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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Razões para a anistia - Percival Puggina

          Escreveu alguém, não lembro quem, que a anistia funciona sobre o ambiente político como rescaldo em área incendiada, quando se borrifa água para extinguir focos de fogo ou brasa persistentes junto às cinzas.

Imposição de um já longo momento histórico
O momento político brasileiro se inclui entre os mais complexos de que tenho lembrança.

Há quase cinco anos o país convive com a censura, com os assuntos proibidos e as opiniões restritas, com a ditadura do consórcio de mídia e a manipulação da informação, com o cerceamento das redes sociais e com a teimosa recusa às urnas com impressora. 
Assistimos o tratamento díspar proporcionado às forças políticas em confronto e vimos a carranca ameaçadora dos inquéritos do fim do mundo num mundo sem horizonte. Há setores da sociedade que a tudo chancelam e aplaudem delirantemente. 
Por vezes, o aplauso tributado a uns foi, também, o apupo dirigido a outros e um contundente depoimento coletivo...
 
Assisti a isso durante quatro anos e continuo assistindo. 
Para descrever as causas da completa erosão do ambiente político nacional, devo ainda devo acrescentar dois itens: a surdez institucional à voz das ruas, significando omissão e desprezo à opinião pública e o alinhamento político da sólida maioria dos ministros do STF/TSE.  
Tal conduta tem sido proclamada com sinceridade cristalina em sucessivas e repetidas manifestações. “Perdeu mané!”, “Missão dada, missão cumprida”, “Tem muito mais gente para prender e multa para aplicar”, “Derrotamos o Bolsonarismo”, “Lula não estaria no Planalto se o STF não tivesse enfrentado a Lava Jato”.

Prisões políticas do passado
Em passado nada recente, tivemos presos políticos.  
Muitos eram terroristas de fato, pertenciam a organizações políticas cujo viés revolucionário e comunista estava expresso nas siglas usadas, onde o C era “comunista”, o R era “revolucionário”, o T era “trotskista”, o B era “bolchevique”, etc. 
Pegaram em armas e cometeram muitos crimes de sangue. Foram anistiados em 1979.[muitos também foram indenizados e pensionados - um dos vermes, "Diógenes do pt",  além de pensão mensal recebeu atrasados na época superiores 400.000 reais, enquanto uma das vítimas o HERÓI, soldado MARIO KOZEL FILHO, covardemente assassinado, tendo entre seus assassinos a ex-presidente, escarrada, teve seus familiares pensionados com um salário minimo mensal.]

Aliás, a história da República registra quase meia centena de anistias concedidas. No geral, decorreram de negociações políticas, lidaram com processos em curso e condenações penais envolvendo indivíduos ou grupos. No final dos anos 70 do século passado, forte mobilização ganhou as ruas pressionando o governo por uma anistia “ampla, geral e irrestrita”. Graças a ela, militantes da esquerda voltaram ao Brasil, outros saíram das prisões, outros ainda deixaram a clandestinidade e se incorporaram à dinâmica normal da vida política.     

Ao assinar a lei de anistia, em 28 de agosto de 1979, Figueiredo reconheceu “que ela não desfazia divergências”, ao contrário, estas “se refaziam pela liberdade”. Era preciso, porém, continuou, “desarmar os espíritos pela indispensabilidade da convivência democrática”.

Temos mais presos políticos do que Cuba
Passado meio século, o Brasil volta a ter presos políticos. E os tem em número superior aos de Cuba.

Mais de 1,5 mil cidadãos suportaram a pecha de terroristas a eles aplicada por ministros do STF que tinham o dever de saber a diferença conceitual e penal entre 1) estar na praça, 2) invadir um prédio 3) promover uma quebra-quebra; 4) praticar golpe de estado e 5) executar um ato de terrorismo.

Permaneceram presos durante meses, submetidos às mesmas “excepcionalidades” circunstanciais que impulsionaram extravagantes decisões judiciais durante a campanha eleitoral de 2022. Os que voltam para casa, portam tornozeleiras e deixaram no presídio direitos de sua cidadania.

Os julgamentos a que assisti me revoltaram o estômago. Apenas o “animus condenandi” foi presença mais presente do que a ausência dos réus
Ah, senhores, as penas! Penas desproporcionais destroem o senso moral da sociedade! Lembro do mesmo tribunal julgando os réus do mensalão. 
O processo evidenciara o uso da publicidade oficial para financiar, durante o governo Lula I, a compra de votos no Congresso Nacional. 
O sistema funcionava mediante três núcleos articulados e usados como tais no julgamento: o publicitário, o financeiro e o político. Dentro deles se posicionavam os réus. Tudo caracterizava o crime de formação de quadrilha, só que não. 
Embora também por esse crime os réus tivessem sido condenados, um recurso de undécima hora, valendo-se do que Joaquim Barbosa chamou maioria de ocasião, excluiu as condenações por formação de quadrilha. Como consequência, os réus do núcleo político escaparam de cumprir parte das penas em regime fechado. 
Quem tem padrinho não morre pagão e quem não tem comete crime até por estar sentado na praça, numa cadeira de praia, comendo algodão doce.


Os atuais projetos de lei propondo anistia
Sei de três projetos, dois na Câmara dos Deputados
(de autoria do Major Vitor Hugo e José Medeiros) e outro no Senado Federal (de autoria do senador Mourão). Têm características diferentes, mas não é impossível chegarem os autores a um acordo.

O que torna indispensável a anistia é o somatório de “excepcionalidades”, o abandono do senso de proporção na fixação das penas e o total desconhecimento das atenuantes
Como desconhecer a cultura política impressa no inconsciente popular em um século e meio de história da República, que sempre viu nas Forças Armadas a função de última instância que nossas constituições jamais providenciaram?  
Isso para não falar das atenuantes proporcionadas pela própria atuação dos ministros ao longo dos últimos anos. 
Eu não aprovaria anistiar os depredadores infiltrados ou não, presentes ou ausentes. Para os demais, contudo, a anistia é exigência do senso de justiça. Ou da aversão à injustiça. 

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

 

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Cine Apocalipse - Revista Oeste

Dagomir Marquezi

Foto: Montagem Revista Oeste/Divulgação
Foto: Montagem Revista Oeste/Divulgação

Boa parte dos cineastas e dos cientistas está falando a mesma língua. O que torna cada vez mais difícil distinguir os fatos da ficção. Cientistas nos mantêm em estado de permanente pânico. Cineastas se inspiram nessas previsões “científicas” para criar filmes em que milhões são mortos em frente aos nossos olhos enquanto tomamos uma cervejinha e comemos um salgadinho.

Filmes de catástrofe seguem geralmente uma receita que todo mundo conhece de cor:

  1. Um cientista descobre que um desastre natural nos ameaça a todos, mas ninguém acredita nele. É demitido do emprego e ridicularizado. Depois de algumas catástrofes, ele é chamado para salvar o planeta;
  2. Uma pessoa comum procura salvar sua família, e nós somos manipulados a torcer por esse pequeno grupo enquanto milhares morrem ao redor;
  3. Empresários planejam formas de lucrar com os eventos, indiferentes ao sofrimento dos mais pobres;
  4. Um excêntrico avisa que o mundo pode acabar através de um blog ou podcast. O maluco geralmente morre, feliz em saber que todo mundo agora sabe que ele tinha razão;
  5. No fim, os cientistas, os militares e os capitalistas negacionistas morrem (afogados, esmagados, soterrados). Os que acreditaram que a catástrofe iria acontecer sobrevivem entre as ruínas com a tarefa de construir um mundo mais justo e menos egoísta.

A lista abaixo cita filmes de catástrofe de alcance global. Você conhece a cena: num certo inevitável momento vemos a tela de uma TV em que bravos repórteres documentam a destruição de Londres, Paris, Sydney e Cingapura. Alguns deles morrem durante a reportagem. O mundo como o conhecemos está no fim. Não há como escapar. Passa a pipoca.

Godzilla (1954)

Direção: Ishirô Honda

Roteiro: Takeo Murata, Ishirô Honda, Shigeru Kayama

Elenco: Akira Takarada, Momoko Kôchi, Akihiko Hirata

O primeiro de uma longa série. Este monstrão original atacava apenas Tóquio, destruída tantas vezes em outros filmes japoneses. Mas as megaproduções posteriores tornaram a ameaça global. Godzilla é um lagartão de 120 metros de altura que surgiu por causa de mutações causadas pelos testes nucleares norte-americanos. 
Os japoneses tinham uma certa razão de não simpatizar muito com o assunto depois dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, que encerraram a Segunda Guerra. 
Mesmo assim, construíram 55 reatores nucleares desde 1966 e têm planos de aumentar em 20% o uso de usinas atômicas até 2030. 
Em 2011, tiveram outra experiência infeliz, com o grande terremoto/tsunami que abalou a usina de Fukushima. Mas nenhum lagarto gigante surgiu do fundo do mar nessa ocasião.

Armageddon (1998)

Direção: Michael Bay

Roteiro: Jonathan Hensleigh, J.J. Abrams, Tony Gilroy

Elenco: Bruce Willis, Billy Bob Thornton, Ben Affleck

Um asteroide do tamanho do Estado do Texas se aproxima da Terra. Catorze heróis partem para destruir a ameaça antes que ele chegue perto de nós. Em 1998, cineastas podiam reunir 14 machos (13 deles brancos) para resolver qualquer situação sem grandes patrulhamentos. O que pode dar errado com uma equipe chefiada por Bruce Willis ao som do Aerosmith? Atos individuais de heroísmo bastam para resolver as coisas. A aproximação do asteroide é dada como um fato natural, e ninguém carrega a culpa por isso.

Impacto Profundo (1998)

Direção: Mimi Leder

Roteiro: Bruce Joel Rubin, Michael Tolkin

Elenco: Robert Duvall, Téa Leoni, Elijah Wood

Uma espécie de Armageddon levado mais a sério. A ameaça é bem menor — um cometa de 11 quilômetros de extensão. Uma missão russo-norte-americana vai tentar destruir o cometa, como no filme rival, mas (desculpe o spoiler) não consegue. Aí entra um dos aspectos mais interessantes do filme e sua concepção de fim de mundo: a humanidade precisa sobreviver de alguma forma. Os EUA sorteiam 800 mil cidadãos que vão se reunir com outros 200 mil “cientistas, professores, soldados e artistas” para reconstruir a civilização numa fortaleza subterrânea. A questão dos “escolhidos” é um dos temas mais presentes na atual onda de catastrofismo ambiental. (Um toque pessoal: eu estava no meio da multidão de figurantes que comemora uma declaração do presidente Morgan Freeman no telão da Times Square. Está no minuto 01:32 do trailer.)

O Dia Depois de Amanhã (2004)

Direção: Roland Emmerich

Roteiro: Roland Emmerich, Jeffrey Nachmanoff

Elenco: Dennis Quaid, Jake Gyllenhaal, Emmy Rossum

O paleoclimatologista Jack Hall (Dennis Quaid) observa um grande pedaço de gelo desabando na costa da Antártida. Ele vai até a Assembleia Geral da ONU e declara que o mundo vai enfrentar uma nova era do gelo se “não parar de poluir a atmosfera”. A água doce que se desprendeu fez a temperatura desabar 13 graus nos oceanos. Seguem-se tornados (que destroem Los Angeles) e nevascas em cidades tropicais. Nova Iorque vira um freezer. A Estátua da Liberdade é coberta pela neve. Emmerich faz sua piadinha “anti-imperialista” ao mostrar que os norte-americanos invertem a mão da migração e se tornam refugiados no México, onde o clima é um pouco mais ameno. Fenômenos que deveriam demorar décadas acontecem em dias.

2012 (2009)

Direção: Roland Emmerich

Roteiro: Roland Emmerich, Harald Kloser

Elenco: John Cusack, Amanda Peet, Chiwetel Ejiofor

Existem os filmes de desastre. E existem os filmes desastrosos. 2012 teve US$ 200 milhões de orçamento, efeitos especiais a dar com o pau (muito bons, por sinal) e uma multidão de atores e técnicos. Roland Emmerich já tinha destruído o planeta Terra três vezes antes: em O Dia Depois de Amanhã, Independence Day e Godzilla. Este filme trata de um suposto calendário maia que teria previsto um alinhamento planetário para o dia 21 de dezembro de 2012. Ninguém dá importância. Segue-se uma salada mista de terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas. Prédios caem uns sobre os outros, veículos voam sobre abismos e o Cristo Redentor desaba sobre os turistas. No fim (como em Impacto Profundo), se repete o sorteio dos “escolhidos”, que habitarão grandes arcas marinhas, ao estilo de Noé. Mas você provavelmente já terá mudado de filme, enjoado com o tom quase pornográfico do genocídio gratuito que acontece na tela.

Tempestade: Planeta em Fúria (2017)

Direção: Dean Devlin

Roteiro: Dean Devlin, Paul Guyot>

Elenco: Gerard Butler, Jim Sturgess, Abbie Cornish

O ano é 2019 e “o aquecimento global” está fora de controle, provocando tempestades destrutivas ao redor do mundo. O cientista Jake Lawson (Gerald Butler) coordena a construção de uma rede de satélites (o “Dutch Boy”), que monitora e controla do espaço as avassaladoras tempestades. É pouca desgraça? Um vilão injeta então um vírus no sistema de satélites, que passam a multiplicar o caos meteorológico. O Rio de Janeiro mais uma vez é atingido, dessa vez na Praia de Copacabana. Raios cruzam os céus, aviões caem nas cidades, ventanias fazem um ônibus voar, mais tsunamis, tornados simultâneos, incêndios, quedas de granizo do tamanho de um rochedo…

Não Olhe para Cima (2021)

Direção: Adam McKay

Roteiro: Adam McKay

Elenco: Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep

O criador, Adam McKay, deve ter pensado: “Vou denunciar a indiferença do mundo com as mudanças climáticas disfarçadas como um cometa”. É uma comédia sobre o “negacionismo”, com o ator militante Leonardo DiCaprio num dos papéis principais. Meryl Streep é uma presidente completamente perua e irresponsável, uma versão feminina de como esquerdistas enxergam Donald Trump. Os republicanos no poder são idiotas que querem faturar “trilhões” com os minerais do interior do cometa. E (mais um spoiler) ainda conseguem se safar da catástrofe, mudando-se para outro planeta, indiferentes com o destino do restante da humanidade. O filme se tornou instantaneamente o queridinho da esquerda caviar nos EUA e foi indicado para quatro Oscars e outras 84 premiações. Alguns bons atores disfarçam o panfletarismo rasteiro desta produção.

Leia também “100 anos no ar” 

Dagomir Marquezi, colunista - Revista Oeste


sábado, 26 de fevereiro de 2022

Passatempo para o fim do mundo - Revista Oeste

Guilherme Fiuza

Segue uma lista de perguntas para você responder enquanto o mundo (não) acabaJoe Biden, João Doria, Vladimir Putin, Bill Gates e Justin Trudeau | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Joe Biden, João Doria, Vladimir Putin, Bill Gates e Justin Trudeau -  Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Já que essa conjunção de nerds bilionários, burocratas sorridentes e ditadores enrustidos resolveu acabar com o mundo, vamos tentar pelo menos trazer um pouco de leveza ao processo. Segue uma lista de perguntas para você responder enquanto o mundo (não) acaba. Bom Carnaval.

 

  1. A guerra do Putin é de direita ou de esquerda?
  2. A direita é a da caneta e a esquerda é a do relógio, ou ninguém mais usa caneta e relógio e estão todos no centrão do iPhone?
  3. Quem usa o termo “geopolítica” para explicar as coisas está georreferenciado em quais georreferências?
  4. A nova pandemia prometida pelo Bill Gates vai esperar a outra acabar, ou os aplicativos modernos já permitem a aplicação concomitante de duas pandemias?
  5. Se as investigações no Senado dos EUA concluírem que os parças do Bill (Dr. Fauci e cia) financiaram manipulação de coronavírus em Wuhan e que a pandemia surgiu mesmo de um vazamento de laboratório naquela cidade chinesa, o processo poderá ser patenteado ou vai continuar tudo no terreno da pirataria?
  6. Já que o Bill Gates tem tanto feeling para pandemias, será que ele podia adiantar algumas características do próximo vírus, de forma que os jornalistas do consórcio já possam saber quais remédios baratos serão censurados, depois do de piolho e do de verme, para não perderem tempo e não deixarem faltar mordaça?
  7. O STF vai investigar se o Bolsonaro mandou o Putin invadir a Ucrânia?
  8. O STF vai investigar se o Bolsonaro mandou o Putin não invadir a Ucrânia e ele invadiu assim mesmo, provando que o Bolsonaro não manda nada?
  9. Se o blindado do Fachin não afasta a preocupação com tiros, não seria o caso de colocar, por segurança, duas máscaras nas urnas eletrônicas?
  10. Não é meio fora de moda falar em tanques na era da guerra biológica?
  11. Não seria o caso de a Rede pedir ao STF que determine a substituição das metáforas bélicas pelas metáforas farmacêuticas?
  12. Por que o Putin não encomendou ao Bill um plano mais moderno e barato para subjugar os ucranianos?
  13. Quem foi o gênio que inventou a tirania de boa aparência?
  14. Com quantos Trudeaus se faz um Xi Jinping?
  15. Quem tem lockdown, passaporte vacinal e imprensa venal precisa de exército?
  16. Se vários países já suspenderam o passaporte vacinal e o Sambódromo do Rio de Janeiro foi fechado para o Carnaval sem a suspensão do passaporte vacinal na cidade, o prefeito Eduardo Paes está:
  17. Em outro planeta;
  18. Em outra pandemia;
  19. Confiante na vacina e mais confiante ainda no vírus;
  20. Convicto de que vacina é uma coisa e imunização é outra;
  21. Perguntando ao seu comitê científico até quando esse papo vai colar.
  22. Se João Doria desistir mesmo de ser candidato a presidente, o que será feito daquele belo jardim montado cuidadosamente para o seu marketing pandêmico?
  23. Se depois que começou a vacinação de covid tantos jovens passaram a sofrer mal súbito devido às mudanças climáticas, não seria o caso de desenvolver uma vacina contra o aquecimento global?
  24. Se a Rússia trouxer o apocalipse nuclear antes da próxima pandemia, isso poderá ser considerado uma traição de Vladimir Putin a Bill Gates?
  25. Se o mundo acabar mesmo, como ficará a geopolítica?

Leia também “Lula & Alckmin na intimidade”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste


quarta-feira, 15 de setembro de 2021

O atentado silencioso - Guilherme Fiuza

Gazeta do Povo - VOZES

No dia 11 de setembro de 2001 o mundo achou que estava acabando. Ou pelo menos que estava chegando ao fim um determinado tipo de civilização. Aqueles aviões atirados contra prédios imensos em Nova York talvez não existissem, até então, nos piores pesadelos. E as notícias em tempo real indicavam que havia outros aviões sequestrados e prontos para ser usados também como dardos gigantes – a exemplo de outro que já explodira contra o Pentágono.


Foto: Big Stock

Os Estados Unidos da América estavam vulneráveis como uma casa de bonecas no meio de um bombardeio. A nação mais poderosa do mundo capitulando ao vivo daquela forma patética e chocante parecia mesmo a senha do fim do mundo. Mas não era. O mundo só acabou 20 anos depois.

A imagem terrível de aviões cheios de passageiros usados como dardos diabólicos parecia que jamais teria paralelo – mas aí está ele. Num arrastão totalitário e obscurantista, crianças são empurradas para tomar vacinas sem estudos conclusivos quanto a eficácia e nem mesmo quanto a segurança – num experimento hediondo que despreza os baixíssimos riscos infantis da doença contra a qual supostamente se quer imunizar.

Ninguém com vergonha na cara em 2021 consegue explicar a lógica de se vacinar crianças contra covid. Mas uma menina de 12 anos com sequelas neurológicas após se vacinar, apresentada por sua mãe em prantos no Senado dos EUA, não comove a humanidade – não a ponto de uma revisão severa neste plano de vacinação irresponsável. Segundo levantamento recente do epidemiologista John Ioannidis (Universidade de Stanford) a chance de morte por covid de 0 a 19 anos de idade é, em média, de 0,0027%.  

Quem tem coragem de afirmar que a menina Maddie, de Ohio, precisava tomar essa vacina como uma cobaia para “salvar” crianças e adolescentes de um risco de 0,0027% de morrer? O mundo acabou. Você tem à sua volta novos dardos diabólicos mostrando a face hedionda da humanidade – agora apontados para bilhões de pessoas. Um dos maiores propagandistas desta insana vacinação infantil contra covid é o mesmo que está sob investigação do Senado norte-americano – suspeito de bancar a manipulação do coronavírus no Instituto de Virologia de Wuhan, cidade chinesa onde surgiu a pandemia, Dr. Anthony Fauci. Anote este nome no seu diário do fim do mundo.

Vacinas que sequer impedem a transmissão do vírus entre pessoas vão sendo empurradas dentro de uma suposta ética de saúde. É claro que se uma vacina gera imunização individual (ao menos contra agravamento da infecção, como dizem) e não impede o contágio, não há ética coletiva alguma sustentando a tese de que todos precisam se vacinar para proteger o outro. E onde se alega ciência sem que exista ciência, pode haver qualquer coisa: propaganda enganosa, lobby, violência ou crime. Só que a humanidade se submete docilmente a esses perigosos princípios farsescos. O que houve com o mundo? É simples: ele acabou.

A mãe de Bruno Graf, morto aos 28 anos de idade de AVC hemorrágico após se vacinar contra covid, está encomendando exames no Brasil e no exterior para investigar exatamente a causa da morte. Foi a mesma vacina e a mesma consequência que matou Thaís Possati de Souza – levando a Anvisa a vetar essa vacina para grávidas. A mãe de Bruno, Arlene Ferrari Graf, tem recebido diversos relatos de famílias de vítimas das vacinas contra covid – todas vítimas da desinformação e da propaganda enganosa que vende a vacinação como um processo seguro e eficaz, sem que os estudos requeridos estejam concluídos.

O mundo acabou porque a humanidade entregou sua saúde e sua liberdade aos tiranos do falso humanismo. Virou refém de lockdowns, passaportes sanitários e outras atrocidades. Isso é terrível e pode ter consequências ainda mais profundas que quatro aviões sequestrados por terroristas carniceiros. Em setembro de 2021, o mal está vestido com as roupas do bem. Rasguem-nas, se acharem que ainda pode haver vida saudável depois do fim.

[o Blog Prontidão  Total, corrobora sua posição favorável ao uso de vacinas. Apenas nos parece que o uso em pessoas dos 12 aos 17 anos deve ser precedido de amplos estudos e realizado sob rigoroso acompanhamento dos que receberem o imunizante.
Não podemos deixar de destacar o comportamento estranho, dizendo o mínimo, do governador do DF,  que passou a priorizar a segunda dose, em detrimento da primeira - por óbvio, aplicar a primeira é essencial para que possa ocorrer a aplicação da segunda dose. Temos observado que a cada dia o número de 'completamente' vacinados se aproxima do número dos que tomaram a primeira dose = quando os vacinados com a primeira dose ainda não representam sequer 70% do total de vacinados. 
Se alguma  coisa não for feita para incrementar a primeira dose, logo o número dos vacinados com a segunda dose alcança o dos que receberam apenas a primeira e vai sobrar, digamos, um 'buraco'  entre 30% a 40% da população do DF que não tomaram nenhuma dose.]

Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 6 de julho de 2021

Um xerife em busca de um crime - Gazeta do Povo

Normalmente, há algum indício de crime e o Ministério Público prepara a denúncia, que será avaliada por juízes competentes. Isso em situações normais, ou em países normais. No Brasil do STF aparelhado por petistas e tucanos, a coisa é bem diferente. Um só ministro supremo pode ser, ao mesmo tempo, o procurador, a vítima, o investigador e o juiz. É assim que nasce o inquérito do fim do mundo, por exemplo.

Alexandre de Moraes, que foi filiado ao PSDB, relata esse inquérito, assim chamado pelo colega Marco Aurélio Mello, que também o rotulou de xerife. Em outro processo similar, provocado pela PGR, a decisão foi pelo arquivamento, como deveria ser pela falta de consistência, mas o xerife resolveu inovar: ele acatou a indicação pelo arquivamento, mas imediatamente criou novo processo, em que o próprio Supremo vai ser o responsável, para tratar de “organização criminosa digital” no caso das manifestações “antidemocráticas”.

A deputada Bia Kicis, citada no processo, desabafou: “O Ministro Alexandre de Moraes faz de conta que acata pedido de arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos feito pelo titular da ação penal e manda abrir outro, distribui para si mesmo, de forma totalmente antidemocrática e ilegal”. Leandro Ruschel questionou: “um juiz pode arquivar inquérito a pedido do MP e, no mesmo ato, abrir novo inquérito praticamente igual, arrogando a si o papel de instrutor e definindo a mesma autoridade policial para continuar a investigação?”

Claro que não! O procurador e professor de Direito Marcelo Rocha Monteiro chamou a medida de “fórmula mágica”, que troca seis por meia dúzia. Afinal, a Constituição Federal não dá ao poder Judiciário atribuição para instaurar nem conduzir inquéritos. O Judiciário pode, quando muito, autorizar investigações solicitadas pela polícia ou pelo Ministério Público, mas não pode jamais tomar a iniciativa de instaurar. Isso é elementar!

[o ativismo judicial permanece por ao ser praticado pela instância máxima do Poder Judiciário, os insatisfeitos, ou vítimas da 'suprema' prática NÃO TEM A QUEM RECLAMAR.
Quando o Brasil dispuser de uma instância que supra tal ausência, o ativismo acaba.]


O que temos observado, portanto, é um grau sem precedentes de ativismo judicial por parte deste STF. E essa é a maior ameaça hoje às nossas instituições republicanas, às nossas liberdades e à própria democracia. É análogo a um estado policialesco, em que um “xerife” pode tudo. Uma jornalista "democrata", de esquerda, disse com a maior naturalidade que o intuito do ministro é "manter a pressão" sobre Bolsonaro, como se esse fosse seu papel, como se isso fosse função de ministro supremo.

Moraes tem agido como um ativista, e todos percebem isso. Mas poucos condenam. Seja por medo, o que só reforça a tese de estado policialesco, seja porque aplaude os fins “nobres” de atacar Bolsonaro e, com isso, justifica os meios ilegítimos. Bolsonaro, porém, vai eventualmente sair. O arbítrio judicial fica. E ele é muito perigoso!

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 29 de março de 2021

UM DIA A CASA CAI - Percival Puggina

Poderosa e voluntariosa corte constitucional. Leniente tribunal penal para réus com privilégio de foro. Topo da infinita escada recursal do Poder Judiciário.  
Usurpador confesso da inexistente função de poder moderador da República. Assim é a Corte. Com tais mantos se engalanam os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal brasileiro. 
Pela conduta militante, ele e imprensa também militante são os dois agentes políticos mais ativos do país. 
Congresso Nacional? Vem bem depois, com seus negócios. Presidência da República? É o mais despojado dos poderes de Estado.
 
Pelo que tem realizado nos últimos anos, a atual composição do STF é a maior tragédia legada pelo aparelhamento esquerdista do setor público nacional. 
É um caos silencioso.  
A parceria solidária da imprensa emudece e canibaliza o espírito crítico com que poderia contribuir, em ambiente de pluralismo e liberdade, para retificar os rumos do país. Sim, houve um tempo em que a imprensa fazia isso. 
Toda opinião, toda crítica estão focadas, hoje, na pessoa do presidente. Legisle o Congresso em causa própria, dificulte ainda mais o combate à criminalidade, opere em favor da impunidade, faça o STF o absurdo o que fizer, tais escândalos, se mencionados, ganham edição estéril, viram informação placebo. Você pensa que foi informado, mas não foi.

E o cidadão? Ora, o cidadão! Dele se exige ficar em casa sendo doutrinado pelo incansável realejo das TVs. Se alguém arriscar opinião divergente nas redes sociais, ensaiadas injúrias desabam sobre o infeliz, a quem chamam “gado”.A nação vive um silêncio imposto pelo medo. Medo, sim. Há o medo da covid-19, claro. Mas há, também, o medo da Justiça, que é do “fim do mundo”, mas não é divina. São temores que escravizam.

Quem impõe censura, cria seu assustado filhote, a autocensura.

A palavra “gado” define a situação de curral a que estamos submetidos. Fecharam-se as porteiras das alternativas e a farra da Casa Grande nos escraviza enquanto escarnece de nossas opiniões. 
É surpreendente que exijam respeito. Não é respeitável o que fazem! 
Respeitem para serem respeitados. 
Respeitem os mandatos que lhes foram concedidos, senhores congressistas. 
Respeitem a vontade expressa nos votos e o resultado das urnas, senhores ministros do STF. 
Respeitem o pequeno detalhe que ainda chamamos de Constituição.

A Lava Jato, que cometeu o crime de levar à condenação nossos Adãos de paraísos fiscais, recebeu atestado de óbito numa sessão virtual da 2ª turma. E viva a gandaia!

O Brasil tem uma história anterior a esse colegiado, dispensa suas lições e, mais ainda, sua visão de mundo
O farol com que os 11 pretendem iluminá-lo ensombrece e entristece o futuro. 
Naquelas cadeiras sentaram pessoas muito mais sábias, muito mais cultas, muito mais comprometidas com a nação. Eram respeitáveis. 
Já a atual composição do STF, desnorteada com sua impopularidade e com a animosidade que suscita, busca se impor pelo medo, como fazem os ditadores. 
É impossível que os poderes de Estado, em seus escancarados anseios de autoproteção e de proteção recíproca, não percebam o gemido da alma nacional nestes tempos de frustração e temor.

Atentem todos, porém, para o fato de que as circunstâncias podem retardar a resposta da sociedade, que tarda, mas não falha. Senadores e Deputados Federais! Se não pelo país, ao menos por apego aos próprios mandatos, cumpram com seu dever. A situação atual não é sustentável.

Money Pit é uma comédia romântica dos anos 80, com Tom Hanks e Shelley Long. Conta a história de jovem casal que comprou uma casa onde nada funciona. O nome que esse filme recebeu no Brasil vale como advertência: “Um dia a casa cai”.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.

 

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Quem precisa de STF quando se tem a ONU? Rodrigo Constantino

Qual a função básica de uma Suprema Corte? De forma bem objetiva, seria exercer o papel de guardiã da Carta Magna, ou seja, verificar que todas as leis produzidas pelo Poder Legislativo estejam de acordo com a Constituição, além de representar a última instância da esfera do Poder Judiciário. Trocando em miúdos, deve fazer valer a lei, não cria-la. Juízes não são legisladores, simples assim.

A esquerda não costuma enxergar dessa forma. Quando se depara com um "originalista", chama-o de "ultraconservador". Juízes "progressistas" se veem como legisladores ungidos, que devem "empurrar a história" na direção "certa", da "justiça social" ou "justiça racial". Eles se consideram ungidos e iluminados, e a base esquerdista deseja usa-los para reverter no "tapetão" aquilo que tende a perder nas urnas, pois o "povão" é tosco demais para acompanhar tanto "progresso moral". Para piorar, estão sintonizados com aquilo que ocorre no "mundo".

No caso, na ONU. Os "progressistas" abraçaram o globalismo como instrumento para impor, de cima para baixo, esse modelo elitista e arrogante. Não precisam respeitar a soberania nacional, conceito ultrapassado que só encanta a "extrema direita", os "ultranacionalistas". Os "progressistas" são, como Obama, "cidadãos do mundo", cosmopolitas, "liberais" e, claro, modernos, avançados, descolados.

A democracia costuma representar um empecilho a tais objetivos tão nobres. Por isso ela só serve quando dá vitória para a esquerda, ainda que com suspeita de fraude. Quando vence um Trump da vida, um Bolsonaro, aí ela passa a ser uma "ameaça" a si mesma, ou seja, a "vontade popular" só é boa quando bate com a dos "iluminados". É nesse contexto que devemos analisar a aliança entre nosso STF e a ONU, divulgada com orgulho nesta quarta pelo próprio Supremo:

Flavio Gordon, colunista da Gazeta, foi direto ao ponto em sua resposta: "Comecem limpando a própria casa e extinguindo o inquérito do fim do mundo, antes de encherem a boca para falar de mundo melhor, estado de direito e direitos humanos. Respeitem o povo brasileiro".

É disso que se trata. O STF não parece se importar tanto com a própria Constituição brasileira, mas quer acender vela para a ONU, uma entidade corrompida, que tem países-membros que claramente desrespeitam os mais básicos direitos humanos. A ONU é a casa global da esquerda caviar.  
Conceitos vagos substituem aqueles mais objetivos, justamente para permitir o arbítrio dos poderosos, sem o devido respaldo legal e sem a legitimidade do apoio popular.


O globalismo segue avançando. Sua meta é uma espécie de "governo mundial" controlado por políticos sem votos e burocratas e tecnocratas sem rosto, todos devidamente manipulados por bilionários metacapitalistas, figuras como o especulador George Soros, um dos maiores financiadores da esquerda radical mundo afora.

Seu braço direito, Mark Malloch Brown, que atende pelo pomposo termo "lorde", tem ligações com a Smartmatic, empresa de software de urnas eletrônicas. Em seu livro sobre globalização, o termo mais usado é "manage", ou administrar, defendendo a ideia de que a globalização precisa ser melhor controlada de cima para baixo, por entidades supranacionais. Mas a esquerda chama tudo isso de "teoria da conspiração", ainda que seja confessado pelos próprios articuladores do globalismo.

O mundo está vivendo uma clara disputa entre globalistas e defensores das fronteiras e da soberania nacionais. 
Elite arrogante e elitista de um lado, e o povo do outro. 
O abismo é crescente. Em algum momento isso pode gerar um conflito mais sério. O socialismo, afinal, nunca funcionou e jamais contou com apoio do povo. Teve de ser imposto na marra, com intimidação e opressão. Até as vítimas dizerem basta!
 
Rodrigo Constantino, jornalista - Gazeta do Povo - Blog
 

domingo, 3 de maio de 2020

Fim do Mundo - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Brasil no epicentro da pandemia, Moro depondo, Bolsonaro e povo sem entender nada
O ex-chanceler alemão Helmut Schmidt, grande orador e um dos maiores estadistas do século 20, previu numa conferência do InterAction Council, fundação que reúne ex-chefes de Estado e de governo, em Xangai, em 1994, que o fim do mundo não seria por guerras e bombas, mas sim por uma doença desconhecida disseminada pelas migrações massivas. O Homo Sapiens surgiu de uma mutação genética e seria destruído por um vírus.
O relato é do ex-presidente José Sarney, que estava presente, ao lado de figuras lendárias como Henry Kissinger, Robert Mcnamara e o fundador de Cingapura, Lee Kuan Yew. Ao completar 90 anos, Sarney mantém íntegros a memória primorosa e o capricho ao contar histórias, uma característica dos maranhenses. Quanto ao fim do próprio mundo não se sabe, e espera-se não saber tão cedo, mas a sensação é de fim do mundo no Brasil, que vai se transformando no novo epicentro da covid-19, com a economia e os empregos implodindo e uma crise política absurda. Em meio ao caos, o presidente da República e milhões de pessoas continuam sem entender nada.
As manchetes de sábado reproduziam a realidade. Estado: “Impeachment é a última opção”, segundo o ministro do STF Luís Roberto Barroso; “Ninguém vai querer dar um golpe em cima de mim”, declarava o presidente Jair Bolsonaro; “A incógnita Mourão nos bastidores do poder”, informava a Coluna do Estadão. Globo: “Brasil vira um dos polos globais da covid-19”. UOL: “Bolsonaro ameaça demitir ministro que não ceder cargos ao Centrão”. O ex-ministro Sérgio Moro detalhava à PF e ao MP suas acusações ao presidente. [detalhar não é provar e quanto mais detalhado um depoimento, maior a chance de apresentar fatos; 
Frederic Forsyth, fantástico escritor,  especialista em livros de ficção, detalhados ao extremo.] Local: justamente a Superintendência da PF em Curitiba, onde o ex-presidente Lula ficou preso por 580 dias, condenado por Moro e pelo TRF-4 no caso do triplex do Guarujá. Alvo do depoimento: Bolsonaro, pivô da ação que pede ao STF o impedimento do ex-juiz nos processos de Lula. Moro condenou Lula e pode condenar Bolsonaro. Alvo da esquerda lulista, é agora também da direita bolsonarista.

O destino de Bolsonaro está nas mãos e nas provas que Moro diz ter. O destino do governo depende institucionalmente do STF e do Congresso e, politicamente, dos militares e do Centrão. Tudo embrulhado nas milhares de mortes, a maior recessão da história, um oceano de empresários quebrados e trabalhadores desempregados e, portanto, um cenário social nada tranquilizador. Alheio à realidade, o povo volta em massa às ruas e à sanha do coronavírus, que ganha a guerra sem esforço e adversários. Há os desesperados que se amontoam para dividir o vírus e a esperança de R$ 600,00. Os que enfrentam o vírus “como homens, não como moleques”. E os perversos, que salvam a própria pele, mas não estão nem aí para a pele de pobres e trabalhadores.
É assim que o Brasil vai se destacando nas manchetes internacionais e até nas entrevistas de Donald Trump como a “bola da vez”, mesmo com a China sob críticas, desconfianças e forte recessão, a Europa juntando os cacos, a África esperando bovinamente a sua vez e os próprios EUA atingindo 70 mil mortos e uma avalanche de desempregados jamais vista.
A imagem do Brasil vem sendo devastada por ataques à OMS, votos na ONU, o presidente contra o isolamento e pró atos golpistas, os textos alucinados do chanceler Ernesto Araújo. E o casal de bolsonaristas, com a bandeira nacional, atacando enfermeiros clamando pacificamente por melhores condições de trabalho e portando cruzes negras pela morte de colegas? 
Em todos os países, homenagem e reverência ao pessoal da saúde, que arrisca (e perde) a própria vida para salvar vidas. Não na capital do Brasil. Aqui, até os enfermeiros são “comunistas”, os vilões da história.

Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo 


sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Todos os poderes do Supremo - Fernando Gabeira

Artigo publicado no Estadão em 04/10/2019
 
Embora não conheça os bastidores e meu trabalho costume ser distante de Brasília, às vezes sou tentado a dar explicações simples sobre esse complexo movimento do Supremo. Toffoli num certo momento, atendendo Flávio Bolsonaro, proibiu o Coaf de passar informações financeiras aos órgãos de investigação. Em seguida, Alexandre de Moraes suspendeu uma investigação do Coaf, na esteira da decisão de Toffoli. Finalmente, Gilmar confirmou a suspensão do processo de Flávio e Queiroz.

A decisão de Toffoli é problemática em si, pois traz prejuízos à luta contra a corrupção e se choca com compromissos internacionais do País. De sua parte, Bolsonaro escanteou o Coaf e o transformou num órgão de inteligência financeira no Banco Central.  Tudo começou com o dinheiro de Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro. O mínimo que se pode dizer e que é difícil de explicar, senão não haveria tanto empenho em bloquear as investigações. Mas o Coaf numa outra dimensão estava também examinando as contas bancárias da mulher de Toffoli e da de Gilmar

Pobre Coaf: uniu o presidente e dois Poderes contra ele. Sem contar Senado e Câmara, cujos líderes não morrem de amores por quem segue o curso do dinheiro. Para agravar o problema, surgiu um grupo corrupto na Receita Federal, precisamente em contato com a Lava Jato do Rio de Janeiro. Foi desmantelado nesta semana. Tudo indica que acessou ilegalmente os dados da mulher de Gilmar.

Quando Toffoli proibiu usar dados do Coaf, ainda não se sabia desses crimes dos fiscais, levantados pela própria Lava Jato. E sua decisão repercute em centenas de casos policiais no Brasil, paralisa investigações. A suspeita de corrupção na Polícia Federal, por exemplo, não poderia suspender todas as suas atividades no combate ao crime. [talvez já tenha sido esquecido que a decisão de Toffoli foi provocada por uma ação antiga, de um posto de gasolina contra a Receita Federal.]
Toffoli criou uma delegacia própria dentro do STF. Alexandre de Moraes funciona como o delegado. Censurou a revista Crusoé, determinou buscas e apreensões na casa das pessoas.
Eles têm um canto próprio de poder e os outros ministros parecem conformar-se. As lamentáveis declarações de Janot serviram para fortalecer esse núcleo e, simultaneamente, revelar seu viés autoritário.

Considero razoável que, depois do que disse, fosse apreendida a arma de Rodrigo Janot. Para evitar recaídas. No entanto, é completamente inexplicável apreender celulares, computadores e tablets na casa do ex-procurador. Não esclarece nada sobre o caso, todavia abre um leque de informações valiosas no jogo do poder. Da mesma forma, é exagerado proibir que Janot se aproxime de qualquer ministro do Supremo. Não há nenhum indício de que represente perigo para os dez restantes. É supor que Janot encontrasse um ministro e dissesse: não tem o Gilmar, vai você mesmo.  São passos de uma dança velha como a política. A pretexto de combater os métodos autoritários, enveredam pelo caminho que querem combater.

Numa decisão do plenário, o Supremo deu a entender que poderia suspender muitas condenações da Lava Jato. Minha presunção é de ter sido apenas um bode na sala: restringir a anulação da sentença aos casos de quem recorreu.  Apenas uma presunção. O Supremo sabe que não há uma oposição pequena no Congresso e Jair Bolsonaro foi neutralizado pelo flanco aberto no caso de Flávio e Queiroz. A única modulação possível nasce na sociedade, embora algumas manifestações que pedem o fechamento do STF acabem por fortalecê-lo, tal como é. É uma situação complicada e no fundo está em jogo não a extinção da Lava Jato, mas o limite do freio de arrumação.

Se as coisas marcham nesse ritmo, o limite será dado com o fim da prisão em segunda instância. Suponho que esse seja o marco que pretendem atingir. [O Supremo, decisão do ministro Toffoli, por caminho enviezado e na falta de um oportuno pedido de vista de algum ministro sobre o processo das 'possíveis anulações de sentenças', optou por criar uma regra inexistente no RISTF e  na Carta Magna  - aliás regra para socorrer o Supremo em decisão tomada sobre matéria que não existe nas leis - qual seja: exigência da presença dos onze ministros para deliberar sobre determinada matéria - quem decide a matéria 'especial'  é o presidente da Suprema Corte.] 

Não considero surpreendente que Lula tenha desprezado a progressão de sua pena e se recusado a deixar a prisão. Empregou toda a sua energia na tese de que é inocente e nega o processo de corrupção. Por que, agora, sair da cadeia e enfraquecer a própria narrativa? Sobretudo porque no horizonte está a decisão do Supremo sobre a prisão em segunda instância, ou mesmo a suspeição de Sergio Moro. Ele se mostra mais experiente que seus conselheiros.

Num mundo em que as narrativas atropelam as evidências, elas são a matéria-prima do processo eleitoral. Narrativas contra narrativas, as do populismo de direita ou de esquerda continuam sendo as que mais polarizam. Esse confronto é previsível e existe em outros países. O que há de singular é ver como a política caiu nas mãos da Justiça. De um lado, pela incapacidade de resolver no espaço próprio grandes temas nacionais. O Supremo decide pelos parlamentares. Além disso, tanto esquerda como direita têm seus problemas criminais e precisam sempre da boa vontade dos ministros.

Não creio que Toffoli, Gilmar e Moraes queiram o poder apenas para si. Duvido que contestassem o surgimento de outro núcleo, com objetivos próprios e, quem sabe, sua própria delegacia informal. Poderes monocráticos ou mesmo grupais na alta Corte são apenas um reflexo do vazio em torno dela. O que é possível hoje, e nesse sentido a democracia está de pé, é protestar, mesmo sabendo que são eles que decidem se ouvem ou não. Como disse acima, é uma democracia. Mas não do tipo que você está satisfeito com seu funcionamento.

O processo de redemocratização foi tocado com consensos bastante amplos, como o da luta pelas eleições diretas. Os próprios atores o levaram para um impasse. Vieram a Lava Jato, as delações do fim do mundo. As eleições eram um caminho para recomeçar. Mas a renovação foi insuficiente no Congresso. E Bolsonaro é um museu de novidades.   O próprio calendário eleitoral pode reanimar a energia renovadora, voltada para as cidades e seus problemas. Ainda assim, o quadro nacional continua inquietante.
É algo que pode ser também retomado com novas batalhas eleitorais. Mas não suprime a questão: o que fazer até lá, como se mover nesse labirinto?

Blog do Gabeira - Fernando Gabeira
 

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

O recado do STF a Moro - Leandro Colon

 Folha de S. Paulo

Cresce a aposta de que Segunda Turma votará pela suspeição do ex-juiz no caso do tríplex

Não bastasse a fritura que vem sofrendo por parte do presidente Jair Bolsonaro, o ministro Sergio Moro (Justiça) pode ser derrotado em breve pelo STF em julgamento sobre métodos da Lava Jato. A dica foi dada pelo ministro Gilmar Mendes em entrevista que concedeu à Folha e ao UOL, em Brasília. Para o ministro, a popularidade de Moro, bem acima da de Bolsonaro, segundo o Datafolha, não deve influenciar no julgamento da Segunda Turma sobre a suspeição do ex-juiz no caso do tríplex de Guarujá. “Se um tribunal passar a considerar esse fator, ele que tem que fechar, porque perde o seu grau de legitimidade”, disse o ministro do STF.
 
[data máxima vênia,  da Segunda Turma se espera tudo, inclusive, aliviar para bandido, no caso o presidiário petista.
Tem apenas um detalhe: o Supremo como instituição e seus ministros, de forma coletiva ou individual, são guardiões da Constituição e esta tem uma determinação cristalina quando proíbe que provas ilicitas sejam juntadas aos autos.
 
As supostas mensagens que podem vir a sustentar uma decisão favorável ao ex-presidente Lula, - atualmente um presidiário cumprindo uma sentença confirmada mais de 100 vezes em todas as instâncias do Poder Judiciário e aguardando a confirmação de outra condenação - são produto de crime (roubo, invasão, formação de quadrilha, etc) e não tiveram nem podem ter sua autenticidade comprovada.
 
A determinação constitucional é tão clara que não pode ser modificada por interpretação, assim, a Segunda Turma terá - para validar tais provas - que reescrever o inciso LVI do artigo 5º, = legislar = o que é competência do Poder Legislativo.
Se a 2ª Turma do STF se arvorar em 'Poder Legislativo', estará violando a competência constitucional de um outro Poder e com isso as portas estarão abertas para o caos institucional no Brasil.
O mais sensato, seria o assunto ser encaminhado ao Plenário do Supremo - que não possui competência legislativa, mas, talvez uma violação ao texto constitucional efetuada por onze ministros seja mais suportável.
Cabe encerrar com afirmação do ministro Eros Grau que integra voto feito no julgamento da ADPF 153: "...mas os juízes - repito - não fazem justiça, são servos da lei."
Não podem transformar o STF no Estado, concentrando no Estado todos os poderes da nação, segundo os principios expostos na famosa frase de Luis XIV.]


De acordo com Gilmar, o tema ligado a Lula será apreciado pelo colegiado até novembro. Está logo ali. Nos bastidores do STF, cresce a aposta de que os ministros Celso de Mello e Cármen Lúcia caminham para votar contra a atuação de Moro. Com a posição conhecida de Gilmar e Lewandowski, seriam quatro votos pela derrota do ex-juiz contra o voto isolado de Edson Fachin. A repórter Thais Arbex contou na Folha que Cármen Lúcia ficou impressionada com o teor das mensagens trocadas pelos procuradores da Lava Jato. Em uma das conversas, a ministra foi chamada de “frouxa”. [ministra Cármen Lúcia, dizendo o óbvio: um ministro tem que ser imparcial, o que inclui ser imparcial, assim,  ainda que a mensagem que a senhora ouviu  e na qual é chamada de 'frouxa', fosse comprovadamente verdadeira, autêntica, e tivesse sido obtida por meios lícitos a senhora teria que ser imparcial, portanto, impessoal, ou então se declarar impedida.]

Cármen foi quem homologou, como presidente do STF, a delação da Odebrecht após a morte de Teori Zavascki. Para ministros do STF, aquele gesto foi uma homenagem dela ao colega, que conduzia as tratativas até morrer em uma queda de avião. O tempo mostrou que grande parte dessas delações era frágil, feita às pressas pela Lava Jato, sem elementos capazes de comprovar o que os executivos haviam dito. A delação do fim do mundo virou um mico. De lá para cá, a ficha de Cármen caiu, dizem ministros. Assim como a do decano Celso de Mello, cujo voto carrega sempre um simbolismo. Uma derrota de Moro deve favorecer Lula e provavelmente causar turbulência política no país. Outro efeito imediato será o enfraquecimento do ministro de Bolsonaro.

Leandro Colon - O Estado de S. Paulo

 

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O dia do fim do mundo e Uma família do barulho!

Pode ser hoje se...

se o Supremo Tribunal Federal validar o indulto de Natal assinado no ano passado pelo presidente Michel Temer que beneficia condenados por corrupção. Uma vez isso aconteça, Temer poderá reeditar o decreto e aplicá-lo antes de sair do cargo – quem sabe desta vez também beneficiando Lula. Não seria justo descriminá-lo;

… se o vereador Carlos Bolsonaro apontar o nome do colaborador do pai que significa uma ameaça à vida do presidente eleito. E se essa figura for aquela que muitos têm na cabeça. A República viria abaixo -ou quase;

… se preocupado em evitar o pior, o general Eduardo Villas Boas, comandante do Exército, tuitasse uma grave advertência ao país como fez às vésperas de um dos recursos da defesa de Lula ser julgado pelo Supremo e, naturalmente, negado pelo bem da Nação; [a Constituição atribui as FF AA a manutenção, quando necessário, da Ordem Pública  e se um Twitter for uma forma de evitar o agravamento de eventual desordem em gestação, é justo, ou mesmo um DEVER que o general tuíte um alerta e até os petistas sabem que o indulto do Temer mão pode ser validado pelo Supremo - é urgente a manutenção de sua suspensão. (o que é inaceitável é que o STF, a qualquer título ou pretexto, mude o texto sob análise - suspenda-o, revogue-o, mas modificar = legislar = é uma situação inaceitável.]
Seria o dia do fim do mundo, pelo menos deste que conhecemos.

 Uma família do barulho!

Diversão garantida



Famílias presidenciais são como todas as famílias: sempre têm espaço para mais uma … confusão. É o caso dos Trump e, também, dos Bolsonaro.

Jair, o pai, elegeu-se presidente da República e ainda conseguiu pôr três filhos no Legislativo. Um na Câmara de Vereadores do Rio, outro na Câmara dos Deputados e um terceiro no Senado. Feito inédito nessa faixa verde-oliva-amarela abaixo do Equador.
A família Bolsonaro constitui o primeiro círculo do poder do futuro governo. É um núcleo masculino, onde se destaca em cadeira cativa a mulher de Bolsonaro, Michelle, uma ativista social. Nele, Bolsonaro-pai só permitiu a entrada de uma pessoa que não é da família, o deputado federal eleito pelo Rio Hélio Fernando Barbosa Lopes, ou Hélio “Bolsonaro” ou ainda Hélio Negão, invariável acompanhante do presidente eleito em todas as ocasiões. São velhos amigos íntimos.

Dificilmente haverá decisão importante de governo sem trânsito por esses cinco (os três filhos parlamentares, o silencioso deputado federal Hélio e a primeira dama Michelle). No mínimo, eles terão conhecimento prévio das decisões capazes de afetar a vida de todos os brasileiros e – quem sabe? – de abalar a de parte do mundo.
Ao integrar os filhos-parlamentares no centro de decisões de governo, Bolsonaro-pai criou um problema para o presidente Bolsonaro. É desses problemas insolúveis, pelas seguintes razões:
1) filhos são indemissíveis da vida de qualquer pai;
2) os bolsonaro-parlamentares são jovens, inexperientes em política, e se apresentam em público como se fossem generais de uma revolução deflagrada no berço doméstico;
3) eles são percebidos como os mais qualificados intérpretes da vontade do pai-presidente e os mais autênticos porta-vozes do presidente-pai;

No conjunto, aparentam uma corte familiar. Isso, no tumultuado ambiente político de uma transição de governo, é suficiente para atrair gestos gratuitos de cortesia, alianças interessadas e adversários no poder. De Hélio Negão nunca se ouviu palavra. Nem mesmo um sussurro. Tampouco se viu um gesto. Da primeira-dama tudo que se ouviu até agora foi um breve discurso sobre sua disposição de batalhar por uma causa nobre – a inclusão de pessoas portadoras de deficiências.

Os Bolsonaro-filhos são opostos. Comportam-se como parlamentares de movimentos estrepitosos, indiscretos, e parecem ter necessidade de reafirmação pública e constante do poder conquistado pelo DNA de família. Nas últimas 48 horas, um disse nos Estados Unidos que a reforma da Previdência tem poucas chances de ser aprovada. O outro, aqui, que tem chances, sim. O terceiro…  Eles se comunicam e se divulgam de preferência via fraseados de 240 caracteres no twitter, geralmente no estilo de desabafo contra tudo e contra todos que, por acaso, possam não concordar com 100% do ideário lapidado na Barra da Tijuca, o berço doméstico.

À medida em que a posse presidencial se aproxima, começam a ver adversários e até inimigos por todos os lados. Como foi o caso do vereador carioca Carlos Bolsonaro com seu twitter a respeito do perigo que corre a vida do seu pai. [alerta que não pode ser menosprezado - afinal vale lembrar de Celso Daniel, Toninho do PT e outros.] Não creio que Carlos faça gosto pela leitura de clássicos. Ele poderia ter citado Marco Antonio nos funerais de César: “Então, eu e vocês e todos nós também tombamos, enquanto essa sanguinária traição florescia sobre nós.” Caberia num post com 140 caracteres.

É possível que Jair Bolsonaro não imaginasse que venceria a eleição. Eleito, talvez não imagine como será seu governo com três filhos políticos afoitos, indiscretos e com a ansiedade juvenil de reafirmar a todo momento, sua condição de família onipresente no coração do poder.
Deus salve a América! Quero dizer: o Brasil.

Blog do Noblat - Revista Veja
 

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Inversão dos polos magnéticos da Terra não causará o fim do mundo, afirma Nasa

Em artigo publicado em seu site, a agência espacial americana afasta boatos que ligam a mudança do polo magnético a uma possível hecatombe global

Artigo publicado nesta quinta-feira no site da Nasa, agência espacial norte-americana, afasta qualquer possibilidade da mudança do polo magnético da Terra causar o apocalipse. Fonte de muitas teorias sobre o fim do mundo, essa inversão magnética não deve varrer os seres vivos da face da Terra ou mudar o eixo de rotação do planeta, diz o estudo. “Os registros fósseis não mostram nenhuma mudança dramática na vida de animais e plantas da época da última inversão”, afirma o texto.

 O planeta Terra visto do espaço (Getty Images/Getty Images)

O polo norte magnético da Terra “viaja” a 64 quilômetros por ano e já está a 1.100 quilômetros ao norte do ponto em que pesquisadores o localizaram pela primeira vez, no século 19. A velocidade do ponto para o qual apontam as bússolas tem aumentado – era de 16 quilômetros por ano no início do século 20 – e deve levar a uma inversão dos polos magnéticos do planeta.

HECATOMBE MAGNÉTICA
Quem vê na inversão de polos um sinal do fim do mundo afirma que as mudanças no campo magnético no planeta vão arruinar a migração de espécies animais, expor a atmosfera à radiação solar mortal e mudar o eixo da Terra, levando o gelo dos polos a derreter, inundando os continentes. Para os cientistas da Nasa, porém, isso não ocorrerá. A inversão de polos é regra, não exceção, afirmam eles, e já ocorreu diversas vezes desde que existe vida na Terra. Os dinossauros e nossos ancestrais hominídeos já passaram pelo evento, que ocorreu pela última vez há cerca de 800 mil anos.

Segundo a Nasa, o campo magnético do planeta pode até enfraquecer durante o processo de inversão, que pode durar milhares de anos, mas não irá sumir porque é fruto do movimento incessante do núcleo da Terra.  Para pesquisadores da Nasa, já não era sem tempo para que isso ocorresse, pois os campos magnéticos do planeta mudam a cada 200 ou 300 mil anos, mas já faz 800 mil anos desde a última mudança. Se alguém usasse uma bússola antes disso, o ponteiro não apontaria para o norte, e sim para o sul.

De acordo com os cientistas, o campo magnético da Terra – que ajuda a proteger os seres vivos da radiação solar – foi formado por que o núcleo do planeta, formado por uma parte sólida cercada por um mar de metais derretidos, cria correntes elétricas muito fortes. Essa eletricidade é a base do eletromagnetismo e o lugar para onde ele aponta varia ao sabor das mudanças das placas que formam o núcleo. Essas mudanças podem ser inferidas por meio de computadores que usam os dados do campo magnético.

A inversão dos polos magnéticos, ainda segundo a Nasa, não vai acontecer rápido. É um processo que dura centenas ou milhares de anos, período no qual o “polo norte magnético” deve aparecer em diversas latitudes. Por isso, segundo o artigo, não há nada que indique que as previsões para o fim do mundo em 2012, por exemplo, tenham relação com a inversão de polos. Quando ela ocorrer, conclui o texto, de maneira bem humorada, “pode significar a oportunidade de bons negócios para os fabricantes de bússolas magnéticas.”

Fonte: Veja