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sexta-feira, 5 de junho de 2020

O que podemos aprender com os países que começam a sair da quarentena - VEJA - Saúde








Sendo quase verão na Europa, e sendo os europeus adoradores do sol e do calor, as praias de lá estão no topo do processo de abertura lenta e gradual para a vida normal. Quase todas já foram liberadas, desde que se reparta a areia com responsabilidade: distância entre as barracas, máximo de quatro a dez pessoas em cada uma, obediência de mão e contramão e comércio zero de alimentos e bebidas — quem quiser leva o seu e volta com o lixo para casa. Portugal tem sinal verde, amarelo e vermelho para indicar o nível de ocupação. A Itália cogita em exigir reserva prévia de espaço. O Rio de Janeiro, depois de 79 dias sob isolamento social, começou na terça-feira 2 a afrouxar as normas, por meio de um plano em seis fases de quinze dias cada uma, até o fim de agosto. Já valem programas ao ar livre, inclusive caminhar no calçadão e entrar no mar para nadar ou surfar. Tomar sol, não — mas muitos foram direto se aboletar na areia, reforçando a veia de indisciplina capaz de, perigosamente, estragar qualquer cronograma.


MISTURADOS - Rio de Janeiro: no primeiro dia da “reabertura”, não só o mar como as areias (ainda proibidas) encheram Daniel Resende/Futura Press

A liberação das praias na Europa, por mais que agrade à população local, tem o objetivo mais amplo de religar o motor da indústria do turismo, que responde por cerca de 10% do PIB da União Europeia (UE) e que foi posta na UTI, em estado gravíssimo, pelo novo coronavírus. As expectativas, no momento, estão concentradas na movimentação interna, embora a reabertura das fronteiras entre integrantes da UE esteja marcada para 15 de junho. Detentor de um dos melhores registros de controle da Covid-19 no continente, Portugal começou a retomada da vida normal cedo, em 4 de maio, e está na fase 4 do processo, com restaurantes, cafés, museus, palácios e monumentos funcionando. Fases e cores, aliás, estão no cronograma de todas as trilhas do desconfinamento. A Espanha se encontra na fase 2, com estabelecimentos fechados e locomoção entre cidades severamente limitada pelo menos até o fim de junho.ns, dona do hotel Casa Bonay, em Barcelona — cidade que recebeu 12 milhões de visitantes em 2019, dos quais 83% estrangeiros. Ah, bons tempos. Para onde quer que se viaje na pós-pandemia, a Comissão Europeia requer das empresas menor número de passageiros e check-­in e retirada de bagagens sem aglomerações, além de medição de temperatura em massa — uma medida positiva que o Aeroporto de Brasília, outra cidade brasileira apressada em acabar com o isolamento, já implantou. Os termômetros também são item de primeira necessidade nas escolas que já reabriram — na Coreia do Sul, divisórias de acrílico separam as carteiras.
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Transportados para o Brasil, que tem quase 600 000 contaminados e passou dos 30 000 mortos, o relaxamento da quarentena e a retomada das atividades deixam os especialistas preocupados. “Corremos o risco de uma explosão de casos, daí a necessidade de as pessoas manterem o freio”, explica Rafael Galliez, professor de doenças infectocontagiosas da Faculdade de Medicina da UFRJ. O retorno à normalidade requer estatísticas monitoradas e prazos revistos ao menor sinal de risco. “Considero os planos de abertura do Rio e de São Paulo coerentes e consistentes”, afirma o epidemiologista Medronho — desde que as regulamentações saiam do papel. No Rio, hotéis, concessionárias e lojas de móveis e de decoração já funcionam (com resultados financeiros ainda pífios, claro). Em São Paulo, shoppings e escritórios devem voltar à vida até 15 de junho. Em um primeiro momento, vão funcionar quatro horas por dia e ocupar um quinto de seu espaço. Uma das primeiras cidades a adotar medidas restritivas de circulação, Brasília também saiu na frente na retomada do comércio. Aprove-se ou não, as portas no Brasil estão se abrindo. Por mais forte e legítimo que seja o suspiro de alivio, contudo, ninguém pode baixar a guarda.
ATENÇÃO, VIAJANTE – Aeroporto de Brasília: máquina projeta no telão a temperatura do corpo e checa o uso de máscara Evaristo Sa/AFP
Colaboraram Amanda Péchy, Mariana Zylberkan, Sofia Cerqueira e Hérica Marmo

Em Veja/Saúde, MATÉRIA COMPLETA

Publicado em VEJA, edição nº 2690 de 10 de junho de 2020 

sábado, 16 de maio de 2020

À espera do lockdown - IstoÉ

Com o isolamento social rígido e outras medidas eficientes contra o coronavírus, países conseguiram conter a pandemia. Sem implementar corretamente nenhum método, o Brasil está longe de obter o mesmo êxito

O número de casos confirmados de pessoas que contraíram o novo coronavírus no mundo só cresce: até a quinta-feira 14, já eram mais de 4,3 milhões de infectados e 298 mil mortos. A realidade mostra que, no momento, a única forma eficaz de parar a pandemia é combater as suas vias de transmissão, uma vez que ainda não existe vacina capaz de imunizar a população e nem tratamento comprovadamente eficaz contra a doença. Os países que estão tendo sucesso no controle de infectados mostram, porém, que restringir rigidamente a circulação de pessoas é importante. Mas é preciso aliá-la a outras medidas.

[o que facilita a vida do coronavírus no Brasil é a ausência de uma política unificada, centralizada, com várias frentes e um só objetivo:
VENCER O VÍRUS.
O que no Brasil se tornou impossível.

O presidente da República foi logo impedido, proibido de interferir nos estados - o STF decidiu que os estados e governadores tem autonomia para atuarem em seus entes federativos.
As portas foram fechadas para o governo federal - impedindo a implantação de suas ideias, certas ou erradas.  

Os governadores e prefeitos optaram pelo isolamento social, só que erraram na implantação, ou no momento de sair e,infelizmente, a busca do desejado 'achatamento da curva' se transformou na busca tardia pela imunidade de rebanho - em vez de um achatamento,  estão conseguindo um platô.
A falta de um comando central, torna possível que um município decrete isolamento e o seu vizinho libere tudo.]

Taiwan e Coreia da Sul são exemplos disso. Mesmo próximos à China, que foi epicentro do vírus, esses dois países estão conseguindo vencê-lo, principalmente por causa da eficiência governamental. Acometidos em 2003 e 2004 pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e em 2015 pela Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), eles criaram órgãos específicos para conter pandemias. Na Coreia se chamam Centros de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia (KCDC) e têm a autoridade para cobrar ações rápidas. Com apoio da polícia, por exemplo, foi possível rastrear o trânsito das pessoas, e, junto ao Ministério da Segurança de Alimentos e Medicamentos, aprovar com celeridade a fabricação de testes por empresas privadas. 

Dessa forma, a população da Coreia foi testada gratuitamente e em massa, o que permitiu colocar os infectados, mesmo assintomáticos, em isolamento. Contribuiu para o freio da doença o uso de um aplicativo que consegue rastrear as pessoas infectadas ou que tiveram contato com elas e mantê-las em uma área restrita. A estratégia de Taiwan foi parecida e criou o Comando Central Epidêmico (CECC), um órgão com poderes governamentais para controlar o transporte público, eventos, a abertura de escolas e até fabricação de máscaras faciais. Aliado a isso, foram colocadas multas pesadas para cidadãos que descumprissem as regras de quarentena.

Outro país exemplar é a Nova Zelândia, liderada pela primeira-ministra Jacinda Arndern. [liderança única e com poderes para decretar qualquer medida, incluindo lockdown, já no Brasil até para sair de um meio isolamento o assunto vai para a Justiça e um tempo precioso se perde.
Não pode ser olvidado que no Brasil são 27 autoridades decidindo e a decisão de cada uma precisa ser validada por dezenas de prefeitos, que podem fazer em seus municípios o que entenderem mais conveniente. ] Entre seus principais acertos, está a decretação imediata de lockdown, antes mesmo da primeira morte por Covid-19. Mais uma vez, no entanto, apenas a quarentena não foi suficiente para conter a pandemia. A medida foi aliada ao forte pronunciamento da primeira-ministra, ao fechamento de fronteiras e à ampla testagem da população. [no Brasil, eventual fechamento de  fronteiras seria contestado pelo Supremo e as fronteiras seriam abertas - ao Poder Executivo não foi permitido, sequer, mandar para casa venezuelanos que se tornaram persona non grata ao Brasil. Um ministro do Supremo revogou o envio compulsório dos indesejáveis.] No final de abril, com o número de casos já controlado, os ambientes de trabalho continuavam com a aplicação de medidas importantes, como controle de temperatura em canteiros de obra. A partir do sábado 9, já em um nível de isolamento mais brando, o governo não relaxou: funcionários continuam indo às ruas para esterilizar áreas públicas.

[O governador do DF, foi praticamente o pioneiro no isolamento social, só que se perdeu não aumentando o número de leitos - nenhum dos prometidos hospitais de campanha entrou em operação - pelo menos até o presente momento.
Graças a DEUS o crescimento do número de infectados não se tornou exponencial e o índice de letalidade é o mais baixo do país.
Só que o governador está sentindo os efeitos negativos da economia paralisada, quer sair do processo de isolamento e não sabe como e a questão foi judicializada.
Em São Paulo e Rio o desastre é, infelizmente, público e notório. A mais recente tentativa de sair do isolamento sem explodir a saúde, o rodízio de veículos, só está sendo exitoso em tirar pessoas dos carros e amontoar no transporte coletivo.] 
Portugal também é uma inspiração ao planeta e conseguiu dominar o novo coronavírus enquanto que, em seus vizinhos europeus, os índices explodiam. Os primeiros casos foram identificados em 2 de março e, apenas 11 dias depois, o primeiro-ministro António Costa decretou estado de emergência. É interessante que ali o controle da doença foi possível apenas com recomendações e sem medidas drásticas de isolamento, como multas e fiscalizações policiais. Estudos apontam que a medida mais eficiente para frear o contágio e manter os níveis nos mais baixos da Europa foi identificar rapidamente o primeiro caso de transmissão local. Dessa forma, foi possível colocar os pacientes para tratamento e isolamento em casa enquanto os graves iam para os hospitais. Outro fator que pesou a favor do país foi o esquecimento das diferenças políticas entre o presidente, Marcelo Rebelo de Sousa (Partido Social-Democrata, PSD), e o primeiro-ministro, António Costa.

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A Alemanha também é um caso de sucesso principalmente porque decretou medidas rígidas de confinamento assim que os casos aumentaram no país: fechou instituições e proibiu reuniões públicas com mais de duas pessoas. Consciente, a população seguiu as recomendações de evitar fazer deslocamentos desnecessários, principalmente devido à firmeza da articulação da líder, a primeira-ministra Angela Merkel. Ela foi à TV orientar a população e trabalhou conjuntamente com os estados.

Em IstoÉ, MATÉRIA COMPLETA


quinta-feira, 14 de maio de 2020

Haverá “pós-Covid”? - Alon Feuerwerker

Análise Política

A racionalidade manda projetar cenários e ir ajustando a atitude conforme os fatos, sempre eles, vão construindo a realidade da qual não se pode fugir. Mas o ser humano não vive só de razão, tem também a fé. E uma das formas mais arraigadas desta nos tempos modernos é a fé na ciência.

Dizer que governa com base na ciência virou peça de narrativa política, e quando se misturam política e ciência o aspecto quase religioso é levado ao limite. No caso do SARS-CoV-2 há os que têm fé em quem manda todo mundo ficar em casa, como em Israel, ou em quem diz que não é bem assim, como na Suécia.

Antes de ser acusado de relativismo e mandado para a fogueira, esclareço que acredito no efeito benéfico do achatamento da curva. Dito isso, vale registrar o que lembrou hoje o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan: "Pode ser que [o SARS-CoV-2] nunca desapareça, que se torne endêmico, como outros vírus. O HIV não desapareceu”. Colocar todas as fichas na possibilidade de haver um mundo “puro" pós-Covid talvez seja arriscado.

Autoridade e competência
[nos criticam quando dizemos que excesso de democracia atrapalha o combate ao coronavírus;
nos desagrada escrever, ver uma vantagem no comunismo, mesmo que no modelo chinês,  é uma inconveniência, mas o 'sucesso' da China  no combate à covir-19 é evidente.
Para vencer o vírus é necessário um governo forte, com um comando único.
Um manda fazer, outro diz que não faz, manda não fazer, a Justiça manda fazer, não funciona.
Após mais de dois meses de isolamento total, com um aparente sucesso, a cidade de São Paulo, a exemplo de muitas outras, caminha para o 'lockdown'.
Com o excesso atual de democracia, levaremos um ano decidindo o que pode e o que não pode ser feito.]
Países notam algum repique da contaminação pelo SARS-CoV-2 quando começam a reabrir as atividades. Inclusive países-exemplo na luta contra a pandemia, como Alemanha e Coreia do Sul. Não chega a ser surpresa. Em meio às polêmicas científicas mundo afora, há um consenso: solução mesmo só com a imunidade, provocada pelo vírus ou pela vacina.

Como a vacina ainda demora, resta a ação viral. E como o isolamento social protege exatamente contra a contaminação, tem um efeito colateral. O contágio coletivo é mais lento, e por isso a imunização coletiva também. E vem o problema: Qual o grau ótimo de achatamento da curva de contágio de modo a não colapsar o sistema de saúde e tampouco matar a economia?

Uma curva achatada demais protege bem o sistema hospitalar, o que é bom. Mas pode ter efeitos trágicos sobre a atividade e o emprego, e portanto sobre a saúde. O que é indesejável. Para controlar o andamento desses dois fatores o ideal aqui seria um Estado central com autoridade e competência. Sofreríamos, mas menos do que vamos sofrer com o nosso desarranjo atual. 


Alon Feuerwerker, jornalista e analista político - Análise Política



terça-feira, 12 de maio de 2020

Desafios do acordo Mercosul-União Europeia - O Estado de S.Paulo

 Rubens Barbosa 


Além das incertezas vindas da Argentina, competitividade e meio ambiente estão em foco

Um fato novo complica o entendimento entre os países do Mercosul. Em abril a Argentina informou que não mais acompanharia Brasil, Paraguai e Uruguai nas negociações em curso do Mercosul com outros países, como Canadá, Cingapura, Coreia do Sul, Líbano e Índia. Mas manteria sua participação nos acordos, já concluídos e não assinados, com a União Europeia (UE) e com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta). Na semana passada o governo argentino voltou atrás, num confuso comunicado em que ressalta ter decidido manter-se nas negociações conjuntamente, mas sempre levando em conta as sensibilidades dos setores menos competitivos (industriais).

Embora querendo participar de todos os trabalhos e demandando a inclusão de cláusulas que resguardem os interesses argentinos futuros, Buenos Aires não se compromete com a conclusão das negociações em curso. O chanceler Felipe Solá diz favorecer um regime de dupla velocidade, em que a Argentina não fica fora dos acordos, mas quer ter a palavra final sobre como e quando passaria a fazer parte deles.

Até meados do ano, o acordo Mercosul-UE deve ser assinado. Como o governo argentino reagirá durante o processo de ratificação, se forem solicitadas modificações no texto do acordo, como foi no caso do tratado UE-Canadá? Nuestros hermanos querem um Mercosul à la carte, o que aumenta a incerteza para todos, pela insegurança jurídica na aplicação dos compromissos assumidos. Flexibilização, se houver, tem de ser para todos.

Além dessa incerteza, menciono duas questões do lado brasileiro para o acesso ao mercado europeu: competitividade e meio ambiente. Para aproveitar as preferências tarifárias, os produtos industriais deverão melhorar significativamente sua competitividade e passar a receber tratamento isonômico em relação ao produzido em outros países. Sem isso, apesar de a UE abrir seu mercado com tarifa zero de imediato para 75% de suas importações, será difícil competir no mercado europeu com produtos importados de outras áreas, como EUA, China e Coreia. A aprovação da reforma trabalhista e a da Previdência Social foram avanços importantes no caminho da modernização do Estado brasileiro. 

De modo a que o custo Brasil seja reduzido, é imperativo serem aprovadas a reforma tributária, a reforma do Estado e um amplo programa de desburocratização, simplificação e facilitação de negócios e de melhoria na logística (portos, estradas, ferrovias). Em paralelo, um eficiente programa de inovação das empresas e de políticas públicas ajudaria a modernizar a operação das companhias que produzem para o mercado doméstico e também exportam. Estudo recente da Fiesp, mostra que a indústria nacional, antes da pandemia, estava lenta na busca para alcançar o nível de 4.0 – 1,3% tinha investimento em 4.0 (em faturamento).

O segundo desafio são os compromissos na área de meio ambiente que o Brasil deverá cumprir. O capítulo de desenvolvimento sustentável, incluído no acordo, talvez seja o mais desafiador, em vista da atual política de meio ambiente e mudança de clima do governo brasileiro. A crescente força política dos partidos verdes nos Parlamentos dos países europeus poderá representar um obstáculo para a ratificação do acordo caso a atual política ambiental brasileira não se modifique, como exemplificado pela crise em relação ao Fundo Amazônico, que resultou na suspensão de recursos financeiros recebidos da Alemanha e da Noruega. Os compromissos assumidos pelos países-membros no tocante ao desenvolvimento sustentável estão incluídos em 18 artigos, que cobrem acordos relacionados a comércio e meio ambiente, comércio e biodiversidade, comércio e preservação de florestas, da ONU, além de regras da Organização Internacional do Trabalho, incluída a Resolução 169, que trata da exploração de terras indígenas.

O descumprimento dos dispositivos dos acordos poderá acarretar boicotes e mesmo restrição de importação de produtos agrícola do Mercosul. São mencionados explicitamente os principais acordos internacionais, como os derivados da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, da Conferência Quadro da ONU sobre mudança do clima, da Convenção sobre Diversidade Biológica, da Convenção da ONU de Combate à Desertificação, do Acordo de Paris de 2015, de regras da OMC e resoluções de outros organismos internacionais. Além disso, por insistência da UE, foi aprovado o princípio da precaução, pelo qual o não cumprimento de acordos de meio ambiente, energia ou trabalho forçado ou infantil pode acarretar restrição à importação de determinado produto.

O mundo mudou e as preocupações com o meio ambiente, a mudança do clima, a preservação das florestas entraram definitivamente na agenda global. A falta de informação interna objetiva dos compromissos internacionais assumidos pelos diferentes governos nas últimas décadas e a crescente percepção externa negativa sobre as políticas ambientais criam uma incerteza adicional para o setor produtivo, em especial o do agronegócio.

Com o fim da covid-19, as questões ambientais vão ressurgir com toda a força e os governos do Mercosul não poderão ignorar essa agenda incluída no acordo com a União Europeia.

 Rubens BarbosaPresidente do IRICE - O Estado de S. Paulo


quinta-feira, 23 de abril de 2020

Fim de isolamento não pode ter um ‘Dia D’ – Editorial - O Globo

O relaxamento de quarentenas e bloqueios não é instantâneo e precisa de monitoramento

As bravatas bolsonaristas de que o isolamento social poderia ser suspenso por um édito presidencial ficam felizmente cada vez mais risíveis, porque, além de sua impossibilidade objetiva — seria revogado no Legislativo e Judiciário, por não se basear em fundamentos técnicos e científicos conforme exige a lei —, governadores começam a executar planos de saída do isolamento social como precisa ser, de maneira programada, com método, paulatinamente, à medida que a evolução da epidemia permita. [apesar do risco de uma intromissão indevida do Legislativo e mesmo do Judiciário - impedindo o Executivo de fazer e sem indicar quem e como fazer - o presidente Bolsonaro cuidou de nomear um especialista em logística para ser o segundo no Ministério da Saúde e cuidar de forma ordenada, gradual e segura da saída da quarentena - Doria trancou todos, não reduziu o crescimento do número de casos, não achatou a curva, não reduziu a mortalidade e não sabe como sair do isolamento.
Ibaneis, graças a Deus está convivendo com um menor crescimento do número de casos, de mortes e maior crescimentos dos recuperados = são 60% do total de infectados.
Agora, procura apoio de Bolsonaro, que coloca os interesses da Nação acima de todos e o apoia.]

Não há um “Dia D” para o fim de quarentenas e bloqueios exigidos para conter a disseminação de vírus quando não há vacinas e medicamentos adequados disponíveis.

O governador de São Paulo, João Doria, apresentou ontem o rito de saída dos paulistas do isolamento, previsto para ser executado em fases a partir de 11 de maio. Não é uma fórmula feita. As etapas serão cumpridas no mesmo passo em que “a medicina e a Ciência” [considerando que a medicina tem uma regra incontestável: 'na medicina nada é definitivo' e a Ciência tem muito de empirismo Doria vai seguir o experimento, não deu certo refaz, igual agiu na experiência do isolamento. Lamentável,  que cada erro possa custar vidas humanas.] forem determinando, Doria faz questão de repetir, para fustigar Bolsonaro, seu adversário político, defensor do oposto. Para o presidente, o que deve determinar o fim do isolamento são as carências da economia, sem entender que uma tragédia de grandes proporções na saúde pública, com enormes repercussões na sociedade, agravará muito mais a situação da economia, com uma retração ainda maior do consumidor e fuga de investidores.

O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, deu ontem afinal sua primeira entrevista coletiva. Nada apresentou de concreto, sinal de que seu plano ainda não está concluído. O que tem sido noticiado, porém, é animador, pois indica que o ministro deve mesmo tomar decisões com bases técnicas, como prometeu na posse, apesar da pressa do chefe.

Vai no bom caminho a contratação da Universidade de Pelotas (RS) e do Ibope para entrevistar e fazer testes rápidos em grupos de pessoas escolhidas para compor amostras que espelhem a realidade de cidades ou estados de que se deseja saber em que nível se encontra a epidemia. O resultado dos testes ajuda a monitorar a velocidade do relaxamento das contenções. O ministro afirmou ontem que a Coreia do Sul, exemplo de controle da epidemia, fez apenas 11 mil testes por grupo de milhão pessoas. Mas é preciso também uma boa análise dos dados.



 Há variáveis-chave no painel de controle do fim de um isolamento. Além, por óbvio, da evolução da contaminação em si, é crucial acompanhar os índices de ocupação de leitos de UTI na rede de saúde pública, a disponibilidade de testes e outros itens de protocolos. Assim será em São Paulo. O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, vítima da Covid-19, tem, por sua vez, um plano específico para a reabertura do comércio, que discutirá hoje com o Secretariado. O mundo está cheio de bons exemplos de como fazer.

Editorial -  O Globo


terça-feira, 14 de abril de 2020

Meu Brasil brasileiro - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Só num país, entre os mais de 190 existentes no mundo, pessoas fazem carreata contra o isolamento social, riem do coronavírus, desdenham da doença e da morte ou dançam na rua com uma imitação de caixão em plena pandemia. Não há registro de algo tão macabro nos Estados Unidos, Itália, Espanha, França, Alemanha, Canadá, Argentina, Coreia do Sul... Também não se consegue imaginar Donald Trump, Giuseppe Conte, Pedro Sanchez, Emmanuel Macron, Angela Merkel, Justin Trudeau, Alberto Fernandez ou Moon Jae-in indo às ruas alegremente, sem máscaras, causando aglomeração, misturando-se com incautos, tocando pessoas mesmo depois de tossir.

Com mais de meio milhão de casos oficiais de coronavírus e perto de cem mil mortes no planeta, já imaginaram Trump e Macron misturados com pessoas na rua ou num aeródromo? E que tal Merkel e Trudeau confraternizando displicentemente com manifestantes contra a Suprema Corte e o Congresso?  Bem, com o mandatário do Brasil o mundo todo já está acostumado. O que não tem explicação e a compreensão geral não alcança é por que pessoas com razoável escolaridade se metem em carrões, caminhonetes e motocicletas para protestar contra o isolamento e exigir que os trabalhadores enfrentem o coronavírus, cara a cara.

O ministro da Saúde grita “isolamento, isolamento, isolamento” para o seu paciente Brasil. E “trabalho, trabalho, trabalho” para ele próprio, que é médico, está dormindo e acordando com a pandemia e sabe da gravidade da situação – e como é muito diferente o vírus se espalhar entre os bem nutridos, como agora, e entre miseráveis que se amontoam em casebres insalubres, como fatalmente vai acontecer.

O que essas pessoas das carreatas têm na cabeça? 
Elas fecham os olhos e os ouvidos para as informações de todo santo dia, toda santa hora, sobre a disseminação e as mortes?
Não sabem que milhares de pessoas morrem todos os dias no mesmo planeta que abriga o Brasil? 
Ou elas sabem, estão bem informadas, mas acham mesmo que morrer umas 5 mil, 6 mil pessoas não tem nenhum problema? Desde que sejam pobres, evidentemente.

O presidente da República diz que o vírus e essa gripezinha já estão indo embora. O ministro da Saúde diz que os tempos “mais duros” serão entre maio e junho. A quem os brasileiros devem ouvir? Isso confunde, desagrega, desorganiza e atrapalha os responsáveis por reduzir a disseminação e as mortes. Eles imploram por “paz para trabalhar”, como o ministro. Não há a menor dúvida de que o coronavírus, além de ameaçar a saúde e a vida, é uma tragédia para indústria, comércio, empregos e renda das pessoas. O presidente está correto em reconhecer e advertir que a coisa vai ficar cada vez pior na economia que pode entrar em recessão de até 4%, segundo o governo, ou 5%, de acordo com o Banco Mundial. A questão é que, sem isolamento, vai haver milhares de contaminados e mortos a mais do que o previsto. Isso não vai ajudar, só piorar a economia.

Não parece tão complicado de compreender, de tão lógico, o que reforça a dúvida, ou angústia: por que pessoas fazem carreata contra o isolamento e dancinha nas ruas em plena pandemia? 
Por ideologia, teimosia, fanatismo, perversidade? 
Por desdém pelas maiores vítimas em todas as circunstâncias, os mais pobres, os “invisíveis”?
Sinceramente, essa é a direita brasileira? Fanática, terraplanista, que desdenha de uma pandemia, brinca com a morte de entes queridos alheios, luta contra a realidade e reverencia mitos sem usar de senso crítico, racionalidade, humanidade? Não pode ser verdade. Apesar de escondida, certamente há uma direita moderna, inteligente e humana, que não aprova essas carreatas nem ódio na internet. Apresente-se, por favor!

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo

 

Uma crise instalada - Nas entrelinhas

”A queda na arrecadação é tratada por Bolsonaro como uma espécie de castigo aos governadores que estão defendendo o isolamento social

[o presidente Bolsonaro tem que ficar atento aos desmandos dos governadores - em sua maioria gastam muito e mal.
Assim, não pode concordar em dar um cheque em branco para os governadores e/ou prefeitos.
Aos governadores - procurando se encontra algumas exceções - interessa gastar e gastar, aos prefeitos idem.
Se for dado um cheque em branco, ideia original do deputado que preside a Câmara, seria criado e honrado o slogan: 'podemos gastar, o Bolsonaro paga'.
O mais adequado é um percentual - 30% é um bom percentual já que para cada R$ 100 gastos, suas excelência sabem que terão que repor 70 e a União 30 - isso conterá a gastança.] 
O choque entre o presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, é a face mais visível de uma crise de maiores proporções entre a União e os estados, numa recidiva da velha contradição centralização versus descentralização. A epidemia de coronavírus e a recessão mundial dela decorrente exacerbaram o conflito, que se manifesta na discussão sobre aprovação do chamado Plano Mansueto, ou seja, a ajuda a estados e municípios. Bolsonaro está em litígio aberto com os governadores e prefeitos que estão na linha de frente do combate à epidemia de coronavírus e não esconde o incômodo com o alinhamento entre eles e o ministro Mandetta.

Uma decisão de Bolsonaro é emblemática quanto às dificuldades que cria para os governadores na implementação da estratégia de distanciamento social adotada pelo Ministério da Saúde para conter a velocidade da epidemia. No fim de março, as operadoras de telecomunicações ofereceram ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) um mapa de calor para mostrar a geolocalização da população. [São Paulo já usa e  fosse o geo referenciamento eficiente o estado não seria líder absoluto no índice de letalidade.] O intuito era identificar aglomerações e situações de risco de contaminação do novo coronavírus. Bolsonaro vetou o uso das informações, que seria mais uma arma no combate à Covid-19, pois o georreferenciamento permite a pronta atuação das autoridades locais para reduzir essas aglomerações.

O ministro Marcos Pontes chegou a gravar um vídeo anunciando a implantação do sistema nesta semana. No sábado, porém, Bolsonaro ligou para Pontes e suspendeu tudo. Alegou que há riscos para a privacidade do cidadão e que a Presidência precisa estudar melhor o tema, apesar de um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) aprovar o uso da ferramenta proposta pelas teles, uma solução semelhante à que foi adotada pela Coreia do Sul, um dos países com menores taxas de mortalidade pela Covid-19. A decisão de Bolsonaro tem endereço certo: o governador tucano João Doria, que está controlando o nível de isolamento social no estado de São Paulo pelo monitoramento dos celulares. Para se ter uma ideia de como isso é útil, a diferença de 50% para 70% da população em regime de distanciamento social, para efeito da propagação da epidemia por pessoa, salta de uma média de dois para quatro novos contaminados, ou seja, um crescimento exponencial.

Nada disso importa. A tese que empolga Bolsonaro é a do ex-ministro da Cidadania Osmar Terra, para quem a epidemia já atingiu o seu pico e entrará em declínio, acabando em maio, o que não bate com os modelos matemáticos da equipe do Ministério da Saúde. Segundo Terra, que é médico, o isolamento social não tem eficácia e apenas aprofunda a recessão, além de retardar a autoimunização da maioria da população. A tese também está sendo endossada pelo líder do governo na Câmara, deputado Victor Hugo (PSL-GO), que vem defendendo abertamente a saída de Mandetta do governo. Ontem, Mandetta não falou com a imprensa. Sua permanência no governo é incerta.

Ajudas
A estrela da entrevista de ontem no Palácio do Planalto foi a ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, que anunciou medidas destinadas a proteger grupos de risco, como indígenas, quilombolas, ciganos, moradores de rua e idosos em asilos. Damares também contrariou a orientação do Ministério da Saúde e defendeu o chamado isolamento vertical, ou seletivo, focado nesses grupos. Na ocasião, anunciou a distribuição de cestas básicas e o confinamento de tribos indígenas, quilombolas e acampamentos ciganos, além de uma rede de proteção aos moradores de rua e outras populações de risco, formada por instituições filantrópicas e religiosas.


Mas o maior conflito é mesmo a negociação do Plano Mansueto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, convenceu Bolsonaro a não ceder a governadores e prefeitos, que pedem socorro financeiro em razão da queda da arrecadação. Eles são responsabilizados pela recessão e o desemprego. A queda na arrecadação é tratada por Bolsonaro como uma espécie de castigo aos governadores que estão defendendo o isolamento social.

As negociações entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os líderes partidários com o governo, nos últimos dias, foram muito tensas. Guedes foi duro: “O desenho deste projeto é muito perigoso, é um cheque em branco para governadores e prefeitos fazerem uma gestão descuidada, levando todo ônus para o contribuinte, justamente no momento em que mais precisamos da boa gestão para proteger os mais vulneráveis”, declarou.

Rodrigo Maia, entretanto, articulou mudanças no projeto para garantir a aprovação da nova versão do chamado Plano Mansueto, que foi limitada à instituição de um seguro-garantia de arrecadação para estados e municípios, com impacto estimado de R$ 80 bilhões. “A posição que ouvi majoritária entre os líderes é que nós façamos como se fosse um seguro. Se arrecadação era 100 e caiu pra 70, o governo recompõe 30. Se daqui a quatro meses a arrecadação era 100 e foi 100 (novamente), o governo não precisa dar um real”, afirmou Maia.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


domingo, 12 de abril de 2020

Quem se candidata? - Alon Feuerwerker

Análise Política


Está em xeque o sucesso da contenção da Covid-19 em certos lugares da Ásia que não se inclinaram inicialmente por isolamentos radicais. Coreia do Sul, Japão e Singapura, entre outros. As autoridades são agora obrigadas a algum endurecimento. Porque a ameaça volta a rondar. É a pergunta da moda: quando se poderá dizer, finalmente, “acabou!”?

Segundo os entendidos, quando a Covid-19 tiver reduzido um certo tanto o número de hospedeiros amigáveis do vírus, por morte ou imunização.  Em resumo, depende de quanto tempo demora a vacina.

Também porque as sociedades não parecem dispostas a arcar com mortes em massa para acelerar a volta à “normalidade”. Tampouco dá para parar tudo à espera de pelo menos 60% estarem imunes. Dizer que o determinante de toda matriz nula é zero pode ser uma verdade matemática, mas não é uma solução aceitável para a economia.

Melhor que esperar pelo “acabou” será buscar formas eficazes de conviver com a ameaça, minimizando os danos e maximizando a atividade social produtiva possível.

Quem se candidata? 

Alon Feuerwerker, analista político e jornalista - Análise Política

sábado, 11 de abril de 2020

Brasil ultrapassa mil mortes por covid-19; 19,6 mil estão infectados

De acordo com novo boletim do Ministério da Saúde, foram confirmadas 115 mortes em apenas 24 horas; o número de casos subiu para 19.638

De acordo com o levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde, o Brasil tem 1.056 mortos em decorrência de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. São 115 óbitos a mais em apenas 24 horas – no boletim de quarta-feira, 8, eram 941 mortos.

Hospitalizações e grupos de risco

O número de casos confirmados subiu para 19.638, 1781 a mais do que o registrado na quinta-feira, 8. A taxa de letalidade passou de 5,3% para 5,4%. Apenas o estado de Tocantins não tem, até o momento, óbito pela doença. [a taxa de letalidade da Coreia do Sul é inferior a 1%, o que se atribui à politica de testagem em massa adotada pelo país asiático.]


Em números absolutos, a maior parte dos casos e mortes está em São Paulo, com 8.216 casos confirmados (equivalente a 41,8% dos casos no país) e 540 mortes (equivalente a 51,1%). No entanto, ao considerarmos o coeficiente de incidência, Amazonas é o estado mais afetado. São 23,3 casos por 100.000 habitantes. Em seguida estão Amapá (19,3 por 100.000), Distrito Federal (18,2), São Paulo (17,7), Ceará (16,1) e Rio de Janeiro (14,2). Todas estas regiões estão em “emergência” de acordo com a classificação do Ministério da Saúde, pois apresentam um coeficiente de incidência pelo menos 50% maior que o nacional. Atualmente o coeficiente nacional é de 9,3 por 100.000 habitantes.

Do total de casos, 4.217 (11%) estão em estado grave, necessitando de internação em hospitais. Atualmente, dos 1.057 óbitos confirmados, 77% ocorreram em pessoas com mais de 60 anos e, 74% do total das vítimas apresentavam pelo menos um fator de risco. 

Pessoas acima de 60 anos se enquadram no grupo de risco, mesmo que não tenham nenhum problema de saúde associado. Além disso, pessoas de qualquer idade que tenham comobirdades, como cardiopatia, diabetes, pneumopatia, doença neurológica ou renal, imunodepressão, obesidade, asma e puérperas, entre outras, também precisam redobrar os cuidados nas medidas de prevenção ao coronavírus.

VEJA - Saúde


quinta-feira, 2 de abril de 2020

Coreia do Norte insiste que não tem nenhum caso de coronavírus

O país isolado tomou rápidas medidas ao fechar as fronteiras em janeiro e adotar um rígido confinamento

A Coreia do Norte continua sem registrar nenhum caso de coronavírus, reiterou o regime de Pyongyang, apesar do crescente ceticismo do mundo, no momento em que a pandemia já afeta quase um milhão de pessoas.  O país isolado, que desenvolveu armamento nuclear, fechou rapidamente as fronteiras em janeiro, quando o vírus foi detectado na vizinha China, e adotou rígidas medidas de confinamento.

[Difícil acreditar no que diz a Coreia do Norte - é um país comunista e a mentira e o comunismo se completam;
Apesar de parecer mentira, tudo é possível. 
Vejamos:
- há alguns países que ainda não registraram o vírus;
- a Coreia do Norte é o país mais fechado do mundo - vive sob um permanente e rígido confinamento - e sob o tacão de uma ditadura tirânica (a maioria das ditaduras são tirânicas, mas as comunistas estão entre as 'piores das piores').

Não seria surpresa se o Kim Jong Un, ao decretar o 'confinamento do confinamento', estabelecesse que qualquer cidadão violador das regras fosse sumariamente executado, pena estendida aos seus familiares - os maiores absurdos, cometidos pela Coreia do Norte, são sempre apoiados, por omissão, pela ONU.

A possível imunidade dos norte-coreanos ao coronavírus e à Covid-19, corrobora o que já sabemos:
- Democracia é prejudicial ao combate à pandemia - Itália, Espanha, Estados Unidos confirmam.
Tem coisa pior a uma 'guerra' em que medidas excepcionais precisam ser promulgadas pelo presidente da República e o Congresso Nacional e o Poder Judiciário impedem?
Não será surpresa se qualquer dias destes uma suprema decisão proibir o presidente Bolsonaro de pensar em governar.]

Pak Myong Su, diretor do departamento que luta contra as epidemias, insistiu que os esforços deram resultado.  "Até o momento, nenhuma pessoa foi infectada com o novo coronavírus no país", declarou Pak à AFP.  "Adotamos medidas preventivas e científicas como inspeções e quarentenas para todas as pessoas que chegavam ao país, desinfetamos os produtos e fechamos as fronteiras e bloqueamos todas as rotas marítimas e aéreas".

Praticamente todos os países do mundo registraram algum caso do novo coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na quarta-feira que quase um milhão de pessoas contraíram o vírus. Além da China, epicentro do coronavírus, a Coreia do Sul registrou um dos piores focos da pandemia, que já matou mais de 45 mil pessoas no mundo.

De acordo com especialistas, o norte da península coreana é particularmente vulnerável ao vírus devido a seu frágil sistema de saúde. Os desertores acusam as autoridades de ocultar um surto da doença. O comandante militar americano na Coreia do Sul, general Robert Abrams, declarou no mês passado que tinha "praticamente certeza" de que o Norte registrava casos do vírus. Em fevereiro, o ministério das Relações Exteriores da Rússia anunciou que enviou a Pyongyang 1.500 kits de diagnóstico após um pedido, dado "o risco existente do Covid-19".

A OMS pretende destinar 900 mil dólares para ajudar Pyongyang a responder ao coronavírus, informou o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).

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Correio Braziliense


segunda-feira, 23 de março de 2020

O impacto da crise sobre o trabalho - O Estado de S. Paulo

A OIT estima que a pandemia pode deixar mais de 24 milhões de desempregados

Enquanto a crise sanitária no Ocidente entra no seu apogeu e começa a ser contida na Ásia, a crise econômica global está apenas começando. Tudo indica que o PIB mundial encolherá no primeiro semestre e na melhor das hipóteses ficará estagnado no segundo – o pior desempenho desde a crise financeira de 2007-2009 –, mas pode reacelerar em 2021, à medida que as cadeias de produção voltarem à ativa em busca do tempo perdido. Por outro lado, há o risco de que a contenção do vírus se prolongue mais do que o esperado ou sofra retrocessos insuspeitados. Em meio à incerteza, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) emitiu seu primeiro diagnóstico: Covid-19 e o Mundo do Trabalho: Impactos e Respostas.

Partindo dos atuais 188 milhões de desempregados, as estimativas sugerem um crescimento na taxa de desemprego global entre 5,3 milhões, no melhor cenário, e 24,7 milhões, no pior. A título de comparação, a crise financeira aumentou o desemprego em 22 milhões.  O impacto afeta tanto a quantidade como a qualidade dos empregos na indústria e nos serviços. Na China, por exemplo, o valor total agregado da indústria declinou 13,5% nos dois primeiros meses de 2020. O Conselho Mundial do Turismo e Comércio prevê um declínio de até 25% neste ano. Segundo a OIT, as perdas na renda dos trabalhadores podem variar de US$ 860 bilhões a US$ 3,440 trilhões.

Além disso, o impacto atinge desproporcionalmente os segmentos da população. A proporção de trabalhadores pobres deve crescer expressivamente. Jovens e velhos também sofrerão mais perdas de renda e ofertas. Alguns setores particularmente afetados pela pandemia, como serviços, saúde e escolas, têm um contingente massivo de mulheres – muitas delas responsáveis pela renda da família. Mais do que tudo, o choque atingirá os trabalhadores por conta própria, tanto mais na economia gig, [Gig worker = economia compartilhada,  freelancer ou informal.] um dos setores que mais cresceram nos últimos anos.

O primeiro pilar nas reações governamentais deve ser a proteção aos trabalhadores e aos locais de trabalho. Os governos podem auxiliar com condições logísticas para a implementação do teletrabalho e turnos escalonados. As associações de empresas japonesas submeteram a seus associados um questionário sobre medidas no local de trabalho e criaram atendimento telefônico para ajudar na adaptação. Irlanda, Cingapura e Coreia do Sul disponibilizaram licenças remuneradas por doença para trabalhadores por conta própria.

O segundo pilar é o estímulo à economia e à demanda de trabalho. Bancos centrais na Austrália, Canadá, Reino Unido e EUA cortaram as taxas de juros. A Itália introduziu isenções fiscais para contribuições de seguridade social e prorrogou os prazos para quitação de dívidas e financiamentos. O suporte especial a setores específicos precisa ser cuidadosamente dimensionado. Na Coreia do Sul o turismo e outros setores mais impactados receberam maiores subsídios e períodos mais longos de apoio.

O terceiro e último pilar é o apoio ao emprego e à renda. Na China o governo decretou que contratos de trabalhadores imigrantes não serão encerrados em razão de doença ou medidas sanitárias. Benefícios e outras formas de transferência de renda para os desempregados foram expandidos em diversos países, assim como aportes financeiros e isenções fiscais para os empregadores.

A atual crise tem características singulares, mas a experiência de crises financeiras e epidêmicas passadas mostra que a comunicação transparente e tempestiva reduz a incerteza e estimula a confiança. A última crise financeira provou que uma atitude do tipo “custe o que custar” compensa os sacrifícios fiscais dos governos.



Independentemente das circunstâncias nacionais, a OIT insiste num princípio fundamental: “O diálogo social tripartite entre governos, empregados e empregadores é a chave para desenvolver e implementar soluções sustentáveis”. Em escala global, é preciso resistir às tentações nacionalistas. A pandemia, por definição, impacta toda a cadeia de trabalho global. O multilateralismo será mais imprescindível do que nunca.

Editorial - O Estado de S. Paulo


Um vírus na era digital - Fernando Gabeira

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