefixo eu prolifera entre plantas e humanos, em palavras como Eugenia (bem gerada, nascida), Eunice (boa vitória), Eustáquio (boa espiga, bom fruto), Eulália (boa fala), Eusébio (bem venera — Deus), Euterpe (boa alegria, doçura), eufórbia (bom alimento), euforia (bem suportar), eutanásia (boa morte) e eutrofia (bom crescimento, até demais). E transforma-se em ev, em evangelho (bom anúncio, boa-nova) ou Evaristo (bom grado, muito amado).

Os eucaliptos são originários da Austrália e pertencem à generosa família das mirtáceas, com cerca de 3.000 espécies, dentre as quais: goiaba, araçá, cravo-da-índia, jaboticaba, jambo, pitanga, murta, uvaia, grumixama, guabiroba, camu-camu, cambuci, cambuí, cambucá e muitas outras.

Além da madeira, da lenha e do carvão, um produto excepcional extraído do eucalipto é a chamada polpa de celulose solúvel (dissolving pulp). Trata-se de um material com alto teor de celulose (> 92%-97%) quando comparado ao teor encontrado nas polpas kraft convencionais (85%-90%), destinadas à produção de papel e papelão. A polpa de celulose solúvel tem alta pureza e baixo nível de contaminantes inorgânicos. Dada sua alvura e viscosidade, ela pode ser aplicada nos mais diversos produtos, sobretudo em alimentação, saúde e cosmética.

Ela entra na produção de tripa de celulose para confecção de embutidos (salsichas, linguiças, mortadelas etc.). A celulose solúvel é um excelente estabilizante, emulsificante e espessante, capaz de integrar grande número de alimentos industrializados e processados, como sorvetes, iogurtes, biscoitos, doces, hambúrgueres, queijos, molhos, ketchup e sopas. Poucos consumidores sabem da presença celulose de eucalipto nesses produtos.

Além dos alimentos, a celulose solúvel entra na composição do revestimento de comprimidos e cápsulas de medicamentos, das pastas de dente e em formulações odontológicas (gel dental e soluções orais). Na indústria de cosméticos, há derivados da celulose utilizados para a confecção de gel, um veículo excelente para diversos princípios ativos dermatológicos e terapêuticos, e em diversos produtos de higiene pessoal, maquiagem, cremes cosméticos, fraldas e até em preservativos.

A celulose participa também na composição dos filtros de cigarros, nas lentes de contato, máscaras e tecidos cirúrgicos e até em telas de LCD. Em tudo isso há eucalipto. O processamento dos eucaliptos permite a produção de outros insumos para fabricar vernizes, esmaltes, tintas, óleos essenciais, celofane, filamentos para pneus, filmes fotográficos etc. Na construção civil, a celulose é utilizada na confecção de painéis e divisórias de ambiente (dry wall). No setor energético e petroquímico, a celulose é usada na produção de bioprodutos e biocombustíveis, inclusive o etanol celulósico.

A introdução do eucalipto no Brasil e seu plantio em escala comercial se devem ao agrônomo paulista Edmundo Navarro de Andrade (1881-1941), um plantador de florestas. Ele estudou na Escola Nacional de Agricultura, em Portugal. Ao retornar ao Brasil, em 1904, foi contratado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Sua missão era encontrar a melhor espécie florestal para reflorestar áreas desmatadas na construção das ferrovias, para fornecer madeira para dormentes e carvão às locomotivas.

Em 1914, Edmundo Navarro buscou na Austrália 144 espécies de eucalipto e testou sua aclimatação. Das espécies trazidas, 64 se adaptaram muito bem ao clima do país. Navarro criou 18 hortos florestais ao longo das ferrovias. Neles, estudou 95 espécies florestais, até confirmar sua escolha pelo eucalipto.

Navarro instalou a sede do Serviço Florestal em Rio Claro. Publicou mais de dez obras sobre suas viagens e o eucalipto, incluindo o livro Cultura do Eucalipto. Ele também foi pioneiro na utilização do eucalipto para produção de papel e papelão. Em 1925, viajou aos Estados Unidos para conhecer a fabricação de papel a partir da madeira. E levou para serem testadas algumas toras de eucalipto. Os testes foram satisfatórios, e o eucalipto serviu à produção de quatro tipos de papel.

A produção florestal total do Brasil aproxima-se de 200 milhões de m³/ano, uma liderança mundial

Navarro foi secretário da Agricultura do Estado de São Paulo de 1930 a 1931. Criou o Museu do Eucalipto, o único do gênero no mundo. O Horto Florestal de Rio Claro, onde fica o museu, leva o nome do pesquisador. São 2.230 hectares abertos à visitação, com acesso às trilhas e ao Solar Navarro de Andrade, residência do pesquisador, tombada pelo patrimônio histórico.

Vista da entrada do Museu do Eucalipto | Foto: Divulgação

Vista da entrada do Museu do Eucalipto | Foto: Divulgação

Em 1941, ano da morte de Navarro, quase 100 milhões de eucaliptos, de espécies diferentes, cresciam nos hortos florestais ao longo das ferrovias. A sorte estava lançada. As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pelo crescimento da produção de celulose no mercado brasileiro graças à incorporação constante de inovações tecnológicas na produção florestal e nos processos industriais. Nas décadas de 1980 e 1990, houve grande expansão das áreas cultivadas com eucaliptos.

A produção florestal total do Brasil aproxima-se de 200 milhões de m³/ano, uma liderança mundial. Desse total, cerca de 70 milhões de m³/ano são de florestas energéticas: 53 milhões de m³/ano em lenha industrial (presentes também em padarias e pizzarias, para a glória da gastronomia) e cerca de 17 milhões de m³/ano em carvão. A produção de carvão vegetal de eucalipto posiciona o Brasil como principal produtor no mundo (12%). Ele substitui insumos de origem fóssil (carvão mineral) e diminui a emissão de gases de efeito estufa na siderurgia. A maioria das 180 unidades de ferro-gusa, ferro liga e aço no Brasil utiliza carvão vegetal no processo de produção.

Em 2020, a indústria florestal produziu 10 milhões de metros cúbicos de madeira serrada. O crescimento da produção de celulose é constante. Em 2020, o Brasil produziu cerca de 21 milhões de toneladas de celulose, alta de 6,4% em relação a 2019. No último trimestre de 2021, foram 4 milhões de toneladas exportadas, avanço de 12,7% no comparativo anual. As exportações em 2020 totalizaram 15,6 milhões de toneladas, alta de 6,1% em relação a 2019.

Segundo a Indústria Brasileira de Árvores, mais de 75% das exportações do Brasil vão para dez principais destinos. A China está no topo, com 48,1% do total (US$ 2,9 bilhões), seguida por União Europeia (12,6%), Estados Unidos (5%), Turquia (2%), Tailândia (1,9%), Coreia do Sul (1,7%), Irã (1,7%), México (1,7%), Vietnã (1,6%) e Bangladesh (1,5%). Além dos US$ 6 bilhões alcançados em exportações de celulose, os produtos da indústria de base florestal embarcaram US$ 1,7 bilhão em papéis e US$ 276 milhões em painéis de madeira no ano de 2020.

[a leitura da presente matéria mostra a importância do agronegócio para o Brasil e da dependência do mundo aos produtos brasileiros, especialmente da agricultura e pecuária.
Os interesses estrangeiros em atrapalhar o crescimento do Brasil e do agronegócio é de tal ordem que muitas ONGs alienígenas, sebosas, movidas por interesses escusos,  compram maus brasileiros, que se dizem especialistas ambientais - ou como tal são apresentados - quando não passam de especialistas de m... ,  (há raras exceções)... ,  para criticarem o fantástico desenvolvimento do Brasil em tão importante campo.] 

São mais de mil municípios na área da indústria florestal. A receita bruta total do setor foi de R$ 97,4 bilhões em 2019 e representa 1,2% do PIB brasileiro. Graças ao eucalipto, a celulose é, de longe, a fibra vegetal mais produzida e consumida no país. Desde os tempos de Navarro, os críticos do eucalipto, em geral, não têm ideia da sua real dimensão na economia e na vida dos brasileiros. Bom apetite!

Leia também “A fibra da agricultura”

Evaristo de Miranda, colunista - Revista Oeste


sábado, 15 de janeiro de 2022

Pesquisadores explicam como exercícios físicos podem ajudar a controlar a ansiedade - O Globo

Estudo realizado na Suécia descobriu que ser fisicamente ativo reduz pela metade o risco de desenvolver o problema  

Um estudo em larga escala com quase 200 mil esquiadores de cross-country, publicado na Frontiers in Psychiatry, descobriu que ser fisicamente ativo reduz pela metade o risco de desenvolver ansiedade clínica ao longo do tempo. Foto: PIOTR REDLINSKI / NYT
Um estudo em larga escala com quase 200 mil esquiadores de cross-country, publicado na Frontiers in Psychiatry, descobriu que ser fisicamente ativo reduz pela metade o risco de desenvolver ansiedade clínica ao longo do tempo. Foto: PIOTR REDLINSKI / NYT

A ciência já oferece muitas evidências encorajadoras de que o exercício pode melhorar nosso humor. Experimentos mostram que quando as pessoas (e animais de laboratório) começam a se exercitar, elas normalmente ficam mais calmas, mais resilientes, mais felizes e menos propensas a se sentir indevidamente tristes, nervosas ou com raiva. Estudos epidemiológicos, que muitas vezes se concentram nas ligações entre um tipo de atividade ou comportamento e vários aspectos da saúde ou longevidade, também descobriram que mais exercícios estão associados a chances substancialmente menores de desenvolver depressão grave. Inversamente, ser sedentário aumenta o risco de depressão.

Leia mais:  Em vez de se preocupar com a dieta em si, treine o cérebro

Saúde mental
Para o novo estudo, que foi publicado na Frontiers in Psychiatry, cientistas do exercício da Universidade de Lund, na Suécia, e outras instituições, decidiram que valeria a pena examinar a saúde mental a longo prazo de milhares de homens e mulheres que participaram do famosa corrida anual de esqui na Suécia conhecida como Vasalopett, em que uma multidão de participantes percorre a distância de 90 km entre Sälen e Mora, na província histórica sueca da Dalecárlia.

Como esse tipo de evento requer saúde, resistência e treinamento abundantes, os pesquisadores usaram dados sobre os corredores do Vasaloppet para estudar como o exercício influencia a saúde do coração, os riscos de câncer e a longevidade.

— Usamos a participação em uma Vasaloppet como um substituto para um estilo de vida fisicamente ativo e saudável — disse Tomas Deierborg, diretor do departamento de medicina experimental da Universidade de Lund e autor sênior do estudo, que completou duas vezes o percurso de 90 km.

Para começar, ele e seus colegas reuniram tempos de chegada e outras informações de 197.685 homens e mulheres suecos que participaram de uma das competições entre 1989 e 2010. Eles então cruzaram essas informações com dados de um registro nacional sueco de pacientes, procurando diagnósticos de transtorno de ansiedade clínica entre os corredores nos próximos 10 a 20 anos. Para comparação, eles também verificaram diagnósticos de ansiedade durante o mesmo período de tempo para 197.684 de seus concidadãos selecionados aleatoriamente que não haviam participado da corrida e eram considerados relativamente inativos.

Os esquiadores, descobriram os pesquisadores, provaram ser consideravelmente mais calmos ao longo das décadas após a competição do que os outros suecos, com mais de 50% menos risco de desenvolver ansiedade clínica. Esse padrão tendia a prevalecer entre esquiadores masculinos e femininos de quase todas as idades— exceto, curiosamente, as corredoras mais rápidas. As melhores finalistas femininas de cada ano tendiam a ser mais propensas a desenvolver transtornos de ansiedade do que outros corredores, embora seu risco geral permanecesse menor do que para mulheres da mesma idade no grupo de controle.

Esses resultados indicam que "a ligação entre o exercício e a redução da ansiedade é forte", disse Lena Brundin, principal pesquisadora de doenças neurodegenerativas do instituto de pesquisa Van Andel, no estado americano do Michigan, que foi outra autora do estudo.

Exercício aeróbico
Segundo Deierborg, não é necessário percorrer, de esqui, longas distâncias nos bosques nevados da Suécia para colher os frutos, disse Deierborg. Estudos anteriores de exercício e humor sugerem que seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde de cerca de 30 minutos de caminhada rápida ou atividades semelhantes na maioria dos dias “tem bons efeitos na sua saúde mental” e esses benefícios parecem se aplicar a uma “população mais ampla”, do que apenas os suecos, disse ele.

Ainda assim, pode valer a pena monitorar sua resposta psicológica a treinos e competições intensos, especialmente se você for uma mulher competitiva.

No entanto, as descobertas têm limitações. Elas não podem provar que o exercício faz com que as pessoas tenham um humor melhor, apenas que pessoas altamente ativas tendem a ser menos ansiosas do que seus pares mais sedentários. O estudo também não explica como o esqui pode reduzir os níveis de ansiedade. Os pesquisadores suspeitam que a atividade física altera os níveis de substâncias químicas cerebrais relacionadas ao humor, como dopamina e serotonina, e reduz a inflamação em todo o corpo e no cérebro, contribuindo fisiologicamente para uma saúde mental mais robusta. Qualquer exercício em qualquer ambiente provavelmente deve ajudar. — Um estilo de vida fisicamente ativo parece ter um forte efeito na redução das chances de desenvolver um transtorno de ansiedade — disse Deierborg.

Em O Globo - Saúde - Bem-estar - MATÉRIA COMPLETA


quarta-feira, 17 de novembro de 2021

DEMOCRACIA GRÁTIS - J. R. Guzzo

O Estado de S. Paulo

O Congresso brasileiro é ruim? Sim, o Congresso brasileiro é muito ruim. Ruim? Para falar sinceramente, é pior do que ruim; podem chamar de péssimo que ele atende. Feita essa primeira constatação, há uma segunda: este é o único Congresso que temos. Não dá para chamar o Parlamento da Suécia, por exemplo, e pedir que ele faça as nossas leis. Também não dá, pelas mesmas razões, para terceirizar a tarefa em favor do Congresso da Venezuela. (O PT, PSOL, etc., pelo que vivem dizendo, iriam gostar muito, mas realmente não vai dar, pelo menos por enquanto.)

É um problema e tanto. O Brasil é uma democracia, pelo que está escrito na Constituição, e na democracia brasileira quem faz as leis são a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. E se elas forem ruins? Paciência: todo mundo vai ter de aguentar. “Estado de direito” é isso. [uma hipotética necessidade de preservação do "estado de direito' não pode ser invocada para permitir que direitos concedidos pela Constituição  sejam suprimidos.]  
Só deputados e senadores eleitos em voto livre, secreto, universal e obrigatório pela população estão autorizados a escrever e aprovar leis. 
O Poder Executivo tem de cumprir o que foi aprovado e o Poder Judiciário tem de julgar se a lei aprovada está sendo cumprida. 
Não está escrito, em nenhum lugar, que as leis devem ser boas; apenas que o Congresso tem o direito e a obrigação de fazer cada uma delas.

Também não se prevê na Constituição nenhum mecanismo de controle de qualidade em relação aos deputados e senadores. O sujeito pode ser um Churchill ou um Tiririca, tanto faz; se for maior de idade, passar no teste de alfabetização e receber os votos necessários para ser eleito, está dentro, e tem o direito legal de aprovar ou recusar o que lhe der na telha. A Constituição não diz que a ministra Rosa Weber, digamos, tem de gostar da lei para ela valer; pode ser uma pena, mas o que se vai fazer? É assim.

Tudo isso parece muito claro, mas não é. Na vida real, pelo menos, não é, pois não está acontecendo com o Congresso nada do que a Constituição diz que deve acontecer
A Câmara dos Deputados aprovou, de forma legítima e legal, uma lei sobre o pagamento de emendas parlamentares. Não valeu nada. 
A ministra Weber não concordou com o texto aprovado e o Supremo Tribunal Federal, muito simplesmente, vetou a lei que os deputados tinham acabado de colocar em vigor.

As emendas parlamentares são uma aberração, e lei nova sobre ruindade velha só piora o que nunca prestou. Mas são fruto direto da democracia brasileira, tal como ela está organizada; é o preço que se paga pelo estado de direito. O STF quer uma democracia grátis ou obediente a ele. Só está produzindo desordem.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Seis meses de gritaria na CPI, para isso?CPI não entregou nada além de gritaria - O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Comissão, prometeu, durante meses a fio, que ia provar ladroagem grossa. Não entregou nada no relatório final

Tem até 'crime contra a humanidade' no relatório de Renan Calheiros, mas de roubo mesmo, que é bom, nada [talvez tenha sido uma questão geográfica = os ladrões estavam de qual lado?]
 
À primeira vista, parece que há algum engano. À segunda vista também. Mas o fato é que a “CPI da Covid”, desde abril último o tema número um do noticiário nacional, do ambiente político e das forças que não suportam a existência física do governo Bolsonaro, chegou ao seu fim sem saber de quais crimes, exatamente, acusar o presidente da República. 
Mas os acusadores não tiveram seis meses, milhões de reais de dinheiro público e poderes de Corte Suprema para fazer justamente isso? 
Tiveram, mas não foram capazes de atingir nem esta nota mínima de competência.
Ao fim, após torturadas idas e vindas de última hora, acabaram tirando da acusação o crime de “genocídio” o mais patético da lista, algo que não seria levado a sério nem num centro acadêmico de faculdade de Direito. Como assim, “genocídio”, se isso é expressamente definido na lei brasileira como a ação cometida, deliberadamente, para destruir “grupo nacional, étnico, racial ou religioso”? Se nem sobre uma barbaridade dessas os inquisidores conseguiram se entender, é óbvio que nada de bom se pode esperar do resto.
 
Bolsonaro é acusado, por exemplo, do crime de “epidemia” — que consiste, segundo está escrito da maneira mais clara possível no artigo 267 do Código Penal Brasileiro, em “causar epidemia mediante a propagação de germes patogênicos”. 
O presidente da República pode ser um monstro incontrolável, como sustenta a CPI, mas não foi ele, realmente, quem trouxe o coronavírus para o Brasil, ou espalhou o bicho por aí. 
Citam-se, também, os delitos de falta de planejamento, distribuição de cloroquina e até, quem diria, crimes contra a humanidade
Estaria a CPI, nesse caso, acusando Bolsonaro de provocar mortes na Suécia ou na Mongólia Exterior? A conferir.
 
O relatório final da CPI, que na verdade não é exatamente final, ao longo de 1.000 páginas — isso mesmo, 1.000 páginas —, acusa o presidente de nove crimes diferentes; outras 66 também pessoas são denunciadas. 
Mas não aparece, em todo esse tremendo papelório, um único crime de corrupção — que é sempre o começo, meio e fim de qualquer investigação que se preze, em qualquer época, sobre qualquer governo. A
 CPI prometeu, durante meses a fio, que ia provar ladroagem grossa. Não entregou nada — nem tentou incluir, na base do chute, alguma acusação de roubalheira nos nove crimes que imputa a Bolsonaro. Tem até “crime contra a humanidade”, mas de roubo mesmo, que é bom, nada. Seis meses de gritaria, para isso? É pouco.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

O charlatão curandeiro - Gazeta do Povo

Segundo a assessoria de imprensa de Renan Calheiros, quer dizer, segundo a colunista Monica Bergamo da Folha de SP, o relator da CPI deve sugerir o indiciamento de Bolsonaro por charlatanismo e curandeirismo. Ainda segundo a colunista, o senador teria afirmado que o depoimento do empresário responsável pela fabricação de ivermectina deixou claro os crimes que foram cometidos.

Deve ser muito dura a vida de um relator de uma CPI circense que tentou de tudo para encontrar algum leve indício de corrupção, e por não ter encontrado absolutamente nada, precisa puxar essa da cartola! Haja criatividade - e desespero, claro. [ironia de verdade é que enquanto o relator Calheiros tentava desesperadamente, auxiliado por seus comparsas, encontrar indicio de corrupção, a Polícia Federal solicitou seu indiciamento por crime de corrupção - confira aqui, Assim, além dos nove inquéritos já em curso, Calheiros recebe mais um.]

Vejamos o que diz o artigo do Código Penal sobre o tema:

Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Quando foi que Bolsonaro anunciou alguma cura secreta ou infalível? Essa parte eu perdi. Mas eis o que sei: que no mundo todo inúmeros médicos e cientistas consideraram certos tratamentos imediatos como caminhos com potencial para mitigar os riscos da Covid. Até mesmo em Oxford o remédio foi testado:  O "charlatão" Bolsonaro deve ser dos mais poderosos do planeta, para influenciar até mesmo pesquisas na respeitada universidade britânica. Até mesmo a OMS, que virou um puxadinho do regime chinês e que passei a chamar de Orquestra Mundial do Socialismo, admitiu a possibilidade de eficácia do remédio de piolho no tratamento da Covid:

Ou seja, Renan Calheiros quer imputar o crime de charlatanismo no presidente por ter apostado em remédios que o mundo todo estava considerando como uma promessa, e que milhares de médicos na linha de frente da batalha contra a pandemia ainda atestam eficácia - o que muitas vezes só é comprovado pelos pesquisadores da ciência depois.

Não faltaram assessores de imprensa do gabinete paralelo do lulismo, que comanda a CPI circense, apontando também para o crescimento expressivo do lucro do fabricante do remédio, como se isso, por si só, indicasse algum crime. A apresentadora da CNN, que lamenta quando tem de dar notícias boas de economia ou comete ato falho que revela desejos secretos de por fim à vida do presidente, foi nessa linha: Mas se essa lógica serve para o tratamento imediato, por que não serviria para os fabricantes de vacinas? A Big Pharma é uma das indústrias mais ricas do mundo, poderosíssima, e não produziu as vacinas a toque de caixa por altruísmo. É um espanto como a mídia trata as Big Pharma como abnegadas, sem falar do embaixador chinês, que diz que seu regime "ofereceu" ao mundo milhões de vacina, ignorando que elas foram vendidas - e no Brasil contam com certo governador tucano agindo basicamente como seu lobista.

Vacina é um enorme mercado. Não há, a princípio, nada errado nisso. Graças ao capitalismo tivemos tantos avanços medicinais. Só não podemos fechar os olhos para eventuais conflitos de interesse, tampouco adotar o duplo padrão. A Pfizer, por exemplo, esperava ter mais de trinta bilhões de dólares de receita este ano só com vacina!  Agora vamos voltar ao charlatanismo. O que se exige desses remédios usados em tratamentos imediatos é o tal teste duplo cego randomizado padrão ouro, ou seja, o ápice da prova científica. Só tem um detalhe: algo como 90% dos remédios que utilizamos em diversos tratamentos não possuem esse grau de confiança! Curiosamente ele só é exigido para a cloroquina ou ivermectina, e isso em meio a uma pandemia!!!

Falemos, então, de curandeirismo 
Que tal usar dipirona para tratar a Covid? 
Alguém pode apresentar o teste de ouro para tal medicamento no uso contra a Covid? Não? Foi o que pensei. Mas a coisa piora, já que a dipirona tem lá sua utilidade indicada em outras doenças - apesar de ter sido proibida em países como os Estados Unidos e a Suécia, entre outros. Mas que tal isso daqui?
Florais? Homeopatia? Reiki?! E isso para tratar de Covid, ainda por cima?! A homeopatia, aliás, nunca passou por qualquer teste duplo cego, e o motivo é evidente: seus criadores teriam de receber o Nobel da Química e da Física simultaneamente. O princípio da "energização" ou o grau de diluição não permitem qualquer explicação científica para a "cura", sendo portanto considerada um placebo pelos médicos de verdade. Bolinha de açúcar, em português claro. Por que os que demonizam a ivermectina não falam nada sobre a homeopatia?

Mas nada disso importa, pois Renan não se preocupa com a ciência, tampouco com as vidas perdidas. O senador lulista só pensa naquilo: eleição. E seu intuito é desgastar Bolsonaro, tentar colocar nele a pecha de irresponsável e negacionista. Para o senador recordista de inquéritos de corrupção, tudo que importa é recolocar o corrupto do Lula no poder.

Vai encontrar apoio no "iluministro" Barroso, o ungido que deseja "empurrar a história" em direção ao "progresso", já que ele viu a luz da ciência e sabe onde devemos chegar. Enquanto isso, ele mente sobre as urnas "invioláveis". Aliás, charlatanismo é vender a urna eletrônica de 30 anos atrás como inviolável e como a cura contra fraudes. Fora isso, Barroso debate política com um imitador de focas, e chama de "transcendente" alguém como João de Deus.

Esse sim, aliás, um tremendo picareta embusteiro que poderia ser enquadrado no crime de curandeirismo, sem falar de estupro, naturalmente. E não custa lembrar que o próprio Renan Calheiros também saiu em defesa do médium:

Mais de uma vez, diga-se: É muita ciência reunida!!!

PS: Por falar no imitador de focas, Felipe Neto admitiu estar com Covid, apesar de vacinado e totalmente isolado (segundo diz). Ele revelou que faz exame toda semana. Dúvida: por que alguém que está totalmente isolado em casa e não acredita em qualquer tratamento possível, só na vacina, faria teste de Covid TODA SEMANA? 
Que diferença faz estar ou não com Covid, ficar sabendo, se vai seguir isolado e sem tratamento, ou seja, NA MESMA SITUAÇÃO? Ciência!!!.
 
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES 
 

terça-feira, 22 de junho de 2021

Chile começa a usar vacina da Pfizer para substituir 2ª dose da AstraZeneca

A aplicação da AstraZeneca estava paralisada desde o início do mês, após a notificação de um caso de trombose e trombocitopenia em um jovem de 31 anos.

O Chile começou nesta segunda, 21, a vacinar homens com menos de 45 anos que receberam a primeira dose da vacina Oxford/AstraZeneca com uma segunda dose da Pfizer/BioNTech. A aplicação da AstraZeneca para este grupo especificamente estava paralisada desde o início do mês, após a notificação de um caso de trombose e trombocitopenia em um jovem de 31 anos.
 
De acordo com Juan Pablo Torres, infectologista e pediatra da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile, resultados preliminares de estudos realizados no Reino Unido e na Espanha mostraram que é eficaz a administração de uma segunda dose com vacinas de RNA mensageiro, como é o caso da Pfizer/BioNTech, em pessoas que receberam a primeira dose da Oxford/AstraZeneca. "Esta mudança realizada no esquema de vacinação é para que os homens com menos de 45 anos tenham mais segurança. É claro que será necessário continuar monitorando este grupo. Ainda há muito caminho a percorrer", explicou o médico. Ainda de acordo com ele, os estudos mostram que as reações à combinação da vacina AstraZeneca com a Pfizer não são graves e estão dentro do esperado. Dores no local da injeção, febre e dores no corpo algumas horas após se vacinar.
 
No dia 9 de junho, a revista Science noticiou que pesquisas recentes também concluíram que essa combinação dos dois imunizantes produz fortes respostas imunes, medidas pela análise de amostras de sangue coletadas. Segundo o artigo, dois desses estudos sugerem que a resposta dessa mistura protege tanto quanto se uma pessoa tivesse se vacinada com duas doses da Pfizer/BioNTech. O Chile, assim como o Brasil, tem a Coronavac como vacina mais aplicada.
 
Carlos Arancibia, de 30 anos, é uma das pessoas que foram vacinadas com a Oxford/AstraZeneca. Quando ele soube da mudança no seu processo de vacinação, se preocupou. "A todo momento chega muita informação para a gente e isso é muito complicado, mas temos de confiar na experiência de outros lugares. Eu me sinto seguro e não tenho medo de me vacinar com a Pfizer como segunda dose", afirma o jovem, que deverá receber a sua segunda dose na primeira semana de julho.
 
Carlos trabalha com e-commerce em uma das principais redes de lojas de departamento do Chile. Há mais de um ano sem ter férias e trabalhando bastante, ele não vê a hora de a situação como um todo melhorar para fazer uma viagem ao sul do país. "Preciso descansar", afirma.O estudante de interpretação musical Rodrigo Gajardo também receberá o combinado de vacinas. Ele conta que, quando foi ao centro de vacinação e soube que seria imunizado com a Oxford/AstraZeneca, ficou bastante preocupado, porque sabia de reações que poderia desenvolver. Ele apresentou dor no braço e, nos dias seguintes, sentiu como se estivesse gripado. Agora que receberá a dose da Pfizer/BioNTech, o universitário de 25 anos está mais tranquilo.
 
Repetição
A estratégia de combinar vacinas vem sendo utilizada em países europeus, como França, Alemanha, Espanha, Suécia, Dinamarca e Noruega. Autoridades sanitárias francesas e alemãs, por exemplo, têm recomendado que os cidadãos com menos de 55 e 60 anos, vacinados com a Oxford/AstraZeneca, continuem o seu processo com um imunizante diferente. A preferência é pela vacina da Pfizer ou da Moderna. A França, por exemplo, suspendeu a administração do imunizante no dia 19 de março, pois também detectou casos de trombose, assim como no Chile.
"A pandemia é muito dinâmica e o processo de vacinação, também. No Chile, ele tem sido muito acelerado, mas não precipitado. Está cumprindo todas as etapas e essas diferentes questões que vão aparecendo estão dentro do que pode acontecer. Quando se monitora bem se os protocolos estão sendo cumpridos, mudanças são esperadas. E é certo que seja assim, pois no futuro serão tomadas melhores decisões", disse Juan Pablo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
 
Mundo - Correio Braziliense
 
 

 

A gastança dos subdesenvolvidos com caças para... Nada!!! Sérgio Alves de Oliveira

Antes foi o Brasil com os gastos astronômicos inúteis na compra dos aviões Caça F-39 Gripen,da Suécia. Agora é a Argentina, com a encomenda que está fazendo dos caças chineses JF-17,considerados dos mais avançados do mundo. Entre os dois países existem algumas coincidências  “históricas”comuns. Ambos estão na “merda” econômica  (mais os argentinos), e  parecem estar “competindo” pela primazia das respectivas forças aéreas na “pobre” América do Sul, alimentando a ganância econômica irrefreada  dos países e fabricantes estrangeiros.

Mas ao mesmo  tempo em que fazem essa competição imbecil  “aeronáutica” ,com caças adquiridos do exterior para suas próprias defesas, outra equivalência entre eles,”coincidentemente”, é   que  a qualidade de vida dos seus respectivos povos deixa muito a desejar ,e não é nada condizente com essas astronômicas aquisições através de verbas públicas,suportadas,evidente e invariavelmente,pelos  contribuintes,sujeitos passivos dos “terrorismos tributários” dos seus respectivos países.

Não consigo precisar até que ponto essas absurdas políticas de desperdício dos recursos dos povos brasileiro e argentino, dentre outros, é lógico,  não seria apenas para  contentar os militares “subdesenvolvidos”, e suas  suas forças aéreas, os quais  provavelmente estariam “sonhando”,  ou talvez querendo “fazer de conta”,que essas meias dúzias de caças mais sofisticados estariam garantindo os seus países contra eventuais invasões por outros países mais ricos, ou militarmente mais potentes.

Somente  para se ter uma ideia, durante os conflitos bélicos envolvendo aeronaves na 2ª Guerra Mundial (01.09.1939 a 02.09.1945),a produção  SEMANAL de aeronaves de combate, caças e bombardeiros, pelas Forças Aliadas,ou pela Alemanha, ou  pelo Japão ,tão somente para recompor o número de aeronaves abatidas , supera em muito o número de caças (somados) agora adquiridos pela Argentina e pelo Brasil. Estão sendo comprados 36 caças suecos  F-39 Gripen pela FAB,e 12 caças  chineses JF-17,pela FAA,que parece reforçar a política de total submissão argentina aos interesses da China.

Não faz muitos anos que os arrogantes militares argentinos e sua “força aérea” foram completamente humilhados, desmoralizados e mesmo “despedaçados” pela Marinha, e por  “meia dúzia” de  caças do Reino Unido,  a partir dos seus porta-aviões, na Guerra pela disputa das Ilhas Malvinas,apesar dos argentinos estarem  “em casa”, e os britânicos separados por milhares de quilômetros de mar da sua “sede”. E se esse conflito tivesse sido com o Brasil, certamente o resultado teria sido o mesmo.[a traição dos franceses , fornecendo aos ingleses os códigos dos misseis Exocet, contribuiu em muito para a derrota argentina - sem a traição, os 'hermanos' terminariam derrotados pelos ingleses, mas o custo da vitória seria bem mais caro ao Reino Unido.]

Isso significa que querer se “exibir” , se defender,ou atacar,com  equipamentos e aviões cujas tecnologias não domina,sempre vai dar em desastre. Quando vejo os números “relativos” das despesas com  instrumentos de defesa ou de guerra brasileiros, comparados às grandes potências econômicas,ou militares do mundo,só posso concluir da inutilidade absoluta desses gastos. Para fins exclusivamente de defesa,nenhuma ou muito  pouca diferença haveria entre o Brasil contar com  os caças suecos, ou com os seus “Super Tucano”,que têm certidão de nascimento e batismo brasileiros.

Resumidamente,na cabeça dos  militares e dos políticos,o Brasil não passa de “um pobre metido a rico”,com imenso sacrifício do seu povo.                                                                                   

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

O capitão vence no jogo da morte - Fernando Gabeira

In Blog

Recentemente, um grupo de cientistas publicou na revista The Lancet um estudo calculando que 40% das mortes por covid-19 nos EUA poderiam ter sido evitadas se não fosse a desastrada política de Donald Trump. Um estudo semelhante colocaria Jair Bolsonaro em situação mais difícil. Bolsonaro é mais negacionista que Trump e na questão das vacinas se afasta radicalmente de seu ídolo americano. Afinal, Trump financiou a produção de vacinas e Bolsonaro é o único chefe de Estado do mundo que expressou uma visão negativa sobre elas.

A Confederação Nacional de Municípios [CNM - sigla versátil... permite várias interpretações da importância do que com certeza é mais um cabide de empregos.] lançou um documento em que registra as hesitações e os erros do governo no campo da vacinação em massa e pede a saída do ministro da Saúde, general Pazuello. Os prefeitos estão cobertos de razão. Nunca chegaremos a vacinar adequadamente os brasileiros com Pazuello à frente do processo. Ele prometeu que vacinaria metade das pessoas até junho, uma promessa tão absurda que não sei como senadores acreditam nela.

Bolsonaro negou a pandemia. No seu processo de negação, como todo populista, precisava de uma saída fácil para o problema. Optou pela hidroxicloroquina. Sempre afirmou que acreditava mais em remédios do que em vacinas, ao contrário da maioria dos governantes do mundo. Com essa falsa premissa começou a fazer bobagens, todas elas retardando a nossa possibilidade de ter as vacinas necessárias para imunizar rapidamente e sair da crise. Outros países tiveram mais êxito. Israel, mais da metade de sua população imunizada. A Inglaterra já alcançou 15 milhões de pessoas vacinadas. Israel tem pouca gente, a Inglaterra, por sua vez, dispõe de um sistema de saúde. [Israel além de pouca gente, possui área mínima; A Inglaterra começou a vacinar há meses, seu território é 1/65 do nosso e só vacinou até o momento um quarto da população. 
Adaptem os cálculos para o tamanho do Brasil e nossa população e vão concordar que, proporcionalmente, o Brasil vacinou bem mais - apesar de ter começado bem depois.]
Não importam tanto as características de cada um. Para ter êxito nesse processo é preciso ter vacinas. E Bolsonaro nunca pensou seriamente em comprá-las no prazo e na quantidade adequados.
 
Basta juntar duas declarações dele. Numa delas afirma que o Brasil, com seus mais de 200 milhões de habitantes, é um mercado super atraente para os produtores de vacinas. Passado algum tempo, ele diz: “Tenho R$ 20 bilhões para comprar vacinas, mas não consigo”. Não consegue mesmo é estabelecer relação entre as duas frases, não percebe que se enganou.
 
[Prezado Articulista: em parte concordamos com sua douta opinião. 
Para uma VACINAÇÃO EFICAZ a VACINA É ESSENCIAL.
Quanto a tentativa fadada ao fracasso de culpar o nosso presidente, atribuindo que ele se manifestou contra a vacina e demorou a comprar, refutamos:
a - apresente um único  brasileiro ou brasileiro que compareceu a um posto de vacinação, com a VACINA disponível - sempre ela, sem ela não se vacina - foi convidado a se vacinar e declarou que não aceitava se vacinar por ser o presidente Bolsonaro contra o uso do imunizante;
b - A União Europeia, união de países que são modelo de democracia, apoio cego à ciência, com dinheiro sobrando (alguns países discordam do fecha tudo e isola tudo e possuem baixo índice de mortes - Suécia, Noruega) tentou comprar vacina e não conseguiu na quantidade necessária.
A chefona da UE cogitou  de impedir que vacinas produzidas na Bélgica, país que integra a UE, fossem enviadas para a Inglaterra. Portanto, o que complica mesmo é o diabo da falta de vacinas - seja para o Haiti, Suécia, Brasil, Estados Unidos.]

A sabotagem de Bolsonaro às vacinas teve duas vertentes distintas. A primeira talvez seja produzida pelo obscurantismo científico. A vacina da Pfizer utiliza a técnica de RNA mensageiro, expressa uma tendência da medicina genética que vai ser usada na cura de outras doenças. Mas seus aliados diziam nas redes sociais que esse tipo de vacina altera nosso código genético. Daí surgiram o medo de virar jacaré e alguns obstáculos contratuais que afastaram a Pfizer.[alguns obstáculos contratuais: as únicas responsabilidades que a Pfizer aceitava assumir no contrato era entregar a vacina no prazo estabelecido por ela e receber o pagamento em dólar ou euro - dependendo poderia aceitar também libras esterlinas.]

A própria Sputnik V, que despertou o interesse do Paraná e é muito parecida com a Oxford, nunca chegou a interessar ao governo, até o momento em que foi adotada por um lobby de deputados do Centrão. E com isso perdeu um pouco de sua credibilidade, apesar da eficácia reconhecida em artigos científicos. Outra oportunidade perdida foram as vacinas do consórcio da Organização Mundial da Saúde, a Covax, que iria garantir vacinas para países que não a produzem. O Brasil poderia ter uma cota maior, correspondente a 50% da nossa população. Optou pela cota mínima, 10%.[que ainda não está disponível, seja na mínima seja na máxima.

Com uma sucessão tão robusta de erros, o governo de Jair Bolsonaro certamente iria fracassar no projeto de vacinação em massa. Isso não significa que no futuro não haja maior disponibilidade de vacinas. A tendência é do aumento da produção. No entanto, o conceito de fracasso é associado a dois fatores: o número de contaminações evitadas num determinado período e a capacidade de repor a economia em funcionamento o mais rapidamente possível.

Na medida em que as vacinas evitam também evoluções graves e letais da doença, quanto mais tempo se perde, mais vidas são levadas pelo vírus. Por essa razão uma pesquisa de cientistas sobre o peso da política negacionista no número de mortes encontraria um resultado diferente do constatado nos Estados Unidos. Os 40% de mortes atribuídas à política de Trump nos Estados Unidos seriam, aqui, acrescidos das mortes produzidas pelos erros na política de vacinação. Sem contar o fato de que Trump percebeu com alguma rapidez que a hidroxicloroquina era uma canoa furada e despachou os estoques para seu admirador tropical.

Nessa corrida para o troféu de mais mortes por estupidez política, Bolsonaro deverá suplantar Trump. O americano já se foi e aqui a sinistra batalha continua: faltam vacinas e uma nova variante se espalha pelo País, graças também à opção do governo de ignorá-la.

Blog do Gabeira - Fernando Gabeira, jornalista

Artigo publicado no Estadão em 19/02/2021