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sábado, 1 de abril de 2023

A direita respira de novo - J. R. Guzzo

Revista Oeste

O volume político de Bolsonaro tende a crescer cada vez mais, à medida que a ruindade do governo Lula for aparecendo  
[é só analisar a falta de qualidade e competência da maioria dos 37,que chamam de ministros do governo petista, e constatar que ali impera a ruindade, a incompetência e coisas do tipo e que não aguenta até o final deste ano.
Realizações do DESgoverno Lula no 91º dia de sua instalação:
- reajuste de R$ 18, no salário mínimo; e,
- apresentação do rascunho, melhor dizendo MINUTA, do que pretendem que seja um 'arcabouço fiscal' - não passa no Congresso.]

Bolsonaro, de volta ao Brasil (30/03/2023) | Foto: Natanael Alves/PL

Bolsonaro, de volta ao Brasil (30/03/2023) | Foto: Natanael Alves/PL
 
Jair Bolsonaro está enfim de volta ao Brasil e à política brasileira. 
A pergunta é: para quê?  
Durante estes três últimos meses que passou nos Estados Unidos, sem dar maiores satisfações sobre por que tinha ido e por que quis voltar, o ex-presidente esteve numa situação torta. Deixou aqui, entregue à cadeia do ministro Alexandre de Moraes, uma multidão de milhares de brasileiros que estavam acampados na frente dos quartéis para lhe dar apoio e protestar contra o resultado das eleições que o Tribunal Superior Eleitoral anunciou. 
 
Não disse, com clareza, se era a favor ou contra. Não disse nada de fato relevante a respeito de nada; ficou resmungando contra o TSE, como arquibancada de campo de futebol que vaia o juiz mas não influi no resultado do jogo. Continuou repetindo aquela história de “quatro linhas” que ninguém aguenta mais ouvir e que, de resto, não tem utilidade prática nenhuma. 
Deixou claro que nunca foi um líder para as Forças Armadas
Começou a aparecer como o presidente brasileiro que teve o maior apoio da rua em todos os tempos mas que não soube devolver o apoio recebido, e nem transformar sua força popular em vantagem política real. Muito bem: eis ele aí de volta, e não mais para o papel do ex-presidente com prazo de validade vencido que a sua conduta recente parecia ter lhe reservado
Bolsonaro, ao desembarcar em Brasília no dia 30 de março, está se apresentando como o possível comandante da direita brasileira.

Não é pouca coisa. A direita brasileira é imensa, e obviamente não morreu com as últimas eleições tem, pelo menos, 50% do eleitorado que foi votar em 2022, segundo números do próprio TSE.  
É possível que, no todo, seja majoritária. 
Com certeza, é a clara maioria no Brasil do progresso, da produção e do trabalho que vai do Rio Grande do Sul a Mato Grosso, incluindo os dois maiores Estados do país, São Paulo e Rio de Janeiro, mais uma parte importante de Minas Gerais.  
Essa gente não vai sumir, nem aderir a Lula — ao contrário, tem diante de si um governo em processo rápido de evaporação, sem resultado no presente e com promessa de calamidade no futuro. 
Não é capaz de somar apoio, a não ser na compra incerta de votos no Congresso. 
Não tem novas lideranças para o lugar de Lula — e o tempo de Lula, por razões biológicas, está a caminho da placa que anuncia os descontos. 
A direita é o exato contrário. Tem pelo menos dois líderes em potencial muito fortes e muito jovens, os governadores Romeu Zema, de Minas Gerais e com 58 anos, e Tarcísio de Freitas, de São Paulo e com 47 anos — um outro mundo. Tem apoio popular na praça pública — em massa, muitas vezes. 
E agora tem um possível líder nacional na figura de Bolsonaro
É a primeira vez que isso acontece. 
Durante quatro anos, ele foi um presidente; dezenas já foram. Agora vai tentar mais que isso.

O povo, de mais a mais, ainda não está louco para sair à rua à esta altura — não com 600 presos nos cárceres do STF na Papuda

A volta de Bolsonaro foi discreta, após um voo noturno que o deixou no aeroporto de Brasília no começo da manhã do dia 30. 
Nem vestígio das multidões inéditas que estiveram à sua volta no último 7 de setembro na Esplanada dos Ministérios. Não era o plano
e de qualquer forma as autoridades, que hoje o tratam como uma ameaça pública, baixaram uma espécie de toque de recolher provisório e localizado em Brasília, impedindo manifestações populares em volta do aeroporto e outros lugares onde poderia haver aglomeração
Não houve desfile em carro aberto, nem passeata de motocicleta. Praça dos Três Poderes? 
 
Pelo amor de Deus — aí, então, nem pensar. O povo, de mais a mais, ainda não está louco para sair à rua à esta altura não com 600 presos nos cárceres do STF na Papuda, muitos dos quais nem estavam no local nos ataques aos palácios dos Três Poderes do dia 8 de janeiro
O ponto central do regresso foi uma recepção na sede do PL, o partido que hoje tem a maior bancada da Câmara e do qual é o presidente de honra. Tinha político e teve discurso — não mais
Bolsonaro procurou chamar pouca atenção sobre si. Falou mais do PL, elogiou o Congresso e disse que o seu partido mais os aliados no Congresso formam a maioria.  
Não adiantou muita coisa sobre Lula. “O governo é uma oposição por si só”, disse — já adiantando que a principal turbina da sua nova vida política deverá ser a decadência precoce, progressiva e cada vez mais arrogante deste governo Lula-3, com seus fiascos diários e a obsessão em continuar repetindo coisas que dão comprovadamente errado, sempre.
Recepção na sede do PL, em Brasília | Foto: Natanael Alves/PL
Bolsonaro anunciou, também, que seu primeiro trabalho político será a eleição municipal do ano que vem, na qual deposita boas esperanças nos nomes da direita em geral — do PL e de quem ele apoiar. Já anunciou o ex-ministro Ricardo Salles como o seu candidato à Prefeitura de São Paulo; é um nome forte e, sem dúvida, um bom começo para a sua segunda vida política. 
 
No mais, teve de responder sobre “o caso das joias”, é claro — como já teve de responder, durante os seus quatro anos de governo, sobre a “rachadinha”, o “genocídio”, o “quem-matou-Marielle” e tanta outra coisa que ninguém sabe mais direito o que significa isso tudo. 
Ficou claro que continuará sendo uma estrela do noticiário — é como se, para os jornalistas, seu governo não tivesse acabado e não fosse acabar nunca. Sua esperança continua sendo exterminar Bolsonaro movendo contra ele uma denúncia perpétua — trocam os nomes que dão aos “casos”, mas a história é sempre a de um crime que não chega nunca aos tribunais
O resultado geral também não muda: o ex-presidente já deveria estar morto e enterrado há muito tempo, se esse bombardeio da mídia valesse realmente alguma coisa na vida política real, mas não está
O semi pânico que provoca na esquerda e nos signatários da “Carta Pela Democracia” continua do mesmo tamanho.

A direita pode até não saber ainda se vai mesmo querer que o ex-presidente seja o seu grande chefe — mas o STF e a esquerda parecem ter certeza que sim

O futuro de Bolsonaro, de qualquer forma, não depende dele e nem da vontade dos quase 60 milhões de eleitores que acabam de votar nele. Depende do Supremo Tribunal Federal, e dos demais tribunais superiores de Brasília. 
São eles que conduzem o projeto mais ambicioso e mais agressivo que está em andamento na política brasileira de hoje a cassação dos direitos políticos do ex-presidente, de preferência com a sua prisão, de forma a que ele não possa mais ser candidato em eleição nenhuma. Está aí a maior admissão pública de que Bolsonaro pode, realmente, acabar sendo a nova liderança que a direita e seu eleitorado nunca tiveram
 
A direita pode até não saber ainda se vai mesmo querer que o ex-presidente seja o seu grande chefe — mas o STF e a esquerda parecem ter certeza que sim.  
Se não tivessem, não estariam tão empenhados nas tentativas de destruir a sua carreira política
Quem poderia fazer isso, numa democracia normal, seria o eleitorado; já acabou, por sinal, com centenas de carreiras aqui e no resto do mundo. Mas no Brasil não é assim que funciona. Hoje em dia não se deixam essas coisas na dependência da vontade popular quem resolve é o Supremo, pois só ele pode definir o que é democracia, já que deu esse direito a si próprio, e a ninguém mais. 
É “a lei” — tal como a lei tem de ser entendida no Brasil de hoje. Forças Armadas? Esqueça. 
O ministro Alexandre de Moraes, sozinho, vale mais que as três Forças Armadas juntas.
O STF não está isolado no sonho de liquidar Bolsonaro. Lula, o PT e a esquerda também querem isso, com paixão. 
Querem a mesma coisa, junto com eles, os empreiteiros de obras públicas, os banqueiros socialistas e os advogados do Grupo Prerrogativas.
Também estão nessa, enquanto acharem que “vai dar”, todos os políticos ladrões — mais o MST, a CUT, a UNE, a Associação Brasileira de Imprensa, o Sindicato dos Bispos, os que controlam o “movimento” LGBT+, os homens que se sentem mulheres presas em corpos de homem, os parasitas do Estado em geral e o resto da manada que se conhece. 
 Na opinião de todos, o ex-presidente é a maior ameaça para o futuro do Brasil, e mesmo do mundo. 
 
Mas e o resultado das eleições de 2022? 
No fim das contas, eles não foram declarados vencedores? 
Por que precisam acabar com Bolsonaro? 
Em vez disso, não poderiam disputar com ele, e ganhar, mais uma eleição? 
Ou não acreditam que ganhariam de novo?  
Pelas aparências, e pelo empenho do alto aparelho judiciário, parece que não querem correr o risco
A questão, aí, não está na vontade de ninguém, e sim em duas observações da vida real. A primeira é que a cassação dos direitos políticos de Bolsonaro pode acabar se complicando; talvez não dê para fazer. A segunda é que essa cassação poderia acabar sendo inútil; Bolsonaro estaria fora, mas a patente injustiça e a ilegalidade grosseira de sua punição lhe dariam um papel imediato de mártir — uma espécie de Nelson Mandela da direita, coisa que até hoje o mundo jamais conheceu. 
Nesse caso, sua influência ficaria ainda maior; seja quem for, o candidato apoiado por ele entraria na eleição com vantagem, e não vantagem nas “pesquisas”, mas sim no mundo das realidades. Lula continuará não tendo sossego.
 
O fato é que Lula não está disposto a ir para uma segunda disputa mano a mano com Bolsonaronão numa eleição limpa, realizada como se faz nas democracias, em vez de se basear em sistemas de votação e apuração só utilizados no Butão e em Bangladesh. 
Da boca para fora, continua a falar e a se comportar como se fosse o maior líder político do sistema solar e a se exibir no papel de homem que foi eleito pelos próprios méritos.  
Da boca para dentro, não está claro o que ele realmente acha dessa história. 
Ache o que ache, de todo o modo, quem ganhou a eleição de 2022 para ele foi o STF, em especial os ministros Edson Fachin, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes; Lula só está na presidência da República, objetivamente, porque foi colocado lá pelos três. 
Acabaram, contra o que determina a lei brasileira, com o cumprimento das penas na cadeia para os condenados em segunda instância. 
Anularam todos os seus processos penais, alegando erro de endereço. Fizeram uma eleição em que a censura do TSE proibia até que se dissesse que Lula é um defensor explícito do ditador da Nicarágua; o juiz e os bandeirinhas da partida jogavam no time de Lula. 
Organizaram a votação. Contaram os votos. Se Bolsonaro continuar na política, Lula e o STF teriam de fazer tudo de novo.

O volume político de Bolsonaro, na verdade, tende a crescer cada vez mais, à medida que a ruindade do governo Lula for aparecendo — e ela vai aparecer, cada vez mais. 

Como poderia ser diferente, com o ministério doente que escolheu e com a sua própria incapacidade de dar vida inteligente a qualquer coisa em que encosta? 
A direita não vai ficar analisando os méritos relativos do ex-presidente, nem o seu rol exato de virtudes. 
Vai ver que Bolsonaro, mais uma vez, é o único candidato viável para livrar o Brasil de anos seguidos de desastre petista — ele ou, se não puder ser ele, quem ele indicar como o melhor para executar essa tarefa. Lula não pode contar com o programa de obras do seu governo para enfrentar o ex-presidente; seu governo não vai ter obras. Não pode tirar mais nada do Bolsa Família. 
 Vai ter de responder pelo desemprego, o coma econômico, as invasões de terra, os aumentos de imposto, o preço da gasolina e mais um mundo de coisas. 
É uma vantagem diária para Bolsonaro ou, então, para quem estiver no comando do outro lado. 
Não parece importar muito, aí, se ele está à altura da posição de líder nacional da direita, se é menor que o Brasil conservador e outras questões que afligem os cientistas políticos nos debates na televisão depois do horário nobre. 
Pode ser perfeitamente isso tudo. E daí? O que interessa, unicamente, é a possibilidade de ter de novo quase 60 milhões de votos — ou a sua capacidade, se for o caso, de transferir esses votos todos para alguém. 
A volta de Bolsonaro mostra que neste momento ele existe de novo.

Leia também “O dilema dos militares”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste



quinta-feira, 9 de março de 2023

“Padrão moral Lula”: governo usa máquina estatal para evitar CPI do dia 8 de janeiro - Gazeta do Povo

Vozes - J.R. Guzzo

[Temos um novo MENSALÃO? Tudo indica que SIM; só que mais individualizado, seletivo e pagando mais.]

Pelo que determinam a lei, a lógica e a decência comum, é obrigação do governo administrar o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, que custa uma fortuna para os pagadores de impostos, de forma a executar obras contra a seca. Pelas mesmas razões, tem de dirigir a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba com o objetivo de atender as necessidades da população que vive em volta dos rios São Francisco e Parnaíba. Deve, enfim, gerir o Banco de Nordeste para cuidar das carências e problemas do Nordeste. Mas o governo Lula não respeita a lei, nem a lógica e nem a decência.

No caso, está utilizando pelo menos esses três órgãos para dar empregos e outras vantagens materiais a parlamentares que votarem contra a abertura de uma CPI para investigar o que de fato aconteceu nas depredações do dia 8 de janeiro em Brasília. É assim: fica contra a CPI e a gente te descola uma boa boca no DNOCS, na CODEVASF e no Banco do Nordeste.  
Que diabo uma CPI sobre atos de vandalismo em Brasília poderia ter a ver com o combate à seca no Nordeste? 
Não tem nada a ver, é claro – mas o Brasil vive num regime de vale-tudo, onde o governo faz uso desaforado da máquina pública para atender a seus interesses políticos particulares.

    O padrão moral para o brasileiro comum é uma coisa. Para o governo Lula é outra, que não tem nada a ver.

O mesmo furor anti-CPI estaria levando Lula a manter no emprego o absurdo ministro das Comunicações – esse que usou um avião da Força Aérea para ir à uma exposição de cavalos de raça em São Paulo, e recebeu diárias do erário para levar no seu passeio. 
O homem pertence a uma das gangues partidárias do Centrão, que está casada hoje com o PT; sua turma não aceita que ele seja posto no olho da rua, como teria de fazer qualquer governo que exigisse um mínimo de integridade de seus ministros.
 
É mais um retrato perfeito do naufrágio moral desses dois meses e pouco de governo Lula. 
Não há escrúpulo nenhum para se fazer nada: o uso da máquina do Estado como propriedade privada do PT e seus cúmplices, tal qual está acontecendo no caso da CPI, tornou-se uma estratégia aberta e declarada do governo Lula.
    Hoje o governo exige, com desespero, que toda a questão do 8 de janeiro fique restrita à punição dos que estão na cadeia; fora disso, ninguém pode abrir a boca para perguntar nada. [se a CPMI em discussão for instalada ainda este mês, Março, Lula sai do governo por impedimento e preso ainda neste semestre. 
Uma CPMI para funcionar não depende da boa vontade do omisso Pacheco.]

Da mesma forma, abusam das atribuições que têm na área econômica para aumentar o preço dos combustíveis, na obsessão de ter mais dinheiro para gastar, ou para inventar impostos sobre a exportação – uma aberração típica de governos que não têm competência para ampliar sua arrecadação através de crescimento econômico e do aumento da produção.

Resta o enigma da CPI. Ela está sendo solicitada para tentar apurar o que aconteceu realmente nos ataques aos edifícios-sede dos Três Poderes.  
Não há dúvida de que o governo Lula é uma vítima direta dessa agressão; o próprio presidente da República exigiu aos gritos a abertura da CPI, junto com os militantes mais irados do PT e da situação.
Festejam os 900 presos políticos enfiados na Papuda por conta das depredações – mesmo os que não fizeram nada
Exigem punição “exemplar”, denunciam o “terrorismo” praticado contra eles e quem cobrar multas de 100 milhões de reais, ou outra estupidez do mesmo porte, de quem está preso.

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    Lula não sabe lidar com os problemas reais do Brasil, por isso inventa inimigos


Mas, por um súbito mistério, o governo Lula fez um cavalo-de-pau na sua fúria repressiva: na medida em que foram sendo divulgadas mais informações sobre o episódio, eles foram ficando quietos, depois preocupados. Hoje são histericamente contrários à investigação do episódio pelo Congresso Nacional. Por que será?

O governo exige, com desespero, que toda a questão do 8 de janeiro fique restrita à punição dos que estão na cadeia; fora disso, ninguém pode abrir a boca para perguntar nada. 

É preciso dar emprego público, e outras vantagens físicas, para esconder os fatos?  
Podem dar à vontade; é exatamente o que estão fazendo. 
O padrão moral para o brasileiro comum é uma coisa. 
Para o governo Lula é outra, que não tem nada a ver. É essa que está valendo.

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 15 de janeiro de 2023

Obsessão do chicote de Lula é fazer política 25 horas por dia; só se pensa em eliminar adversários - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Presidente Lula dá a impressão de não ter um projeto de governo e sim um projeto de vingança

 O governo Lula precisa começar a governar o Brasil. O presidente e o seu sistema de apoio agem como se o País não tivesse nenhuma outra questão além da invasão e depredação das sedes dos três Poderes, no domingo passado; estão encantados com a repressão que fazem contra os acusados pelos crimes cometidos em Brasília, com as prisões em massa, com os processos, com as multas de R$ 100 mil por hora, com a polícia. Descobriram o gosto de ter o chicote na mão
 
Falam em expurgos, castigo, cadeia. Não conseguem mudar de assunto nem de rumo. Mas existe aí um país com 215 milhões de pessoas que precisam continuar a trabalhar e a cuidar da vida; existe um Brasil que vai além da Esplanada dos Ministérios. 
Essa população, esse Brasil e o seu caminhão de problemas reais parecem ser a última preocupação do presidente e do seu entorno. 
Dão a impressão, a cada dia, de que não têm um projeto de governo, e sim um projeto de vingança.
A Bolsa de Valores, desde o dia 1.º de janeiro, perdeu R$ 500 bilhões. Não é, como Lula diz, uma bobagem que só afeta meia dúzia de meninos na Avenida Faria Lima, e sim um óbvio aviso de que o Brasil real não confia na competência da equipe econômica para manter a recuperação pós-covid – e, menos ainda, nas suas intenções. 
A primeira notícia de destaque na área industrial é a demissão de 2 mil trabalhadores de uma das maiores empresas têxteis do Brasil
O banco Itaú, através do seu braço de gestão de recursos, alerta para a demolição da âncora fiscal, o silêncio sobre a reforma tributária e um possível aumento de impostos
A expectativa é de “baixo crescimento, inflação alta, juros elevados e aumento da dívida pública”
É um balanço miserável para 15 dias de governo. Mas a obsessão do Sistema Lula é fazer política 25 horas por dia – só se pensa em eliminar os adversários, ocupar empregos na máquina do Estado e proibir o povo de ir para a rua.
 
O principal número que o governo tem a apresentar como realização, até agora, são os 1.500 presos que trancou num ginásio da polícia em Brasília. Que tal, para quem propunha “devolver a paz” ao Brasil?  
O que o presidente faz é o contrário: com um megafone na mão, dedica-se todos os dias a criar tensão e sabotar qualquer esforço para uma situação de normalidade. 
Sua última obra é dizer que “perdeu a confiança” em parte das Forças Armadaspara demonstrar o quanto está zangado e desconfiado, não admitiu que o seu ajudante de ordens seja um militar, como é a praxe. Para que fazer isso? Lula, ainda há pouco tempo, se orgulhava de ter começado a governar “antes da posse”. O que ele precisa, mesmo, é começar a governar depois da posse.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


terça-feira, 20 de dezembro de 2022

A nova meta de um TSE sem limites é extinguir o partido de Bolsonaro - Gazeta do Povo

Vozes - J.R. Guzzo

Num país em que o mundo político, as elites pensantes e as entidades da “sociedade civil” acham perfeitamente normal, e até elogiam, que o Supremo Tribunal Federal prenda um cacique xavante e coloque em liberdade o ex-governador Sérgio Cabral, a conclusão mais simples é: está valendo realmente tudo. 
O cacique não cometeu delito nenhum, a não ser um desses “atos antidemocráticos que servem para colocar na cadeia, hoje em dia, qualquer cidadão que entre na lista negra dos ministros do STF.                 O ex-governador está condenado a 300 anos por crimes de corrupção, provados e confessos. 
O primeiro não tem direito, como acontece com tantos outros brasileiros, a processo legal. O segundo tem direito a desfrutar os mais extremos privilégios que a lei concede a criminosos cinco estrelas. O cacique, é claro, é de “direita”. 
O magnata que a justiça condenou como ladrão é de “esquerda”.    Fica tudo explicado, então: prende um e solta o outro. É desse jeito que funciona a democracia no Brasil no final do ano de 2022.

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    Teremos Dilma 3 por que o PT não admite pensamentos que não sejam os do partido

Numa situação assim, é natural que não tenha levantado o mais remoto sinal de protesto o anúncio, por parte do ministro Alexandre de Moraes, de que o sistema STF-TSE pode extinguir o PL. 
Sim, extinguir o PL e, possivelmente, os mandatos dos seus deputados e senadores – qual é o problema? 
É apenas o maior partido da Câmara dos Deputados, só isso; acaba de eleger, nessas eleições que o STF considera impecáveis, 99 deputados. 
E o que o PL fez de errado para merecer a ameaça de extinção? Entrou com uma representação na justiça eleitoral para que fossem apuradas possíveis falhas em milhares de urnas usadas na eleição.       Mas não é justamente para isso que existe a justiça eleitoral - para investigar queixas como as que foram feitas pelo PL? Deveria ser, pelo que está escrito na lei, mas não é. Esse TSE que está aí, claramente, não admite nenhuma queixa quanto à sua perfeição; reclamar é crime.
 
O PL, como se sabe, foi multado em 23 milhões de reais, e teve todas as suas contas bancárias bloqueadas, por ter apresentado a reclamação.   O TSE não investigou absolutamente nada. Apenas decretou a multa, horas depois da entrada do pedido, sem observar processo legal algum. É uma decisão demente – e não importa, aí, se o PL está certo ou está errado em suas pretensões. 
A lei, obviamente, não exige que ninguém esteja com a razão para entrar com um processo na justiça. As alegações de quem reclama alguma coisa são examinadas; se forem julgadas procedentes o autor ganha a causa, se forem julgadas improcedentes ele perde. 
É isso, e só isso – mas não para o TSE. Lá você é punido por exercer o seu direito de reclamar à justiça. O ministro Moraes justificou a multa dizendo que o PL teria feito “litigância de má fé”. É um disparate.          Essa má fé teria de ser provada, dentro dos procedimentos previstos em lei – e não foi provada má fé nenhuma, mesmo porque não houve procedimento nenhum.

Esse TSE que está aí, claramente, não admite nenhuma queixa quanto à sua perfeição; reclamar é crime

Todo mundo sabe, naturalmente, qual é o crime pelo qual o PL foi punido trata-se do partido do presidente Jair Bolsonaro, que o STF escolheu como o seu maior inimigo e ao qual faz oposição diária e sistemática. Se multaram e bloquearam as contas - inclusive as de recursos próprios, que não têm nada a ver com o dinheiro público dos “fundos” partidário e eleitoral – e ninguém viu nada de errado, por que não dar o passo seguinte e extinguir o PL logo de uma vez?                 É a maneira mais cômoda de se livrar, numa tacada só, dos 99 deputados “do Bolsonaro”; funciona com mais eficácia, pensando bem, do que qualquer multa. 
Talvez eles possam criar alguma dificuldade mais adiante – não seria melhor resolver isso já? 
Uma coisa é certa: se fecharem o PL, vão dizer que é para salvar a democracia. 
O Brasil civilizado, moderno e lúcido vai aplaudir de pé.
 
J. R. Guzzo, colunista - Revista  Oeste
 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

O supremo carcereiro só prende inocentes - Augusto Nunes

Revista Oeste

Para Moraes, nada é mais excitante que o estupro da Constituição e das normas legais 

A história se repetia todo sábado, sempre perto das 10 da noite. Só mudava a identidade da mulher que viera a pé de alguma vila habitada por famílias pobres para apertar a campainha da casa na Rua General Glicério. Ali morava o prefeito de Taquaritinga, e as visitantes sabiam que Adail Nunes da Silva, viciado em multidão, não estaria por lá, e sim no cinema, numa festa ou a caminho de outro baile. Mas não era ele o procurado. O nó a desatar requeria uma conversa com minha mãe, certamente entrincheirada na sala de estar. “Quero falar com dona Biloca”, ouvia um dos cinco filhos que se revezavam na ida ao portão. Eram raríssimos os que chamavam pelo prenome do cartório a professora Emilia Menino Nunes da Silva. Desde a infância ela foi Biloca, precedido por um “dona” só depois do casamento.

Marcel van Hattem, deputado federal | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Marcel van Hattem, deputado federal -  Foto: Reprodução/Redes Sociais  

Um minuto mais tarde, a mulher já estava no meio do mesmíssimo enredo. Só eram diferentes os dois personagens. “Meu filho é um moço bom”, começava a mãe. “O problema é que ele conheceu faz pouco tempo uma gente ruim, deu de beber e agora anda se metendo em arruaça. Foi preso hoje porque um policial achou que é desordeiro. A senhora pode dar um jeito de soltar o menino?”. Dona Biloca acomodava a mãe aflita numa das cadeiras da varanda, empunhava o telefone de parede no canto da sala de jantar e ligava para a delegacia. Como o prefeito, também o delegado estava fora. Atendia um dos três policiais. Minha mãe reproduzia o que ouvira da mãe e pedia a restituição do direito de ir e vir. O policial explicava que só o chefe podia soltar ou prender alguém.

“Esse que foi preso é rapaz direito, pode acreditar na minha palavra”, insistia a mulher do prefeito. O homem da lei acabava cedendo. Em menos de dez minutos, um jovem devastado pela ressaca aparecia no portão da minha casa. Filho e mãe se abraçavam, diziam que Deus haveria de abençoar a responsável pela libertação e lá se iam de volta ao lar. A cada soltura irregular, dona Biloca ordenava aos filhos que não comentassem a ocorrência. “Com ninguém”, advertia. Preferia que o marido de nada soubesse apenas para evitar que o prefeito se considerasse devedor do delegado. Nunca se arrependeu de nenhuma intervenção no sistema carcerário. “Bêbado e arruaceiro não precisam ficar presos”, ensinava. “Cadeia é coisa para assassino, ladrão, bandido, gente perigosa.” Encerrava o assunto tentando conter, sem sucesso, o riso moleque de quem protagonizara alguma travessura.

Professora Emília Menon Nunes da Silva (dona Biloca) - 
Foto: Arquivo pessoal
Nesta quarta-feira, numa reunião em Brasília, Alexandre de Moraes quase conseguiu substituir a carranca exibida em aparições públicas por algo parecido com um sorriso. O que se viu foi um esgar, mas o tom de voz informou que Moraes estava eufórico. “Fiquei feliz com a fala do ministro Toffoli”, começou o especialista em atropelamentos da Constituição. (Dias Toffoli dissera que desde 6 de janeiro, quando ocorreu em Washington a invasão do Capitólio, foram detidos, em 50 Estados, 964 suspeitos de envolvimento no episódio.) Moraes entusiasmou-se: “Comparando os números, tem muita gente pra prender, e muita multa pra aplicar!”. 
A professora primária de Taquaritinga gostava de devolver o direito à liberdade a gente que incorrera em pecados veniais. 
O mais truculento ministro do Supremo Tribunal Federal parece flutuar sobre nuvens profundamente azuis quando pensa nas perversidades que praticou ou está prestes a consumar.
Na quarta-feira, com o país que pensa e presta ainda perplexo com a prisão de um líder indígena, Moraes se excitava com as iniquidades decorrentes de outro surto de autoritarismo patológico programado para 15 de dezembro. Entre o início da manhã e o fim da noite, por ordem do supremo carcereiro, a Polícia Federal cumpriu mais de 100 mandados de prisão, busca e apreensão em sete Estados e no Distrito Federal. 
 As alegações do ministro, redigidas em português indigente, sugerem que os alvos estão envolvidos de alguma forma em manifestações que contestaram os resultados da eleição presidencial, bloqueio de rodovias, atos antidemocráticos nas imediações de quartéis e outros sintomas de simpatia pelo presidente Jair Bolsonaro. Para o tirano togado, todas essas atrocidades figuram na categoria dos crimes hediondos.

Confiantes na onipotência da toga, resolveram mandar às favas os eleitos para o Executivo e para o Legislativo, e agora vêm ocupando sem resistência territórios proibidos

A selvagem sessão de torturas a que foram submetidos o Estado de Direito e a Constituição incluiu a censura de 168 perfis nas redes sociais, quebra de sigilo bancário, confisco de bens e a detenção de deputados estaduais, além da obrigação de usar tornozeleiras eletrônicas imposta a parlamentares proibidos até de descobrir quais delinquências lhes são atribuídas. 
 Nenhuma das numerosas ofensivas fora da lei lideradas por Moraes foi tão abrangente e atrevida. 
Nenhuma mostrou com tão chocante nitidez a ditadura da toga, a insolência do marechal sem farda, a sordidez dos cúmplices e a covardia dos incumbidos de reerguer instituições que contemplam de joelhos o triunfo da arrogância. 
No mundo da magistratura, por exemplo, até agora só o desembargador aposentado Sebastião Coelho parece ver as coisas como as coisas são. “Alexandre de Moraes deveria ser preso”, reiterou nesta semana.

A mudez dos líderes do Ministério Público foi rompida no começo da semana por Darcy de Sousa Filho, procurador-geral de Justiça de Minas Gerais. Ao discursar na cerimônia de entrega do cargo, Sousa propôs “o resgate do império da lei e da ordem democrática vilipendiada e atropelada pelo ditador de Brasília”. Dado o recado, dirigiu-se ao sucessor no cargo: “Que Vossa Excelência restabeleça o orgulho de ser promotor de Justiça e faça prevalecer as nobres e fundamentais prerrogativas do Ministério Público no processo acusatório, usurpadas pela autoridade apontada”. A salva de palmas da plateia avisa que a tropa formada por promotores e procuradores está pronta para o combate. A cara de paisagem das autoridades no palco reforçou a suspeita de que os generais flertam com a rendição sem luta.

Durante a sessão do Congresso desta quinta-feira, voltou a ecoar a voz solitária do deputado gaúcho Marcel van Hattem. “Esta situação de ruptura institucional não pode perdurar!”, afirmou o parlamentar do Partido Novo com os olhos postos no presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. “Um ministro e uma Corte não podem seguir atuando fora da lei e da Constituição. É papel do Congresso pôr fim ao arbítrio!”  Segundo o artigo 1º da Constituição, “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”. 
 Os ministros do STF só precisaram do apoio de um presidente da República e do amparo de senadores escalados para uma sabatina tão temível quanto um chá de senhoras. 
 Confiantes na onipotência da toga, resolveram mandar às favas os eleitos para o Executivo e o para o Legislativo, e agora vêm ocupando sem resistência territórios proibidos. Resta ao povo brasileiro reagir com armas próprias. Grandes manifestações de rua, por exemplo, fazem milagres.

Em 2013, portentosas passeatas obrigaram o Congresso a funcionar com mais agilidade e juízo. Nesta virada de ano, poderão apressar a retomada do poder usurpado por gente que se instalou na sala do trono sem ter obtido um único e escasso voto popular.

Leia também “Um AI-5 de toga”'desequilíbrio entre os Poderes' fere a separação da União. 

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste
 

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Há três anos, Lula saía da cadeia com o fim da prisão em 2ª instância - Deltan Dallagnol

Gazeta do Povo - VOZES

Justiça, política e fé

STF - Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF

Há três anos, Lula foi solto. Isso ocorreu em 8 de novembro de 2019, um dia depois de o Supremo Tribunal Federal derrubar a prisão após a condenação em segunda instância, por uma apertada maioria de seis votos a cinco. Essa decisão afeta a vida em sociedade mais do que você possa imaginar.

Além de Lula, José Dirceu, Vaccari, Delúbio e outros réus da Lava Jato condenados por saquearem bilhões, cerca de cinco mil presos estavam em condições de se beneficiar com a decisão, segundo informou na época o Conselho Nacional de Justiça.

Essas pessoas não foram soltas porque eram inocentes, faltaram provas ou ocorreu alguma injustiça no julgamento
Elas foram soltas porque o Supremo entendeu que condenados só podem ser presos após o julgamento do último recurso na última instância.

Um exemplo tornará mais claro o que isso significa. Imagine que sua família entre em conflito com um vizinho e ele mate alguém da sua família. Mesmo se for condenado por um juiz, ele não irá preso. Ele poderá oferecer vários recursos até ser julgado, anos depois, por um tribunal. Mesmo assim, ele ainda não irá preso ainda, podendo oferecer vários recursos até ser julgado, em Brasília, por um novo tribunal, anos mais tarde. Novamente, não irá preso, mas poderá oferecer novos recursos até que, muitos anos depois, um quarto tribunal o julgue.

Após vários recursos nessa quarta instância, o processo se encerrará, mas provavelmente o condenado não será preso novamente. Isso porque o processo terá prescrito. Como o caso demorou muito tempo na Justiça, o criminoso não sofrerá nenhuma consequência. Em bom português, ele se safa.

Foi assim com Omar Coelho Vítor, fazendeiro que alvejou Dirceu Moreira Brandão Filho numa feira agropecuária, por ter cantado sua mulher. Mesmo sendo atingido na boca e em região próxima à coluna, Dirceu sobreviveu por sorte. Omar foi condenado a seis meses de prisão.  O processo se arrastou por 21 anos na Justiça e, em 2012, o crime prescreveu.

Foi assim com Luiz Rufino, que matou Eusébio Oliveira após uma discussão porque este estacionou na frente de sua banca de jornais.  
O processo demorou vinte e cinco anos e, em 2016, ainda não tinha se encerrado. 
Nessa época, Rufino tinha 87 anos e várias autoridades do caso já haviam morrido. Ao fim, o crime também prescreveu.
 
O processo brasileiro tem recursos sem fim. O ex-senador Luiz Estevão, condenado por desvios superiores a 3 bilhões de reais, recorreu 36 vezes, sem contar os habeas corpus uma média de 9 recursos por instância
Duas décadas após os crimes, seu caso ainda não havia acabado e ele estava solto. 
Só foi preso quando o STF permitiu a prisão em segunda instância, em 2016.
 
O direito à ampla defesa se tornou o direito à impunidade. A Justiça Penal se tornou injustiça institucionalizada. E a garantia da impunidade faz o crime compensar. A turma pega pela Lava Jato roubou bilhões, sairá impune e aprenderá que vale a pena roubar.  José Dirceu aprendeu isso.  
Condenado como artífice do Mensalão, teve sua pena perdoada dois anos após começar a cumpri-la em 2014.  
Na Lava Jato, teve sua condenação a 27 anos de prisão mantida na terceira instância do Judiciário no início deste ano. Contudo, segue solto.
 
Se a turma do Mensalão e Petrolão voltar ao governo do PT, o que impede que nos roubem de novo? 
Não há consequências legais para o comportamento criminoso. 
Punir é necessário não por ódio ou vingança, mas por amor. 
A vítima e a sociedade estão desprotegidas.
O Estado deixou de cumprir o seu papel mais essencial, de garantir justiça. Isso enfraquece o império da lei e o estado de direito, que estão na base da prosperidade das nações, como sustentam Acemoglu e Robinson no seu célebre Por que as Nações Fracassam. 
“Venham, roubem e vão embora. O caminho está livre. Saqueiem nosso país à vontade”. Essa é a mensagem na porta da nossa casa, o Brasil. Ou, para usar a frase dita no jantar de lançamento da candidatura do Lula: “se o crime já aconteceu, de que adianta punir?”

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Os protestos e a intervenção militar 

Entre 2016 e 2019, enquanto a prisão após condenação em segunda instância esteve em vigor, o medo real da punição conduziu delinquentes à confissão em cascata, à devolução de 25 bilhões de reais e à delação de centenas de criminosos que passaram a ser investigados.
Brasília tremeu. “Vai todo mundo delatar”, afirmou um assustado Romero Jucá, então conhecido como “Resolvedor da República no Congresso”, para Sérgio Machado, que entregou a gravação em seu acordo de colaboração premiada. Para Jucá, era preciso “estancar essa sangria”. Falaram em um “grande acordo nacional”.

O acordo nacional era previsível. O mundo todo sabe: “corruption strikes back”, “a corrupção contra-ataca”.  
O fim da prisão em segunda instância foi o início da morte da Lava Jato. Sem receio de prisão, não havia mais delação. Sem delação, as investigações não mais se multiplicavam.

Se queremos ressuscitar o combate à corrupção, precisamos começar pela prisão em segunda instância, o que precisa ser uma das maiores prioridades do novo Congresso Nacional. O papel da sociedade, cobrando seus representantes, é fundamental. Precisamos mostrar que a integridade e a honestidade também contra-atacam.


Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima


Deltan Dallagnol, Colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 7 de outubro de 2022

A censura contra a Gazeta do Povo é um ato puramente ditatorial - J. R. Guzzo

Gazeta do Povo - VOZES

Os fatos, exatamente como eles são, provam além de qualquer dúvida razoável que está valendo tudo para devolver a presidência da República a um político condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, com vinte meses de cadeia nas costas e a fixação de ir à forra contra os que aplicaram a lei para punir os crimes pelos quais foi condenado na justiça brasileira.  

O comando dessa escalada funciona nos galhos mais altos do poder judiciário de Brasília, a partir da parceria STF-TSE
Decidiram, ali, que o próximo presidente tem de ser Lula e, para impor isso ao Brasil, negam-se sistematicamente a cumprir as leis, a começar pela Constituição Federal.  
Tudo o que ele exige para reprimir a palavra dos adversários, ou apenas dos críticos, é concedido imediatamente pelos sócios do STF-TSE; tudo que possa criar algum problema para a sua campanha é proibido. O espasmo mais brutal dessa agressão à democracia é a censura, agora sem nenhum disfarce, que acabam de aplicar contra a Gazeta do Povo.
 
A censura contra a Gazeta é um ato puramente ditatorial – ou como diriam os juristas, um “ato ditatorialmente perfeito”. Não há uma única sílaba, em toda a lei brasileira, que permita ao aglomerado STF-TSE fazer o que fez
Junto com outras vítimas, o jornal foi proibido de publicar no Twitter, que faz parte do seu espaço editorial, notícias sobre a expulsão da Nicarágua da rede de televisão CNN. 
Foram censuradas, também, quaisquer notícias ou comentários a respeito da notória perseguição à religião e a religiosos que vem sendo praticada pelo governo do país. 
Lula achou que isso pode prejudicar a sua campanha
Ele sempre insistiu em defender agressivamente, aos gritos, o ditadorzinho da Nicarágua e a sua ditadura; o PT, inclusive, publicou nota oficial para comemorar a eleição do companheiro após uma tempestade de fraudes e denúncias de todo o tipo.

 Mas agora Lula ficou com medo de que os seus amores com a Nicarágua possam tirar-lhe algum voto. Conclusão: mandou o TSE proibir a publicação de notícias sobre a tirania do parceiro - e o TSE obedeceu na hora. É ditadura em estado puro. 

A Gazeta do Povo é um órgão de imprensa, não uma “rede social”. Também não é nem candidata à eleição nenhuma. Apenas exerceu, ao escrever sobre a Nicarágua, o direito constitucional indiscutível, assegurado para a imprensa, de publicar as informações ou opiniões que queira – um advogado de porta de cadeia seria capaz de ver isso
O resultado concreto é que a “justiça eleitoral” proibiu um jornal diário com mais de 100 anos de história a publicar notícia sobre fatos conhecidos publicamente no mundo inteiro, já fartamente expostos em centenas de veículos da mídia mundial. Só na Gazeta não pode Lula e o TSE não deixam. É a volta ao Brasil da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, ou do AI 5. Qual a diferença?

A censura contra a Gazeta é um ato puramente ditatorial – ou como diriam os juristas, um “ato ditatorialmente perfeito”. Não há uma única sílaba, em toda a lei brasileira, que permita ao aglomerado STF-TSE fazer o que fez

Este é o Brasil que Lula e o PT querem, de verdade – o Brasil da censura e do cala-a-boca
Não é o que dizem na discurseira de campanha; é o Brasil que vão fazer se voltarem a mandar. Não tem nada a ver com “controle social dos veículos de comunicação”, ou outra mentira da mesma família. É censura mesmo e perseguição direta a um jornal que comete o crime, para eles, de ser independente e não se ajoelhar diante do PT, nem obedecer ao “consórcio nacional” que sonha com o dia em que o Brasil possa ter um órgão de imprensa só. Se isso que Lula, o PT e os seus sócios no STF-TSE acabam de fazer com a Gazeta não é censura, então o que seria censura neste país?  
 
Eles não querem, neste caso, que saia na imprensa nenhuma notícia informando sobre atos concretos e públicos praticados pela ditadura que governa a Nicarágua. 
Pronto: as notícias não saem. Isso é censurar. Não adianta conversa, aí: é censura direto na veia. Fica, então, a pergunta-chave: se Lula age desse jeito hoje, por que ele passaria a se comportar de modo diferente se chegar de novo à presidência?

A censura à Gazeta do Povo quer dizer, muito simplesmente, que no período eleitoral a Constituição não vale no Brasil e se não vale no período eleitoral, por que voltaria a valer depois?


Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima
 
J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

terça-feira, 16 de agosto de 2022

A democracia e a surdez das instituições - Percival Puggina

Não é apenas no Brasil que isso acontece. Onde exista autoritarismo explícito ou totalitarismo, os poderosos que mais coíbem as liberdades de opinião e expressão são os que mais saliva gastam com a palavra democracia. 

Já se tornou inteiramente supérfluo apontar fatos para comprovar essa afirmação. Há mais de um século, tiranias de partido único adotam o adjetivo “democrática” para sua identidade nacional. Não eram, mas se denominavam “Repúblicas Democráticas e Populares” e algumas ainda carregam o binômio como se valesse um vintém. 
Por mais que agrida à Justiça e à Liberdade como valor, todo regime de partido único, todo ditador diz estar protegendo a sociedade a porrete, cadeia e paredãocom o manto do Estado de Direito e resguardando a Democracia das investidas de seus detratores.

Leia as cartas e manifestos dos últimos dias. Gastam hectolitros de saliva para apresentar seus subscritores com o elmo dos guardiães do Direito e da soberania popular. Parecem integrar um curioso círculo secreto – a nobre Ordem dos Cavalheiros da Urna, à qual só têm acesso os jurados em ato de fé.

Parem com isso! Quem não sabia já intuiu que Democracia tem uma dimensão técnica e uma dimensão ética. A primeira pouco significa na ausência da segunda! É dos valores, dos elevados e indispensáveis valores que falamos insistentemente no Brasil. É em nome deles que saímos às ruas e praças, insistentemente, ao longo dos últimos anos.

Desde 2019, porque democratas, dezenas de milhões participam de manifestações em todo o país clamando por:

  1. respeito à soberania popular expressa no resultado da eleição;
  2. acatamento ao programa vitorioso no pleito;
  3. direito de ir e vir e de trabalhar como forma de sustento;
  4. transparência no sistema de votação (ou alguém pensa que pedir, por anos a fio, transparência a algo blindado significa desejo de golpear instituições e fraudar eleições?);
  5. liberdade de opinião e expressão;
  6. não interferência do STF em tarefas e atividades típicas de governo;
  7. fim das condutas de judiciais truculentas e vingativas;
  8. prisão após condenação em segunda instância;
  9. fim dos misteriosos inquéritos do fim do mundo;
  10. liberdade para os presos políticos;
  11. respeito aos julgamentos da Lava Jato (ou pensam que, como a grande imprensa não viu, ninguém mais viu o que foi feito?);
  12. providências das instituições da República (notadamente ao Senado para que se restaure o equilíbrio e a harmonia entre os poderes;
  13. impeachment de alguns ministros do STF.

Eu iria adiante que a lista é longa, mas não é necessário.

Qual desses pleitos e pautas afronta a democracia e o Estado de Direito?  
Não foram esses pedidos proclamados dos carros de som aos poderes de Estado?

Eventuais e raras exceções, sempre sob a lente de aumento da mídia alinhada com os derrotados e insatisfeitos de 2018, não fazem a regra, não falam pela imensa maioria. 

Quem não gosta muito do que lê nas redes sociais experimente falar durante anos sem ser ouvido por quem deveria ouvir.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

domingo, 3 de julho de 2022

Cuba completa 63 anos de ditadura em tempo integral, o sonho da oposição no Brasil - O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo


Na ilha caribenha sob regime comunista, dois homens foram condenados a penas de prisão por protestar contra o governo  

[No Brasil, já ocorrem prisões por protestos, a diferença é que aqui os protestos não são contra o Governo.]

Os fatos descritos a seguir foram mantidos como uma espécie de segredo de Estado pela mídia brasileira, ou por esse “consórcio de órgãos de imprensa” que hoje se apresenta em seu nome e já é para dar graças a Deus, porque qualquer notícia que fosse publicada a respeito correria o risco de ser denunciada como “fake news” pelas “agências de checagem”, ou de “verificação de fatos”. Trata-se de coisa de compreensão imediata.

Um músico de “rap” e um artista cubano foram condenados a penas de prisão em Cuba por protestarem contra o governo
O “rapper” fez um vídeo com uma canção de crítica ao regime. 
O artista colocou uma bandeira cubana nos ombros numa manifestação de rua. O primeiro pegou nove anos de cadeia – isso mesmo, nove anos por cantar uma música. 
O segundo pegou cinco, por sair com a bandeira do seu próprio país num ato pacífico de protesto
É o tipo de notícia que deixa claríssimo, mais uma vez, como funcionam as liberdades individuais e públicas em Cuba o país modelo da esquerda nacional e de seu candidato a presidente da República. 
É notícia que não sai na imprensa.
 
J R. Guzzo: 'É o tipo de notícia que deixa claríssimo, mais uma vez, como funcionam as liberdades individuais e públicas em Cuba'
J R. Guzzo: 'É o tipo de notícia que deixa claríssimo, mais uma vez, como funcionam as liberdades individuais e públicas em Cuba' Foto: Alejandro Ernesto/EFE
As canções de Maykel Osorbo, que lidera uma banda de “rappers” negros, não chegam nem perto da agressividade dos “raps” contra a lei e a polícia, e a favor do crime e dos criminosos, tão festejados no Brasil pela esquerda e pelas classes culturais.  
Mais que isso: os dois cubanos presos não organizaram, nem fizeram parte, de nenhum grupo armado. 
Não quebraram uma única vitrine em seus protestos de rua nem cometeram o mínimo ato de violência. 
Não fizeram vídeo jogando futebol com a cabeça de Fidel, ou de Che Guevara. 
Não escreveram do jornal: “Quero que o presidente morra”.  
Não chamaram ninguém de “genocida”. 
Tudo o que o músico fez foi uma canção pedindo liberdade, igualdade e comida na mesa. 
Como o sujeito pode ser enfiado nove anos numa cadeia por fazer uma coisa dessas?
 
Osorbo foi condenado por “usar imagens falsas, manipuladas digitalmente”, no seu vídeo – como se fosse um crime utilizar fantasias e recursos digitais num vídeo musical. 
Segundo o tribunal que o condenou, ele teve o propósito de “ultrajar a honra e a dignidade das autoridades máximas do país”. 
Dois dias antes do julgamento sua advogada foi afastada do caso pelo governo; puseram um outro, que não levou nenhuma testemunha de defesa. 
Tudo a ver com a linguagem, os métodos e as penas do inquérito perpétuo e ilegal que vem sendo tocado num certo país sul-americano?

Cuba está completando 63 anos de ditadura em tempo integral – mais um pouco, bate o recorde mundial da tirania comunista da Rússia, entre 1917 e 1989. Sonham fazer isso, aqui. [e vão continuar sonhando; tentaram várias vezes e fracassaram e o sonho em breve se transformará em pesadelo.]

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


terça-feira, 8 de março de 2022

Ucrânia vai perder a guerra


 Ucrânia vai perder a guerra 

 Não tem canhão

 

OS JORNALISTEIROS E SEUS “ESPECIALISTAS”: CONCLUSÕES GENIAIS


O mandato do deputado DEVE ser cassado e o petista luladrão, descondenado, DEVE ser expulso da política 


 

Meus amigos:

Esse nosso país é cheio de sutilezas.

Vejam só, o Bolsonaro é um Presidente que tira foto com a Polícia sem ter sido preso.

Está apenas posando entre os seus admiradores.

Já o Lula, quando cercado de policiais, é porque estava sendo escoltado em direção à cadeia.

Bolsonaro homenageado

 

Lula, escoltado para a cadeia

Besta Fubana - Transcrito