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quinta-feira, 21 de outubro de 2021

ANSIEDADE: O “DEFEITO” DE QUEM RESOLVE - Adriano Alves-Marreiros

ANSIEDADE: o “defeito” de quem resolve

(arrego pros floquinhos com “ansiedade climática”...)

Se tu vens às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz...

Antoine de Saint Exupery

Onde estão mesmo as anotações que fiz pra esta crônica?  Estava tão ansioso pra escrever que nem as peguei e, se bobear, escrevo sem elas... Já te disseram que você é ansioso demais!?  Que bom, então, posso trabalhar com você.  Difícil trabalhar com quem não é. 

Lembra aquele filme em que o pessoal levou dias para conseguir uma vacina ou um antídoto e quando conseguiu não parou de correr até enfiar a agulha?  Nem pra descansar?  Você pode ter pensado em vários filmes diferentes do meu, ou dos meus, porque são vários que tratam desse tipo de herói. Esse é o ansioso: aquele que sabe o que é uma prioridade e só pensa naquilo, só trabalha por aquilo até fazer tudo que pode, até enfiar a agulha e injetar o antídoto. 

Já pensou conseguir tudo e o médico ficar demorando a aplicar?

Sim, qualquer um que tenha real senso de prioridade é um ansioso.  Sim, estou dizendo que a maioria das pessoas não possui senso de prioridade.  Coisas simples mostram isso.  Se a sua formatura é hoje (e não é na sua casa) , por que raios você está fazendo faxina em vez de só focar na formatura?  Se daqui a duas horas você vai competir num campeonato, como você consegue perceber que tem algo sujo em cima do tanque?  Se você vai receber seus amigos pra jantar no salão do condomínio hoje à noite, porque à tarde você está arrumando seu apartamento?!  O ansioso só pensa naquilo, só se prepara para aquilo, só busca estar pronto para aquilo por horas, dias!  E quando começa a execução, nada mais existe no mundo senão aquilo...

Enquanto depressão é excesso de passado, ansiedade é excesso de futuro.  Mas na verdade, pro ansioso não é excesso. O defeito do ansioso é que ele faz tudo mal feito exceto a prioridade, que ele faz com rendimento máximo, em geral, bem feita.  Já os sem-prioridades correm o risco de não renderem o máximo, na prioridade, por terem perdido tempo e esforço com outras coisas nos momentos errados.  Por não saberem lidar com prioridades...

 O ansioso sofre antes da hora e, com isso, antecipa as hipóteses e estará preparado para resolver o que surgir.  
O ansioso é quase sempre alguém que resolve!  Dito isso e louvados os ansiosos, preciso agora defendê-los.  
Não me venha chamar de ansiosos esses da geração “ansiedade climática”.  
Eles não são ansiosos. Eles não são deprimidos. 
Não vivem um excesso de passado, pois nada fizeram de útil  e nem um excesso de futuro, pois são meros seguidores tapados da próxima modinha que surgir.

Saudemos os ansiosos, ajudemos os deprimidos e critiquemos os modinhas da geração mais fraca que o mundo já conheceu... a dos que não sabem resolver nada...

Se tenho uma festa às 10

8:30 já estou pronto

Fico balançando os pés

Sentado na beira da cama

O tempo não passa pra mim

Cazuza

Artigo publicado originalmente no excelente portal Tribuna Diária

 Adriano Alves Marreiros

 


quarta-feira, 8 de setembro de 2021

O resultado da mobilização. E o futuro (por enquanto 😃 ) - Alon Feuerwerker

Análise Política

O Sete de Setembro foi marcado pela expressiva, ainda que não decisiva, mobilização do bolsonarismo, ao colocar seus contingentes civis na rua. Em Brasília, em São Paulo e espalhados pelo Brasil. Acabou sendo um movimento taticamente defensivo, mas que prepara uma ofensiva estratégica.

Defensivo por Jair Bolsonaro convocar as reservas dele para resistir a eventuais tentativas de estrangular seu governo, por meio do Supremo Tribunal Federal (STF), ou depô-lo, por meio do Congresso. E ofensivo por agrupar as forças que, imagina, são o passaporte de seu grupo político ao segundo turno em 2022.  Outro movimento do presidente é dar um passo adiante no esticar da corda com o STF, como fez ao editar a medida provisória sobre a remoção de conteúdo pelas grandes redes sociais.

Se prevalecer, terá conquistado terreno para si e seus apoiadores. Se novamente for barrado pelo STF, colocará mais um tijolinho na construção da narrativa segundo a qual ele defende a liberdade e a democracia, ao contrário dos adversários. Pelos discursos, recuar não está nas cogitações. Todas as pesquisas mostram um mesmo fenômeno. Uma certa convergência do teto e do piso das intenções de voto no presidente. Ele está no momento bem para ir ao segundo turno, mas chegando ali agrega pouquíssimo, pois enfrenta uma rejeição proibitiva.

Mais ou menos como era a aversão ao PT em 2018. O petismo até que agregou bons pontos no segundo turno ali. Mas a rejeição acabou derrotando-o. Lula, com o encerramento de seu 18º processo, está numa posição mais confortável. Vai folgadamente ao segundo turno e ali recolhe, hoje, o apoio suficiente, nascido da rejeição ao adversário principal. Para o petista, a linha é garantir a realização das eleições e torcer para que a rejeição a Bolsonaro se mantenha alta. [todos sabem que o FIM DA PANDEMIA e uma melhora, ainda que pequena, na economia e no nível de emprego, acaba coma rejeição ao capitão; quem lota a Paulista e outros locais, não sofre rejeição digna de nota - e sim uma insatisfação efêmera.
Se ontem, ao amanhecer, alguém pintasse o que as fotos na Paulista, em Brasília, Copa e outras cidades mostram, seria tachado de louco.] Mesmo que caia um pouco, pois governos sempre têm recursos para crescer em campanhas.

E o caminho para a eleição? O presidente já informou como pretende agir: utilizando todos os instrumentos de que dispõe para emparedar os adversários e evitar que o emparedem. Pode-se apostar portanto numa elevação progressiva da temperatura.  Mas o jogo tem um aspecto sendo jogado em sintonia fina. A cena vai aquecer, mas até quando cada lado cuidará de não parecer que está saindo, como repete Bolsonaro, das “quatro linhas da Constituição”? [um integrante de um dos lados,  já mostrou, mais de uma vez,  que a Constituição é o que ele quer que seja = adaptando o famoso "o Estado sou eu" de Luiz XIV, para o brasileiro "o Supremo sou eu."]

Claro que acontecimentos podem fazer desandar a receita, o que fica mais provável quanto mais alta a temperatura. No momento, não dá para prever se, ou quando, vamos alcançar a energia de ativação, em que a reação química é desencadeada. Entretanto o cenário aponta para situações em que os diversos atores vão queimando as pontes atrás de si ao avançar.

Bem, supondo que a corda continue esticada, mas não rompa, o governo e o presidente terão saído do Sete de Setembro com uma momentânea vitória tática, e com o problema estratégico mantido do mesmo tamanho: como romper o cerco que seu expressivo exército sofre. Sem isso, caminha para uma derrota honrosa em 2022. E derrota é algo que não parece frequentar os planos de Jair Bolsonaro.

E o impeachment? Um subproduto do esticar de corda neste feriado foi reacender a esperança da “terceira via” de depor Jair Bolsonaro pelo método já rotineiro no Brasil. Seria um atalho para removê-lo da eleição. [o impeachment não depende da vontade do Lira - e Lira tem se mostrado menos dobrável do que Pacheco - só que parlamentares não votam pelo impeachment de quem faz o que Bolsonaro fez ontem na Esplanada e na Paulista - para ficar em dois exemplos.] Ainda que não resolva completamente o assunto, pois o atual presidente pode, em todo caso, apoiar alguém que se torne competitivo. 

Alon Feuerwerker,  jornalista e analista político


sexta-feira, 31 de julho de 2020

Com a outra mão - Alon Feuerwerker

Análise Política


São muitos números, então é melhor ir direto para a explicação completa (leia). O fato é que o déficit primário explodiu e as previsões para este ano são astronômicas (leia). O que era para ser uma consistente política de austeridade sustentada foi abalroado pela pandemia da Covid-19. 
Paciência, dirão, o imprevisível é sempre muito difícil de prever.

É razoável supor que quando a pandemia passar (quando?) ficaremos sim com um problema de estoque de dívida, mas o fluxo vai talvez normalizar-se. Dirão os pessimistas que é muito otimismo, mas não custa ter algum. Qual é a dúvida, então? Como fazer para servir a dívida que cresceu esse tanto, mas de um jeito que não implique tirar o oxigênio da recuperação econômica.

Se o governo estiver de olho apenas em aumentar a arrecadação a todo custo, vai asfixiar a economia. O melhor seria subir a receita graças a um belo aumento da atividade. Mas isso não está no horizonte próximo, todas as pesquisas mostram um consumidor cabreiro. Quando a desconfiança do consumidor em relação ao futuro vai passar? Na boa, ninguém sabe.

O governo busca recursos para o Renda Brasil. Mas nenhum programa social terá efeito milagroso para 2022 se, com a outra mão, o governismo garrotear quem está um pouco acima na escala social.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

quarta-feira, 8 de julho de 2020

''O passado e o futuro'' - Coluna Alexandre Garcia

"Quanto mais parecido com Nostradamus é o futurólogo, mais atenção passa a merecer da mídia que sente necessidade de mudar de assunto, porque ninguém mais aguenta tanta notícia igual"

Em tempos de incertezas sanitárias e políticas, tem sido muito comum a convicção de que “sei que estou certo e os outros estão errados”. Mas seria bom que se pensasse que também os outros têm certeza de que estão certos e que eu estou errado. Ou seja, podem ser relativas as verdades de cada um de nós. O sol nasceu hoje é uma verdade. Mas o sol nascerá amanhã, já é uma verdade relativa.

Faço essa meditação de quarentena, porque noto que além do surto do coronavírus, somos pacientes de um surto de atividade de bolas de cristal. O confinamento que nos deixa distantes das conversas com os amigos, das palavras que nos chegam aos ouvidos no elevador, nos balcões das lojas, no ônibus, é um solilóquio que nos deixa ouvindo apenas as nossas frases e as das redes sociais que frequentamos –– e os verbos das frases nunca estiveram tanto no tempo futuro. O presente já nos exauriu e saltamos em fuga para o futuro, onde já nos contaram que haverá um “novo normal”.

Os profetas já revelaram como será o nosso novo trabalho, como degustaremos o novo jantar, quais serão as novas diversões. Imagino se as pessoas que escrevem artigos sérios sobre isso, ou concedem sérias e longas entrevistas sobre o novo normal, se estão realmente falando sério ou se estão se divertindo com a nossa ingenuidade. Já previram que chegará logo uma vacina e até quem vai ganhar a próxima eleição presidencial americana.

Quanto mais parecido com Nostradamus é o futurólogo, mais atenção passa a merecer da mídia que sente necessidade de mudar de assunto, porque ninguém mais aguenta tanta notícia igual. Mas o futuro real que nos espera é o tempo presente dos desempregados, das empresas fechadas, das contas públicas arrombadas, das novas corrupções viróticas. Um futuro com acusadoras perguntas sobre o passado: se tudo isso salvou vidas ou foi inútil. No ano passado, a média diária de mortes, segundo dados do Registro Civil, foi de 3.367; neste ano, com crescimento da população e a covid-19, pouco foi aumentada: 3.609 mortes por dia.

Vamos ter um futuro de julgamentos sobre o que passou
sobre o que poderia ter sido feito e não foi; 
e sobre o que se fez e que não deveria ter sido feito. 
Na França, famílias já estão entrando na Justiça para responsabilizar autoridades que teriam omitido tratamento na fase inicial da doença. Mesmo sem bola de cristal, é possível prever que esses últimos meses serão muito discutidos nos próximos. 
Resta saber se teremos aprendido alguma coisa para o futuro.

Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense


segunda-feira, 11 de maio de 2020

Bolsonaro perde bonde do corona - Fernando Gabeira

O Globo 

Ele apenas falou contra o isolamento. Foi incapaz de apresentar um plano, mesmo um pobre esboço, como Trump

Bolsonaro se limita a atacar o isolamento, em vez de agir [o presidente deixa claro, até com exagero, o que não tem seu apoio - o que inclui o isolamento social; mas, é forçoso reconhecer que não adota nenhuma medida contrária ao isolamento, ou que atrapalhe a execução de tal medida nos estados e municípios que as executa.

Ter opinião contrária, mas não atrapalhar a execução do que não aprova,  não é crime. Crime é usar a pandemia para atrapalhar o governo do presidente Bolsonaro.] 

Perdeu o primeiro, quando se isolou, negando a importância da pandemia, criticando o trabalho de governadores e prefeitos. Uma nova oportunidade de liderança e alinhamento se abriria para ele, no processo de volta às atividades. Compete ao presidente unir governadores e prefeitos em torno de um detalhado plano de retomada. Dois dias antes de Bolsonaro ir ao Congresso, Angela Merkel reuniu as lideranças regionais para definir e modular um plano de volta. Esses planos são complexos. Não adianta pedir ao Tofolli, porque ele não tem. Implicam a definição dos dados necessários, como número de casos, disponibilidade de hospitais, capacidade de testar.

Implicam também um redesenho das escolas, das fábricas, dos escritórios. Na Alemanha, técnicos foram às escolas para redefinir o espaço, inclusive determinar o novo lugar dos professores na sala.
Em alguns países, houve escalonamento de turmas escolares; em algumas regiões, normas para restaurantes ao ar livre. Normas para o funcionamento de teatros e casas de espetáculo também estão sendo trabalhadas nos detalhes. Os intervalos, por exemplo, serão suprimidos para evitar aglomeração. O próprio futebol na Alemanha volta no dia 16, mas com portões fechados, sem plateia. Bolsonaro até o momento apenas falou contra o isolamento. Foi incapaz de apresentar um plano, mesmo um pobre esboço, como Trump.

Essa pressa acaba se estendendo a outros setores. O governador de Brasília queria que a final do campeonato carioca fosse jogada no Estádio Mané Garrincha mesmo com um hospital de campanha instalado ali. Não sei a que atribuir esta loucura. Nós temos uma singularidade cultural, que é a improvisação. É inegável que ela tem qualidades, no compositor que escreve seus versos num botequim, nos profissionais que driblam a falta de recursos para alcançar um certo resultado. Na formulação de uma política nacional e solidária contra o coronavírus, é preciso liderança e capacidade de planejamento. Bolsonaro trabalha por espasmos, acorda pensando na briga nossa de cada dia, a quem vai combater e orientar sua galera a chamar de lixo.
O ministro da Saúde tem dito que o Brasil é um país diverso. Todos concordam. Mas é precisamente por ser diverso que necessita de um plano com modulações.

Basta olhar no mapa para ver quantas cidades brasileiras não tiveram casos de contaminação. Até elas precisam ser orientadas a rastrear com rigor caso apareça alguém contaminado por lá. Na verdade, é um projeto que se enquadra nessa expressão muito usada de nova normalidade. Os Estados Unidos viveram algo parecido de longe com isso, depois do atentado de 11 de setembro. As circunstâncias agora são diferentes. O redesenho da sociedade não se faz diante de inimigos humanos, mas ameaças biológicas que podem nos dizimar. A etapa final do planejamento seria concluída com a existência de uma vacina, acessível a toda a população.

Mas, no entanto, a existência de uma pandemia como essa abriu os olhos de muita gente para a possibilidade de outras. Algumas delas podem ser favorecidas pelo desmatamento. Tive a oportunidade de sentir isso quando cobri a volta da febre amarela. Aparentemente, a destruição de algumas áreas de mata acabou expondo os trabalhadores agrícolas e algumas populações rurais.Estamos trabalhando com algo muito sério para o futuro das crianças. Se não houver uma transformação cultural que nos faça pensar coletivamente e nos convença da necessidade de planos cientificamente adequados, vamos ser uma presa fácil. Nos anos de política, lamentava que o Brasil era um país onde o principio de prevenção não pegou. Não esperava um governo que, além de imprevidente, desprezasse a ciência. Tudo do que o coronavírus gosta.

Transcrito de O Globo - Fernando Gabeira, jornalista

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Atenção para os próximos passos - Valor Econômico

Martin Wolf 


Quarentenas são necessárias para controlar o contágio, mas têm de ser breves

Uma jornada de milhares de quilômetros começa com um único passo. A jornada por esta pandemia será longa e difícil. Não temos como saber onde ela vai terminar, embora seja difícil não especular. Em vez disso, o que precisamos fazer é nos concentrar nos passos que temos logo à frente se quisermos evitar cair de nosso caminho estreito, num morticínio de um lado ou numa devastação econômica do outro.

Se não evitarmos essas calamidades num futuro próximo, corremos o risco de mergulhar no caos mais à frente. E mesmo que conseguirmos fazer isso, não retornaremos à normalidade que até recentemente tínhamos como certa. Para isso, precisamos pelo menos esperar por uma cura ou uma vacina. Os danos econômicos e sociais durarão ainda mais.

Análise da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) esclarece a ruptura econômica que vem por aí. Esta não é uma recessão comum ou mesmo uma depressão causada por um colapso na demanda. A atividade econômica está sendo desligada, em parte porque as pessoas temem entrar em contato umas com as outras e em parte porque os governos disseram que elas precisam ficar em casa. O impacto imediato dessas ações poderá ser uma redução no PIB do G-7, o grupo das sete nações mais industrializadas, em algo entre 20% e 30%. A cada mês que grandes partes de nossas economias permanecerem fechadas, o crescimento anual poderá cair 2 pontos porcentuais.

Além disso, os custos são repartidos de forma desigual. Os trabalhadores não capacitados sofrem mais com a perda de empregos. Pessoas e empresas capazes de trabalhar online continuam trabalhando. Aqueles que não conseguem fazer isso, não.  E os custos também não são divididos igualmente em termos globais. Muitos países emergentes e em desenvolvimento estão sendo afetados pelo colapso da demanda externa, a queda nos preços das commodities e uma fuga de capital sem precedentes, ao mesmo tempo em que têm de administrar a pandemia com sistemas de saúde altamente inadequados. As quarentenas são particularmente brutais nos países com assistência social limitada ou mesmo nenhuma, e com grandes números de pessoas que subsistem com o que ganham diariamente numa economia informal frágil.

É correto perguntar se essa carnificina econômica pode ser justificada. Entre os países de alta renda, a Suécia vem adotando a postura menos restritiva. Uma comparação com a Noruega torna essa concessão clara: o desemprego vem crescendo menos na Suécia também, mas muito menos do que no país vizinho; mesmo assim, o número de mortes também é maior na SuéciaDeveríamos ser gratos pela experiência sueca. Podemos aprender com ela, de uma maneira ou de outra.

Minha opinião, porém, em linha com a dos especialistas em saúde e grandes economistas, é de que as quarentenas são necessárias para evitar um colapso dos sistemas de saúde e controlar a doença. Mas elas precisam ser breves. É impossível manter as pessoas confinadas indefinidamente sem que haja grande sofrimento e danos sociais e econômicos. Isso obviamente é verdade onde os governos são incapazes de oferecer as custosas medidas de proteção social possíveis nos países de alta renda.

As quarentenas precisam ser um espaço curto para respirar, antes de passarmos para o que um grupo de especialistas alemães chama de uma “estratégia adaptada ao risco”. Durante as quarentenas, os governos precisam fazer tudo o que for necessário para evitar essas intervenções pesadas novamente. Eles não têm muito tempo para fazer isso: uns poucos meses, não mais.

Fazer os confinamentos valerem a pena, para permitir que vivamos sem eles, é o primeiro passo essencial. O segundo passo é minimizar os danos econômicos. Aqui, o foco precisa estar no dia de hoje, e não no elevado endividamento público e outros fardos do futuro. Assim como na guerra, é preciso sobreviver ao presente se quisermos ter um futuro que valha a pena. Levando-se em conta o que é preciso fazer para gerenciar o impacto econômico devastador, além de reabrir as economias o mais rapidamente, dentro de uma maneira razoavelmente segura, há três considerações essenciais.

Primeiro, proteger os fracos, tanto dentro dos países como entre eles. Uma doença ameaça a todos. A maneira de responder é uma medida de nossos padrões éticos. É indispensável garantir uma segurança econômica básica para todos se esses não puderem trabalhar. Uma renda básica universal e temporária é uma opção óbvia. De modo parecido, e tão importante quanto, é preciso encontrar meios para apoiar economias vulneráveis. Há muitas possibilidades radicais.

Uma delas é uma nova e enorme emissão de Direitos Especiais de Saque do Fundo Monetário Internacional (FMI), com doações por países de alta renda de suas parcelas em um fundo em benefício dos países em desenvolvimento mais vulneráveis. Também crucial será uma suspensão dos pagamentos de serviços das dívidas enquanto a crise durar.

Em segundo lugar, não provocar danos. O maior golpe viria da destruição completa do sistema comercial. Isso tornaria imensamente mais difícil restabelecer a prosperidade global depois do fim da crise.

Em terceiro lugar, abandonar crenças desgastadas. Governos já desistiram de velhas regras fiscais, e com razão. Os bancos centrais também precisam fazer tudo que for preciso. Isso significa financiar o orçamento dos governos. Os bancos centrais fingem que o que eles estão fazendo é reversível e portanto não se trata de financiamento monetário. Se isso os ajudar a agir, isso é bom, mesmo que provavelmente não seja correto.

Na zona do euro, eles falam muito em eurobônus. Mas o apoio que importa terá de vir do Banco Central Europeu. Não há alternativa. Ninguém deveria se importar. Sempre há maneiras de gerenciar as consequências. Até mesmo “dinheiro jogado de helicóptero” poderia muito bem ser justificado numa crise tão profunda.

Escolhas mais dolorosas que essas surgem. Uma emergência como esta será usada por aspirantes a tiranos para aumentar seu poder. Ao mesmo tempo, algumas liberdades terão de ser deixadas de lado temporariamente. Administrar concessões tão dolorosas depende de altos graus de confiança e integridade, características pouco evidentes nas democracias de hoje. Mas o teste é agora. Os governos que não conseguirem enfrentar esses desafios correm o risco de colapsar. Sistemas políticos que produzem tais governos correm o risco de perder sua legitimidade. Precisamos acertar nos próximos passos. Tudo vai depender disso. (Tradução de Mário Zamarian)

Valor Econômico - Martin Wolf , editor e analista do Financial Times



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Greve, preços e o futuro da Petrobras - Míriam Leitão




O Globo

A Petrobras enfrenta há 13 dias uma greve de funcionários, mas segundo seu presidente, Roberto Castello Branco, não houve queda de produção. “Até agora nenhum barril de petróleo deixou de ser produzido.” Ele nega que a empresa esteja sendo privatizada aos poucos, mas reafirma que continuará vendendo ativos porque a estatal é a petrolífera mais endividada do mundo. Castello Branco diz que as maiores companhias do setor estão diminuindo sua participação no refino, e é o que a Petrobras pretende fazer. Sobre preços, ele garante: “Até hoje a interferência do presidente Bolsonaro tem sido zero.”

Na semana passada, Bolsonaro usou a primeira pessoa para falar sobre queda dos reajustes: “Eu baixei o preço três vezes”, disse. Roberto Castello Branco garante que a empresa tem decidido os preços livremente. Perguntei o que ele achava que o presidente queria dizer:  Ele é o presidente, tem o direito de falar o que quiser. Uma coisa é a política, outra é a administração de uma empresa. Nós seguimos administrando. O importante é que ele respeita a independência da Petrobras. Ele nunca me telefonou pedindo que baixasse o preço ou fizesse qualquer coisa.

Desde o dia primeiro, há uma greve na Petrobras, mas Roberto Castello Branco diz que espera que o problema seja superado em breve. Equipes de contingência têm mantido a produção e ele tem a expectativa de que os grevistas voltem ao trabalho:
— O Tribunal Superior do Trabalho classificou a greve como de motivação política, porque não existem motivos no campo real. Depois de seis meses de negociação, um acordo coletivo de trabalho foi assinado pela Petrobras e os sindicatos, em novembro, e a empresa vem cumprindo rigorosamente o que foi estabelecido.

Com a venda das ações que estavam com o BNDES, o Estado brasileiro agora tem apenas 50,3% dos papéis com direito a voto. E inúmeros ativos têm sido privatizados, como os gasodutos, a distribuidora, e vai vender grande parte das refinarias. Perguntei, em entrevista na Globonews, sobre a crítica de que, na verdade, a empresa está sendo privatizada aos poucos:  — A empresa não está sendo privatizada, não há nenhum desmonte, como falam. Estamos reenergizando a empresa, tornando-a mais forte e saudável. O Estado brasileiro é o acionista controlador, com 50,3% das ações, e isso não está em discussão. A Petrobras só pode ser vendida quando houver um mandato para isso, do governo e do Congresso. E não há.

Ele nega que a estatal esteja ficando menor. Na opinião dele, ela está “ganhando músculos”: Nós vendemos ativos de baixo retorno que não constituíam parte do negócio principal.

Perguntei se os gasodutos não são parte do negócio. A empresa venderá até a malha de cabos submarinos que traz o gás das plataformas para o continente: — Nós precisamos do serviço de gasoduto, mas não precisamos ser donos dos gasodutos. Era uma atividade que proporciona um retorno para o acionista de 6% a 7%. Se pegarmos esse capital e investirmos no pré-sal, o ganho é de 15%. A Petrobras é ainda a empresa de petróleo mais endividada do mundo. Não vamos esquecer isso. Em 2019, pagamos US$ 20 bilhões e ainda devemos US$ 90 bilhões.

Sobre os preços dos combustíveis, ele diz que no Brasil eles não estão elevados, e que no diesel inclusive está um pouco abaixo da média em 163 países. A Petrobras quer vender oito refinarias, mas permanecerá com as quatro de São Paulo e a Reduc no Rio, e segundo o presidente a empresa vai se concentrar em exploração e produção em águas profundas. Por enquanto, a produção está parada, mas ele diz que a estatal tem metas de ampliá-la, principalmente a partir de 2025: - Em Búzios, nós vamos colocar sete plataformas gigantes com capacidade cada uma de produzir de 180 mil a 225 mil barris/dia.

Segundo ele, a ideia da verticalização das petrolíferas, refletida na máxima “do poço ao posto” está mudando: As maiores empresas de petróleo venderam 89 refinarias nos últimos anos, reduzindo em 30% sua capacidade de refino.  As companhias de petróleo estão entrando em outras fontes de energia, para reduzir as emissões de carbono. A Petrobras, ao contrário, está se concentrando em petróleo:
— Nós estamos aproveitando a riqueza que está no fundo do mar, se não, vai virar museu. Estamos entrando em energia de baixo carbono com o gás natural. E vamos nos preparar para no futuro adquirir competência nos negócios renováveis.

Blog da Míriam Leitão, colunista - O Globo - Com Alvaro Gribel, São Paulo

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Refém de Lula, PT não vislumbra o próprio futuro – Editorial - O Globo

Partido praticamente fica à margem do debate de questões relevantes nos últimos quatro anos

O Partido dos Trabalhadores vai completar 40 anos e, outra vez, se vê numa encruzilhada. Se na fundação, em fevereiro de 1980, dependia da liderança carismática do sindicalista Lula, agora é uma organização política refém de um líder duas vezes condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, réu em várias outras ações penais, e internamente criticado por não abrir espaço à renovação.
 
[esclarecimento aos nossos dois leitores:
desde que o petista presidiário ganhou, mediante manobras judiciais,  o direito temporário de permanecer em liberade, assumimos o compromisso de mencionar tal condenado o menos possível.
É pacífico e justo que condenados, ainda que em gozo de liberdade temporária, devem ser excluído pela sociedade, alijados de qualquer citação.
A matéria deste Post faz referências várias àquele criminoso condenado por dois crimes e muitlprocessado pela prática de outros, mas, merece ser publicada peo tom de obitário que apresenta do partido =perda total.
Boa leitura.] 

O PT rachou quando Dilma contrariou Lula e se impôs candidata à reeleição em 2014. A peculiar arrogância da então presidente reeleita levou-a a um gradual isolamento interno, evidenciado dois anos mais tarde durante o processo de impeachment. Simultaneamente, avançavam as investigações na Operação Lava-Jato. O partido se concentrou numa campanha permanente para tentar desqualificar todo e qualquer fato comprovado sobre as obscuras relações de Lula com fornecedores do setor público.

Se deixou aprisionar nessa tática, arrastou satélites, PCdoB e PSOL, e caminhou para a radicalização na etapa da prisão de Lula após a condenação em segunda instância no início de 2018. A opção pela política binária, a polarização, foi consolidada na campanha presidencial do ano passado na tentativa de desqualificação do pleito, sob a premissa de que uma eleição sem Lula era fraude. Revelou-se uma armadilha, construída num autoengano consciente, porque o líder petista já estava inelegível pela letra da Lei da Ficha Limpa.

Quando a miragem da candidatura foi desconstruída, o PT já havia se tornado refém de um prisioneiro, que conduziu o partido na eleição, de dentro de uma cela da Polícia Federal em Curitiba, com inquestionável habilidade e êxito relativo nas urnas — perdeu a disputa presidencial, em segundo turno, com um candidato imposto por ele e dividindo a oposição ao candidato Jair Bolsonaro, que se elegeu. [sua ida ao segundo turno, apenas para convalidar a vitória esmagadora de JAIR BOLSONARO, não foi por mérito petista e sim por falta de mérito dos demais opositores ao vencedor.]

Feridas abertas não cicatrizaram depois da derrota. Focado na defesa política dos problemas judiciais de Lula, o PT praticamente ficou à margem do debate de questões relevantes para o país nos últimos quatro anos. Não conseguiu formular alternativas aos projetos apresentados pelos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro para reformas da Previdência, da legislação trabalhista ou do Marco Regulatório do Saneamento, por exemplo.

Lula deixou a prisão e frequenta assembleias petistas com a mesma proposta de antes, a política binária: “Vamos sempre polarizar”. O partido perdeu 41% de sua bancada parlamentar desde 2003 e se vê ainda mais isolado, no Congresso e fora dele. Vai completar quatro décadas de existência com dificuldades até para compor listas de candidatos à eleição municipal de outubro do ano que vem. A persistência no papel de refém do líder condenado impede o PT de vislumbrar o próprio futuro.
 
Editorial - O Globo
 
 

terça-feira, 14 de maio de 2019

Em Brasília, esqueceram do futuro

Poucos ali se mostram preocupados com a existência de 13 milhões de desempregados

 

Humanos seguem para Marte no final da próxima década, anuncia a Nasa. Nessa época, a Universidade de Durham, no Reino Unido, começa a usar moléculas motorizadas, dirigidas pela luz, para perfurar individualmente células cancerosas, e destruí-las em 60 segundos.  Esses experimentos poderão ser acelerados pela novidade da IBM: um chip capaz de guardar um bit de informações num único átomo — do tamanho da moeda de um centavo — vai reter dados em volume similar ao da biblioteca musical da Apple.

Visto de Brasília, esse panorama global pautado pela fusão de tecnologias, bem como suas consequências sobre a produção, o emprego e as políticas públicas, parece distante da vida real, muito além da Via Láctea. No Palácio do Planalto prevalece a crença de que só o atraso leva ao futuro. São raras as exceções, entre elas a equipe empenhada em retirar o Estado dos escombros fiscais.

O Judiciário se desnorteou, com um Supremo visto como adversário ou parceiro de frações políticas, como define o pesquisador Conrado Hübner. Já o Congresso dá prioridade à vingança contra a Operação Lava-Jato. O futuro sumiu da Praça dos Três Poderes. Poucos ali se mostram preocupados com a existência de 13 milhões de desempregados quando há milhares de vagas não preenchidas em grupos como Cyberlabs. Não se vê aflição com a dependência tecnológica, nem para facilitar a inovação em empresas como a Raízen, que extrai energia da biomassa suficiente para abastecer o Rio por um ano, ou a Embraer, que projeta, com a Uber, um carro voador elétrico.


Na asfixia política produzida em Brasília, não sobra lugar no futuro imediato para gente como Gabriel Liguori desenvolver um gel a partir de células de um paciente para criação de um coração artificial, impresso em 3-D e aplicável em transplantes. Ou ainda, para uma empresa de cartão de crédito eletrônico como a de Henrique Dubugras, 23 anos, e Pedro Franceschi, 24, que já disputa mercado com a Amex. Ambos celebram o primeiro US$ 1 bilhão da Brex, uma década antes da viagem humana a Marte.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Em lugar de Temer, não retiraria emenda da Previdência nem com 513 a 0; derrota não será sua! Que saibamos quem quer o quê!

Chegou a hora de o presidente Michel Temer qualificar os vários tipos de trigo e de joio. A reforma da Previdência lhe dá essa oportunidade. Sim, direi aqui o que eu faria, o que deve explicar, em parte, por que não sou político, jamais seria e jamais serei. Não tenho estômago de avestruz. Não engulo pedra. Meu pavio é curtíssimo para a covardia e a deslealdade, falhas insanáveis de caráter. O que Temer tem de fazer, pois? Pôr para votar a reforma da Previdência, ainda que o texto possa ser rejeitado na Câmara por 513 a zero. Chega do véu diáfano da fantasia (Eça!) sobre a nudez crua da verdade.  Quem é quem nesse debate? Quem quer o quê? Quem está de que lado? Antes que avance, algumas considerações.

[pitaco do Blog Prontidão Total: presidente Temer, também não desista de obter do STF uma decisão se o senhor pode nomear um ministro - conforme estabelece a Constituição ou precisa que a nomeação seja avalizada pelo Judiciário; 

não se trata mais da deputada Cristiane assumir e permanecer ministra, se trata agora de o STF declarar quais trechos da CF tem validade e os que estão lá apenas pro forma.]

O governo negocia mudanças no texto da reforma. Servidores ainda podem ter algumas reivindicações contempladas. Também as viúvas de policiais, os trabalhadores rurais etc. Não deixa de ser peculiar o que fomos fazendo com a nossa história e com as contas públicas, noto à margem. Querem ver? As mulheres só se aposentam mais cedo do que os homens, e assim será também com o novo texto, se aprovado, porque elas têm a chamada “dupla jornada”. Isso quer dizer que o macho “analfa” não ajuda em casa, entendem? É machista e folgazão — geralmente com o apoio de sua (dele) mãe — e machismo de mãe é bem mais difícil de ser enfrentado. Como sabem, sem mãe, não tem Freud.

E a Previdência paga o pato. Como é que o Brasil combate a distribuição desigual de trabalho doméstico entre os gêneros? Ora, assaltando os cofres públicos! A Amélia, mulher de verdade, não tem a menor vaidade, mas custa caro. Da mesma sorte, resolvemos outras disfunções apelando ao caixa — sem fundo e sem fundos. Assim, o folgado que acha que lavar um prato desabona seus países baixos não será jamais um problema doméstico, cultural, antropológico ou psicanalítico. O macho “analfa” vira uma questão previdenciária.

Não conheço outro político, ou me sugiram um nome no campo da especulação teórica ao menos, com capacidade de sobreviver às tormentas enfrentadas por Temer. A lista de feitos em menos de dois anos de governo impressiona quando se considera o buraco em que estávamos e o lugar em que estamos. Reconhecê-lo, desde que se dominem as ferramentas de análise, deixou de ser matéria de opinião. Trata-se apenas de questão de fato. Havendo um esquerdista intelectualmente honesto, ele terá de reconhecer que, “no gênero” vale dizer: para um governo que não é de esquerda —, os feitos são notáveis.  A reforma da Previdência é a peça que falta para que a menos se atravesse o umbral que nos leva ao futuro. Não há mal que a corrupção e a roubalheira possam fazer — e têm de ser combatidas sem trégua — que o rombo nas contas públicas não multiplique, sei lá, dezenas de vezes.

Saiba o senhor presidente que, em qualquer caso, as manchetes estão feitas. Ou será (com variações de estilo) “Temer é derrotado e retira reforma da Previdência” ou “Câmara derrota Temer e rejeita reforma da Previdência”. Em qualquer caso, o dólar vai subir, as bolsas vão cair, uma onda pessimista varrerá o noticiário e o país, mas nada, acho eu, que vá abalar o crescimento deste ano, que deve ficar em torno de 3,5%. Como afirmei aqui há meses, para o governo Temer, a reforma é irrelevante. Ela conta uma história do futuro, não do presente ou do passado.

Sim, se me der na telha, dou dicas ao Vaticano— já corrigi, e com acerto, uma tradução troncha da Santa Sé do latim para o português, o que foi reconhecido depois. Assim, por que não dizer a Temer o que eu faria? Digo. Levaria o texto à votação, convocaria Rede Nacional de Rádio e Televisão antes e depois do resultado (qualquer que seja), deixaria claro o que está em jogo, a quem cabe a decisão e quem arcará com o ônus e o bônus da aprovação e da recusa.

E que se revelem os corajosos e os covardes, os leais e os desleais, os omissos e os comprometidos com a causa e com as contas. Não se trata de uma questão pessoal. Aprovada a reforma, Temer e o Congresso deixam um legado e tanto ao próximo presidente. Se for recusada, que se evidencie que não faltou empenho do Planalto. “Pra que isso, Reinaldo?” Ora, por apreço à precisão. Que os irresponsáveis e os omissos, incluindo os pré-candidatos que andam por aí, ou mudos ou a falar bobagem, respondam por seus atos.

Blog do Reinaldo Azevedo

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