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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Bolsonaro na Rússia e caminhoneiros contra o totalitarismo - VOZES

 Alexandre Garcia

Viagem à Rússia
O presidente Jair Bolsonaro está a caminho de Moscou, na Rússia, e se encontra nesta quarta-feira (16), com o presidente russo, Vladimir Putin. A Rússia está muito preocupada com a Ucrânia se juntar à Otan. A Rússia tem uma história, que precisa de uma proteção. Depois da invasão de Napoleão, há cerca de 200 anos, e depois da invasão de Hitler, que foi um arraso, o país criou aqueles "estados satélites" para ter uma espécie de proteção.
 Manifestantes em Bruxelas se queixam das restrições impostas pelo governo por causa da pandemia.| Foto: Olivier Hoslet/EFE

E depois que se desfez a União Soviética o comunismo não deu certo –, a Ucrânia ficou um país independente, já teve problemas. Ali é um lugar de petróleo e de gás, principalmente. Eles abastecem e aquecem a Europa no inverno, mas Bolsonaro diz que não quer se envolver porque quer se dar bem com os dois lados.

Ucrânia e Rússia são bons parceiros comerciais do Brasil, que depende muito de fertilizantes que vêm de lá e da Bielorússia, que está ali pertinho. O Brasil, por outro lado, quer vender mais carne e soja para eles. Vai ser um encontro importante.

Garimpo, tudo legalizado
Foi publicado no Diário Oficial da União e entra em vigor, nesta terça-feira (15), um programa de estímulo ao garimpo. O Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala (Pró-Mape) diferencia a atividade artesanal das grandes mineradoras que atuam em escala industrial, operando inclusive na Amazônia, com tudo legalizado.

O garimpo foi considerado uma atividade legal. Foi graças ao garimpo – e ao pé do boi – que o Brasil se expandiu e se tornou um país de 8 milhões e meio de quilômetros quadrados, graças a esses aventureiros. Em geral, são nordestinos que estão lá em busca do sonho, em busca da fortuna, descobrindo a riqueza mineral. Só que se não é legalizado, sai no contrabando, não paga imposto.

Além de legalizar o garimpo, o decreto também controla o meio ambiente, dá licença para a área e, sobretudo, dá apoio em saúde e educação para as famílias dos garimpeiros.

As liberdades prevalecerão
Enquanto isso, no mundo inteiro, o exemplo dos caminhoneiros do Canadá está se expandindo. Chegou agora a Israel. Os caminhoneiros estão cercando Tel Aviv. Na Bélgica, estão cercando a sede da União Europeia. Nos Estados Unidos, pretendem chegar a Washington, assim como na Nova Zelândia, na Austrália, na França, na Itália também há movimentos contra o totalitarismo que está sendo aplicado.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, disse, outro dia, que de repente surgiram homofóbicos, misóginos, racistas. Esqueceu de dizer que surgiram mesmo foram os totalitários.

Felizmente, há reações. Um desembargador do Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro derrubou a decisão que proibia uma aluna não vacinada de assistir as aulas presenciais no Colégio Pedro II. Estavam querendo impor o passaporte de vacina. Ainda há esperança. Assim como a Câmara de Vereadores de Uberlândia, que aprovou uma multa de 10 salários mínimos para quem impedir a entrada de não vacinados em qualquer lugar. As liberdades prevalecerão.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

É chegada a hora de despertar - Ana Paula Henkel

Protesto de caminhoneiros no Canadá contra a obrigatoriedade de vacinação | Foto: Darryl Barton
Protesto de caminhoneiros no Canadá contra a obrigatoriedade de vacinação -  Foto: Darryl Barton 

O evento ficou mundialmente famoso devido ao filme Groundhog Day, de 1993, lançado no Brasil com o nome de Feitiço do Tempo. O roteiro apresenta o meteorologista Phil Connors, interpretado por Bill Murray, que reluta em viajar para Punxsutawney, na Pensilvânia, para cobrir as celebrações do Dia da Marmota da pequena cidade, por considerar a cobertura do tradicional evento uma perda de tempo. Já hospedado em um hotel local, ele acorda no dia seguinte e se vê preso em um looping temporal, sendo forçado a viver o feriado repetidamente. Todas as manhãs, em sua cama no Cherry Tree Inn, ele desperta com a música I Got You, Babe, de Sonny e Cher, tocando no rádio-relógio:

“They say we’re young and we don’t know / We won’t find out until we grow / Well I don’t know if all that’s true / ‘Cause you got me, and baby, I got you…”

“Dizem que somos jovens e não sabemos / Não vamos descobrir até crescermos / Bem, eu não sei se tudo isso é verdade / Porque você me tem, e baby, eu tenho você…”

Mas o filme de 1993, considerado uma das maiores comédias de todos os tempos, dirigido por Harold Ramis e produzido por Ramis e Trevor Albert, pode, no entanto, ser em alguns aspectos um ensaio sobre uma perspectiva mais atual que nunca. Em um bar local, Connor desabafa com um homem: “Eu acordo todos os dias, bem aqui em Punxsutawney, e é sempre 2 de fevereiro. E não há nada que eu possa fazer sobre isso. O que você faria se estivesse preso em um lugar, e todos os dias fossem exatamente iguais, e nada do que você fizesse importasse?”

Os dias continuam a se repetir e, sem esperança, Connors decide se comportar da pior maneira possível, já que “nada muda”. E este é o dispositivo quase escondido no filme, que acaba se tornando atemporal, como um perfeito atalho para os dias atuais, no melhor sentido de “a mesma coisa de sempre em um dia diferente”. Connors passa um número desconhecido de dias repetindo exatamente o mesmo dia várias vezes. Todas as outras pessoas vivenciam aquele dia pela “primeira” vez, enquanto Connors tem de encarar sua rotina como Sísifo, personagem da mitologia grega condenado a empurrar eternamente uma enorme pedra morro acima que, ao atingir o seu topo, cai novamente, fazendo esse processo ser repetido por toda a eternidade.

Há exatos dois anos, escrevemos sobre liberdade, sobre autonomia, sobre direitos, sobre a verdade, sobre uma pandemia que devorou o intelecto humano

O que poderia ser apenas um filme de comédia, muitas vezes tachado de tolo, na verdade mostra algumas pistas de um possível mistério central que nos aproxima de um arco moralmente mais denso e poderoso para o personagem principal. 
Quando Connors percebe que não é louco e que pode, na verdade, viver para sempre sem consequências (se não há amanhã, como ser punido?), ele se entrega ao seu “eu adolescente”. Fuma dezenas de cigarros sem medo de julgamentos ou doenças, dirige embriagado, usa um leque de mentiras para levar muitas mulheres para a cama, rouba dinheiro e se perverte de uma maneira descontrolada. Depois de mais uma noite de orgias e bebedeira, ele declara: “Não vou mais jogar pelas regras deles!”.

Algum tempo depois de abusar de uma liberdade que acreditava ter, Connors é tomado por um vazio inexplicável e se torna suicida, percebendo que toda a gratificação material e sexual do mundo não se sustenta espiritualmente. De qualquer forma, ele culpa a marmota e, em um pacto de assassinato-suicídio, mata o roedor. Mas nem isso faz com que Connors acorde de seu pesadelo. Depois de inúmeras tentativas de tirar sua própria vida, ele continua acordando no dia seguinte, sem ser o dia seguinte. No fim, exausto e sem expectativas de sair daquela maldição, resolve dar uma guinada. Começa a tocar piano, ler poesia, decide ajudar os moradores locais em assuntos grandes e pequenos, incluindo pegar um menino que cai de uma árvore todos os dias, mas que nunca lhe agradece, apaixona-se pela pessoa que jamais imaginaria se apaixonar; e começa a prestar atenção no amor em várias camadas e vertentes.

Ele, então, descobre que há algumas coisas que não pode mudar, mesmo repetindo-as todos os dias. E, em sua dedicação pelo seu presente, finalmente acorda em 3 de fevereiro, destravando o ciclo interminável do Dia da Marmota. A maldição é suspensa quando Phil Connors agradece pelo dia em que acabou de viver, deixando o melhor que podia no presente, mesmo sabendo que teria de repetir tudo mais uma vez no dia seguinte. Connors lentamente percebe que o que faz a vida valer a pena não é o que você obtém dela, mas o que você coloca nela.

Uma das ideias centrais de Friedrich Nietzsche, filósofo alemão cuja obra exerceu uma influência profunda na história intelectual moderna, é imaginar a vida como uma repetição sem fim dos mesmos eventos que repetimos. 
Como isso moldaria suas ações? 
O que você escolheria para viver por toda a eternidade? 
Mas esse existencialismo não explica o apelo mais amplo de um filme aparentemente bobo que conversa com nossa atual realidade e sociedade. É na ressonância religiosa, que tanto tentam expurgar de nossa vida cotidiana (vide as eternas ordens de lockdowns para igrejas e templos, a tentativa da diminuição da importância da fé), que o filme chamou minha atenção na última vez a que o assisti. Connors vai para sua própria versão do inferno, do qual ele é libertado ao abandonar seu egoísmo e se comprometer com atos de amor da vida real de quem está à sua volta.

Peças inesperadas no tabuleiro
Desde 2020, quando sento semanalmente para pensar no assunto que abordarei em meu artigo semanal, às vezes tenho a sensação de que estamos vivendo no filme de 1993, no Dia da Marmota
O que você faria se estivesse preso em um lugar, e todos os dias fossem exatamente iguais? 
Há exatos dois anos, escrevemos sobre liberdade, sobre autonomia, sobre direitos, sobre a verdade, sobre uma pandemia que devorou o intelecto humano e sobre personagens que continuam desafiando as novas leis do silêncio impostas ao mundo. Martin Kulldorff, Jonathan Isaac, Robert Malone, Joe Rogan, Eric Clapton, Novak Djokovic, Aaron Rodgers, Nicki Minaj, quantos nomes temos trazido para demonstrar a bravura de homens e mulheres que continuam, com declarações firmes, expondo os covardes. 
Nomes que decidiram não aceitar mais as guilhotinas virtuais e a imposição de que todos nós temos de sentar no sofá quente dos lobbies. Mas, mesmo depois de tantos excepcionais exemplos, o que mudou? Estamos vivendo um eterno Dia da Marmota? Aonde vamos chegar? Estamos, realmente, fazendo tudo o que podemos fazer para estancar essa insanidade? 
O que você fez, aí mesmo, perto de você, para quebrar esse ciclo medonho?

Em toda revolução importante, e acredito que estamos dentro de uma, peças inesperadas podem surgir. A última movimentação nesse tabuleiro, crucial para a sobrevivência da liberdade como a conhecemos no mundo, foi brilhantemente feita pelos canadenses, mais especificamente os caminhoneiros canadenses. O que começou como um protesto local, ignorado pela mídia, agora se transformou em uma manifestação mundial contra o fascismo da covid. Após as medidas do governo canadense de impor vacinas para caminhoneiros que cruzam a fronteira EUA–Canadá, os motoristas lançaram um movimento de protesto apelidado de “Freedom Convoy”, que começou na Província da Colúmbia Britânica, no início da semana passada, e chegou à capital canadense, Ottawa, na última sexta-feira.

(...)

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, saiu às pressas da capital para um destino não informado e disse essa semana que os manifestantes que estavam em Ottawa eram uma “pequena minoria de marginais” que mantêm “visões inaceitáveis que não representam as opiniões dos canadenses que pensam nos outros”. Tamara Lich, uma das principais organizadoras do grupo Freedom Convoy 2022, disse, em um vídeo postado na conta do Facebook do grupo — perfil que foi derrubado pela plataforma: “Este é um evento familiar, seremos pacíficos e não instigaremos nada. Estamos todos preparados para ficar aqui o tempo que for preciso. Estamos juntos para recuperar nossas liberdades”.

(...) 

Na Holanda, motoristas realizaram seu próprio protesto de comboio, “tudo e todos sobre rodas” são bem-vindos. Aqui nos EUA, caminhoneiros planejam o início de um grande comboio, que deverá sair da Califórnia nas próximas semanas e atravessar o país até a capital, Washington, DC, para protestar contra a tirania do inútil passaporte vacinal, que não bloqueia a transmissão do vírus.
Achatar a curva, lockdown, vacina, tranca tudo e não questiona nada, transmissões em alta, nova cepa, passaporte vacinal, agora vamos achatar a curva, lockdown, vacina, tranca tudo e não questiona nada, transmissões em alta, passaporte vacinal…  
E o rádio-relógio continua tocando a mesma música. E a vida segue imitando a arte. E se o amanhã que deixaremos para os nossos filhos for o mesmo de hoje? 
Um conto draconiano que sufoca qualquer palavra contra os tiranos? 
Uma repetição sem inspiração, sem propósito e sem esperança?
 
(...)

Não dá mais para procrastinarmos o encontro com a realidade, que vai requerer um esforço de todos nós. Cada dia que vivemos não é tão diferente do anterior. No entanto, as mudanças existem e estão nos detalhes que precisam da nossa coragem para ser exaltados e para seguir seu caminho da transformação. Às vezes, só estamos entediados e repetindo nossos maus hábitos porque estamos no piloto automático, dentro no nosso próprio feitiço do tempo. E nos acomodamos, ouvindo a música de Sonny e Cher, esperando que o feitiço se quebre sozinho… “Dizem que somos jovens e não sabemos / Não vamos descobrir até crescermos…”.

Nessa tragicomédia que estamos vivendo, o que fazemos, de fato, como os caminhoneiros canadenses, para quebrar o feitiço que tentam nos impor nos últimos dois anos? 
Os tempos são assustadores, mas a inspiração está por toda parte. Não interessa mais se tudo não passa de um sonho ruim ou um pesadelo. É chegada a hora de despertar.

Leia também “É assim que as coisas mudam”

MATÉRIA COMPLETA - Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


O que a revolta popular no Canadá ensina ao mundo que se diz democrático - VOZES

J. R. Guzzo

Pandemia

Canadá

     Protestos no Canadá foram convocados por caminhoneiros e ganharam adesão de críticos a medidas da gestão Justin Trudeau| Foto: Andre Pichette/EFE

As manifestações de massa contra o governo do Canadá, por seu surto de supressão dos direitos individuais em nome do “combate à covid”, são uma lição natural para o mundo – sociedades acostumadas à liberdade, como a canadense, raramente toleram por muito tempo que governantes e funcionários públicos passem a tratá-las como escravos de alguma república bananeira. O que chama a atenção, no caso, é a rapidez com que o governo do Canadá está descendo para a insanidade.

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Um PIB inteiro de dívidas: e a conta recairá sobre nossos filhos e netos

O primeiro-ministro Justin Trudeau, como uma Maria Antonieta desesperada, entregou-se ao tipo de comportamento que normalmente se encontra nos pequenos tiranos: fugiu da população e mantém-se num chilique permanente, amaldiçoando qualquer ser vivo que não concorde com as suas medidas de repressão. Parou de pensar. O chefe de polícia da capital, Ottawa, disse que os protestos populares são uma “insurreição” provocada pela “loucura”. Em nenhum momento, até agora, passou pela cabeça de nenhum dos dois, nem dos demais barões do governo, que a opinião da população pode ter algum valor. Nós estamos certos. Eles estão errados. Fim de conversa.

O primeiro-ministro, como se espera em episódios desta natureza, poderia pensar só pensar um pouco – em negociar alguma coisa com a massa que não está lhe pedindo favor nenhum e sim as suas liberdades básicas. Ou então, como às vezes acontece com líderes que estão certos de suas razões, ele poderia estar agindo como um negociador duro. Mas não acontece nem uma coisa nem outra. Ele está apenas sendo histérico.

Ao chefe de polícia não ocorreu, simplesmente, que quem pode estar louco é ele. É o que acontece sempre que você confunde discordância com demência: se não concordam comigo, só podem ter enlouquecido. Era assim que pensava Stalin na Rússia comunista.

É chocante que os ataques mais venenosos à democracia, por conta da “covid”, da “vacina” e da necessidade de “salvar vidas”, não venham hoje da Rússia, da China ou de Cuba, ditaduras de onde não espera, nunca, o menor gesto em favor da liberdade. Estão vindo de democracias até há pouco exemplares, como Canadá, Austrália, Áustria (que acaba de tornar crime a atitude de não se vacinar) e outros tantos.

Seus governos foram reduzidos a um bando de burocratas em pânico, e afundam cada vez mais depressa na própria covardia – ou, mais exatamente, estão se aproveitando do vírus e de suas desgraças para mandar na sociedade e obrigar as pessoas a aceitarem regras que estão nas suas cabeças e nos seus desejos. Não tem nada a ver com saúde. Tem tudo a ver com ditadura.

J. R. Guzzo,  colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Passaporte de vacinação: conexão Brasília-Ottawa - VOZES

Alexandre Garcia 

Comboio da Liberdade e a UnB

Este é um país que poderia ser uma grande potência, mas desperdiça potencial por burrice. Estava ouvindo o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, atualmente sem partido, que era do PCdoB, que já foi presidente da Câmara, mostrando que poderíamos ser um grande produtor mundial de diamantes. Sabe lá o que é isso. Tem uma reserva indígena em Rondônia, chamada Roosevelt, que produz muito diamante, são bilhões de dólares. Só que não entra nas contas do Brasil.

Ottawa
Manifestantes contrários ao passaporte da vacina se reúnem diante do Parlamento canadense, em Ottawa.| Foto: Reprodução/Twitter

O diamante some, é explorado por contrabandistas. Investigação de 2020 da Polícia federal apontou um esquema que movimentava US$ 20 bilhões por mês. Houve outras anteriores, operações que remontam décadas. Mesma coisa acontece com o ouro. Sabem por quê? A lei brasileira proíbe que haja mineração em terra indígena. Mas há mineração em terra indígena e o Brasil finge que não é com ele. [o minerador honesto, as indústria sérias respeitam a lei e não exploram; já os bandidos, os desonestos, mancomunados com os índios (os protegidos das ONGs vendidas que estão sempre prontos a ganhar na moleza, que sempre querem mais e mais terras para reserva - não se sabe para que - ainda que de forma desonesta.) efetuam a mineração.] Enquanto isso, tem PL sobre o tema parado no Congresso.

Tem ainda outro absurdo de que fiquei sabendo: estão abrindo comportas de reservatórios de hidrelétricas, que estão enchendo, mas que não chegaram no topo ainda. Será que é para faltar água quando parar de chover? E cobrar mais energia elétrica? O ministro de Minas e Energia podia dar uma olhada nisso. [afinal uma ameaça de crise hídrica às vésperas da eleição é tudo que os inimigos do presidente = inimigos do Brasil e dos brasileiros - mais desejam.]

Passaporte da vacina, conexão Brasília-Ottawa
Aqui em Brasília está o maior tititi na área universitária porque a universidade supõem-se que seja o lugar de luzes, de democracia, de liberdades. Só que a Universidade Brasília (UnB) não é.

Na saída do Mosteiro de São Bento, um aluno da UnB veio me falar preocupado que não vai poder ir à aula porque não tem o passaporte de vacina.
A coordenadora da Faculdade de Medicina também pediu para sair do cargo. 
A decisão por exigir vacinação completa para ingressar em qualquer prédio da instituição foi tomada na quinta (27).
A professora Selma Kuckelhaus argumentou queas vacinas disponíveis não impedem a infecção e tampouco o contágio, como demonstrado pelos inúmeros casos de infecção de indivíduos vacinados” e apontou incongruência na imposição do passaporte, em desacordo com a gestão. Sua posição: se a ordem da universidade é a exigência, então estou contra a ordem superior e caio fora. [detalhe 'bobo': a Constituição Federal em vigência, cujo cumprimento e preservação é sempre invocado por autoridades (especialmente quando querem descumprir alguma norma constitucional) diz: "Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ..... 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; "
Não existe lei estabelecendo a obrigatoriedade da vacina nem impondo o passaporte vacinal.
Em tempo: mantemos nossa posição favorável às vacinas - ainda estamos sendo beneficiados por vacinas que recebemos no século ou milênio passados (milênio soa melhor,  mais respeitoso,mais solene).
Apenas nos permitimos destacar nosso repúdio a que qualquer 'burocrata de esquina' ou autoridade no exercício ilegal da Medicina estabeleça a obrigatoriedade da vacinação ou da apresentação do passaporte vacinal.]

Lá no Canadá, o “comboio da liberdade”, o “freedom convoy”, tomou conta da capital, também por causa desse totalitarismo do tal passaporte. E o chefe do governo, primeiro-ministro Justin Trudeau, caiu fora com a família. O pior de tudo é que eu não vi, pelo menos até o domingo (30), nenhuma linha sobre Ottawa nos principais jornais do Brasil. É traição aos seus leitores, então omitindo notícias. Os caminhoneiros do Canadá estão fazendo história num dos maiores movimentos que aquele país já viu. [vejam Gazeta do Povo - Rodrigo Constantino, 28 janeiro 2021.]

"Maquininha" com comprovante
De volta ao Brasil, Sergio Moro, pressionado pelo Tribunal de Contas pela tentativa de se fazer uma CPI e pelo Ministério Público, acabou divulgando quanto ele ganhou em um ano como consultor ao escritório Alvarez & Marsal, que atua na recuperação judicial da Odebrecht, OAS e Galvão Engenharia – todas envolvidas na Lava Jato. Deu mais de R$ 3,5 milhões; uns R$ 250 mil por mês. A gente olha o tamanhão desse valor e fica tirando conclusões.

[Só um recibinho, um pedacinho de papel igual ao que a 'maquininha' do cartão de crédito fornece]
E o presidente da República, Jair Bolsonaro, não foi ao depoimento que o ministro Alexandre de Moraes tinha exigido que fosse presencial. Para defender a ausência, a AGU se baseou numa decisão do próprio Supremo, de 2018, para que não houvesse condução coercitiva de depoentes na Lava Jato.  A Advocacia-Geral mostrou, ainda, que o delegado que investigou a invasão dos hackers nos computadores do TSE declarou que não havia sigilo na investigação, mas o ministro Alexandre de Moraes acabou trazendo de volta à cabeça do eleitor a preocupação das invasões.

- Salários de assessores de deputados custaram R$ 1,1 bilhão em 2021
- O “Efeito Mariz”
- Fake news do PT sem censura: mentiras que viralizaram nas redes sociais

A gente acabou lembrando de tudo que aconteceu, dos hackers no TSE. O Tribunal disse que não afetou nada, não afetaria contagem de votos, mas a gente sabe que é preciso uma garantia para o eleitor.  
E a garantia que se vê é tirar o recibinho assim como a maquininha do cartão de crédito dá para a gente: um recibinho para garantir que, no fim do mês, a conta do cartão vai bater com os comprovantes que a gente tem na mão.
 
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo -  VOZES
 
 Nos vídeos abaixo, alguma coisa sobre a comboio da liberdade, lá no Canadá.


Thousands gather on Parliament for 'Freedom Convoy' =  Milhares se reúnem no Parlamento para 'Comboio da Liberdade'
 

Crowds descend on Ottawa's downtown core for protest against vaccine mandates = Multidões descem ao centro da cidade de Ottawa para protestar contra mandatos de vacinas  

 

domingo, 30 de janeiro de 2022

Canadá: caminhoneiros reagem ao totalitarismo sanitário - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

O Canadá tem aquela imagem de país pacato com população ordeira e tranquila, mas para tudo há um limite. Um comboio de caminhoneiros e seus apoiadores deve convergir para a capital canadense em um protesto que se transformou de frustrações sobre os mandatos de vacinas em pedidos pela revogação de todas as medidas de saúde pública – e até mesmo pela derrubada do governo federal.

Antes do protesto de sábado em Ottawa, o primeiro-ministro canadense e símbolo do "homem moderno", Justin Trudeau, descartou o grupo como uma “pequena franja” que mantinha “visões inaceitáveis” e não refletia a maioria dos canadenses. O comboio, que deixou Vancouver no início desta semana, tem mais de 275.000 apoiadores no Facebook, quase 40.000 apoiadores no aplicativo de mensagens Telegram e arrecadou C$ 5,5 milhões de 70.000 doações no GoFundMe.

Um dos principais grupos por trás do protesto é o Canada Unity, que se opôs ao que diz serem regras “inconstitucionais” da Covid. O grupo publicou recentemente um “memorando de entendimento” em seu site, dizendo que os membros planejam apresentá-lo aos políticos no Parlamento. O grupo afirma que o líder do Senado e o governador-geral assinarão o documento para criar um comitê de governo, que, segundo eles, trabalharia para revogar o mandato da vacina.

Para uma "franja minoritária" até que o protesto parece bem grandinho. "Tem 70 km de comprimento", disse Benjamin Dichter, porta-voz do Freedom Convoy 2022, ao Toronto Sun. "Vi imagens de um avião. É impressionante". A Canadian Trucking Alliance estima que cerca de 15% dos caminhoneiros do país não estão totalmente vacinados, ou cerca de 16.000 caminhoneiros. “O maior desfile de caminhões consistiu em 480 caminhões e foi realizado pelo Tahya Misr Fund no Cairo, Egito, em 20 de novembro de 2020”, afirma o Guinness Book em seu site. "Com uma extensão de 7,5 km, o Tahya Misr Fund conseguiu organizar um desfile de 480 caminhões, em meio ao clima rigoroso e chuva forte, quebrando o título do Guinness World Records para o maior desfile de caminhões, conquistado há 16 anos no Holanda com 416 caminhões."

O comboio dos caminhoneiros canadenses pode ser 10 vezes maior que o recorde se permanecer intacto na viagem à capital. As estimativas dizem que 50.000 caminhões podem participar, informou o Toronto Sun. Uma "franja", sim! O Canadá acordou, é disso que se trata. Guilherme Fiuza comentou"50 km de caminhões em comboio no Canadá mostrando aos nazistoides que eles estão brincando com fogo. O passaporte da vergonha já caiu na Inglaterra e em outros países onde multidões mostraram que não serão escravizadas por burocratas frouxos. Você não viu nada disso na imprensa VENDIDA".

Cristina Graeml comentou em cima da postagem de Fiuza, com base nos relatos de uma brasileira que mora no Canadá: O Canadá importa muito dos EUA, muito da nossa comida vem de lá tb. Como somos vizinhos, vem tudo de caminhão. No início de jan, o 1º ministro do Canadá implementou q os caminhoneiros canadenses teriam q ter o passaporte sanitário para entrar e sair do país pela fronteira dos EUA. Bom, não foi muito bem aceito. 18 mil caminhoneiros foram demitidos, pois não querem se vacinar. Então, esses caminhoneiros se juntaram para fazer uma passeata saindo de uma ponta do país (Britain’s Columbia) até a capital, Ottawa, onde o primeiro ministro fica. Muita gente começou a apoiar os caminhoneiros, fazendo doações em dinheiro p comida e gasolina até lá (uma viagem de 6 dias). Uma coisa foi levando à outra, em efeito manada, até que, de repente, os caminhoneiros resolveram que não vão mais brigar por eles mas sim por todos! Eles decidiram que vão dirigir em passeata até o primeiro ministro e não vão arredar o pé de lá até que o primeiro ministro derrube o passaporte sanitário, as máscaras, todas as restrições, tudo!! 

Eles disseram: até que a gente restabeleça a nossa liberdade não vamos sair daqui. Mas o melhor vocês vão saber agora. O movimento cresceu tanto que eles saíram de uma ponta do país na segunda-feira, a cada cidade que eles possam, mais caminhoneiros e carros de pessoas comuns, família, juntam. As pessoas estão todas a favor deles. Os restaurantes estão dando comida de graça p as pessoas da passeata. Os hotéis, deixando dormir de graça. Postos abastecendo de graça. O país inteiro se juntou e acumulou 5 MILÕES DE DÓLARES p a passeata (comida, gasolina etc). São agora 100 mil caminhoneiros canadenses. E ontem à noite 13 mil caminhoneiros americanos entraram no país p participar. Não tem quase NINGUÉM contra! O país acordou por completo! Sábado de manhã eles vão chegar à capital e vão trancar as redondezas do “planalto” até que a liberdade seja reestabelecida no país.

Talvez o canadense mais famoso no mundo hoje, ao menos do ponto de vista intelectual, Jordan Peterson tem dado apoio aos patriotas que lutam por liberdade, e pediu calma aos protestantes, alertando para que não caiam na tentação do ressentimento e da raiva, para que a coisa não saia do controle: Os totalitários querem avançar com sua "limpeza", tratando os não vacinados como párias, mas o fascismo não vai vingar sem reação, sem luta. O Ocidente é uma civilização com apreço pelas liberdades individuais, e o mínimo que se espera é o esforço para preservá-las. Todo apoio aos caminhoneiros canadenses!

Rodrigo Constantino, colunista -  Gazeta do Povo


sábado, 22 de janeiro de 2022

Investimento estrangeiro no Brasil dobra a despeito dos pessimistas de plantão - VOZES

J. R. Guzzo

Mais dólares

Até o presente momento, o cidadão que acredita no que lê, ouve e vê por parte dos economistas e dos outros cérebros superiores que a mídia chama para nos explicar o que está acontecendo na economia nacional – tem certeza de que o Brasil foi reduzido aos restos de um prédio em demolição.

Em poucas áreas, dizem os economistas e os jornalistas que os reproduzem, a coisa é tão ruim quanto na área dos investimentos externos. O capital internacional, segundo eles nos explicaram por A + B, tirou o Brasil “do seu radar”. Ninguém, entre os donos do dinheiro, quer colocar mais um centavo de dólar aqui dentro – basicamente porque os investidores pegaram horror de Jair Bolsonaro e vão boicotar o país enquanto ele for o presidente da República. [boicote que, segundo os economistas e mentirosos que trabalham contra o Brasil, vai durar no mínimo até 2030.] 

Fica incompreensível, assim, porque o investimento estrangeiro, conforme acaba de divulgar o órgão das Nações Unidas encarregado de acompanhar o comércio mundial, simplesmente dobrou no Brasil em 2021 com pandemia e todas as desgraças econômicas que estão diariamente no noticiário. Não deveria ter acontecido exatamente o contrário?

Se o Brasil foi abandonado por investidores internacionais escandalizados com o bolsonarismo, o fascismo, o direitismo, o negacionismo e o terraplanismo do presidente, por que eles colocaram aqui 100% a mais do que haviam investido no ano anterior? O desastre deveria ter acontecido, é claro – mas não aconteceu, porque as análises dos economistas brasileiros refletem apenas os seus desejos, e raramente os fatos.

O Brasil, em 2021, recebeu quase 60 bilhões de dólares em investimento estrangeiro direto. Com esses números, aliás, foi o sétimo país mais procurado pelos investidores internacionais em todo mundo só ficou abaixo de países como Estados Unidos e China, que por definição têm de ser os maiores, e de competidores com economias privilegiadas, como Canadá e as potências comerciais da Ásia. É a comprovação numérica, mais uma, da distância que separa o Brasil real do Brasil da mídia.

STF deixa de ser funcional e quem paga a conta somos nós

Com Bolsonaro, cantava o coro de economistas e comunicadores até a divulgação das informações da ONU, o Brasil tinha se transformado num “pária” da comunidade financeira mundial. Empresários, banqueiros e investidores, com suas sensibilidades sociais chocadas, não iriam mais aplicar dinheiro num país que “queima a Amazônia”, ou “persegue os índios”, ou “utiliza agrotóxicos”, ou “produz efeito estufa”, ou tem um presidente “de direita”, ou “acaba com as girafas”, ou “mata Marielle”. Onde foi parar essa conversa?

O público não receberá nenhum pedido de desculpas pela má qualidade da informação que recebeu. Ao contrário: vai continuar ouvindo mais do mesmo. Que fazer, então? A saída disponível é não levar essa gente a sério.
    

J. R.Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES     

 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Cenas de uma distopia - Revista Oeste

Gabriel de Arruda Castro

Durante uma semana, o tenista número 1 do mundo foi detido, exposto à execração pública e impedido de exercer sua profissão 

Quando os primeiros casos de covid-19 surgiram, na China, há dois anos, o mundo assistiu espantado às medidas radicais adotadas pelo regime comunista, herdeiro de um longo histórico de coletivismo e abuso estatal: em nome da saúde pública, as autoridades chinesas não hesitaram em trancar as pessoas em casa, fechar indústrias e escolas e restringir severamente as viagens internas. 
Pareciam cenas de uma distopia. Mas, com uma velocidade estonteante, medidas semelhantes passaram a ser adotadas por países que, até então, eram tidos como exemplos de respeito às liberdades individuais. E, como o caso do tenista sérvio Novak Djokovic deixou claro na última semana, a Austrália talvez seja um dos exemplos mais extremos dessa mudança.

Em uma escala de 0 a 100, o índice da Freedom House mais respeitado termômetro da democracia no mundo dá uma nota 97 à Austrália (a da Suíça é 96 e a dos Estados Unidos, 84). O Brasil aparece com 74 e a China, com 9). É de esperar que, em uma democracia praticamente perfeita como a australiana, direitos individuais básicos sejam respeitados. Mas esta não é a realidade em 2022. Durante uma semana, o tenista número 1 do mundo foi detido, exposto à execração pública e impedido de exercer sua profissão. Tudo porque, plenamente saudável e aos 34 anos de idade, optou por não tomar (ainda) a vacina contra a covid-19.

Djokovic nasceu na Iugoslávia comunista. No livro em que conta sua trajetória, ele descreve como, desde cedo, desenvolveu um ceticismo em relação às autoridades — de qualquer tipo. A lógica, na visão dele, se aplica às grandes indústrias farmacêuticas. Adepto de uma dieta com zero glúten e de métodos pouco convencionais para a manutenção da saúde, o sérvio costuma rejeitar medicamentos e tratamentos que enxerga como não naturais. A postura dele pode ser debatível do ponto de vista da medicina, mas não é um crime. Ou não deveria ser.

O calvário de Djokovic começou logo após ele desembarcar na Austrália, no dia 6 de janeiro. Àquela altura, havia obtido uma autorização dos organizadores do Aberto da Austrália, um dos torneios mais importantes do mundo. O documento garantia a ele o direito de participar do torneio, apesar da falta de um comprovante de vacinação. O sérvio tinha exames mostrando ter contraído a covid-19 (duas vezes), o que lhe assegurava uma imunidade natural ao vírus.

O Aberto da Austrália é o torneio mais importante do ano para Djokovic. Dos quatro principais campeonatos de tênis do planeta (chamados de Grand Slam), a competição australiana é aquela em que o sérvio tem mais conquistas: nove, inclusive os troféus de 2019, 2020 e 2021. Ninguém possui mais títulos do torneio do que ele. Esta edição seria ainda mais especial para o atleta. Uma vitória em 2022 tornaria Djokovic o recordista mundial em títulos de Grand Slam, à frente de Rafael Nadal e Roger Federer. Hoje, os três possuem 20 troféus do tipo.

Ao chegar ao aeroporto, na madrugada de 6 de janeiro, entretanto, Djokovic teve uma surpresa: sua entrada no país fora negada por causa da ausência do comprovante de vacinação. Como a chegada aconteceu pouco depois das 5 horas, ele pediu mais tempo para consultar sua equipe e entrar em contato com os organizadores do torneio. Em princípio, os oficiais australianos concordaram em esperar até as 8h30. Entretanto, as autoridades australianas mudaram de ideia rapidamente. Por volta das 6h15, Djokovic foi informado de que uma decisão final já havia sido tomada. Ele insistiu em apelar. E, enquanto aguardava o recurso, foi obrigado a ficar em um hotel usado pelo governo para manter imigrantes ilegais sob vigilância enquanto decide se concede a eles o direito de permanecer no país. O tenista passou quatro noites no Park Hotel, em Melbourne — uma espécie de centro de detenção que já vinha sendo alvo de queixas por causa das más condições. No fim de dezembro, um imigrante iraquiano publicou uma foto que mostra larvas de insetos na comida servida no hotel.

Na quarta-feira (12), o tenista finalmente obteve uma vitória na Justiça. O juiz responsável pelo caso considerou que o tenista não teve direito a defesa e ordenou que ele fosse liberado. “Apesar de tudo que aconteceu, quero permanecer e tentar competir no Aberto da Austrália. Continuo focado nisso”, afirmou o tenista. Ainda assim, o governo cogita revogar (novamente) o visto de Djokovic, expulsá-lo do país e impedi-lo de voltar à Austrália por três anos. Tudo em nome da saúde pública. Se isso acontecer, Djokovic terá 38 anos na próxima vez em que poderá jogar o Aberto da Austrália.

Durante sua batalha contra o governo australiano, o tenista recebeu apoio de autoridades sérvias e de fãs — alguns dos quais protestaram na porta do hotel-prisão. O tenista também obteve a solidariedade de um ídolo australiano: Kelly Slater, o maior campeão da história do surfe. “Talvez a síndrome de Estocolmo agora possa mudar seu nome para síndrome de Melbourne/Austrália”, escreveu Slater, ao criticar o tratamento dado ao sérvio.

A Austrália ganhou as manchetes por causa da queda de braço com Djokovic, mas os exemplos de abusos do poder têm se multiplicado

Para o infectologista Francisco Cardoso, as regras do governo australiano não fazem sentido. “A vacina que eles estão exigindo para o cidadão entrar no país não bloqueia a transmissão”, disse. “Se ele já teve covid e apresentou um teste negativo, isso dá muito mais do que fidedignidade de que esse paciente não está carregando o vírus do que um mero passaporte de vacina. Claramente, há o uso do pretexto vacinal para implantar uma política de controle muito restrita.”

Se há algo de positivo a ser dito sobre a postura do governo australiano, é o fato de que não há discriminação: tanto estrangeiros quanto nativos são tratados com o mesmo rigor exagerado e descabido. Cidadãos da Austrália que não estejam vacinados estão impedidos de deixar o país livremente. Caso planejem viajar para o exterior, precisam solicitar uma autorização especial. E nada garante que vão obtê-la: viagens a turismo, por exemplo, não são permitidas.

Abusos cada vez mais comuns
A Austrália ganhou as manchetes por causa da queda de braço com Djokovic, mas os exemplos de abusos do poder estatal têm se multiplicado. Países com um longo histórico de respeito às liberdades individuais se tornaram mais parecidos com a China, onde um sistema de “crédito social” pune cidadãos que não seguem à risca as diretrizes do Partido Comunista.

Na cidade de Nova Iorque, por exemplo, não é preciso mostrar nenhum documento ao votar, mas crianças de 5 anos de idade não podem entrar em restaurantes nem em cinemas se não tiverem comprovante de vacinação. Na cidade, hospitais públicos e privados demitiram centenas de médicos e enfermeiras que não tomaram a vacina, justamente no momento em que os hospitais precisam de reforço no atendimento.

Em Quebec, no Canadá, não vacinados estão proibidos de comprar álcool (e maconha, que é legal na Província canadense). Agora, o governo também estuda impor uma taxa sobre não vacinados. A África do Sul, por sua vez, construiu campos de internação para os quais são levados não apenas pacientes detectados com o vírus, mas aqueles que tiveram contato com algum infectado pela covid-19.

Outro direito considerado intocável nas democracias ocidentais tem sido ignorado: a liberdade religiosa. No Canadá, o pastor Artur Pawlowski foi preso porque sua igreja não cumpriu as draconianas regras de distanciamento social. Em Louisville, no Estado americano de Kentucky, o prefeito chegou a proibir não apenas a realização de cultos e missas dentro das igrejas, mas também a realização de cerimônias religiosas do tipo drive-in, em que as pessoas ficam dentro de seus carros.

O Brasil não é exceção. O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou que pretende tornar a vacinação obrigatória para a inscrição em concursos públicos do Estado. No Tocantins, um projeto de lei em tramitação também propõe a obrigatoriedade em concursos estaduais. 
A liberdade de culto também foi colocada em xeque. 
E nem mesmo as igrejas que cancelaram as celebrações presenciais estão a salvo. No ano passado, uma missa transmitida pela internet em uma igreja de Duartina (SP) foi interrompida por fiscais da prefeitura, apesar do templo vazio. O mesmo havia acontecido em Poços de Caldas (MG) meses antes.

Mas um exemplo ainda mais significativo, e mais recente, veio do Supremo Tribunal Federal. Em uma medida inédita, o STF decidiu no mês passado que brasileiros sem vacinação não podem voltar ao país, a não ser que passem por um período de quarentena. O direito de retorno à terra natal, assegurado pela Constituição e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi relativizado.

Conforme a variante Ômicron se espalha, o padrão de abusos aos direitos individuais dá poucas demonstrações de que vai arrefecer. A distopia chinesa se tornou o cotidiano de muitos países que, até pouco tempo atrás, se orgulhavam de respeitar os direitos humanos fundamentais. Anos atrás, o canal de TV da National Geographic produziu uma série que, em português, ganhou o título de Férias na Prisão. Cada episódio contava uma história — e muitos deles podem ser resumidos desta forma: estrangeiros incautos viajam para um país de Terceiro Mundo e acabam em apuros por causa de uma acusação falsa ou de uma lei absurda que eles não faziam ideia de que pudesse existir. [um dos ministros do STF, nos parece que o Barroso, pretendeu criar no Brasil a categoria de brasileiros exilados em aeroportos brasileiros. Recuou, já que certamente um dos seus assessores alertou para a mancada.]  O caso de Djokovic talvez inspire os produtores a filmar uma nova temporada, agora em novas locações.

Leia também “Um basta na pandemia” 

Gabriel de Arruda Castro, colunista - Revista Oeste


segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

AUTORIZAÇÃO: UMA PALAVRA MÁGICA - Gilberto Simões Pires

MODAL FERROVIÁRIO
Depois de mais de um século, o nosso empobrecido Brasil, graças à vontade do atual governo, está dando passos firmes, objetivos e determinados no sentido de ressuscitar o importante MODAL FERROVIÁRIO. O que mais chama a atenção, nesta gloriosa tarefa que rapidamente está tornando viável, real e promissor o crescimento e desenvolvimento da até então esquecida MALHA FERROVIÁRIA, é que o fantástico despertar do interesse deste esquecido setor decorre da PALAVRA MÁGICA chamada - AUTORIZAÇÃO-.

AUTORIZAÇÃO
Antes de tudo, AUTORIZAÇÃO significa - PERMITIR - que alguém faça alguma coisa. Algo que lembra muito a palavra LIBERDADE, que até pouco tempo atrás, em termos de INFRAESTRUTURA, era simplesmente impensável. Pois, ontem, 09, atendendo ao que estabelece o importante PROGRAMA PRÓ TRILHOS, o Ministério da Infraestrutura assinou os primeiros contratos que AUTORIZAM empresas privadas a investir - DO ZERO - NOVE TRECHOS ferroviários, cruzando DEZ ESTADOS em 3,5 mil quilômetros de trilhos. A previsão de investimentos é de mais de R$ 50 BILHÕES. É mole?

PRIMEIRO BOOM FERROVIÁRIO
Como bem destaca o Estadão, o movimento é considerado histórico porque RESGATA um formato responsável pelo PRIMEIRO BOOM FERROVIÁRIO do País. Entre o século 19 e o início do 20, as ferrovias foram erguidas no Brasil pelo interesse do setor privado. Os registros apontam que o último traçado construído nesse modelo foi da Estrada de Ferro Mamoré, conhecida como a “Ferrovia do Diabo”, autorizada em 1905, com obras iniciadas dois anos depois, ainda no ciclo da borracha. De lá até 1932, novos ramais foram implantados, mas todos por empresas que já atuavam no segmento.

A PREVISÃO É 40% DAS CARGAS
Mais
: hoje, a malha ferroviária brasileira soma apenas 29,3 mil quilômetros de estradas de ferro. Com a novidade das FERROVIAS PRIVADAS e outros projetos de concessão em andamento, o Ministério de Infraestrutura acredita que o MODAL FERROVIÁRIO terá um novo boom. Atualmente, as ferrovias transportam cerca de 20% das cargas no País, e a expectativa é de que essa participação possa ultrapassar os 40%.

MODELO
Este modelo de AUTORIZAÇÕES é muito comum em países como EUA e Canadá, criado para atender a demandas específicas de transporte de cargas, identificadas pelos próprios produtores e empresas. Além disso, o fardo regulatório é mais leve, baseado nos princípios da livre concorrência e da liberdade de preços – ou seja, sem intervenção do poder público na definição das tarifas de transporte. Ontem, o governo liberou as autorizações solicitadas por seis empresas: Bracell, produtora de celulose; Ferroeste, empresa ferroviária estatal do Paraná; Grão Pará Multimodal, que tem autorização para operar um terminal portuário em Alcântara (MA); Petrocity, empresa do setor portuário; Macro Desenvolvimento Ltda; e Planalto Piauí Participações.

PAÍS FERROVIÁRIO
Tais projetos estão entre os 47 pedidos de requerimento de ferrovias que chegaram até o momento ao Ministério da Infraestrutura. Em relação a 36 desses requerimentos, o governo já tem estimativas de investimentos que alcançam R$ 150 bilhões. “Estamos vendo agora o início da revolução que vai nos tornar novamente um PAÍS FERROVIÁRIO", disse o secretário nacional de Transportes Terrestres, Marcello Costa. “Não existe projeto nenhum na área de infraestrutura de transportes mais transformador do que esse”, afirmou o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. 

Ponto Crítico - Gilberto Simões Pires 
 

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Como Portugal se tornou destino popular de aposentados brasileiros

BBC News

Portugal: Como país se tornou destino popular de aposentados brasileiros

Até meados de 2015, nunca havia passado pela cabeça de Patrícia Martins deixar o Brasil. Divorciada e com dois filhos adolescentes, ela levava uma vida estável em São Paulo, onde trabalhava em uma das maiores empresas de tecnologia do país. Até que veio a grave crise política e econômica que culminaria, naquele momento, no impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

"Percebi que estava tudo indo ladeira abaixo. Foi quando comecei a me interessar pela possibilidade de migrar para o exterior depois que me aposentasse", conta.

             A carioca Telma Facina está prestes a obter a cidadania portuguesa

 

Assim que o desejo se tornou um plano concreto, Portugal também se transformou em uma alternativa coerente: cabia na sua renda, não exigia o domínio de outro idioma e, principalmente, era conhecido por ser um lugar seguro.

Um ano depois, já aposentada, ela estava dentro do avião com passagem só de ida para Lisboa. "Quem me viu em São Paulo, andando de carro de luxo, não me reconhece quando chega aqui. É uma vida muito mais digna", explica. "Eu não volto mais para o Brasil."

É um ponto de partida semelhante ao da carioca Telma Facina, de 71 anos. Aposentada da antiga Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro (Cerj) desde o fim dos anos 1990, ela não pensava em morar fora do Brasil até 2016, quando precisou mudar às pressas para a Europa por um caso de doença na família. 

Como Portugal era o único que oferecia um visto especial para aposentados, o país era, à época, mais uma solução do que um projeto — relação que foi se transformando com o passar dos anos."Eu tinha ido a uma reunião com o cônsul português no Rio de Janeiro e ele tinha feito uma propaganda maravilhosa sobre viver a aposentadoria aqui", conta ela de sua casa, em Almada, do outro lado do Rio Tejo, cartão-postal de Lisboa.

"Quando eu precisei, vi que era, de fato, o visto mais fácil", completa.

Passado o momento familiar difícil, ela encontrou uma maneira de reunir a família novamente: levou a filha e o neto para morarem com ela em solo lusitano. Prestes a receber a cidadania do país, ela não quer voltar. 

         Claudney e a esposa, Karla, em uma praia em Cascais, a cerca de 30 km de Lisboa

Facina e Martins expressam um fenômeno migratório recente em Portugal. Outrora destino de estudantes e de jovens profissionais brasileiros atraídos por uma experiência europeia e melhor qualidade de vida, o país agora convive com uma onda de pessoas que deixam definitivamente o Brasil para gozar seus anos de aposentadoria em território português — ou que chegam ali faltando poucos anos para se aposentar. "É um fenômeno de perfil diferente: são pessoas mais velhas, geralmente. com bons rendimentos, e que nem sempre têm planos de regressar", explica a pesquisadora Nilcelene Biasutti, que acabou de defender uma dissertação de mestrado sobre o tema na Universidade de Lisboa.

Dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), do governo português, ilustram bem esse panorama: até 2014, a proporção de pessoas que desembarcavam em Portugal solicitando o visto D7 destinado principalmente aos aposentados — era de cerca de 2% entre todas as chegadas de brasileiros. Quatro anos depois, essa taxa já era de 10,9%.

A pandemia de covid-19, que fez com que os voos entre os continentes fossem restringidos por meses, derrubou essa demanda até o começo de 2021, quando voltou com força. "Hoje, o perfil majoritário dos nossos clientes é novamente de quem quer passar a aposentadoria aqui", conta o advogado André Pacheco, que despacha de uma das filiais portuguesas do escritório Hofstaetter Tramujas e Castelo Branco, especialista em processos migratórios.

Ele conta que há ainda casos de brasileiros que, na contramão, do perfil comum, precisam complementar a renda para ter a residência aceita. Pelas regras locais, quem pede o visto D7 deve movimentar cerca de R$ 52 mil — o equivalente a um ano do salário mínimo de Portugal (665 euros) — em alguma conta bancária no país, valor que sobe para R$ 78 mil caso a mudança seja feita com um cônjuge. Se os filhos também estiverem no requerimento, cada um deles representa um acréscimo de 30% na exigência.

Durante sua pesquisa, Biasutti também se deparou com outras situações, como a de pessoas indocumentadas que voltaram ao Brasil para se aposentarem e, então, pediram o visto português; ou de quem perdeu renda e precisou voltar à ativa já em Portugal para complementá-la. "Isso aconteceu com muita gente que alugou um imóvel e migrou. Quando o real desvalorizou, eles tiveram que trabalhar de novo, porque os custos de vida ficaram muito maiores."

Tanto Telma Facina como Patrícia Martins têm sentido os efeitos do câmbio. No caso da primeira, principalmente, por contar apenas com a renda da aposentadoria."Eu tive que parar totalmente com as viagens que fazia pela Europa", conta Facina.

É por isso também que, de acordo com Pacheco, apesar da procura, mesmo pessoas de maior poder aquisitivo têm desistido do projeto de se aposentar em Portugal neste ano. De janeiro de 2020 para cá, o euro teve uma escalada de 44%. Em meados de novembro, a moeda era cotada a R$ 6,51. "Isso fez com que essa possibilidade ficasse mais restrita a quem já tem uma renda elevada no Brasil e quer deixar o país mesmo assim", observa o especialista em processos migratórios.

O carioca Claudney Neves, de 49 anos, é um deles. Reformado do Exército há um mês, ele tem tudo pronto para se mudar para Portugal com a mulher desde 2017, quando a sua aposentadoria estava perto de se concretizar. "Naquela época, nossas contas mostravam que minha renda nos permitiria viver confortavelmente lá", afirma.

Animado, o casal viajou para o país europeu há dois anos para dar entrada nos documentos e abrir uma conta bancária — para depositar o valor necessário para o visto D7. Eles chegaram a decidir até onde viveriam: Espinho, uma cidadezinha de 31 mil habitantes perto de Porto.

Vieram, então, a pandemia e, em seguida, a escalada da moeda europeia, que adiaram os planos de forma indefinida. "Hoje, fazendo a mesma conta, não dá para viver como a gente queria. Nós teríamos que complementar a renda chegando lá."

Trabalhar para se aposentar
Se muitos brasileiros chegam já aposentados, há outro contingente que desembarca em território lusitano justamente com o plano de se aposentar por lá.

Para isso, eles se amparam em um acordo previdenciário assinado entre Brasil e Portugal em 1995 que, entre outras coisas, permite que o tempo de trabalho tanto lá quanto cá seja contabilizado de forma conjunta na hora de se aposentar. Pelas regras, o candidato precisa ter contribuído por, no mínimo, 15 anos da sua vida ativa. Nesse caso, ele receberá o valor proporcional a esse período pago pelo governo português.

Luís Eduardo Afonso, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), observa, porém, que o tempo de contribuição, por si só, não deve balizar a decisão de se aposentar em Portugal."É preciso se atentar às regras do sistema previdenciário deles, que são diferentes das nossas. É o caso da idade para se aposentar e do período contributivo, por exemplo."

Pela lei portuguesa, uma pessoa deve ter, no mínimo, 66 anos e 6 meses para ter direito à aposentadoria. No Brasil, há várias regras, embora a base mais comum seja de 62 anos para os homens e 57 para as mulheres. Segundo a advogada Miranda Ferreira, que também ajuda migrantes que buscam se estabelecer em Portugal, as diferenças na lei são geralmente favoráveis à previdência brasileira, que paga valores melhores e tem um sistema mais flexível.

Pelo acordo bilateral, quando chega a hora de se aposentar, a regra que vale é a do país em que a pessoa está. Ou seja: um brasileiro que completou os requisitos de contribuição por lá também é aposentado dentro do sistema previdenciário português recebendo, inclusive, na moeda local e tendo os mesmos direitos de um cidadão do país. Afonso alerta ainda para a impossibilidade de se aposentar apenas pelo tempo de contribuição, como era possível no Brasil até a mais recente reforma previdenciária.

Em 2019, uma mudança na legislação (Emenda Constitucional 103/2019) definiu que a aposentadoria brasileira também depende do período contributivo e de um requisito de idade mínima — assim como em Portugal. "O ponto fundamental é que há o direito. Ele é reconhecido para a pessoa que migrou. Os detalhes dele, porém, dependem muito de cada acordo previdenciário", explica.

Por outro lado, há como se aposentar em solo português apenas pelo critério da idade — isto é, sem o tempo de contribuição mínimo de 15 anos. Esta é, aliás, a modalidade com mais beneficiados no sistema do país. Chamada lá de pensão social de velhice, ela exige que a pessoa possua residência reconhecida no país e tenha pelo menos 66 anos e 6 meses. O piso do benefício é de 275 euros (cerca de R$ 1.780).

Por que se aposentar em Portugal?
Quando começou a pesquisar o fenômeno de aposentados em Portugal, Nilcelene Biasutti percebeu que, na imprensa portuguesa, a questão era sempre tratada sob a ótica da insegurança pública no Brasil. "Tinha esse estereótipo de que as pessoas não podiam usar suas joias no Rio de Janeiro e, por isso, mudavam." Assim que foi a campo, porém, descobriu motivações diferentes.

De fato, há anos que a presença brasileira atrai a atenção dos portugueses. Não é para menos: no último relatório do SEF, de 2020, por exemplo, o Brasil domina praticamente todas as estatísticas representa a maior comunidade do exterior em solo português (184 mil pessoas), a que mais recebeu cidadanias (20,8 mil) e, na contramão, a que mais registrou expulsões ao longo do ano (160).

Pelos dados, 28% da população estrangeira em Portugal hoje é oriunda do Brasil. Segundo Biasutti, boa parte dos casos diz respeito a famílias separadas que decidem voltar a viver próximas, como o caso de Telma Facina. São filhos que estudam ou trabalham na Europa e atraem seus pais já aposentados para o continente, por exemplo. Como não falam outro idioma, decidem se fincar em território português.No relatório do SEF de 2020, 47% dos brasileiros que chegaram se enquadram nessa categoria — chamada de reagrupamento familiar.

Há ainda muita gente para quem o país lusitano não era a primeira opção. "Ouvi muitos brasileiros que queriam se aposentar e ir para Miami, nos EUA, ou então para o Canadá. Porém, como a renda que esses países exigem é mais alta, Portugal era para onde dava para ir", revela.

Já o advogado André Pacheco aponta que, mesmo com os benefícios fiscais alguns tipos de vistos oferecem isenção de tributos e com a lei da igualdade entre os cidadãos, o fator segurança pesa muito na decisão de migrar. "São pessoas que querem envelhecer em um lugar menos perigoso do que as cidades brasileiras. Portugal é, de fato, um país muito seguro", explica.

Foi o que pesou na decisão de Claudney Neves, antes mesmo de sua aposentadoria. "O Rio de Janeiro é uma guerra. Eu já fui assaltado, meus amigos já foram, já morreu gente na rua de casa. Não dá mais", desabafa.

Enquanto o câmbio não alivia, ele permanece em compasso de espera, fazendo planos para sua velhice em Portugal.

"De repente, a gente tenta de novo em 2022".

BBC News Brasil - Vinicius Mendes 

Matéria publicada na BBC News 14 novembro 2021


sábado, 6 de novembro de 2021

O mundo precisa aprender com o Brasil - Revista Oeste - Editorial

Vista superior do Rio Amazonas, Brasil | Foto: Gustavo Frazão/Shutterstock
Vista superior do Rio Amazonas, Brasil -  Foto: Gustavo Frazão/Shutterstock

Aos fatos:

No ranking dos países mais poluentes, o Brasil ocupa o 7º lugar. Mas o número de emissões de gases do efeito estufa (dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, entre outros) não chega a 3% do total. Na frente estão China (cerca de 26%), Estados Unidos (12%), União Europeia (7,5%), Índia (7%), Rússia (5%) e Japão (2,5%). “Destes menos de 3%, um terço vem da agricultura e pecuária, um terço da indústria e o restante das florestas e terras não produtivas”, esclarece Roberto Castelo Branco, ex-secretário de Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente. “Ao mesmo tempo, alimentamos 20% da população do planeta.”

Em 2020, 84% da energia elétrica produzida no Brasil veio de fontes renováveis. Seguem-se o Canadá (65%) e a Suíça (60%). A chave do sucesso está na matriz hidrelétrica, modelo responsável por quase 65% de toda a geração de eletricidade no Brasil. Uma reportagem de Oeste publicada em outubro do ano passado mostrou que, embora não seja livre de impactos ambientais (para a construção das usinas, grandes áreas são alagadas), eles são imediatos. Além disso, os resíduos são muito menos nocivos que os modelos fósseis e nucleares.

As 614 áreas indígenas existentes no Brasil ocupam 14% do território nacional. Caso formassem um país, elas somariam quase 1,2 milhão de quilômetros quadrados. Segundo uma reportagem publicada na edição 76 de Oeste, se fosse um Estado, seria o terceiro maior da Federação, atrás apenas de Amazonas e Pará.  
O total dessas terras é maior que a França e a Alemanha juntas.  
Os dois países somam quase 150 milhões de habitantes, o que corresponde a 120 pessoas por quilômetro quadrado. 
“Por aqui, de acordo com o portal Terras Indígenas no Brasil, menos de 680 mil índios vivem hoje em aldeias legalmente reconhecidas”, escreveram Cristyan Costa e Paula Leal. “É como se cada indígena tivesse direito a 2 quilômetros quadrados só para si — área equivalente a 242 campos de futebol.” O Estado de Roraima, por exemplo, tem 46% do seu território reservado a tribos indígenas.[é muita terra para pouco índio e além do mais lhes falta disposição para produzir alguma coisa de útil nas tais terras indígenas - grande parte sequer mora nelas.]

— As áreas preservadas no interior dos imóveis rurais ocupam um terço (33,2%) do mapa nacional. “Nem o Estado Brasileiro preserva mais vegetação nativa do que os produtores rurais”, registra Evaristo de Miranda, chefe da Embrapa Territorial e colunista de Oeste. Ao todo, elas superam a superfície de 186 dos 195 países existentes.

“Há 8 mil anos, o Brasil possuía 9,8% das florestas mundiais. Hoje, detém 28,3%”

Em média, os produtores rurais preservam 50% da propriedade — a porcentagem determinada por lei varia de acordo com o Estado: em São Paulo, por exemplo, são 20%; na Amazônia, 80%. “É como se você tivesse um carro, mas só pudesse usar os bancos da frente”, compara Michel Muniz, assessor do projeto Farmun, que estimula pesquisas científicas ligadas ao agronegócio em escolas de Mato Grosso. “Ou como uma casa de quatro cômodos, em que só dois podem ser ocupados. Os outros devem ser arrumados e mantidos em ordem, mas ninguém pode usá-los.”

Um estudo da Embrapa Territorial calculou o preço do patrimônio fundiário imobilizado pelos produtores em cada município. O valor total ultrapassou R$ 2 trilhões. Para preservar essas terras — e também para evitar roubo de madeira, prevenir incêndios, construir cercas e pagar vigias —, estima-se que os agricultores desembolsem cerca de R$ 15 bilhões por ano.

“Outro fato a considerar é a dinâmica da recuperação das florestas e outros tipos de vegetação no mundo rural”, lembra Evaristo. “O balanço entre desmatamento e regeneração florestal na Amazônia pelo Projeto Terraclass mostra que quase 30% das áreas mapeadas como desmatadas nos últimos 30 anos hoje estão ocupadas de novo por vegetação nativa (Terraclass Embrapa/Inpe).

Conjugadas, as áreas protegidas e preservadas do Brasil ocupam mais de 5,6 milhões de quilômetros quadradosou 66,3% do território nacional. “Há 8 mil anos, o Brasil possuía 9,8% das florestas mundiais. Hoje, detém 28,3%”, informa Evaristo. “Dos 64 milhões de quilômetros quadrados de florestas existentes antes da expansão demográfica e tecnológica dos humanos, restam menos de 15,5 milhões, cerca de 24%. 
A Europa, sem a Rússia, detinha mais de 7% das florestas do planeta; hoje, tem apenas 0,1%. 
A África possuía quase 11%, e agora tem 3,4%. 
A Ásia já deteve mais de 23%; agora, possui 5,5% e segue desmatando.” No sentido inverso, a América do Sul saltou de pouco mais de 18% das florestas para cerca de 40%.

Um levantamento realizado em 2019 pela Embrapa Territorial constatou que os restantes 33,7% do território tem a seguinte distribuição: pastagens (21,2%) e lavouras (9%). As áreas urbanas ocupam cerca de 3,5%.

De junho a setembro deste ano, a redução de incêndios e queimadas foi de 13%. Na Amazônia, ficou em 26% a menos, contrastando com o aumento de 2020. “Agricultores não queimam por malvadeza”, explica Evaristo. “São sobretudo os produtores desprovidos de tecnologia suficiente, descapitalizados e marginalizados do mercado que empregam o fogo, ocasionalmente, para renovar pastagens, combater carrapatos ou eliminar resíduos vegetais acumulados. Eles representam menos de 2%.”

A era das fake news
Embora ainda estigmatizado como um pária ambiental, o Brasil surpreendeu a turma do contra já nos primeiros dias da COP26. Como detalha Roberto Castelo Branco em seu artigo publicado nesta edição de Oeste, o país não se limitou a comprometer-se com a contenção em 1,5º Celsius do aumento global da temperatura até 2060. Também antecipou a meta de reduzir a zero o desmatamento ilegal na Amazônia de 2030 para 2028, aumentou de 43% para 50% a redução das emissões de todos os setores da nossa economia em 2030. Confirmou a redução de emissões em 37% para 2025 e formalizou a antecipação, em dez anos, do comprometimento com uma economia neutra para 2050.

Ainda não está claro se tantas concessões serão recompensadas. Em 2015, o Acordo de Paris (consumado durante a COP21) determinou que, a partir de 2020, o Brasil e outros países em desenvolvimento começariam a receber US$ 100 bilhões por ano dos países ricos para ações de proteção ambiental. Até agora, não vimos a cor do dinheiro.

“É preciso não apenas que se cumpram as promessas do Acordo de Paris como que se regulamente no âmbito internacional o mercado de carbono”, observa Rodrigo Justus, conselheiro titular da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). “Não estamos vendo nada acontecer de concreto desde 2007. Naquele ano, foi proposta uma redução de 25% a 40% nas emissões de gases do efeito estufa até 2020. O ano-base era 1990.

Sem exigir contrapartidas, o Brasil também prometeu reduzir em 30% as emissões de metano até 2030, o que pode afetar negativamente a pecuária nacional. Uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrou que o setor foi responsável por quase 72% das emissões brasileiras de metano em 2020. Apesar disso, uma nota conjunta divulgada neste 3 de novembro pelos ministérios do Meio Ambiente e da Agropecuária afirmou que, ao aderir a esse compromisso global, o país demonstra que já possui projetos que tratam do tema. Entre eles, foram citados o Programa Nacional Lixão Zero, que extinguiu cerca de 20% dos lixões, e a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Apesar da postura claramente favorável às bandeiras dos ambientalistas, o país ainda não se livrou da desconfiança internacional. “O Brasil quer mais investimento em sua economia, mas, no futuro, não vai ser possível atrair os fundos maiores sem uma política ambiental clara nos níveis federal e estaduais”, diz Peter Wilson, embaixador britânico no Brasil. “Os fundos públicos de outros governos, incluindo os do Reino Unido, vão ser usados onde são mais efetivos.”

Há 30 anos, eu voava até a Europa para falar das mesmas coisas que a gente hoje repete: as queimadas, o desmatamento, etc.”, conta Antônio Cabrera, ministro da Agricultura no governo Fernando Collor. O que mudou é que o Brasil está assumindo uma posição de liderança no agronegócio internacional. E essa liderança incomoda cada vez mais.” Outra transformação, segundo Cabrera, é que hoje o país produz mais utilizando menos recursos naturais.

“Estamos na era das fake news”, lamenta Cabrera. “As maiores notícias falsas, hoje, envolvem a área ambiental, principalmente em relação à Amazônia. O presidente da França, Emmanuel Macron, chegou a publicar uma foto antiga das queimadas na Amazônia como se fosse de hoje. E outras celebridades opinam sobre um assunto que desconhecem, como Cristiano Ronaldo, Lewis Hamilton, Gisele Bündchen ou Leonardo DiCaprio. Temos de começar a combater essas fake news com fatos, com informação. Nenhum outro país, entre as grandes potências agrícolas, tem o ativo ambiental do Brasil.”

Ainda existem, claro, inúmeros problemas a resolver no universo ambiental. O desmatamento ilegal cresce desde 2012, principalmente em decorrência da falta de regularização fundiária e de fiscalização. Se o governo não consegue garantir a segurança nem de uma favela no Rio de Janeiro, por que iria fazer diferente na Amazônia?”, perguntou J.R. Guzzo, colunista de Oeste, num artigo publicado na Gazeta do Povo. Mas os fatos mostram que o país está muito melhor que seus concorrentes. O meio ambiente é tão importante para os seres humanos quanto a agricultura. Nessa matéria, o restante do mundo tem muito a aprender com o Brasil.

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Branca Nunes, editorial - Revista Oeste