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domingo, 6 de novembro de 2022

Competição e colaboração - Alon Feuerwerker

Análise Política

O balanço das eleições deste ano reforça uma característica já vista em outras ocasiões: todas as forças políticas relevantes saem das urnas com poder e expectativa de poder. Para começar, o PT tem o governo federal, seus governadores mostraram força, reelegeram-se ou elegeram o sucessor, e o candidato a governador em São Paulo conseguiu um desempenho eleitoral inédito, no aspecto positivo.

Mas a direita também fez boa colheita, em suas versões mais na ponta ou menos, ao varrer o Sul, o Sudeste (exceção foi o Espírito Santo) e o Centro-Oeste e dividir o Norte. Manteve-se ou implantou-se em posições de força e, a exemplo da esquerda, plantou nomes em condições de adquirir projeção nacional. Mesmo o dito centro, enfraquecido nas eleições parlamentares, acabou saindo da safra de 2022 com boas posições nos Executivos.

A conclusão é imediata: se persiste um potencial de forte competição, nascido da evidente fratura político-ideológica no tecido social, não se deve subestimar o potencial de colaboração. Pois todo mundo terá de mostrar serviço, e todo mundo tem algo, ou muito, a perder. Vem daí o motivo destes primeiros dias estarem pontilhados de declarações apaziguatórias. As exceções? Como diz o ditado, confirmam a regra. [em nossa OPINIÃO, leiga, porém de PATRIOTA, não há o que apaziguar, conciliar com o eleito = antes e após a posse as forças da direita devem fazer oposição total ao, por enquanto eleito e, ocorrendo a posse, aumentar a oposição, o combate ao inimigo do Brasil, da Verdade, dos Valores Cristãos, da Família e outros VALORES deve ser renhido, começando pela rejeição à PEC dos gastos, que administrada pelo perda total será a PEC do roubo.
A oposição precisa e deve ser renhida, efetiva e  dentro da legalidade. 
 Mantida a maioria conservadora no Poder Legislativo, deve ser feito, dentro da LEI, tudo para impedir o eleito de governar.
Os limites da ação da oposição devem ser os impostos pela Constituição e demais leis vigentes no Brasil.]
 
Os focos de competição exacerbada vêm de onde se deu a forte corrosão de poder, ainda que a eleição não tenha propriamente corroído a expectativa de poder dos removidos do Planalto.  
Vêm também, no Parlamento, dos núcleos que baseiam sua força eleitoral na exploração máxima da polarização ideológica, e é natural que busquem cultivar esse ambiente, já de olho na reprodução e ampliação de seu poder daqui a quatro anos. [em outras palavras: objetivando obter condições de propiciar o melhor para o Brasil e os brasileiros; Imagine - Se apesar das 'escorregadas', da oposição e sabotagem sistemática aos atos do seu Governo, e da pandemia, o presidente Bolsonaro, está entregando um Brasil bem melhor - em todos os aspectos (menos no combate aos criminosos e à impunidade) do que o que recebeu do governo Temer.]

Mas esses núcleos, se têm força para provocar alarido e sobressaltos, não encontram no momento espaço para interferir decisivamente no andamento da política, que tateia atrás de alguma normalização. Do que depende a consolidação disso? De Luiz Inácio Lula da Silva e seu governo conseguirem combinar alguma fidelidade à narrativa de campanha, para evitar a acusação de estelionato, e ao mesmo tempo liderarem a acomodação. [a combinação apontada pelo articulista implica em VERDADE e essa é incompatível com qualquer governo de esquerda, especialmente com o do eleito, cujo Norte e Credo é a MENTIRA.]

O governo eleito dá seus primeiros passos cercado pela tradicional leniência. Os arrufos e espasmos do bolsonarismo, nos palácios e nas ruas, oferecem aos vencedores de outubro o sempre útil fantasma, que, se agitado com competência, traz com ele a imposição de apoiar o oficialismo para evitar retrocessos. Em resumo: o potencial de acomodação mais a tensão pós-eleitoral provocada pelos removidos do poder oferece ao PT um ecossistema quase ideal.

Que pode ser notado no debate em torno das providências para autorizar o governo vindouro a estourar o teto de gastos para cumprir as promessas eleitorais. A compreensão vem até dos setores e personalidades que tradicionalmente carregam o estandarte da responsabilidade fiscal como Constantinos modernos brandindo o in hoc signo vinces (“sob este signo vencerás”). Lula terá de ser muito incompetente (o que nunca foi) para não surfar bem na onda.

E depois, quando precisar mandar apertar os cintos? Bem, cada dia com sua agonia. O depois vem depois. 

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

 

sábado, 5 de novembro de 2022

A rotina de perseguição e angústia de Julia de Castro

Estudante revela dia a dia perturbador em universidade federal, desde que foi descoberta de direita e eleitora de Jair Bolsonaro 

 A estudante de História da Unirio Julia de Castro, durante as manifestações em prol do 7 de Setembro, no Rio de Janeiro - 07/09/2022 | Foto: Reprodução/Julia de Castro/Instagram

A estudante de História da Unirio Julia de Castro, durante as manifestações em prol do 7 de Setembro, no Rio de Janeiro - 07/09/2022 | Foto: Reprodução/Julia de Castro/Instagram
Apaixonada por História desde pequena, a jovem Julia de Castro, de 20 anos, ficou muito feliz ao descobrir que havia sido aprovada no vestibular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), em 2019, para iniciar o curso no ano seguinte. 
Nos primeiros meses, Julia percebeu que o sonho virara pesadelo. 
Os professores usavam a sala de aula para fazer propaganda político-partidária contra o presidente Jair Bolsonaro e distorciam fatos sobre o passado, além de discorrer acerca de um futuro utópico socialista. “Foram momentos bem angustiantes”, disse a jovem, em entrevista a Oeste.

Durante dois anos, Julia calou-se, para conseguir “sobreviver”. “Fiquei na espiral do silêncio”, resumiu ela, em alusão à teoria segundo a qual indivíduos omitem as próprias opiniões, quando conflitantes com o pensamento da maioria ao seu redor, por causa do medo do isolamento e da zombaria. As coisas pioraram no início de outubro deste ano, depois de ela ter sido descoberta de direita e eleitora do presidente Jair Bolsonaro. A estudante passou a ser perseguida, hostilizada e até ameaçada por colegas, sob o olhar complacente dos professores. A Revista Oeste conversou com Julia.

A seguir, os principais trechos da entrevista.

Como se iniciou a perseguição contra você na universidade?
Um site de fofocas da faculdade, cujos autores são anônimos, publicou posts das minhas redes sociais em que eu apoiava o governo, sob a “manchete”: “Como essa ‘Julia Bolsonara’ pode estudar na Unirio e apoiar esse homem?”. Todos os alunos, praticamente, seguem esse “jornal”, e iniciaram uma “cruzada” para descobrir quem era a tal Julia. Um colega de uma amiga minha, que não estuda na Unirio, mas sabe quem sou, porque sempre me odiou, em virtude de meu posicionamento político, lê o blog e marcou o meu perfil nele com a mensagem “os seus dias estão contados”. Assim, a minha turma inteira ficou sabendo. Como não sigo esse site, fui informada por meio do meu noivo, que recebeu de um colega dele, ex-aluno da Unirio. Enquanto isso, meu Twitter ficou lotado de ameaçadas de morte e de agressão física. O sentimento que tive em meio àquilo tudo foi de desespero. Chorei compulsivamente naquele dia. A cada segundo, havia uma nova ameaça. Descobriram o número do meu celular, os colegas de classe tiraram-se do grupo da sala e passei a ser alvo de ataques no WhatsApp. Minha família foi meu único refúgio.

O que você fez na sequência?
Consultei uma amiga da família, que é advogada, para processar todos os que me ameaçaram. Ela recomendou que eu expusesse a situação nas redes sociais. O que fizeram foi um crime, e minha segurança estava comprometida dali em diante. Embora reticente no início, acabei cedendo às pressões da minha mãe para obedecer à advogada. Confesso que fiquei impressionada com a repercussão. Recebi muito apoio. Com medo da polêmica, os agressores fecharam as suas redes sociais e se esconderam. Na sequência, acionei uma delegacia, e os policiais me ajudaram a recuperar as mensagens com ameaças. 

A direção e os professores saíram em sua defesa?
Foram totalmente omissos. Querem que a situação se abafe.

Como está a sua vida acadêmica agora?

(...)

Essa perseguição também ocorria no ensino médio?
Não. Havia doutrinação em sala, mesmo sendo um colégio particular, entretanto, de uma forma mais velada, que se intensificou em 2018, com a vitória de Bolsonaro, mesmo assim, longe de ser o que passei agora. Aos poucos, fui revelando o que pensava. A sorte é que eu já havia feito amigos, que me disseram: “Discordamos de você, mas agora é tarde para te odiar”. Durante a minha passagem pelo colégio, fiz uma escolha: ou os meus amigos de classe média alta, que bajulavam os professores porque queriam ser intelectuais, ou a minha família. É claro que optei pela segunda opção. E está tudo bem.

Leia também: “A lavagem cerebral nas universidades”, reportagem publicada na Edição 108 da Revista Oeste

Revista Oeste - Íntegra da Entrevista

 

 

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Bolsonaro vai ao encontro de Alckmin e diz: ‘Estou às ordens’

Foi o primeiro encontro de Bolsonaro com um integrante da equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) 
 
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), interrompeu suas agendas nesta quinta-feira, 3, e pediu um encontro com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, que estava em reunião na Casa Civil. Foi o primeiro contato de Bolsonaro com um integrante da equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu a eleição do último domingo.
[presidente Bolsonaro, por favor se respeite e respeite aos milhões de brasileiros  que votaram no senhor; logo estarão falando que o senhor está pedindo vaga de ministro para ter foro privilegiado.
Decepção já basta a que o senhor causou anteontem.
Sugerimos ao presidente ou a um de seus assessores que leia, ou passa para  ele - inimigos não querem conciliação, querem se vingar do presidente Bolsonaro - falam até em um 'tribunal de Nuremberg'. A turma da esquerda é vingativa, o eleito quer vingança, eles querem destruir à DIREITA e prender o senhor.
Desculpe-nos pela sinceridade]
 
Revista Oeste - MATÉRIA COMPLETA 
 

 

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Eleição confirma: o próximo presidente [= Bolsonaro = conservador] vai governar um Brasil conservador

Os governadores reeleitos e a nova composição do Congresso mostram que o pêndulo ideológico do país oscilou para a direita

Em um olhar mais superficial, o resultado da votação de 2 de outubro é muito parecido com o de quatro anos atrás, quando foram para o segundo turno dois candidatos — Jair Bolsonaro e Fernando Haddadalimentados pela força do antipetismo e pela polarização política. A mensagem emitida pelas urnas agora, no entanto, é muito mais profunda e complexa, e vai além da escolha entre Lula e Bolsonaro. Ganhe quem ganhar, o novo presidente governará um país, a partir de janeiro de 2023, em que os conservadores fincaram sua bandeira não só na Praça dos Três Poderes, mas na própria sociedade. Os eleitores mostraram claramente que o pêndulo ideológico, por muito tempo estacionado entre o centro e a esquerda, mudou e oscilou para a direita.

Não foi exatamente uma virada inesperada. O conservadorismo estava latente na alma nacional, mas de forma envergonhada, disfarçado sob a fachada centrista. Não mais. Empurrada por uma série de fatores tanto no cenário doméstico quanto soprados por ventos internacionais, uma multidão de brasileiros postou-se sem filtros à direita do espectro político. “O conservadorismo saiu do armário”, resume a cientista política Camila Rocha, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

Conservadorismo

Moldada sobre três bases a católica, a escravagista e a latifundiária —, tripé exposto com genialidade em Casa-Grande & Senzala, livro do sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987), a identidade nacional nasceu e cresceu conservadora, cimentada em preceitos religiosos e morais escorados na tradição. A efervescência social associada ao fim da ditadura militar chacoalhou esse estado de coisas — os anos de chumbo foram sepultados por um ambiente progressista como nunca se vira antes, cristalizado na Constituição de 1988, plural e inclusiva. Os conservadores ou se calavam, ou caíam na trincheira da radicalização e eram ridicularizados condição que Bolsonaro, histriônico e boquirroto como parlamentar, conhece muito bem. 
Esse grupo tradicionalista foi remoendo sua insatisfação, alimentada pelos governos reformistas do PSDB e, principalmente, do PT.
 A Operação Lava-Jato serviu de gatilho para a explosão do descontentamento em protestos, já embalados em amarelo, em 2013 e nos meses que antecederam a queda do governo de Dilma Rousseff.

A direita brasileira mais aguerrida, empunhando a bandeira anticorrupção (que não era só dela, mas da qual se apoderou) e impulsionada pela ascensão do nacionalismo radical na Europa e nos Estados Unidos de Trump, em 2017, subiu no palanque e chegou ao poder. Seguiu-se então uma sequência de tropeços e equívocos embalados por um discurso de ódio associado ao negacionismo, atalho para se imaginar que fracassaria na arena política. Ao contrário, os conservadores ganharam tração, expressada na reeleição de nove governadores bolsonaristas no primeiro turno e, mais significativo ainda, na ocupação de quase todas as vagas para o Senado. “Começamos há vinte anos, fazendo reuniões com não mais que trinta pessoas, passando nossos valores adiante”, diz o pastor evangélico Magno Malta (PL), senador eleito pelo Espírito Santo e um dos pilares da muralha conservadora no Congresso.

EMPURRÃO - Manifestação contra o aborto: a onda direitista encampou a rejeição à liberalização dos costumes -
EMPURRÃO - Manifestação contra o aborto: a onda direitista encampou a rejeição à liberalização dos costumes – Sergio Lima/Poder360/.
No caldeirão conservador, o guisado temperado pelo antipetismo foi engrossado pela rejeição ao aborto, aos direitos dos homossexuais, à liberação das drogas e a outras pautas progressistas vistas como um desrespeito aos valores tradicionais
Direitistas extremados sempre foram contra tudo isso, mas agora se sentem à vontade para expor sua opinião na mesa do bar, no jantar em família, na reunião de negócios e, claro, no Congresso. “Antagonizar os progressistas é minha guerra genuína”, avisa, na ágora das redes sociais, Nikolas Ferreira, 26 anos, deputado federal mais votado do Brasil (1,5 milhão de votos). Vereador por Belo Horizonte, ele começou a carreira de influenciador fazendo palestras para grupos de jovens em igrejas evangélicas e batendo numa única tecla: o objetivo da esquerda é destruir a família e a tradição.

(...)

UM VOTO DE FÉ - Aos 42 anos, Eliane Hauer, estudante de teologia e evangélica, nunca deu bola para política, até que viu avançar uma agenda progressista, que ela repudia. “Se dormirmos no ponto, os banheiros serão unissex e vão ficar abordando sexo nas escolas”, teme. -
UM VOTO DE FÉ – Aos 42 anos, Eliane Hauer, estudante de teologia e evangélica, nunca deu bola para política, até que viu avançar uma agenda progressista, que ela repudia. “Se dormirmos no ponto, os banheiros serão unissex e vão ficar abordando sexo nas escolas”, teme. – Guilherme Pupo/.
(...)

Comprovando o tamanho de seu impacto nestas eleições, a questão religiosa foi a primeira a pipocar quando se definiram os candidatos ao Planalto no segundo turno. Mal fechadas as urnas, grupos bolsonaristas difundiram um vídeo que associava Lula ao satanismo.

 (...)

Durante a pandemia, a negação da ciência se manifestou, disfarçada de liberdade individual, na forma de minimização do perigo e inaceitáveis campanhas antivacina. O pretexto de levar o progresso a áreas atrasadas serviu para “passar a boiada” sobre os marcos regulatórios e leis de preservação da Amazônia. Os dois ex-ministros de Bolsonaro responsáveis por essas aberrações, Eduardo Pazuello, da Saúde, e Ricardo Salles, do Meio Ambiente, se elegeram deputados federais e levam sua postura nociva para o Congresso. [em que pese a alegada e infundada nocividade ambos foram eleitos e Pauzuello, malhado pela CPI = Circo da Covid-19, foi o mais votado do Rio.]“O que vemos agora no Brasil está mais para reacionarismo do que para conservadorismo, um movimento de transformação estrutural que invalida avanços da democracia e glorifica o passado”, diz o cientista político Pedro Castelo Branco, professor da UERJ.

(...)

A identificação da população brasileira com a direita mais do que triplicou entre 2010 e 2020, segundo o Latino barômetro, pesquisa anual de opinião pública realizada em dezoito países da América Latina. No mesmo período, a afinidade dos eleitores com partidos liberais, cristãos e nacionalistas se ampliou mais de cinco vezes. Em pesquisa recente do Datafolha, um terço dos brasileiros declara-se de direita. Mas a realidade das urnas mostra que a corrente conservadora arrasta uma legião de direitistas enrustidos. “Há uma vergonha no brasileiro em se dizer de direita, palavra vinculada à ditadura e ao autoritarismo, e as pessoas acabam se definindo de centro”, afirma o cientista político Guilherme Casarões.

Damares Alves
Damares Alves – Ton Molina/Fotoarena/.

Damares Alves
Senadora (Republicanos-DF)
714 562 votos
Posição: como ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, martelou uma pauta de costumes antiaborto, contra o casamento gay e a legalização das drogas — bandeiras que pretende agitar no Congresso.

Eduardo Pazuello
Eduardo Pazuello – @generalpazuello.oficial/Facebook

Eduardo Pazuello
Deputado Federal (PL-RJ)
205 324 votos
Posição: o ex-ministro da Saúde deu as costas à ciência quando a pandemia revelava sua face mortal, minimizando os efeitos da vacina, que custou a comprar, e defendendo o inócuo “tratamento precoce”.

Ricardo Salles
Ricardo Salles – @ricardosallesmma/Instagram

Ricardo Salles
Deputado Federal (PL-SP)
640 918 votos
Posição: o ex-ministro bateu na tecla de menos regras e mais flexibilização na área ambiental enquanto, sob sua gestão, o desmatamento na Amazônia registrava o maior índice em uma década.

Nikolas Ferreira
Nikolas Ferreira – @nikolasferreiradm/Facebook

Nikolas Ferreira
Deputado Federal (PL-https://veja.abril.com.br/politica/eleicao-confirma-o-proximo-presidente-vai-governar-um-brasil-conservador/MG)
1,5 milhão de votos
Posição: o influencer, de 26 anos, o mais votado no país para a Câmara Federal, diz que antagonizar com a esquerda é sua “guerra genuína” e acredita que cristianismo e política devem caminhar juntos.

Publicado em VEJA,  edição nº 2810,  de 12 de outubro de 2022

Política - Revista VEJA - MATÉRIA COMPLETA 

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Depois de quase 10 anos, direita pode voltar ao comando da Suécia

Atualmente, país é comandado pela social-democracia

A Suécia pode ter um governo formado por partidos de direita em quase uma década. Realizada no domingo 11, a eleição nacional está próxima do fim, o que deve ocorrer até a quarta-feira desta semana. Com isso, o país terá um novo comando, depois da gestão social-democrata.

Os primeiros resultados divulgados hoje, com 90% dos votos apurados, mostram que o bloco de direita alcançou 175 cadeiras, das 349, no Riksdag, o Parlamento sueco — uma a mais que o bloco formado pela esquerda.

Em mais um sinal da guinada à direita, os Democratas Suecos anti-imigração devem ultrapassar os Moderados como o segundo maior partido do país e o maior da oposição, sugerindo uma mudança histórica.

O líder moderado Ulf Kristersson, provavelmente, será o candidato da direita ao cargo de primeiro-ministro. “Não sabemos qual será o resultado”, disse Kristersson, a apoiadores. “Mas estou pronto para fazer tudo o que puder para formar um governo novo, estável e vigoroso para toda a Suécia e todos os seus cidadãos.”

Kristersson disse que buscaria formar um governo com os pequenos democratas-cristãos e, possivelmente, os liberais, e contaria apenas com o apoio dos democratas suecos no Parlamento. Ele se apresentou como o único candidato que poderia unir a direita e derrubar a esquerda do poder.

O líder dos Democratas Suecos, Jimmie Akesson, ressaltou no Twitter que o partido teve “uma eleição fantástica”. Ele garantiu a apoiadores que o objetivo é ficar no governo. “Há 12 anos, entramos no Parlamento, quando conseguimos 5% dos votos. Agora, temos 20%”, observou.

Com os votos no exterior e alguns votos postais ainda a serem contados e a margem estreita entre os dois blocos, os resultados ainda podem mudar. A primeira-ministra social-democrata, Magdalena Andersson, ainda não admitiu a derrota, dizendo que os resultados estão muito apertados.

Leia também: “Pior que eleições é não realizar eleições”, texto publicado na edição 128 da Revista Oeste

 

domingo, 21 de agosto de 2022

Espiral de silêncio - Revista Oeste

Rodrigo Constantino

O intuito é intimidar quem quer que ouse apoiar Bolsonaro em particular ou a direita em geral 

Um grupo fechado de WhatsApp, com alguns grandes empresários, teve suas conversas vazadas e publicadas pelo site Metrópoles.  
Nessas conversas informais, esses empresários se mostravam muito preocupados com a situação institucional no Brasil, com o risco da volta de Lula e sua quadrilha por meio de malabarismos supremos, e, em alguns momentos de maior revolta ou desabafo, um ou outro chegou a falar que uma intervenção militar seria uma alternativa menos pior.

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

Faço parte do grupo, e sempre entendi, dentro do contexto, que o ponto essencial é o desespero com o verdadeiro golpismo em curso em nosso país. Mas o “jornalista” tirou tudo do contexto, para pintar um quadro de conspiração golpista e antidemocrática por parte desses empresários. Imediatamente após a publicação, já tínhamos figuras como o senador Randolfe Rodrigues e o candidato Ciro Gomes pedindo até a prisão desses empresários!

A esquerda não brinca em serviço. E o jogo é bruto, companheiro. O intuito aqui é claro: intimidar qualquer empresário ou indivíduo que ousarem apoiar Bolsonaro. Se nem mesmo grandes nomes, alguns bilionários, em conversas privadas num clube fechado, estão protegidos desse tipo de achaque, então todos podem ter vidas destruídas se resolverem se manifestar de forma mais veemente numa conversa de botequim.

O grupo não tem qualquer estrutura ou organização hierárquica, nenhuma ação prática derivada das conversas, nada parecido com uma célula terrorista, como um MST, MTST ou os black blocs. São apenas empresários debatendo sobre política, e alguns mais ativos destilando sua revolta com o quadro atual do país, que é mesmo revoltante pelo grau de ativismo político do Poder Judiciário, em particular do STF. Conversas privadas, reforçando. Transformaram isso num bloco golpista que atenta contra a democracia, nas narrativas midiáticas.

Enquanto isso, a revista Piauí, de Moreira Salles, publicou “reportagens” atacando a Jovem Pan, tradicional rádio que virou emissora de TV neste ano e já ocupa o segundo lugar em audiência. A Jovem Pan tem sido alvo de inúmeros ataques, pois é o único grande veículo de comunicação, além da Gazeta do Povo na parte do jornalismo, que preserva um debate efetivamente plural. Isso não pode ser tolerado por quem morre de saudades dos tempos de hegemonia esquerdista na velha imprensa.

Há mais petista na Jovem Pan do que conservador em todas as demais emissoras somadas!

A denúncia é que a Jovem Pan se “vendeu” para o governo Bolsonaro. Caio Coppolla esclareceu o absurdo e engoliu a velha imprensa, porém, ao citar como exemplo a Folha de S.Paulo, parceira editorial da revista Piauí. O grupo Folha recebeu quase R$ 1 bilhão de verbas da Secom durante os governos petistas, e a grita é diretamente proporcional ao fechamento das torneiras. Já a Jovem Pan recebeu mais recursos anuais durante os anos petistas do que no governo Bolsonaro.

No mais, se a Jovem Pan fosse mesmo paga para “defender o bolsonarismo”, seria importante explicar a presença de tantos esquerdistas antibolsonaristas na emissora. Afinal, há mais petista na Jovem Pan do que conservador em todas as demais emissoras somadas! É um fenômeno parecido com o observado nos Estados Unidos, onde todas as emissoras são extensões do departamento de marketing do Partido Democrata, e se unem para demonizar a única emissora mais equilibrada, a Fox News, chamada de “republicana” mesmo tendo mais comentaristas democratas do que há de conservadores em todas as demais juntas. Quem é plural?

Mesmo esta jovem Revista Oeste já foi alvo da tentativa de assassinato de reputação. No caso, por uma “agência de checagem”, essa aberração da era moderna, uma espécie de extensão da velha imprensa com uma aura de Ministério da Verdade, ainda que tocado por estagiários idiotas. Oeste meteu processo e venceu: a agência que acusou a revista de espalhar fake news é quem tinha disseminado mentira. Oeste incomoda justamente porque dá espaço para colunistas que ousam pensar fora da cartilha esquerdista.

Há, ainda, as milícias digitais, os grupos fascistoides, como o Sleeping Giants, que são usados para pressionar empresas que se recusam a pagar pedágio ao politicamente correto, que se negam a abandonar o foco em seu negócio para transformar suas empresas em instrumentos de lacração esquerdista. São chacais e hienas dispostos a partir para o ataque ao menor sinal de comando de seus chefinhos.

O modus operandi é conhecido: os tucanopetistas, que tinham hegemonia na velha imprensa, se infiltram em grupos fechados de WhatsApp e usam seus veículos de comunicação para rotular, difamar e detonar todo conservador. O intuito é intimidar quem quer que ouse apoiar Bolsonaro em particular ou a direita em geral.  
O recado é bem claro: se você for por esse caminho independente, colocaremos todo o aparato poderoso contra você, para destruir sua vida, assassinar sua reputação. Muitos cedem, infelizmente.

O propósito da esquerda é criar uma espiral de silêncio para abafar a voz da direita. A esquerda, afinal, não sobrevive muito bem em ambiente livre e plural, onde os conservadores podem apontar para todas as suas falácias e contradições. A esquerda precisa da censura e do autoritarismo, ainda que velado. Mas tudo isso em nome da diversidade e da pluralidade, claro…

Leia também “O poeta Fachin”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste

 

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

A bolha esquerdista estourou e espalhou o pânico na elite - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Quem tem boa memória e bom conhecimento histórico, assumindo decência como premissa básica, dificilmente será um esquerdista. Afinal, a esquerda nunca conseguiu entregar bons resultados. Ela vive de retórica sensacionalista, de promessas utópicas, do ressentimento alheio.

É por isso que a esquerda necessita criar uma espiral de silêncio em torno de seus pecados e crimes. Na academia, seus intelectuais orgânicos se encarregam de mentir na cara dura. Na imprensa, seus militantes disfarçados de jornalistas tentam enganar a audiência. Na cultura pop, artistas engajados enaltecem seus ícones corruptos.

A esquerda precisa da censura, da interrupção do debate, da interdição do diálogo. Se ela permitir que a direita se manifeste livremente em discussões abertas, ela invariavelmente vai perder seguidores, pois suas mentiras e incoerências ficarão totalmente expostas.

Por outro lado, se a direita tem a oportunidade de se manifestar com calma, ela é capaz de desfazer inúmeras falácias criadas pela própria esquerda a seu respeito, com rótulos vazios, desumanização e demonização de seus integrantes. Foi justamente o que fez Bolsonaro nas cerca de cinco horas de bate-papo no podcast Flow.

A quantidade de visualizações já está encostando nos dez milhões, com mais de um milhão de curtidas. Ler os comentários é algo bem instrutivo: muita gente, especialmente a garotada que é o típico público do programa, mostra-se impressionada com aquilo que não conhecia do presidente. Vários alegam que foram enganados pela imprensa.

STF aprova reajuste de 18% para os ministros; proposta será analisada pelo Congresso

A força da conscientização: moradores de cidade do interior contra Paulo Freire

Manifesto pela Democracia ou da Hipocrisia?

Essa turma "conhecia" Bolsonaro pela lente distorcida dos nossos "jornalistas", pela imprensa do "mas". Como disse o próprio presidente, se seu governo zerasse os assaltos no país, a mídia lamentaria o desemprego dos bandidos. Chegamos a esse nível de aberração. Basta ver veículos de comunicação "explicando" o lado negativo da deflação quando o Brasil divulgou queda de preços este mês, ou uma "respeitada"  jornalista do Globo falando em "truque" do presidente, como se ele fosse o Mr. M.

O General Heleno comemorou o sucesso da entrevista no podcast: "Flow do Pres Rep teve mais de 5 horas de duração. Até agora, mais de 8 MILHÕES de visualizações. Ele, como sempre, SIMPLES e AUTÊNTICO. Linguagem direta, para mostrar o quanto o BRASIL melhorou nesses 3 anos e meio. BRASIL ACIMA DE TUDO!"

Repito: é só ver os comentários no YouTube para concluir que o segredo da direita é ter a oportunidade de falar para quem fica numa espiral de silêncio imposta pela mídia. É como se muitos ali tivessem tido contato com o presidente verdadeiro pela primeira vez, tomado uma redpill na Matrix. Já o segredo contra a esquerda é deixá-la falar mais e mais sobre suas verdadeiras intenções.

Vide o Lula pregando censura, enaltecendo ditaduras companheiras, ameaçando empresários, detonando a classe média, dizendo que vai revogar reformas importantes, furar o teto fiscal, governar junto de radicais como Boulos etc. Depois ele diz na Fiesp que não entende porque o agronegócio gosta de Bolsonaro e não dele, o companheiro dos invasores do MST.

Se a esquerda expõe o que realmente pensa, ela afugenta qualquer pessoa minimamente razoável; se a direita consegue expor o que realmente pensa e seus resultados concretos, sem distorção midiática, ela é capaz de seduzir o típico "isentão" mais alienado que foi alvo da desinformação midiática. Daí a esquerda pregar a censura, enquanto a direita sempre foi pela liberdade.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


domingo, 8 de maio de 2022

Putin é de esquerda ou de direita?

O Globo

Perguntamos a analistas se o presidente russo se encaixa em um dos campos políticos tradicionais

Pragmatismo na diplomacia e aversão à ideia dos EUA explicam apoios entre a esquerda, mas políticas da Rússia nas últimas décadas são mais próximas aos programas defendidos por nomes ligados ao conservadorismo

Presidente russo Vladimir Putin participa de cerimônia em homenagem aos atletas do país que ganharam medalhas nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em fevereiro Foto: NATALIA KOLESNIKOVA / AFP
Presidente russo Vladimir Putin participa de cerimônia em homenagem aos atletas do país que ganharam medalhas nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em fevereiro Foto: NATALIA KOLESNIKOVA / AFP

A guerra lançada pela Rússia contra a Ucrânia há pouco mais de dois meses foi seguida por grande condenação internacional, em especial das potências ocidentais, e por reações mais comedidas de nações como Brasil e Argentina, comandadas por líderes que estão em campos opostos do espectro político, mas preferem preservar boas relações com Moscou. Nesse contexto, um questionamento surgido algumas vezes ao longo dos 22 anos de Vladimir Putin no poder foi retomado: afinal, o líder russo é de esquerda ou de direita? Ou ele não se encaixa em nenhuma dessas tendências ideológicas? Para responder a essas perguntas, O GLOBO ouviu cinco especialistas, que traçaram as nuances que definem o líder do Kremlin.

Muita dessa confusão se deve ao pragmatismo da política externa russa, que estabelece suas alianças com países ideologicamente distintos desde que ofereçam uma resistência ao eixo atlantista e liberal liderado por EUA e Europa Ocidental. Por isso, a Rússia apoia tanto a esquerda bolivariana na América Latina, como [o presidente da Venezuela, Nicolás] Maduro, quanto a direita radical europeia, como [a líder de extrema direita francesa Marine] Le Pen — afirmou David Magalhães, professor de Relações Internacionais da FAAP e cofundador do Observatório da Extrema Direita Brasil.

(...)

— Uma parte da direita radical tem afinidade com a figura de Putin por enxergá-lo como um símbolo viril do conservadorismo de raiz nacionalista e cristã. Uma parte da esquerda tem afinidade com a Rússia por entender que ela é a resposta “anti-Estados Unidos” no mundo.

'Direita radical'
Se no campo externo as posições de Putin podem confundir conceitos e visões políticas, na política interna os especialistas ouvidos pelo GLOBO são unânimes: o homem que comanda a Federação Russa desde 2000 tem políticas ligadas ao conservadorismo e que vão contra valores liberais ou progressistas.

Para Marcos Sorrilha, professor de História dos EUA da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Franca, Putin estaria entre uma “direita radical”, que ainda preserva uma imagem democrática (embora defenda a repressão das minorias), e uma “extrema direita” que flerta abertamente com o autoritarismo.

Putin exerce um governo reacionário e autoritário, que busca restaurar um passado czarista, que até faz com que tenha alguma simpatia pelo stalinismo, e isso nos leva a poder afirmar que ele não é de esquerda, mesmo considerando as diferentes configurações da esquerda — explica. — Ao adotar uma postura nacionalista e imperialista, ele rompe com algumas tradições da esquerda, como a igualdade, o internacionalismo e o sentimento humanitário.

Terra arrasada:Rússia planeja realizar parada militar na cidade destruída de Mariupol em 9 de maio, dia da vitória sobre o nazismo, diz Ucrânia

David Magalhães aponta que a base de apoio de Putin é ligada à elite econômica da Rússia pós-soviética e também inclui as lideranças da conservadora Igreja Ortodoxa Russa — o patriarca Cirilo é um de seus maiores aliados. Esses aspectos, segundo Fernanda Magnotta, definem melhor Putin do que os rótulos de “esquerda” e “direita”.

Putin é mais bem explicado quando lido como um conservador de perfil autocrático, que se orienta por um nacionalismo religioso, de fortes traços populistas e apelo identitário, no contexto de uma cultura patriarcal.

Nas últimas duas décadas, a Rússia é apontada como uma fonte de apoio político e financiamento da extrema direita na Europa, em países como França, Itália e Áustria. Também há laços mal explicados explicados laços entre Moscou e setores republicanos nos Estados Unidos.

Os maiores entusiastas de Putin são de uma corrente política de direita, como Le Pen, Viktor Orbán, Donald Trump, que têm uma agenda crítica ao liberalismo, defendem um Estado-nação fortalecido, pessoas que criticam a agenda progressista — afirma Santoro.

Além das ideias, a imagem de Putin como um líder forte serve como “atrativo” para a extrema direita.

A extrema direita encara a Rússia como uma nação forte, Putin é o que líderes de extrema direita gostariam de ser. Os elementos de nacionalismo, religião e conservadorismo são uma tríade da extrema direita, além da capacidade que Putin tem de evocar para si a ideia de grande questionador da ordem vigente — conclui Baghdadi.

Mundo - O Globo


sábado, 7 de maio de 2022

Bandeiras pelo chão - Alon Feuerwerker

Análise Política

Se os atos de rua no 1º de maio não chegaram a impressionar pelos números, notou-se a direita mobilizando mais gente que a esquerda. Tem sido recorrente, e a direita traz esse fato para lançar dúvidas sobre as pesquisas de intenção de voto que mostram a esquerda liderando a corrida pelo Palácio do Planalto. [entendemos que as pesquisas atuais não merecem credibilidade e são 'adequadas' aos interesses da esquerda - são tão absurdas, tão sem crédito,  que sequer merecem perder tempo desacreditando-as.]Argumento relativo, pois quem vai para a rua, nos dois lados do espectro político, é uma fração residual do eleitorado.

Mas é inquestionável que, desde meados da década passada, a direita vem superando a esquerda na capacidade de mobilização. O traço novo da conjuntura brasileira no período recente tem sido o surgimento de uma direita de massas. André Singer, em artigo na revista do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp, tratou da reativação desse fenômeno.
O passado registrou ensaios (o Integralismo) e sístoles pontuais (Marcha da Família com Deus pela Liberdade). Mas nada que se compare a agora.

Fica para os especialistas explicar o porquê, e não custa especular sobre a novidade. Ela deve ter raízes materiais, com destaque para a transformação de boa parte da antiga classe operária em uma nova “classe média”. Mas seria reducionista limitar a explicação às bases objetivas.

O estudo do Brasil do século 20 mostra que os momentos mais férteis da esquerda não foram impulsionados pela propaganda e agitação da luta de classes. Eles vieram embalados em duas consignas herdadas da Revolução Francesa, liberdade e igualdade, e outras duas nascidas de uma visão anticolonial de mundo, soberania e desenvolvimento.

Ciro Gomes (PDT) ainda procura fazer do desenvolvimento um ponto de apoio para tentar mover o mundo da eleição, e no chamado campo progressista é só. Num certo ponto da história por aqui, a luta contra o subdesenvolvimento e pelo desenvolvimento adicionou, com razão, o “sustentável”. Com o tempo, o lado desenvolvimentista foi desaparecendo. Hoje reina, absoluta, a sustentabilidade. “Desenvolvimentista” virou xingamento nos círculos ilustrados do progressismo.

Progressismo que hoje se debate na armadilha de precisar explicar como vai combater a pobreza sem colocar o desenvolvimento no centro das preocupações.

Desenvolvimento não é tampouco expressão frequentadora das narrativas da direita. Feita a ressalva, é obrigatório notar que esta agarrou, sem medo de ser feliz, os outros três estandartes. A liberdade, com o “gancho” óbvio da liberdade de expressão, a igualdade, em oposição ao culto das diferenças como critério de empoderamento, e a defesa da soberania nacional, contra o “globalismo”.

O surgimento de uma direita de massas por aqui, e não só por aqui, coincide com o esforço hercúleo da esquerda para se reinventar e remaquiar por critérios socialmente aceitáveis pelo pensamento hegemônico neste início de século 21. E, na guerra pelos símbolos e valores, a direita vai pegando as bandeiras que a esquerda deixa pelo chão. Será interessante acompanhar e ver onde isso vai dar.
 
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

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Publicado na revista Veja de 11 de maio de 2022, edição nº 2.788

 

segunda-feira, 11 de abril de 2022

O DESTINO DOS TRAIDORES - Gazeta do Povo

[Tudo indica que se houvesse a tragédia do Luladrão - o criminoso 'descondenado, não foi  inocentado -  ser eleito presidente o Brasil ficaria em pior condições do que os  Estados Unidos sob  Biden - o grau de senilidade do cachaceiro petista supera o de Biden.]

CACHAÇA E MACONHA: UMA MISTURA DA PORRA!

 

Rodrigo Constantino

Era um herói nacional e foi convidado para tocar um dos mais importantes ministérios. Fez um trabalho bom, mas resolveu sair no meio da pandemia, atirando. Prometeu um batom na cueca, mas a Polícia Federal nada encontrou. Passou a dar entrevistas para veículos de comunicação opositores do governo, e se uniu a um deles, o mais sensacionalista. Lançou sua candidatura criando uma falsa equivalência entre o ladrão que prendeu e o ex-chefe. Definha no novo partido, sem espaço para sair candidato a presidente. Sergio Moro tem um destino melancólico.

Chapa BolsoDoria. Não era uma via de mão dupla, mas sim João Doria [outro Iscariotes]  pegando carona no fenômeno bolsonarista. Foi eleito. Logo depois decidiu que queria mesmo é a cadeira de Bolsonaro, e passou a ser um traidor, não só do governo federal, pedindo para o ministro Paulo Guedes sair junto de Sergio Moro, mas da nação, impondo lockdowns absurdos e torcendo pelo pior.  
Resultado: Doria amarga uma intenção ridícula de voto, e vai ter de se esforçar para ficar à frente do desconhecido candidato do Novo. Essa semana foi para a Bahia e acabou sendo recebido por cerca de… três pessoas do povo, fora uma banda oficial. Constrangedor demais…
 
O pitbull bolsonarista. Ele subia nos palanques ao lado do candidato Bolsonaro e fazia discursos enfáticos contra a esquerda. Era uma atuação, nos mesmos moldes de seus filmes pornográficos. 
Alexandre Frota enganou alguns bolsonaristas, mas sempre foi um oportunista. Tão logo vislumbrou uma oportunidade do outro lado, pulou a cerca e chorou com Doria. Era um tucano agora. E já está flertando com o socialista Marcelo Freixo até. Não deve ser candidato a nada, pois não vence nem para síndico do prédio.

A musa da direita. Ela subia em tudo que é carro de som, pois não pode ver um holofote. Da imprensa para a política, foi uma das deputadas mais votadas. Um milhão de brasileiros acreditaram nela, em sua honestidade, seus valores conservadores. Mas Joice Hasselmann era mesmo uma plagiadora pelo visto, nada mais. Copiava os outros, e quando se deu conta de que tinha mais espaço colada em Moro e nos tucanos, passou a ser opositora ferrenha de Bolsonaro. Não deve sair candidata, pois não venceria nem para musa de Várzea.

Ele foi tratado como uma espécie de primeiro-ministro, um estadista competente e responsável, o verdadeiro gestor da nação. A imprensa chegou a colocar a reforma previdenciária em sua conta, ignorando que Bolsonaro foi o grande responsável pela reforma que economizou o dobro daquela proposta por Temer
Um deputado medíocre, eleito com pouco mais de 70 mil votos por conta do sobrenome, que virou presidente da Câmara por agir como despachante de grupos de interesse. Tão logo Rodrigo Maia saiu do cargo, já deixou claro que era um sabotador disfarçado, um opositor boicotando a agenda reformista do governo. Colou em Doria e não vai disputar eleição, pois não venceria nem para vereador.

A lista continua. Temos vários outros nomes que se mostraram oportunistas, com projetos pessoais de poder, nada mais. Todos eles têm algo em comum: estão politicamente mortos.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 14 de março de 2022

Villas Bôas usa canção antifascista para provocar Macron às vésperas de eleição - Marcelo Godoy

General faz publicação sobre a Amazônia em meio à campanha eleitoral francesa; bolsonaristas se identificam com a extremista de direita Marine Le Pen

Ex-comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas tuitou no dia 11 de março a seguinte frase: "O que espera Macron na Amazônia". Em seguida, postou um vídeo em que militares brasileiros guerreiros de selva – cantam uma versão verde-oliva da música Bella Ciao, o famoso canto partigiano nascido durante a 2.ª Guerra, nos Apeninos Modenenses, região onde lutou a Força Expedicionária Brasileira. 

General Villas Boas
O general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército Foto: Daniel Teixeira

A canção da resistência italiana conta a história de um jovem que acorda pela manhã, encontra o invasor nazista e decide seguir os guerrilheiros. Ele diz à sua amada, que, se morrer, deve ser enterrado num alto de montanha ao lado de uma flor para que digam os que passarem por ali: "essa é flor do partigiano, morto pela liberdade". A versão verde-oliva fala dos guerreiros de selva que devem pegar suas armas para "se for preciso, matar ou morrer pela Nação e liberdade".  

 [Bella Ciao é um tradicional hino antifascista italiano. Leia abaixo a letra original traduzida para o português: 
Uma manhã, eu acordei Querida, adeus! Querida, adeus! Querida, adeus, adeus, adeus! Uma manhã, eu acordei E encontrei um invasor;
Oh, membro da Resistência, leve-me embora Querida, adeus! Querida, adeus! Querida, adeus, adeus, adeus! 
Oh, membro da Resistência, leve-me embora 
Porque sinto que vou morrer
 ...]
O paralelo entre os partigiani e a estratégia de defesa para a Amazônia é evidente
Os militares brasileiros – sobretudo os do Exército – dedicaram-se a desenvolver uma teoria de defesa para a região em grande parte baseada na percepção de que as principais ameaças ao Brasil estão no hemisfério Norte. Os pesquisadores Celso Castro e Adriana Marques acrescentam um ponto nessa equação ao associarem "a crescente importância simbólica da batalha de Guararapes para o Exército à percepção institucional de que a Amazônia é alvo da cobiça internacional e deve ser defendida".

Assim, se a campanha de Guararapes, com suas emboscadas, "remete implicitamente à doutrina de resistência que foi desenvolvida pelo Exército na década de 1990", a música dos partigiani tem o mesmo papel simbólico, ainda que a memória oficial da FEB, como escreveu Teresa Isenburg, em sua obra O Brasil na Segunda Guerra Mundial, tenha quase apagado da história o papel dos guerrilheiros italianos que lutaram ao seu lado. Para quem já esqueceu, 69 mil deles – liberais, socialistas, democratas-cristãos e comunistas – morreram na luta contra os nazi-fascistas; outros 62 mil desapareceram no conflito. 

Foi a Divisão Modena/Armando, chefiada por Mario Ricci, que libertou a cidade de Porretta Terme, localidade que serviu depois de quartel-general para a FEB. Ricci, o Comandante Armando, era um comunista veterano da guerra civil espanhola. Sua unidade foi enquadrada no 5.º Exército Americano e acabou reconhecida como força beligerante. Bella Ciao é desde então canção presente em toda comemoração do 25 de abril, o Dia da Libertação da Itália.

O general Villas Bôas comandou na Amazônia. É dado a polêmicas no Twitter. Em 2018, teve Lula e a impunidade como alvo. Fez coro em 2019 com Jair Bolsonaro, escalando a crise com a França, quando Emmanuel Macron sugeriu um status internacional para a floresta diante do recorde de queimadas registrado no primeiro ano do governo do capitão. Agora, resolve voltar à carga contra o francês, no momento em que Macron se prepara para disputar o primeiro turno da eleição presidencial, em 10 de abril. 

O francês tem sua reeleição praticamente garantida. Sua popularidade cresce nas pesquisas desde a invasão da Ucrânia, levada a cabo por Vladimir Putin, um aliado de Bolsonaro.[o presidente russo foi um dos poucos que se manifestou que a Amazônia pertence ao Brasil - uma grande verdade e confiamos que o  Brasil não entregará sua nossa Amazônia.] Enquanto isso, a candidata in pectore do bolsonarismo na França – Marine Le Pen – patina e luta para se desvencilhar da incômoda proximidade com o líder russo. Diante de tudo isso, o que faz Villas Bôas? Tuíta. O general parece ter predileção por períodos eleitorais para lançar suas declarações polêmicas.

A França mantém com o Brasil uma fronteira terrestre de 730 quilômetros, próxima da foz do Amazonas. Na Guiana, está estacionado, desde 1973, o 3.º Regimento Estrangeiro de Infantaria (3.º REI), que protege a base de lançadores de foguetes em Kourou. É tropa especializada em guerra na selva. O Estado brasileiro mantém acordos militares com os franceses, como o projeto para a construção de quatro submarinos da classe Scorpène para a Marinha. Trata-se, portanto, de países aliados. 

Em vez de se prestar a fazer provocações que servem apenas para excitar a base bolsonarista nas redes sociais, generais do Planalto, como Villas Bôas, contribuiriam mais para o País se lembrassem que as principais características dos conflitos de hoje são a letalidade seletiva e efetiva, o maior alcance e a precisão das armas e a robotização do campo de batalha. Para não falar das ações no espaço cibernético, do domínio aéreo e espacial e de conflitos nas áreas urbanas, como a Rússia mostra na Ucrânia. O Raymond Aron de Pensar a Guerra, Clausewitz, explica mais o momento atual do que David Galula, com seu Contrainsurreição, Teoria e Prática. [vale lembrar que apesar de todo o poder que a França e outros que ambicionam a internacionalziação da Amazônia = terra de ninguém = possam possuir, a 'guerra na selva' é bem diferente -  especialmente quando o inimigo, o invasor, os que querem internacionalizar, precisam de uma floresta intacta, não destruída, não  ...]

Há perguntas sobre dissuasão de ameaças extrarregionais que um tuíte não responde. Os Comandos Militares da Amazônia e do Norte são dotados de capacidade dissuasória convencional, segundo o conceito estratégico A2/AD antiacesso e negação de área usado pelas maiores potências militares do planeta? O Brasil tem em suas Forças de Prontidão (FORPRON) brigadas de emprego estratégico e geral. Mas apenas duas das seis brigadas de infantaria de selva fazem parte desse sistema. É necessário acrescentar outras? Os comandos da Amazônia têm defesa antiaérea de média e grande altura? Vão receber no futuro os mísseis AV-TM 300? 

(...) 

 Macron se torna o símbolo de uma tal Nova Ordem Mundial, que reuniria degenerados, apóstolos do politicamente correto, ateus, gays, feministas, ambientalistas, intelectuais, jornalistas, liberais, comunistas e... George Soros. A extrema direita é assim: trata Putin como aliado, o homem que vende armas a Nicolás Maduro e bombardeia a Ucrânia, mas vota contra a securitização do meio ambiente na ONU. Quem sabe se um dia vai achar 'cool' invadir a Guiana? Jânio quis o mesmo em agosto de 1961; a renúncia nos poupou dessa aventura.
 
Marcelo Godoy, colunista - O Estado de S. Paulo 
 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

ABOMINO A DIREITA E O CENTRO, PORÉM MUITO MAIS A ESQUERDA - Sérgio Alves de Oliveira

Detesto a direita 

A “rotulação” que a política e todo o seu aparato legal e “democrático” (lá das ‘cucuias’)  tenta impingir aos cidadãos e eleitores brasileiros se restringe meramente às diretrizes ideológicas emersas dos respectivos  partidos. “Eles” não admitem que alguém possa rejeitar qualquer uma das “receitas” oferecidas pelos partidos políticos.

Durante o Regime Militar de 64  já era assim. Se o sujeito contestava os governos militares era porque se tratava de um “comunista”, e assim era tratado; e se contestava a esquerda ,era porque seria um adepto da ditadura militar, ou dos “gorilas”,como diziam.

Mas nos dias atuais os políticos “evoluíram”. E muito. Passaram a admitir não só que o sujeito fosse de direita, ou de esquerda,mas também  que fosse de  “centro”. Inclusive formou-se no Congresso Nacional um grande grupo de parlamentares que passaram a formar o grupo  que chamam de “Centrão”.

Mas o tal “centrão” se constitui meramente na junção de “antigos” esquerdistas ou direitistas que não encontraram o espaço de protagonismo e liderança desejados  na “direita”,ou na “esquerda”. Pularam fora. E formaram o “Centrão”. Mas em suma: é tudo farinha do mesmo saco. Porém , infelizmente, não tem como se  votar em algum candidato que não seja de direita, de centro, ou de esquerda, porque TODOS os seus  partidos são ou um ou outro, e os candidatos devem fidelidade “canina” aos princípios dos seus partidos políticos.

Essa falta de opção dos brasileiros, que não concordam com as “receitas” dos partidos, evidentemente não significa nada mais ,nada menos, que a submissão do povo brasileiro à DITADURA dos partidos políticos, que pretendem empurrar goela-abaixo de todos do povo as suas respectivas ideologias ,de “quinta categoria”.

Mas num certo sentido a esquerda tem alguma  razão em criticar a direita por alguns dos seus malfeitos políticos enquanto governou, notadamente de 1964 a 1985.                                           

Com efeito,o Regime Militar não foi “perfeito”.Mas teve inúmeros pontos positivos, dentre os quais as obras de infraestrutura deixadas nesse período onde o pais deu um enorme salto do atraso rumo à prosperidade. Em matéria de energia elétrica, por exemplo, foram construídas as 5 (cinco) maiores usinas hidrelétricas ainda hoje em pleno funcionamento. Também o aspecto social não deixou a desejar, com inúmeras conquistas dos trabalhadores,mais do que tudo que foi feito de 1985 até hoje (FGTS,PIS/PASEP,etc.).

Mas o Regime Militar também falhou. E falhou muito. Falhou principalmente em não ter liquidado de vez a esquerda que tanto atormentara o país nos meses antecedentes ao movimento cívico-militar de março de 1964,que apeou do poder o Governo  João Goulart.

Enquanto o Regime Militar trabalhava muito  para retomar o caminho da prosperidade,interrompida desde que os esquerdistas entraram no Governo Goulart,em 1961,os que foram apeados do poder “hibernaram ”alguns anos à espera de alguma  oportunidade para voltarem ao poder, o  que veio acontecer em 1985, apesar dos “alertas” deixados pelos Presidentes Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo sobre o que aconteceria com os “ratos” da política  retomando o poder.o que acabou se confirmando com o tempo.   [a partir de 1985, com a famigerada Nova República, os ratos voltaram ao poder e foram montados vários esquemas se "roubo" aos cofres públicos - cada presidente tinha os seus comparsas nos assaltos aos cofres públicos. Só com a chegada de JAIR MESSIAS BOLSONARO ao Poder é que a corrupção institucionalizada foi interrompida - por isso, desde 1º janeiro 2019, iniciaram os esforços para retirar o capitão do Governo - esforços que apesar de variados e com poderosos participando fracassaram e continuarão fracassando.]

Portanto,”infelizmente”, os ex-presidentes Geisel e Figueiredo acertaram em “cheio”. A esquerda “vitaminada” que tomou posse da Presidência da República  a partir de 2003, com Lula da Silva,[o 'descondenado' luladrão] e que ficou até 2016 (ou 2018?), acabou “estacionando” e   até regredindo  tudo que fora conseguido pelo Regime Militar, além disso ”roubando” 10 trilhões  de reais do erário,algo jamais  visto na história da humanidade.

Portanto as chances do Brasil melhorar, oportunizando ao seu povo  melhores condições de desenvolver as suas plenas  potencialidades, considerando as eleições que se avizinham para outubro de 2022, só se tornarão factíveis com eliminação das piores alternativas, que pela “ordem”, residem, em primeiro lugar, na “esquerda”, e depois no “centro”.

Não que essa “direita” que anda por aí disputando o poder  se constitua  num “ideal” para o povo brasileiro,mas com certeza ela oportunizaria um avanço bem mais rápido rumo a esse “ideal”. Se a esquerda voltar ao poder,infelizmente esse “ideal” pode levar dezenas ou centenas de anos,com sacrifício de muitas gerações de brasileiros. Essa é uma “fatalidade” infelizmente  construída pela (pseudo)democracia brasileira ,que seria absolutamente impossível de mudar antes de outubro de 2022.As “cartas” políticas  estão dadas !!!

Antes de votar em outubro de 2022 deve ser  lembrado  que o comunismo deixou um rastro de 100 milhões de assassinatos  no mundo onde governou.

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo


domingo, 28 de novembro de 2021

Quatro meses de espera por sabatina de Mendonça: isso sim é ato antidemocrático - GZH

J. R. Guzzo

O atraso na votação do novo ministro foi mais uma aberração na longa sucessão de agressões diretas ao Estado democrático

Caminha para o seu desenlace, enfim, mais um episódio miserável na vida pública brasileira: 
- a sabotagem comandada pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, durante quatro meses seguidos, contra a apreciação do nome indicado pelo presidente da República para ocupar a vaga existente no Supremo Tribunal Federal.

Algum dos marechais-de-campo das “instituições”, esses que vivem dizendo que Senado, STF, o “regimento interno” e o resto da banda são entidades sagradas e intocáveis, seria capaz de dizer o que o interesse público ganhou com essa palhaçada? É claro que não. O atraso na votação do novo ministro foi apenas uma aberração – mais uma, na longa sucessão de agressões diretas ao Estado Democrático que a falsa legalidade tem feito em todos os níveis no Brasil de hoje.

A democracia brasileira, cada vez mais, é um objeto de curiosidade. Para o ministro Alexandre Moraes e o seu inquérito ilegal sobre “atos antidemocráticos”, ela está ameaçada de morte por cantores de música caipira, motoristas de caminhão e candidatos de “direita”.  
Mas um político sozinho, por rancores e interesses puramente pessoais, pode bloquear por quatro meses, ou quanto tempo quiser, o funcionamento da ordem constitucional. Aí ninguém acha que a democracia está sendo agredida.
 
O exame pelos senadores do nome indicado para o STF agora vai – ou pelo menos parece que vai. 
Mas quem pagará pela desmoralização completa do processo de escolha? 
Quem pagará pelos prejuízos que esses quatro meses de paralisia trouxeram para a máquina pública? 
O responsável único por esse absurdo, com certeza, não pagará nada. Ninguém paga, nunca. [e a rachadinha do Alcolumbre será esquecida? ou investigar 'rachadinha' coloca em risco a democracia a 'brasileira'?]

Como a democracia pode estar sendo defendida, estimulada ou fortalecida pelos quatro meses de atraso na aprovação do novo ministro do STF? O que aconteceu é exatamente o contrário: o uso descarado das regrinhas inventadas pelos políticos para satisfazer a desejos pessoais. O senador “zé” ou o senador “mané” querem isso ou aquilo; o Estado tem se curvar para eles, e o interesse comum que vá para o diabo que o carregue.

Impedir por quatro meses inteiros, sem nenhuma razão decente, que o maior Tribunal de Justiça do país complete o seu efetivo legal não é um “ato antidemocrático”. O que será, então? 

GZH - José Roberto Guzzo, colunista