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sábado, 2 de fevereiro de 2019

Melhor assim



Como Bolsonaro é Bolsonaro, sua participação no Fórum Econômico Mundial de Davos foi julgada ‘um fiasco histórico’

Publicado na edição impressa da EXAME  - J R Guzzo

A vida de presidente de país subdesenvolvido tem mais espinhos do que rosas, como é bem sabido, e um desses espinhos é o Fórum Econômico Mundial de Davos. Um chefe de governo da Alemanha ou da Austrália, por exemplo, vai lá quando os seus assessores julgam conveniente que ele vá, cumpre em 24 horas, ou menos, o programa definido por eles e volta para casa. Não lhe passa pela cabeça apresentar alguma demonstração concreta da possível utilidade pública de sua viagem aos Alpes da Suíça, e menos ainda ser julgado pelos “resultados” que obteve. Já o chefe de governo de um país tipo Brasil, digamos, tem de “performar”, como gostam de dizer os executivos de hoje em dia. Começa a ser cobrado antes de desembarcar em Davos, e não tem mais sossego até esquecerem do assunto uns dias depois de sua volta à Brasília.

Quantos bilhões de dólares em investimentos ele conseguiu atrair para a economia brasileira? “Interagiu” direito com os líderes mundiais que estavam ao seu redor? Foi elogiado pelos sábios das ciências econômicas, políticas e sociais presentes? Já é muito difícil, em condições normais de temperatura e pressão, atender às expectativas da banca examinadora. Se o presidente da República se chama Jair Bolsonaro, então, como é o caso no presente momento da nossa história, aí você já pode esquecer: vai voltar de Davos com um zero no boletim, seja lá o que tenha feito ou deixado de fazer durante sua participação no evento.

Bolsonaro, por tudo o que se disse dessa sua estreia no cenário internacional, não conseguiu acertar uma. Levou para Davos uma comitiva pequena demais, o que, segundo a crítica, mostrou o seu pouco caso com a grandiosidade da conferência. Ficou num hotel excessivamente barato, o que seria um desprestígio para a majestade do Estado brasileiro. Foi almoçar num bandejão do centro da cidade, por 19 francos suíços; foi condenado pela prática de “demagogia barata”. Pior ainda: causou, potencialmente, prejuízos econômicos de valor inestimável para o Brasil, já que deveria ter aproveitado a hora do almoço para levar “grandes investidores”, etc., a algum restaurante de primeira classe e, assim, fechar negócios vitais para o interesse público nacional. Que investidores? Que negócios? Não foram fornecidas informações a respeito. Seu discurso, de oito minutos, foi acusado de ser “muito curto”, sem que os inquisidores especificassem qual seria a duração correta, em sua avaliação, da fala presidencial. Quinze minutos? Vinte? Meia hora?

O conselho de sentença se manifestou particularmente chocado com o que considerou a “superficialidade” das palavras de Bolsonaro. Não esclareceu, em nenhum momento, qual o nível de profundidade que o discurso deveria ter atingido, nem fez qualquer comparação com os discursos dos quatro outros presidentes brasileiros que foram a Davos ─ Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer. O que teria qualquer um deles dito de útil, inteligente ou inovador para escapar da reprovação por “superficialidade”? De Fernando Henrique ninguém se lembra mais nada. Lula falou que os “países ricos” deveriam se comportar melhor com os países pobres, ou alguma coisa com esse grau de originalidade. Dilma, na prática, entrou muda e saiu calada ─ o que com certeza foi uma grande sorte para todos, levando-se em conta as coisas prodigiosas que costuma dizer a cada vez que abre a boca para falar em público. Temer revelou que era importante “fazer a reforma da previdência” ─ o que, francamente, não impressionou ninguém pela profundidade. Em suma: nada que se possa aproveitar nestes últimos 25 anos. Mas como Bolsonaro é Bolsonaro, sua participação foi julgada “um fiasco histórico”.

Tomando em consideração isso tudo, a melhor coisa que Bolsonaro fez em Davos foi não ter comparecido à entrevista coletiva à imprensa que estava no programa ─ e na qual só iria receber perguntas com o teor de qualidade mental que se percebe acima. Com uma cirurgia altamente complicada para dali a três dias no Hospital Albert Einstein (tanto que acabaria tendo 7 horas de duração), preferiu repousar um pouco. O público não perdeu absolutamente nada com a sua decisão. O presidente poupou seu tempo e saúde. Melhor assim.

Transcrito de VEJA OnLine 
 


A agonia de uma ditadura

A asfixia financeira foi um incisivo golpe no regime chavista porque a renda do comércio de petróleo é usada por Maduro para comprar o apoio dos militares

A queda do ditador Nicolás Maduro na Venezuela parece estar cada vez mais próxima à medida que aumentam as pressões internas e externas sobre o regime chavista.  Há poucos dias, o presidente Donald Trump determinou o bloqueio de ativos da PDVSA nos Estados Unidos. Todo o dinheiro que a estatal venezuelana deveria receber pela venda de petróleo ao país será depositado em contas bloqueadas que só poderão ser movimentadas “quando um governo democraticamente eleito estiver no controle” da Venezuela, disse Steven Mnuchin, secretário do Tesouro americano.

A asfixia financeira foi um incisivo golpe no regime chavista porque a renda do comércio de petróleo é usada por Maduro para comprar, entre outras coisas, o apoio dos militares. São estes que controlam a PDVSA e a cúpula das Forças Armadas venezuelanas é um dos sustentáculos armados do regime, junto com a Guarda Nacional Bolivariana e a rede de milícias espalhadas pelo país. A queda de Nicolás Maduro passa, necessariamente, pela mudança dos humores de seus apoiadores armados. E sem o dinheiro farto que os comprou até agora ficará mais difícil manter o bom humor.

Ainda no plano internacional, na quinta-feira passada o Parlamento Europeu reconheceu o líder opositor Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional (AN), como “presidente legítimo interino” da Venezuela. A decisão foi tomada após o fim do prazo de oito dias dado pela União Europeia (UE) para que Nicolás Maduro convocasse novas eleições. Em entrevista à agência russa RIA Novosti, Maduro disse estar aberto a negociar somente a antecipação de eleições para o Legislativo, previstas para 2020, não para a Presidência.

No início de janeiro, Juan Guaidó já havia sido reconhecido como presidente de fato da Venezuela por 11 dos 14 países que compõem o Grupo de Lima, incluindo o Brasil. Além destes, também o fizeram os Estados Unidos, o Reino Unido, Israel e Austrália. A UE declarara Maduro “ilegítimo” após ele tomar posse para um segundo mandato no dia 10 de janeiro. O subsequente reconhecimento de Guaidó como presidente interino pelo Parlamento Europeu só amplia o isolamento do chavista.
É verdade que Maduro tem o apoio nada desprezível de duas potências econômicas e militares, a China e a Rússia. Não se trata de um apoio desinteressado: os dois países são os maiores credores da Venezuela e, previsivelmente, condenaram as sanções americanas sobre os ativos da PDVSA, classificadas como “ilegais”, pelos russos, e “muito prejudiciais ao povo”, pelos chineses.

Nada pode ser mais prejudicial ao povo da Venezuela do que a manutenção de um regime que foi capaz de destruir o país que detém as maiores reservas de petróleo do mundo, levando partes expressivas da população à miséria, à morte ou ao exílio.
China e Rússia, no entanto, são nações pragmáticas e leem os movimentos políticos à luz de seus interesses. A China tem sido mais comedida do que já foi em suas manifestações de apoio ao governo de Maduro. Já a Rússia, por razões que ainda não estão claras, mandou para Caracas um Boeing 777 da Nordwind Airlines, empresa russa que realiza voos charter. Suspeita-se que a aeronave possa servir para transportar Maduro e sua família para o exílio, levar um carregamento de 20 toneladas de ouro ─ 20% dos ativos venezuelanos neste metal ─ para local incerto ou, quem sabe, as duas coisas.

À parte teorias conspirativas, resta a realidade: o drama de um povo exaurido por um governo há muito esgotado.  Novas manifestações populares foram realizadas na quarta-feira passada e outras serão convocadas pela oposição liderada por Juan Guaidó, que teve suas contas bancárias bloqueadas e está proibido de deixar o país por ordem do procurador-geral de Justiça da Venezuela, Tarek Saab, um títere de Maduro.  A agonia do regime chavista na Venezuela poderá ser longa, mas certamente o povo sofrido daquele país voltará a sentir o bálsamo da liberdade.


Editorial - O Estado de S. Paulo



Pela primeira vez, morto faz papel de figurante no próprio velório

No enterro do irmão Vavá, só o presidiário Lula foi lembrado por oradores e corneteiros


É tão avassaladora a paixão de Lula por Lula, é tão gigantesco o seu ego, que não sobra espaço para outros afetos reais. Lula só ama Lula. E faz apenas o que acha que o deixa melhor no retrato.

O presidiário mais conhecido do Brasil não estava interessado em despedir-se do irmão Vavá, nem em rever parentes que nunca visitou quando estava em liberdade. O que o explorador de cadáveres queria era fazer outro comício à beira do caixão. Como faltou palanque, preferiu faltar ao encontro com a família em São Bernardo.

No cemitério, falaram por ele Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad. Ambos atacaram o ministro Sergio Moro e a crueldade dos juízes que, na versão da dupla, perseguem o chefe. [não há nenhuma perseguição da Justiça ao presidiário Lula; 
caso houvesse a Justiça não mais aceitaria receber semanalmente, as vezes, diariamente, algum pedido do criminosos petista.
Notem que Poder Judiciário, não como regra, é infenso a críticas, mesmo quando essas são respeitosas e retratam a realidade.
E o presidiario Lula conseguiu BNotem uNenhum deles mencionou uma única vez o nome de Vavá. No lugar do toque de silêncio, dois corneteiros sopraram a musiquinha “Lula, lá”.
Pela primeira vez, o morto fez o papel de figurante no próprio velório.

Blog do Augusto Nunes - Veja
 

A força da conciliação

“Sejam quais forem os presidentes da Câmara e do Senado, vão ter de operar a velha aliança entre liberais e conservadores. O presidente Jair Bolsonaro  quer mudar as regras do jogo, ma non troppo”


A linha de força da disputa pelo comando da Câmara e do Senado é a velha política de conciliação, uma herança do Segundo Império, que se impôs na política nacional historicamente, como uma forma de resistência das forças políticas que controlam o Estado brasileiro. Mesmo depois da proclamação da República, na qual o positivismo se disseminou como ideologia dominante, a conciliação pautou a hegemonia no parlamento brasileiro. Não será diferente agora, depois do tsunami eleitoral que levou o presidente Jair Bolsonaro ao poder: o novo governo terá de conviver com a política tradicional. O nepotismo, o fisiologismo e o patrimonialismo estão sendo mitigados pela Operação Lava-Jato.

Um velho político conservador do Império, Honório Hermeto Carneiro Leão (1801-1856), o Marquês de Paraná, foi o pai da criança. A maioria dos políticos ouviu falar dele nos bancos escolares, mas é um sobrenome que até ontem frequentava o nosso parlamento, como outros representantes do velho patronato brasileiro. Renan Calheiros (MDB-AL) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), no Senado e na Câmara, favoritos na disputa pela Presidência das duas casas, respectivamente, são legítimos representantes dessa tradição política enraizada no Nordeste brasileiro e no Rio de Janeiro. Seus principais desafiantes, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Fabinho Ramalho (MDB-MG), deslocam o eixo de poder para a Região Norte e para Minas Gerais. Os demais candidatos não têm a menor chance na disputa; os dois estão sendo estimulados pelo Palácio do Planalto, no primeiro caso, ostensivamente; no segundo, com mão de gato.

Carneiro Leão era um político do Regresso Conservador, que não conseguiu conter a Revolução Farroupilha (Rio Grande do Sul) nem evitar a eclosão da Sabinada (Bahia), da Balaiada (Maranhão) e da Cabanagem (Pará). A consequência foi a antecipação da maioridade de D. Pedro II, um golpe contra a Constituição articulado pelos liberais: “Queremos D. Pedro II / Embora não tenha idade / A nação dispensa a lei / Viva a Maioridade!” Por isso mesmo, não houve imediato retorno à normalidade. Em 1841, o chamado Gabinete da Maioridade foi substituído pelo Gabinete Palaciano, de tendência regressista, que reformou o Código de Processo Criminal e restaurou o Conselho de Estado, símbolo do despotismo monárquico. Em 1º de maio de 1842, a Câmara Legislativa, de maioria liberal, foi dissolvida.

Isso provocou revoltas nas províncias de Minas Gerais e São Paulo contra o Gabinete Palaciano. Houve choques militares em São Paulo; em Minas Gerais, os liberais, denominados de luzias, advogavam que a luta era em prol da “Constituição do Império”e defendiam a descentralização. A última revolta provincial, entretanto, eclodiu em 7 de novembro de 1848, em Pernambuco: a Revolução Praieira, duramente reprimida. A consolidação do Segundo Reinado se deu somente a partir de 1848, graças aos ministros da Justiça, Eusébio de Queiróz; de Estrangeiros, Visconde do Uruguai; e da Fazenda, o Visconde de Itaboraí, que mandaram e desmandaram até 1862, o que possibilitou a aprovação da Lei Eusébio de Queiróz, da Lei de Terras, do Código Comercial e a centralização político-administrativa da Guarda Nacional.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

Supremo retoma atividades com assuntos polêmicos na pauta

Em discurso, Dias Toffoli defende ação mais rápida do Executivo e do Legislativo para evitar tragédias como a de Brumadinho 

Com assuntos polêmicos na pauta do primeiro semestre, o Supremo Tribunal Federal (STF) retomou as atividades, com o fim do recesso do Judiciário. Nos próximos meses, a Corte deve se debruçar sobre ações que são alvo de debates acalorados. Em 13 de fevereiro, deve ocorrer o julgamento de uma ação de omissão pedindo que a homofobia seja criminalizada no Brasil. Em março, estão previstos os julgamentos de possíveis prorrogações de grampos telefônicos. [a pauta do Supremo é a principal responsável pelo 'apequenamento' do Suprema Corte.

Que sentido tem - exceto se o objetivo for fazer política, jogar para a plateia -  o presidente do STF em seu discurso se estender sobre acidentes cujas causas, bem como as medidas para evitá-los, são de competência de outro Poder?

criminalizar homofobia? para que?  qualquer cidadão tem o direito de não gostar dos portadores do homossexualismo e pode exercer este direito, desde que, no exercício de tal direito cometa algum crime - neste caso que o cidadão seja punido pelo crime cometido, sendo inaceitável que queiram puni-lo por não gostar de gay;

é igual à 'moda' do feminicidio; que sentido tem, exceto satisfazer  o sempre maldito 'politicamente correto', tipificar o assassinado de mulheres como feminicidio?
Apesar do discurso da escarrada ex-presidente Dilma, tentando criar a figura da 'mulher sapiens', não colou e MATAR ALGUÉM é CRIME DE HOMICÍDIO - seja a vítima homem ou mulher, hetero ou homo, seja o assassino homem ou mulher, gay ou macho, por isso o legislador utilizou a abrangência da pronome indefinido alguém.

Ocorrido o homicídio, as investigações, provas, etc definirão as circunstâncias agravantes e atenuantes, podendo ensejar o caráter hediondo.

Tem caso de delegado considerando feminicidio o assaltante matar uma mulher que reage a um assalto - o latrocínio  ´[e um crime que costuma reunir todas as características de CRIME HEDIONDO, seja a vítima homem ou mulher, já que costuma ter MOTIVO TORPE, MEIO INSIDIOSO, IMPOSSIBILIDADE DE REAÇÃO DA VÍTIMA, etc

CERTO é que fora raríssimas exceções - destaco o velho ditado, a 'regra que não tem exceção, é a exceção da regra -  o latrocida jamais vai matar uma vítima que reage por ela ser mulher.

É HOMICÍDIO e pronto - as circunstâncias agravantes e atenuantes é que estabelecerão junto com outras a dosimetria da pena.].

No mesmo mês, será analisada a ação referente ao crime de caixa dois prática interligada a outros delitos, como lavagem de dinheiro e corrupção , que deve ser julgado pela Justiça Eleitoral ou pelos tribunais comuns. Em 10 de abril, ocorrerá a decisão mais esperada. Os 11 ministros da Corte vão avaliar se é constitucional a prisão de réus a partir de condenação em segunda instância. [terceira ou quarta vez que os ministros julgam a mesma coisa - no julgamento da manhã são pela prisão, a tarde empate, no dia seguinte por aguardar em liberdade.

Por mudar de opinião como trocam de roupa, se prender ao exame de coisas  minúsculas é que, citando exemplo mais recente, Itália e Bolívia fugiram do risco de passar perto da Justiça brasileira.

Tem sentido uma Suprema Corte julgar se deve ser permitido que banheiros públicos seja UNISSEX? o STF está julgando ação que busca definir se a mãe de uma menina de 5 anos está sujeita a necessitando levar a criança a um banheiro público, lá chegando se deparar com um marmanjo com os 'documentos' à mostra e ela encarar tudo como normal - no máximo tentar ficar entre o individuo e a criança.]
Atualmente, por conta de outros julgamentos, o Supremo entende que o réu pode ser preso após se esgotarem os recursos em segunda instância.

...

Continuar lendo, Correio Braziliense 


 

Bloco do PSL domina comissões e isola esquerda na Câmara

Grupo de partidos mais alinhados ao governo comandará 15 dos 25 colegiados temáticos da Câmara; PT perde liderança das oposições

 O bloco parlamentar que inclui o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, conseguiu isolar as esquerdas e vai comandar 15 das 25 comissões temáticas da Câmara, inclusive as poderosas comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Finanças. Essa manobra articulada pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi além: o PT foi empurrado para comissões secundárias e ficará até mesmo sem a liderança das oposições. 

Apesar de o foco da sociedade ficar nas decisões do plenário, que reúne todos os 513 deputados, as comissões são fundamentais para o processo parlamentar porque todos os projetos de lei e emendas constitucionais são submetidas, primeiro, ao crivo desses colegiados. Pela CCJ, passam todas as propostas.  A presidência dessas comissões é muito disputada entre os partidos e entre os próprios parlamentares, porque é o presidente quem define as pautas de votação, define os relatores de cada proposta e garante o cronograma e o ritmo dos trabalhos. Além disso, ele ganha protagonismo na relação com o Palácio do Planalto e tem holofotes garantidos, quando se trata de comissão importante.

As comissões têm poder, também, para convocar eventualmente ministros e autoridades para prestar esclarecimentos sobre um determinado assunto e, não raro, usam esse poder para pressionar o governo. Um presidente aliado ao Planalto pode evitar o constrangimento. Um que seja adversário pode, ao contrário, aprovar um requerimento de convocação atrás do outro.

A Comissão de Finanças, por exemplo, é alvo de disputa ferrenha entre PSL e MDB, ambos do mesmo bloco. A deputada em primeiro mandato Joice Hasselmann (PSL-SP) está de olho na vaga, que o MDB dá como certa que será de Sérgio Souza (PR).
Nos bastidores, Joice afirma que Rodrigo Maia – reeleito presidente da Câmara nesta sexta-feira, 1.º – lhe garantiu que comandaria o colegiado e que o MDB ficará com Minas e Energia, o que o partido diz não aceitar.  

A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional também está indefinida. Filho do presidente da República, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) trabalha para ocupar a vaga, mas outros integrantes do bloco afirmam não haver um acordo quanto a isso. O tema é caro a Eduardo, que tem atuado como uma espécie de “chanceler informal” do governo.  O PP tenta ocupar Minas e Energia, Relações Exteriores e Agricultura, mas as negociações estão pendentes. 

A divisão das comissões dentro do bloco governista ainda está em discussão e tem potencial de causar mais atritos entre os partidos que o compõem. Além de PSL e MDB, estão no mesmo grupo DEM, PSDB, PP, PSD, PR, PRB, PTB, PSC e PMN. O PP, por exemplo, quer a Comissão de Agricultura porque costuma tratar de interesses dos ruralistas. A sigla, envolvida na Lava Jato, comandou o Ministério da Agricultura durante o governo de Michel Temer.
Os presidentes das comissões da Câmara são eleitos por seus integrantes, mas é um jogo de cartas marcadas. Esse processo deve começar a partir da próxima semana.

PT corre risco de ficar sem a liderança da oposição
Em uma outra manobra que ajudou a isolar ainda mais o PT, Maia assinou ontem uma resolução se antecipando ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre fusão de partidos. Ele permitiu que cinco partidos que não atingiram a cláusula de barreira (exigência de número mínimo de votos) se unissem num bloco. Dessa forma, esse grupo, formado por outros partidos de oposição ao governo Bolsonaro, ficou maior que o do PT, com 105 deputados.

Resultado: o PT, que já ficou sem um titular na Mesa Diretora da Câmara, agora também corre o risco de ficar sem a liderança da Minoria ou a liderança da Oposição. O grupo dos petistas recorreram da medida de Maia no plenário. “É inaceitável. Se for o caso vamos à Justiça. Essa minoria que ele (Maia) está apoiando é governista”, afirmou o presidente do PSB, Carlos Siqueira. O PSB integra o bloco com o PT, o PSOL e a Rede. Pelo acordo entre eles, o PSB ficaria com a liderança da Minoria.
A liderança é importante para os partidos de oposição porque oferece uma estrutura com cargos e assessores técnicos que municiam os deputados com dados para fiscalizar o governo.
A derrocada do PT na Câmara ocorre após o partido sair das urnas em outubro passado com a maior bancada eleita, com 56 deputados. O PSL, de Bolsonaro, elegeu 52.

No Senado, candidatos à presidência negociam vagas para comissões temáticas
No Senado, os candidatos à presidência da Casa também negociaram as vagas nas comissões temáticas em troca de apoio. Renan Calheiros (MDB-AL) ofereceu a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para o senador José Serra (PSDB-SP). Davi Alcolumbre (DEM-AP), para Omar Aziz (PSD-AM).

Os dois senadores eram considerados os mais fortes candidatos ao comando da Casa e travaram ontem uma queda de braço. Numa manobra, Alcolumbre aprovou a votação aberta para a eleição, tudo o que o emedebista não queria. Sem acordo, a sessão do Senado acabou sendo suspensa na noite de ontem e será retomada neste sábado, 2.

O Estado de S. Paulo
 

Vai tu mesmo

Hoje, dependendo da sua imagem nas classes intelectuais e progressistas, ser herói é bem fácil: basta obter uma certidão de "pessoa de esquerda"

Publicado na edição impressa de VEJA

Houve um tempo em que pouquíssimas coisas eram tão difíceis no Brasil quanto ser um herói. Faça as contas: quantos heróis, mas heróis de verdade, você conseguiria colocar na sua lista? É duro de admitir, mas o fato é que nunca deu para encher nem o espaço de um guardanapo de papel, tamanho pequeno, com os nomes de brasileiros que poderiam reivindicar para si, por força das ações concretas que praticaram em vida, a condição de “glória nacional”. O fato é que o sujeito precisava ser um Tiradentes, no mínimo, para ser considerado um herói com padrão de qualidade garantido. [com o devido respeito a Tiradentes, corroboro o entendimento de que um HERÓI é dificil no Brasil - Tiradentes, se analisar bem sua história, se conclui que ele era um grande sonegador de impostos;

O Brasil não valoriza seus heróis - raridades em nossa Pátria -  basta ver alguns exemplos dos que estão com os nomes lançados no tal livro de aço do Panteão na Praça dos Três Poderes (o nome do monumento me foge no momento), tem entre eles o Brizola, o Tancredo (o que ele fez realmente pelo Brasil? - ainda que involuntariamente facilitou a vida do Sarney e fundou a tal Nova República = a MÃE de todas as corrupções), porcos traidores tipo Lamarca viraram nome de cidades pelo heroísmo (?) (de trair a Pátria? trair o Exército de Caxias?) um assassino como o porco do Marighella,( por recomendar o assassinato de inocentes, seu lema - em livro escrito por ele e de fácil consulta - era: não importa o morto, não importa quem foi assassinado, o que interessa é o cadáver;)

Tem mais, é a generosidade em conceder condecorações: o Genoíno recebeu a 'Medalha do Pacificador' , o Zé Dirceu, idem - quando se tornou público sed tratar de criminosos, ladrões, corruptos, depois de muita relutância as comendas foram 'cassadas'.

Agora querem lapidar o filho do Bolsonaro por ter recomendado para receber uma medalha um cidadão que na época da recomendação atendia os requisitos para ser condecorado
hoje não atende, então é simples, cassa a comenda e mantém o individuo respondendo o processo e se condenado vá para a cadeia.

Alguém já parou para imaginar quantas dezenas de medalhas o presidiário Lula possui - grande parte das recomendações foram feitas por pessoas que entendiam que aquele criminoso merecia a distinção. (aliás, quando se fala em medalhas concedidas a pessoas tipo Lula, Dilma e outros da mesma laia tenha um tentação enorme de escrever medalhar acrescentando a letra R entre o 'e' e o 'd')
Já foram cassadas tais honrarias ou ornam uma das paredes da sala cela que o presidiário ocupa?]

Sempre se pode discutir as medidas exatas do heroísmo de Tiradentes ─ Getúlio Vargas, por exemplo, chegou a cassar o feriado de 21 de abril mas nos 227 anos que se passaram desde a sua morte na forca de dona Maria I, a Louca, quem apareceu com o mesmo tamanho? Ninguém.  É verdade que existe uma lista com 43 heróis e heroínas oficiais do Brasil, cujos nomes estão escritos em páginas de aço no Panteão da Pátria em Brasília; Tiradentes, aliás, é o primeiro. Mas muita gente não assinaria embaixo.

Os títulos de heróis oficiais são dados por decisão do Senado Federal e da Câmara dos Deputados e só isso já chega para avacalhar qualquer conversa a respeito de heroísmo. [e as condecorações concedidas pela operosa e desnecessária Câmara Legislativa do DF (campeã na arte de forjar leis inconstitucionais - aliás, neste quesito ela é hors-concours); 
pesquisa realizada mostra que elevado número de laureados , pela CLDF, tem envolvimento com a Justiça, alguns até cumprindo pena - ironicamente entre os muitos homenageados que cumprem pena, ou passaram algum tempo preso, estão ex-deputados daquela casa.] Além do mais, fazem parte da lista figuras como Zumbi, Chico Mendes ou o Marechal Deodoro, [o comportamento de Zumbi ou Chico Mendes, pode até ser louvável, mas, não justifica  a elevação à cate gorai de heróis da Pátria.] que traiu o seu Imperador com um golpe de Estado ─ o que mostra bem o tipo de qualidades requeridas para um cidadão receber o certificado de herói brasileiro. (Considerava-se, até há pouco, a inclusão de Ayrton Senna no Panteão da Pátria.)  [Ayrton Senna, o gênio da Fórmula 1, o melhor entre os melhores, mas, NADA justifica ser considerado herói.] Fazer o quê? Também não é razoável esperar que o nosso panteão de heróis e heroínas tenha um nome só; como ficaria a imagem do Brasil no exterior, especialmente agora que os eleitores colocaram a direita no governo? Não dá. Ficamos, assim, naquela situação de “se não tem tu, vai tu mesmo”, como se diz.

A verdade é que, depois de Tiradentes, conseguimos fazer uma guerra inteira contra o Paraguai, durante mais de cinco anos, sem que ao fim houvesse a produção de um único herói claro. Na Guerra da Independência contra Portugal, o comandante de maior destaque foi o almirante Grenfell mas ele era inglês, e embora tenha perdido um braço em combate lutando pelo Brasil, foi um tipo que hoje se chamaria de “polêmico”. (Entre outros feitos, chegou a trancar 256 simpatizantes da causa portuguesa no porão de um navio em Belém do Pará; morreram todos. Mais tarde, foi absolvido numa corte marcial do Rio de Janeiro, por falta de provas.)

Antes, no passado remoto, houve O Anhanguera, Fernão Dias ou Raposo Tavares, o Marco Polo brasileiro. Mas se você lembrar esses nomes a CNBB, o Papa Francisco e a Comissão de Direitos Humanos da ONU podem vir com acusações de genocídio contra os índios; melhor não mexer com isso. Santos Dumont, mais recentemente? Oswaldo Cruz? Gente fina, mas sem apoio entre os “influencers“. Agora, enfim, tudo isso mudou. Hoje, dependendo da sua imagem nas classes intelectuais, liberais, progressistas etc., ser herói é uma das coisas mais fáceis desta vida: basta obter uma certidão de “pessoa de esquerda”. Assassinos patológicos como um Carlos Marighella, por exemplo, têm direito a estrelar, no papel de salvador do Brasil, filmes pagos com o dinheiro dos seus impostos. Um psicopata homicida como Carlos Lamarca chegou a ganhar uma estátua num parque florestal de São Paulo.

A vereadora Marielle Franco jamais recebeu uma única citação por algo de útil que tenha feito em toda a sua vida política, mas depois de ser assassinada “pelo fascismo”, é tratada como um dos maiores colossos da história nacional.  O herói dos comunicadores, neste momento, é o ex-deputado j w. A soma total das realizações de sua existência se resume a ter ganhado, anos atrás, o prêmio de um programa de televisão que compete com o que existe de pior na luta pela audiência das classes Y e Z. Outra foi cuspir, no conforto de quem está cercado por um bolo de gente, num colega na Câmara dos Deputados ─ justamente o que acabaria se tornando o atual presidente da República, vejam só. Agora, alegando subitamente ameaças à própria vida na internet, abandonou o mandato, os eleitores e suas promessas de “resistência” ─ e fugiu para a Espanha. Pronto: virou herói instantâneo.  
 





Agredido mesmo nessa disputa, até agora, foi Bolsonaro, vítima de uma tentativa de homicídio que quase lhe tirou a vida e acaba de exigir uma terceira cirurgia, com sete horas de duração. Mas o mártir é a figura que cuspiu. É o Brasil 2018.


O respeito chafurdou na lama

O lodaçal de lixo, areia e rejeitos tóxicos que varreu Brumadinho esparramou consigo as podres práticas de imprudência, descaso e impunidade que parecem expor um País em ruínas. Obras públicas caindo aos pedaços, pontes e viadutos interditados e catástrofes de grandes dimensões como o incêndio do Museu Nacional, no Rio, e da Boate Kiss, na cidade gaúcha de Santa Maria, demonstram cabalmente a fissura tremenda no quesito da fiscalização por órgãos públicos, como a relembrar ao povo que vivemos por aqui condenados a uma rotineira incúria administrativa. O Brasil parece incapaz de coibir e punir eficazmente os responsáveis por tragédias como essa, numa chaga lancinante sem fim. Nas estruturas federais e estaduais, nas agências reguladoras, no Congresso, em todas as autarquias e mesmo na Justiça prevalece a lei do mais forte, do jeitinho, do acordo com protelações infindáveis, com multas não pagas, reparações não executadas e, acima de tudo, um forte lobby das bancadas de mineradoras, construtoras, gestoras e o escambau a quatro na busca por favorecimentos acertados a peso de ouro. Corporações se movem com eficiência nos bastidores do poder para acobertar falhas. Ignoram alertas. Escamoteiam riscos. 

 Gastam fortunas com advogados para lesar milhares por meio do engavetamento das indenizações. Atolam o respeito e a dignidade humana na lama de seus dejetos. E depois oferecem alguns trocados a título de reparação. De certa forma, a delinquência empresarial atingiu status de prática vantajosa devido aos espúrios conchavos políticos. Um relatório da Agência Nacional de Águas apontou que menos de 3% das quase 25 mil barragens existentes no País foram fiscalizadas de 2017 para cá. A maioria delas segue sendo construída com tecnologia de resistência abaixo do ideal por custarem, naturalmente, mais barato. Os envolvidos na escolha demonstram desprezo pela coletividade e banalizam as consequências do perigo. Nos tornamos célebres pela ausência de responsabilidade. 

Nem mesmo compaixão pelo sofrimento implacável das vítimas que tudo perdem é levado em consideração nessas horas. Em Brumadinho, contam-se às centenas os mortos e desaparecidos. Milhares de impactados pela dimensão da calamidade. O repisar da agonia de famílias que ficam sem os entes queridos, os bens, a vida já difícil que tinham, é insuportável. O crime existe. Não pode ser classificado de outra forma. Não há atenuantes. Suposições alternativas. Atribuir a causas naturais ou a alguma fatalidade – como tentou abjetamente fazer a ex-presidente Dilma, que assinou até decreto nesse sentido – é de uma desfaçatez abominável. Brumadinho carrega consigo alguns aspectos absolutamente irrevogáveis que agravam a dor fruto da catástrofe. O mais relevante deles soa como premonição para outros futuros eventos do tipo: a falta de punições exemplares levou e, invariavelmente, continuará a levar o País a uma sucessão inconcebível de episódios trágicos dessa magnitude. Aconteceu diversas vezes e deve acontecer de novo nessa toada. Pode anotar. Tome-se o próprio exemplo de Mariana, ocorrido há três anos, e sobre o qual ainda arrastam-se ações não concluídas, determinações não cumpridas, realocações de desabrigados e reconstruções que não foram realizadas. 

 É inconcebível que uma companhia, em tão estreito hiato de tempo, seja protagonista de dois acidentes dantescos, promovendo uma dívida social imensurável, sem que o Estado demonstre a mínima capacidade de mudar esse quadro de coisas. Estão escancaradas as vísceras de um sistema falido. O modelo de atuação precisa ser repensado urgentemente. E aí reside a outra parte do problema. A complacência do setor público ainda grassa com fervor, mesmo sob a égide do governo que acaba de assumir. Não faz muito tempo, era o próprio presidente Jair Bolsonaro quem prometia o afrouxamento da legislação ambiental. ['afrouxar' legislação ambiental não significa afrouxar a segurança; é necessário ficar atento que a pretexto de aumentar a segurança, apertem tanto a legislação ambiental que desestimule investimentos - óbvio, vão conseguir evitar os acidentes, mas, pelo meio mais radical - destruindo a indústria.

segurança no sentido de preservar o meio ambiente é necessária e pode andar passo a passo com as medidas para preservar a segurança dos que trabalham com o 'meio ambiente'.]

Até a extinção do ministério que cuida do assunto estava no radar do mandatário. Em reunião com produtores rurais chegou a garantir que iria segurar as multas. “Não vai ter um canalha de fiscal metendo a caneta em vocês”, disse. Talvez o bom senso prevaleça e ele agora mude de opinião. Em Davos, há poucos dias, Bolsonaro chegou a afirmar que “somos o País que mais preserva o meio ambiente”. Os fatos logo calaram a bravata. Há uma eterna e deliberada confusão que se faz por aqui entre estoque de florestas e a sua efetiva reservação. Somos privilegiados pela natureza, o que daí vai uma longa distância sobre nossa capacidade de mantê-la adequadamente. A riqueza do meio ambiente, que é de todos, não pode simplesmente chafurdar na pororoca da inconsequência e irresponsabilidade.

 Carlos José Marques,  diretor editorial da Editora Três


Cofundador do Facebook, Mark Zuckerberg pula para 5º lugar em ranking de riqueza

A hora da verdade

A lufada de ar fresco na política é benéfica. Resta saber como irão se portar deputados e senadores quando tiverem de decidir entre o desejo de seus eleitores e o que for melhor para o País

Começou, enfim, o teste da chamada “nova política”. Os congressistas que tomaram posse ontem compõem uma legislatura marcada por histórica renovação. Na Câmara dos Deputados, 243 das 513 cadeiras agora são ocupadas por parlamentares que jamais exerceram o cargo de deputado federal, uma taxa de renovação de 47,4%, a maior desde 1998. No Senado a mudança é ainda mais expressiva. Das 54 vagas disputadas no ano passado, 46 foram conquistadas por novos nomes. Tamanha renovação - 85%, o que dá aos novatos a maioria na Casa, composta por 81 senadores - é a maior desde a redemocratização.

A lufada de ar fresco no Congresso é benéfica na medida em que reflete o estado de espírito da Nação. Nada mais democrático do que um Parlamento que reproduz as vontades e disposições da sociedade que o elegeu. Nos últimos cinco anos, em especial na esteira das manifestações de junho de 2013, cresceu no seio de parcela expressiva da população o sentimento de fastio, não raro combinado com repugnância, em relação a tudo e a todos que representavam o que se passou a chamar de “velha política”. Nesta expressão cabem desde práticas de compadrio, patrimonialismo e corrupção - alijando o interesse nacional das discussões políticas - até oligarcas que vinham perpetuando um modo de fazer política que mantém o País no atraso. Desejou-se algo “novo” na política e assim se deu.

A novidade, no entanto, não é uma qualidade em si mesma. Um Congresso renovado não será, necessariamente, um Congresso melhor se, ao fim e ao cabo, novos rostos reproduzirem velhas mentalidades. A sociedade há de ser vigilante sobre os recém-empossados - novos ou não - se quiser, de fato, ver materializada a “nova política” que tanto desejou. A esmagadora maioria dos novos parlamentares foi eleita sob o signo da antipolítica, por paradoxal que isso pareça. Uma nuvem cinzenta pairou sobre o debate eleitoral havido no último ano, confundindo um legítimo anseio por mudanças na política com a sua própria negação. Essa perigosíssima confusão, em boa medida, foi provocada pelo jacobinismo de setores do Ministério Público Federal e do Poder Judiciário, que por interesses nunca bem explicados disseminaram a ideia de que todos os políticos são iguais e todos são corruptos. 

Assim foi pavimentada a estrada que nos trouxe até aqui.  Fato é que tanto os calouros como os veteranos da política terão de fazer parte de legítimos esforços para sanear os hábitos perniciosos que contaminaram a atividade parlamentar e aprovar projetos de lei e emendas à Constituição sem os quais não serão debeladas as crises política, econômica, social e moral que solapam o desenvolvimento nacional.
Por “nova política”, assim como foi clamada pela sociedade, deve-se entender, antes de tudo, o exercício da representação parlamentar tendo o interesse nacional acima de tudo. Aqueles que são novos no Congresso e pretendem escrever história devem ter isso em mente, pois não serão raros os momentos em que os parlamentares desta legislatura estarão diante de um conflito entre os interesses imediatos de seus eleitores e aquilo que é melhor e essencial para o País. E esse conflito de interesses deve-se resolver, sempre, em favor do bem-estar da Nação e nunca em favor do conforto dos grupos que se organizam para obter benesses e “adquirir” direitos.

Como é sabido, as redes sociais, entre outros fatores, revolucionaram o modo de fazer campanha eleitoral. A atual composição do Congresso é um retrato bem acabado deste fenômeno. Será comum ver parlamentares transitando pelos corredores de Brasília falando “sozinhos” olhando para seus telefones celulares, praticamente exercendo seus mandatos ao vivo para os eleitores que a tudo acompanham na internet. A comunicação instantânea funcionará muito bem enquanto for bem servido o interesse nacional. Resta saber como irão se portar deputados e senadores quando tiverem de decidir entre duas coisas que nem sempre andam juntas: o desejo de seus eleitores e o que for melhor para o Brasil. Esta será a hora da verdade para antigos e novos políticos.

N. da R. - Pelos acontecimentos de ontem no Senado, conclui-se que, pelo menos naquela Casa, não haverá nada de novo.

 

 

Toffoli anula a sessão do Senado que decidiu pelo voto aberto para presidente, após MDB e Solidariedade recorrerem ao STF

[Toffoli com esta decisão mantém a independência dos Poderes, pelo menos para escolher a forma de eleger o presidente de cada Casa Legislativa?

o único inconveniente desta decisão é que com ela Toffoli praticamente elege Renan Calheiros - o voto secreto faz com que os admiradores de Calheiros que estavam receosos do voto em aberto já que mostravam sua preferência pelo cacique alagoano,  - agora mão serão identificados como eleitores do Calheiros.

Calheiros, presidente do Senado, é o quarto na linha sucessória do presidente da República, situação que não combina com a sua condição, pública e notória, de envolvido em vários processos. 

Devido os processos que respondia, Renan chegou a ser afastado da presidência do Senado para não substituir Temer; agora, sendo eleito, ainda que continue respondendo a diversos processos ele pode substituir o presidente da República.]

 Votação estava marcada para este sábado, às 11h 

Toffoli anula voto aberto e determina votação secreta na eleição do Senado [com essa decisão Toffoli elege Renan Calheiros - aquele que não podia substituir o presidente da República em eventuais impedimentos, por responder a vários processos, sendo eleito, certamente será - a decisão de Toffoli o elege, já que impede que os eleitores de Calheiros sejam conhecidos - pode, ainda que continue respondendo vários processos - agora pode substituir.]

Em plena madrugada, numa decisão assinada às 3h45,Toffoli decide que votação para presidente do Senado será secreta,
Dias Toffoli concedeu liminar anulando a votação desta sexta-feira (1º) no Senado.
O presidente do STF, que atendeu ao pedido de Renan Calheiros e seus aliados, também determinou que a votação para a presidência da Casa seja feita por voto secreto –tornando sem efeito a sessão presidida por Davi Alcolumbre.

Na liminar, Toffoli alega que a questão de ordem em favor do voto aberto  “operou verdadeira metamorfose casuística” do regimento interno do Senado, que prevê expressamente votação secreta.
Os senadores voltam a se reunir às 11h de hoje.

 Íntegra da petição, leia aqui



O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, decidiu hoje (9) que a votação para a eleição da nova Mesa Diretora do Senado, prevista para 1º de fevereiro, deverá ser secreta. A decisão foi tomada pelo ministro em função do período de recesso no Judiciário. A decisão de Toffoli vale até o dia 7 de fevereiro, quando o plenário do STF deverá decidir se referenda sua liminar.

Na decisão, o presidente aceitou o recurso protocolado pelo SD e MDB, além da advocacia do Senado, para derrubar a decisão proferida pelo ministro Marco Aurélio, que, no dia 19 de dezembro, antes do início do recesso, aceitou um mandado de segurança do senador Lasier Martins (PSD-RS) para determinar que a votação seja feita de forma aberta.

A votação secreta está prevista no Regimento Interno do Senado, no entanto, Marco Aurélio entendeu que a regra é inconstitucional. "O princípio da publicidade das deliberações do Senado é a regra, correndo as exceções à conta de situações excepcionais, taxativamente especificadas no texto constitucional", escreveu o ministro.

Ao derrubar a decisão de Marco Aurélio, Toffoli entendeu que regra prevista no regimento interno da Casa, que determina a votação secreta, deve prevalecer.
"Noto que a modificação para a eleição vindoura, por meio de decisão monocrática, sem a possibilidade de análise pelo Plenário da Corte (tendo em vista o recesso judiciário), implicaria em modificação repentina da forma como a eleição da mesa diretiva regimentalmente vem se realizando ao longo dos anos naquela Casa; ao passo em que a manutenção da regra regimental permite a continuidade dos trabalhos diretivos da Casa Legislativa nos moldes definidos por aquele Poder", decidiu o presidente do STF.

Mais cedo, em outra decisão, Toffoli decidiu manter votação secreta para a eleição da presidência da Câmara, também prevista para 1º de fevereiro.  O ministro rejeitou mandado de segurança protocolado deputado federal eleito Kim Kataguiri (DEM-SP), que defendeu que a votação dos parlamentares para eleger novo presidente da Casa fosse aberta.

[Esclarecimento: pelo inusitado da hora do despacho do presidente do STF, 3h45m, essa notícia contém várias atualizações.
Prevalece  a manchete.] 

 

 


 


 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Com emoção, sem brilho

Governo estreou sem brilho e entra na fase de ‘tourear’ o Congresso de Renan Calheiros

 

[sugerimos aos que criticam Bolsonaro em tudo, jornalistas ou leitores, que leiam:  Melhor assim. É um pouco didático, mas, verdadeiro e mordaz.]

Governo Bolsonaro completa o primeiro mês com muita emoção e nenhum brilho e começa hoje uma nova etapa em que terá de se relacionar com o Congresso invertendo o jogo: com menos emoção e mais brilho. Bolsonaro ainda não se afirmou, mas isso pode ficar em segundo plano se Paulo Guedes se articular bem com a equipe política, o programa econômico deslanchar e a “nova era” mantiver as expectativas. Se não, complica.
Em janeiro, Bolsonaro desperdiçou a chance de estrear em grande estilo no cenário internacional. Sem Trump, Macron e os principais líderes, o foco estava no novo presidente do Brasil, mas ele não soube aproveitar as condições favoráveis. Com tanto a dizer, a explicar, a oferecer, Bolsonaro limitou-se a um discurso de seis minutos, chocho, óbvio. E, do total de 45 minutos a que teria direito, só usou 15 para vender o Brasil, seu governo e ele próprio. Para piorar, fugiu da entrevista à imprensa internacional.[quanto mais um presidente fala, mais a imprensa malha - vejam o Trump, estão sempre prontos a criticá-lo, até quando silencia; a 'liturgia' do cargo de presidente da República não o obriga a ficar horas e horas discursando (estilo os discursos do falecido coma andante Castro), a agir como garoto propagando dos interesses de seu país.
Em respeito à dignidade do cargo os pronunciamentos em eventos internacionais devem ser sucintos, formais; entrevistas coletivas devem ser a exceção da exceção - o porta-voz cuidará dos contatos com o jornalista;
e, em solo pátrio, o presidente quanto entender que o assunto recomenda uma manifestação presidencial, convoca uma cadeira de Rádio e TV e presta as informações necessárias.
Presidente dando entrevista  não é bom - sempre será malhado, criticado.]
No front interno, Bolsonaro consumiu a maior parte do tempo confraternizando com militares em posses e almoços. Aliás, só discursou em uma: a do novo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo. Isso é catequizar os já catequizados. O importante seria ampliar o leque político para atrair o centro, onde há ainda setores refratários, ou desconfiados. A história do agora senador Flávio Bolsonaro e do motorista e amigo da família Fabrício Queiroz pairou como um fantasma inconveniente, insistente, lembrando a cada momento movimentações financeiras atípicas, depósitos picados mal explicados, súbito aumento de patrimônio, funcionários que recebiam dinheiro público enquanto trabalhavam para particulares. [os adversários do presidente, considerá-los   inimigos talvez seja mais adequado, contando com o apoio dos 'vazadores' do Coaf e assemelhados, reúnam as provas e que então o assunto seja investigado e os culpados, caso tenha ocorrido algum crime, seja punidos com os rigores da lei.
Tergiversar sobre o assunto lembra fofoca, boato, conversa de comadre e a não leva a nada.]
Já não bastasse o senador, o motorista, a mulher e a filha deste darem de ombros para o MP, Flávio entrou no STF para suspender a investigação e vai perder hoje, quando o ministro Marco Aurélio derrubar a liminar da suspensão. Nem pode reclamar. Quem não deve não teme, certo? Não foram “esquerdopatas” que exigiram explicações, foram os próprios generais do entorno do gabinete presidencial, inclusive, talvez principalmente, o vice-presidente Hamilton Mourão. Aliás, um capítulo à parte na campanha, na transição e no primeiro mês.
Se Bolsonaro foi obrigado vez ou outra a recuar de decisões na fase de transição, ao assumir, ele precisou ser desmentido pela própria equipe, ora por um ministro, ora por um alto assessor, ao falar de IOF, IR, reforma da Previdência. Isso mexe com o mercado, os humores e a percepção sobre a competência do presidente. [qualquer ser humano normal, inexperiente no convívio com a imprensa - Bolsonaro é um ser humano normal - está sujeito a cometer imprecisões;
infelizmente, grande parte da imprensa  não aceita que PERDEU - quem GANHOU as ELEIÇÕES foi BOLSONARO, que É o PRESIDENTE DA REPÚBLICA.
É só aceitar isso e dói menos.]
Até o general Augusto Heleno, do GSI, teve de recorrer ao seu jogo de cintura para desmentir a intenção de ter uma base militar americana em solo brasileiro. Segundo Heleno, fizeram um “auê” por nada. Mas ele certamente sabe que quem fez o “auê” foi o próprio Bolsonaro. Possivelmente, por ter confundido a “base” de Alcântara com base militar. Erro elementar. [o próprio general Heleno já foi alvo da sanha da imprensa quando emitiu sua opinião certíssima - sobre DIREITOS HUMANOS para HUMANOS DIREITOS;
foi só Bolsonaro se enrolar na euforia dos três primeiros dias no cargo e o general agir com serenidade e esclarecer, para  virar o herói.]
Brumadinho foi um ponto positivo para Bolsonaro, rápido ao ir já no primeiro momento à área e mobilizar a equipe. A tragédia alavancou o ministro Ricardo Salles e serviu de alerta contra o certo desdém do próprio presidente e de parte dos ministros diante do meio ambiente. A partir de hoje, Bolsonaro e seu governo entram numa segunda fase: a de tourear um Congresso que parece dividido entre os neófitos, que não sabem muito bem a que vieram, e os muito experientes, que são craques em pressionar governos. Em especial governos que precisam aprovar reformas difíceis e compensar, na economia, o que falta no desempenho do próprio presidente.
Rodrigo Maia será uma mão na roda na presidência da Câmara, mas o Senado tem tudo para virar problema, com o super experiente Renan Calheiros. [que mudança|! Calheiros de multiprocessado, de corrupto mor, agora é o 'super experiente' e logo será também o 'super competente', lógico que isto ele é em outras atividades, mas, vão classificá-lo sempre no bom sentido.]
Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo

Barroso diz acreditar que direitos de minorias não serão afetados por governo Bolsonaro

[As minorias precisam aceitar que,  para seus 'direitos' serem respeitados,  devem antes respeitar os direitos dos demais.

Se seguirem essa regra, tudo bem - afinal, não podemos exigir nossos direitos se não respeitamos os dos outros]

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso afirmou não acreditar que os direitos de determinadas minorias serão ameaçados no governo Jair Bolsonaro, mas afirmou temer retrocessos nas questões indígena e ambiental.

"Não acho que os direitos de gays, mulheres e negros serão afetados", declarou Barroso, que foi entrevistado, na quarta-feira (30), em um podcast do Carr Center for Human Rights Policy, da Harvard Kennedy School, nos Estados Unidos.  "Em relação às populações indígenas, eu acho que provavelmente teremos retrocessos. Ou pelo menos as demarcações de territórios não irão adiante. E eu tenho grandes preocupações em relação ao meio ambiente", acrescentou. Barroso disse que seus receios são "legítimos de um ministro da Suprema Corte que tem entre as suas missões proteger os direitos humanos."

Questionado pela entrevistadora se a chegada de Bolsonaro ao poder representava uma preocupação para a agenda dos direitos humanos, Barroso disse que nem todos os eleitores do mandatário apoiam uma agenda conservadora mais radical. "O novo presidente foi eleito com uma porcentagem de votos que realmente era para ele, mas houve provavelmente uma porcentagem ainda maior de votos que foram contra o PT", disse. [Bolsonaro foi eleito para restaurar os ideais conservadores, fortalecer posições radicais que  permitam a restauração daqueles ideais e com certeza o presidente Bolsonaro não vai decepcionar seu eleitorado.
Os que não gostarem da agenda de direita, que esperem as próximas eleições e tentem mudar o quadro.]
"Nem todo mundo apoia aquela verdadeira agenda de direita. Eu não acho que teremos retrocessos nessas áreas", disse Barroso.

Ainda comentando a ascensão de Bolsonaro, Barroso também disse na entrevista que as instituições brasileiras se fortaleceram nos últimos anos. "Os tribunais funcionam bem e de forma independente. Não tão eficientes quanto deveriam, mas muito independentes. A imprensa no Brasil é poderosa e independente. E eu acho que a sociedade civil, especialmente com as mídias sociais, é também um fator poderoso nesse jogo de xadrez", declarou.

Ainda sobre o tema, o ministro do STF avaliou que a Suprema Corte deve atuar unida na defesa de direitos humanos durante o governo Bolsonaro. "Mesmo se houver riscos reais, eu acho que o STF, que de certa forma esteve dividido na luta contra a corrupção, estará fortemente unido na proteção dos direitos humanos. [é conveniente ter presente que direitos humanos são direitos destinados aos HUMANOS DIREITOS e não aos MANOS - e, infelizmente,  grande parte das minorias estão mais para os MANOS do que para os humanos.

Existe algum direito que assista um homem ficar beijando outro na boca, em via pública, crianças vendo? 
Há centenas de exemplos, citei apenas um, visto que os gays são os que mais insistem em divulgar suas práticas repugnantes - até banheiro público unissex eles pretendem e, PIOR, o Supremo aceitou julgar questão tão insignificante.]

CORRUPÇÃO
O ministro do Supremo disse ainda considerar a corrupção um caso de violação de direitos humanos. "Eu tenho dito que a corrupção é um crime violento, a corrupção mata. E o fato de o corrupto não ver a sua vítima nos olhos não significa que ele não seja perigoso", disse. [ministro! o senhor precisa repetir para parte da mídia e até mesmo para alguns ilustres juristas que CORRUPÇÃO É UM CRIME VIOLENTO...   O FATO DO CORRUPTO NÃO VER A SUA VÍTIMA NOS OLHOS NÃO SIGNIFICA QUE ELE NÃO SEJA PERIGOSO;
Digo isto diante do fato de que centenas de jornalistas, órgãos de imprensa e  juristas acharam, quando o presidiário Lula quis usar o velório do irmão para fazer comício, uma desumanidade não atender aos desejos do criminoso.]

De acordo com o ministro, a corrupção pode ser entendida como uma violação dos direitos humanos porque os recursos desviados por malfeitores deixam de ser investidos em áreas prioritárias, como saúde e educação.
"Claro que é uma violação dos direitos humanos, no sentido de que o dinheiro [desviado pela corrupção] não vai para satisfazer os direitos sociais como deveria", afirmou.

 Folha de S. Paulo