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terça-feira, 21 de setembro de 2021

A negação do certo e do errado - Revista Oeste

Judiciário e Legislativo deveriam deixar ao menos de atrapalhar as decisões dos agentes econômicos e se limitar a desempenhar o seu importante papel institucional

A afirmativa de que instabilidades produzem efeitos desastrosos para o bom funcionamento das atividades econômicas parece ser trivial, intuitiva e dispensar maiores explicações. Entretanto, malgrado essa sensação de chuva no molhado, é importante ressaltar os efeitos devastadores provocados por volatilidades institucionais associadas ao atual desequilíbrio entre os Três Poderes, porém destacando certas características dos atos econômicos que geralmente são esquecidas pela maioria dos analistas.Ilustração: Gabriel de Oliveira/Revista Oeste

Ilustração: Gabriel de Oliveira/Revista Oeste 

Qualquer ser pensante no Brasil que não se deixe pautar pela chamada “mídia tradicional” sabe que vivemos tempos de uma brutal instabilidade jurídica e política, como nunca se imaginou um dia que pudesse acontecer simultaneamente. As causas principais são duas, ambas óbvias. A primeira e maior — é o ativismo jurídico descabido, inédito e injustificável, e a segunda mora também na Praça dos Três Poderes, mais especificamente, no Congresso, é a cizânia política.

Começo pela juristocracia aqui instalada, que provém de uma visão do Direito com claro vestígio marxista. Na visão liberal, ela deturpa o papel da lei, ao transformar magistrados, cuja função, consagrada por usos e costumes e estipulada nas Constituições de muitos países em que vige o Estado de Direito verdadeiro, deve ser simplesmente cuidar para que ela seja cumprida, em agentes políticos “progressistas”, em revolucionários sociais com o objetivo de impor a sua percepção do mundo a todos, sem consultas prévias, legislando, executando e, portanto, invadindo áreas em que, segundo a própria Constituição, não lhes compete meter o cariz nem o nariz.

As repercussões da politização do Judiciário sobre o ordenamento social vale dizer, a ordem econômica, política, jurídica e, em última instância, ética e moral são devastadoras pelos conflitos entre os Três Poderes que acarretam e pelos efeitos negativos sobre a democracia. Cumpre lembrar que a doutrina que escora o ativismo jurídico é filha do relativismo moral entendido como a negação do certo e do errado — de adornos marxistas.  
A pedra angular desses princípios é que, como a lei não esgota o Direito, os juízes devem assumir posturas “críticas” diante dela, o que os autoriza a deixarem de aplicá-la, caso a considerem “injusta”. De fato, como nem todas as leis são justas, a lei não esgota o Direito, mas isso não é argumento para que juízes devam postar-se acima delas, por mais nobres que sejam as suas intenções. Tal silogismo é um embuste ideológico disfarçado.

É muito preocupante quando uma doutrina sustenta que um juiz está acima da lei, autorizando-o a submetê-la a suas preferências ideológicas ou partidárias individuais, sob o pretexto de que seria dever do Direito realizar “transformações sociais”, uma vez que a lei seria produzida pelos que estão no poder e, portanto, refletiria os interesses da classe dominante. Tal doutrina repudia os princípios consagrados de neutralidade da lei e de imparcialidade do juiz. Segundo essa visão, a lei não seria neutra porque se origina do poder dominante, e o juiz não deve ser imparcial e sim julgar os fatos subjetivamente e posicionar-se tendo em vista objetivos “sociais” (ou seja, “revolucionários”), o que lhe aumenta os poderes e lhe permite questionar o conjunto de normas legais vigentes. O magistrado entra dessa forma diretamente na “luta de classes”, abandonando sua postura de imparcialidade, que supostamente o “aprisionaria” dentro do estrito cumprimento da lei.

É uma visão ideológica do Direito, supralegal e inteiramente comprometida com o socialismo, além de incompatível com a garantia das liberdades individuais. Primeiro, porque ao enfeixar o conceito marxista de lutas de classes, retira do Direito o seu atributo de ciência normativa. Segundo, porque o juiz não pode substituir o legislador. Terceiro, porque, se uma determinada lei é “injusta”, o correto é que o Legislativo a revogue e não que o juiz a modifique de acordo com o que pensa. Quarto, porque defender que juízes não sejam imparciais é uma agressão ao bom senso. Quinto, porque lhes confere poderes exorbitantes, dotando-os de um livre-arbítrio que pode ser calamitoso. Sexto, como cada cabeça é uma sentença, abre as portas para jurisprudências contraditórias, ou seja, para a insegurança jurídica. E, sétimo, nega o princípio do devido processo legal. 
Ou seja, a garantia de que ninguém pode ser atingido em seus bens e direitos sem o competente processo legal que respeite princípios constitucionais diretivos, como o da legalidade, o da isonomia e o do contraditório. 
Em síntese, sob a aparência do fumus boni iuris (expressão que significa o bom direito), é uma fumaça tóxica que está dividindo e desintegrando a sociedade.
Passemos agora à segunda fonte de nossa atual instabilidade: a política. Contrariamente à anterior, que é inédita, a instabilidade política é nossa velha conhecida, desde o golpe baixo que instalou a república, cuja história mais parece um prontuário policial: enquanto durante todo o Império vigorou uma só Constituição a de 1824 —, nos 132 anos decorridos desde 1889 tivemos o incrível número de seis Cartas Magnas. 
O Congresso foi fechado seis vezes, presidentes foram despejados em seis golpes de Estado, 13 presidentes não cumpriram seus mandatos até o final — seja por impeachments, mortes, renúncias, golpes e até um suicídio —, o que significa aproximadamente um presidente deposto a cada dez anos. 
Se incluirmos as posses de interinos, 31 de nossos presidentes não foram eleitos pela via direta, ou seja, 84% dos 37 que ocuparam o cargo até hoje. 
Houve 32 revoltas, guerrilhas e revoluções, uma a cada quatro anos, como em um calendário da Copa do Mundo. 
Adicionalmente, tivemos um referendo simplesmente ignorado pelo governo, o das armas, e um plebiscito em que as regras do jogo foram manipuladas para que o resultado favorecesse o regime republicano presidencialista. Diante dessa rica “folha corrida” republicana, é fácil então concluir que a crise dos dias atuais é café pequeno.

Vamos agora tentar responder à pergunta: de que maneira as perplexidades provocadas pelo ativismo jurídico e pela instabilidade política essa predisposição mórbida, essa diátese mais do que centenária de que padece nossa república prejudicam a economia?

Para começar, nunca é demais destacar que há dois mundos econômicos: o primeiro, sofisticado e exalando o cheiro incomodativo do pó de giz, é o das salas de aula, livros, manuais e artigos acadêmicos. O outro, mais rústico e trescalando o suor desagradável da realidade, é o da economia do dia a dia. 
É preciso frisar que o primeiro, aquele que é descrito pela teoria econômica, só tem utilidade nas vidas dos cidadãos quando deixa os malabarismos acadêmicos à parte e mostra-se capaz de explicar o segundo. Para compreender objetivamente o conjunto imenso e complexo das providências práticas e impossíveis de serem rigorosamente previstas dos milhões de agentes que movem a economia do mundo real, o bom economista precisa extrair da ciência econômica, então, apenas os ensinamentos que sejam capazes de contribuir para despertar, melhorar ou estimular as atividades que se desenvolvem neste mundo velho de guerra.

Infelizmente, a maioria das pessoas parece não ter noção da importância que o ordenamento jurídico e o bom funcionamento do sistema político desempenham nas ações práticas. Ou seja, naquelas providências que os cidadãos sejam empresários, empreendedores, sejam assalariados — precisam tomar diariamente para que a roda da vida econômica permaneça girando ao longo do tempo. Poucos têm o hábito de levar em conta o fato de que muitas dessas decisões, ao serem efetuadas, adiadas ou canceladas, implicam necessariamente cursos futuros de outras decisões e providências. Mais ainda: quando um indivíduo escolhe um determinado curso de ação, as consequências de sua escolha irão depender, pelo menos parcialmente, dos cursos de ação que outros indivíduos escolheram, estão escolhendo ou ainda vão escolher.

Ao resolver, por exemplo, comprar um carro hoje, você sabe que no futuro terá gastos com abastecimento, óleo, revisões, mecânicos, IPVA, estacionamento e outros. Ao abrir uma empresa, que vai ter de pagar chuvas de impostos regularmente, lidar com fornecedores, fiscais do governo e consumidores. Ao alugar uma propriedade, que existe uma incerteza quanto ao locatário não honrar o contrato. Ao investir em um mercado aparentemente promissor, que essa decisão pode mostrar-se equivocada no futuro. Ao escolher entre passar férias na Europa ou fazer obras em casa, ou ao decidir que vai mudar de emprego ou que vai se casar. Enfim, decisões implicam novas decisões, próprias e alheias. Não existem decisões econômicas isoladas em tubos de ensaio.

Cada indivíduo dentro da sociedade detém apenas uma pequena fração do conhecimento total existente

Uma das implicações do que acabei de escrever é que, se considerarmos um mundo em que prevaleça a autonomia das decisões individuais, o futuro não apenas é eventualmente desconhecido, caso em que seria possível aprendê-lo gradualmente, mas simplesmente não pode ser conhecido, embora existam economistas com forte tendência para profetas, tamanhos são o seu apego à teoria e a sua desvinculação com o cheiro de fábrica. Felizmente, há grandes economistas que são humildes e que reconhecem esse problema, como Robert Lucas Jr., o mais influente acadêmico dos últimos 25 anos do século 20, detentor, com justiça, do Nobel de Economia em 1995. Logo após ser comunicado de que havia ganhado o prêmio, respondeu à pergunta de um jornalista sobre a sua opinião da conjuntura econômica dos Estados Unidos e do mundo na época. Sua resposta foi, ao mesmo tempo, humilde, corajosa e contundente: “Não sei, não tenho acompanhado”. De fato, uma coisa é a sala de aula e outra é a rua.

Então, qualquer ação humana — e não só no campo da economia — realizada em um dado momento, com o decorrer do tempo está quase sempre sujeita a mudanças de percurso. Por isso, sempre considerei que a melhor definição para a economia do mundo real é a que a descreve como a ação humana de milhões de agentes, a maioria dos quais nem se conhecem fisicamente, no decorrer do tempo, entendido como um fluxo permanente de novas experiências e em condições de incerteza genuína, dado que o conhecimento desses milhões de agentes, além de não ser perfeito, apresenta-se disperso e fragmentado.

Existe, portanto, uma incerteza inevitável pairando sobre as atividades econômicas, o que tem levado os economistas da Escola Austríaca, pelo menos há 150 anos, a visualizarem os mercados como processos dinâmicos ininterruptos, por si só geradores de mudanças, às quais o sistema econômico deve adaptar-se. Isto quer dizer que um estado de completa adaptação, ou um estado de “equilíbrio de mercado”, é algo incompatível com os conceitos de incerteza genuína e de tempo real. 

Cada indivíduo dentro da sociedade detém apenas uma pequena fração do conhecimento total existente e faz uso desse conhecimento de maneira única, exclusiva, o que significa que o conjunto relevante de informações disponíveis para todos tem natureza essencialmente subjetiva. Mesmo aquele tipo de informação ou de conhecimento que é geralmente encarado como “objetivo”, como os próprios preços, por exemplo, é na realidade gerado por informações subjetivas, como a que leva um empreendedor potencial a colocar em prática a sua ideia original ou um colecionador de carros antigos a gastar uma fortuna em um Cadillac 56, que dificilmente sairá da garagem.

Ora, se o que acabei de descrever é verdadeiro mesmo na ausência de instabilidades institucionais, uma vez que a capacidade de previsão do curso futuro dos acontecimentos exige algo que está fora de nosso alcance, é evidente que situações instáveis e voláteis confundem mais ainda o conhecimento, aumentam a ignorância e, portanto, multiplicam todos os tipos de incerteza. Resumindo, ao aguçarem a imprevisibilidade de algo que por natureza já é imprevisível, as instabilidades de natureza jurídica e política são fatais para as atividades econômicas. Considerando que a economia brasileira vem saindo a duras penas da crise provocada pela pandemia mais estranha da história e pelas políticas irresponsáveis do “fique em casa” promovidas por vários governadores, a coisa fica muito mais feia.

Se o Judiciário e o Legislativo deixarem ao menos de atrapalhar as decisões dos agentes econômicos e se limitarem a desempenhar exclusivamente o seu importante papel institucional, a redução da ignorância e, por conseguinte, da incerteza resultante já será uma ótima contribuição de sua parte. 
Ajudaria a acabar com a “inhaca” da crise, e os indivíduos que fazem a economia seguir em frente poderiam desempenhar o seu papel em paz.
 
Ubiratan Jorge Iorio é economista, professor e escritor. @ubiratanjorgeiorio

Leia também “Política e economia”

Recomendamos ler, ainda que por mera curiosidade: Tribunal de Justiça de São Paulo estabelece o passaporte sanitário para acesso ao prédio

Território soberano? 

Área sob legislação específica, sem submissão as leis nacionais? 

Se o presidente da República comparecer àquele Tribunal, declaradamente não imunizado, entra ou não entra? 

Um ato administrativo, possivelmente uma portaria, pode impedir o ingresso do presidente da República em repartição pública, brasileira, e instalada em território nacional?

[Nos parece bem grave, já que no Rio temos áreas de favelas em que por decisão do STF a polícia não pode entrar.

Se a moda pega?]

Revista Oeste
 
 

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Futebol, tardiamente, premiou Messi = - timinho de Tite perdeu mais uma - A demissão de Tite é necessária e urgente

O gol de Ángel Di Maria aos 21 minutos de partida pautou o restante da final da Copa América. O toque de cobertura sobre Ederson após ótimo lançamento de Rodrigo de Paul e falha grave de Renan Lodi permitiu à Argentina assumir a vantagem no placar, levando o Brasil ao desconforto de ter que buscar uma reação.

Lionel Scaloni e Tite são técnicos que têm características em comum, colocam seus times em campo com uma prioridade: não sofrer gols. Depois pensam em como marcá-los. E são assim mesmo contando, cada um deles, com jogadores do calibre de Messi e Neymar. [o digno articulista deu uma escorregada: comparar o perna de pau nascido no Brasil a  LEONEL MESSI.!!!]  Um conservadorismo que deixa de explorar o potencial disponível.

[A demissão do Tite, cidadão ainda chamado de técnico,  é urgente, inadiável e patriótica; em épocas passadas, já longínquas, se considerava a SELEÇÃO BRASILEIRA a digna representante do Brasil e a PÁTRIA DE CHUTEIRAS.
Agora, vergonhosamente, depois que figuras cômicas tipo Dunga,Felipão e Tite, passaram a ser técnicos da Seleção - envergonhando os verdadeiros técnicos - o 'timinho'  perdeu o direito de representar o Brasil, de ser chamado de Seleção e até mesmo de ser lembrado quando joga.
Cada jogo do timinho mais desmoraliza o futebol brasileiro, aquele futebol que nos deu um TRI CAMPEONATO,  uma JULES RIMET. (o Tetra e o Penta , não foram conquistados e sim recebidos por incompetência dos adversários) 
Demitam Tite, assim evitarão colher no próximo certame  mais uma derrota e mais um título perdido. POR FAVOR, PAREM DE CONVOCAR  mercenários, convoquem jogadores que estejam atuando no Brasil. CHEGA DE CONVOCAR mercenários. E, por favor, NÃO CONVOQUEM Jogadores do Flamengo, do Mengão, eles já integram uma SELEÇÃO = a SELEMENGO. 
Demitam Tite, sumariamente. Sigam o exemplo do Clube de Regatas do Flamengo =  técnico ruim, burro, igual o que treinava o Flamengo pensando no Fortaleza, tem que levar um chute no traseiro, igual o que   aquele técnico,  que não merece sequer ser chamado pelo nome - levou.]

Dona da vantagem, a seleção argentina ficou mais confortável. Com calma e aproximação, saiu inúmeras vezes da pressão brasileira com toques curtos, picotando o jogo, cozinhando-o, conduzindo os rumos da peleja ao seu bel prazer. Mas e o time brasileiro, por que não reagiu? Por que não sabe, não parece treinado para isso.

Se na Copa do Mundo da Rússia o Brasil sofreu ao ver a Bélgica abrir 2 a 0, sábado voltou a mostrar suas deficiências quando encara um placar adverso. E Tite se perdeu completamente. Suas substituições fugiram ao próprio perfil do treinador, a ponto de, no segundo tempo, o time não ter mais meio-campo, acumulando atacantes.

A Argentina levou o jogo sem grande sofrimento, mesmo com Messi em noite apagada, chegando a desperdiçar uma chance claríssima em ótimo passe feito por De Paul, o melhor em campo. Título merecido para o melhor jogador do certame, que não poderia passar toda a carreira sem erguer um troféu pela sua seleção.

Quanto à seleção brasileira, perdeu uma final, viu a rival quebrar um jejum de 28 anos sem título, mas tem lições importantes a extrair da noite no Maracanã. Tite precisa de novas ideias, deixar um pouco sua tribo de auxiliares que lhe dizem o que espera ouvir, abrir a mente, buscar novas formas de jogar, ousar, ou poderá ser vítima do próprio conservadorismo.

Mauro Cezar Pereira, colunista - Gazeta do Povo


domingo, 27 de junho de 2021

Por que o progressismo europeu não é obcecado por lei racial? - VOZES

Bruna Frascolla


Aborto, drogas e casamento gay: a tríade do progressismo europeu
Aborto, drogas e casamento gay: a tríade do progressismo europeu -  Foto: EFE/EPA/Szilard Koszticsak

No último artigo, hesitei ao escrever que as ideias progressistas vêm da Europa e consistem na tríade aborto-drogas-gays. Afinal, outro polo exportador de progressismo são os Estados Unidos, cuja obsessão por raça não se enquadra nessa tríade. Mencionei a Argentina como grande receptadora das ideias progressistas da Europa. Na verdade, enxergo a Argentina como uma Europa sem Plano Marshall: em vez de Mussolini, eles tiveram Perón, não lutaram na II Guerra e seguem idolatrando o Mussolini deles até hoje.

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Façamos então um teste. Tem cota racial na Argentina? Pesquisando “cuotas raciales Argentina”, encontrei artigos sobre o Brasil e até texto falando mal de Bolsonaro. Mas cuotas raciales na Argentina, que é bom, nada. Ou seja: a Argentina, aquele país onde o presidente fala “todes”, onde tem casamento gay desde 2010, onde o aborto foi descriminalizado, tudo democraticamente e sem canetadas de um STF, não tem cuotas raciales en las universidades.

Fiquemos assim: existem dois conjuntos de ideias chamados de progressistas ou politicamente corretos. Um é de matriz europeia, outro de matriz norte-americana. Enquanto um tem a tríade aborto-droga-gay, o outro é obcecado por raça.

Por que europeu não dá bola pra lei racial?
A ideia de racismo leva a nossa mente direto para a Alemanha. No entanto, as leis raciais são uma invenção dos EUA aplicada aos negros que os alemães importaram para aplicar aos judeus. As leis raciais surgem no sul escravista dos Estados Unidos em 1877 e começam a se federalizar com Woodrow Wilson em 1913, quando o vagabundo Adolf Hitler tinha 24 anos e encontrava um rumo na vida na condição de soldadinho austríaco. Nos Estados Unidos, a descentralização conseguiu dar uma segurada nos projetos eugenistas das autoridades médicas e dos políticos entusiastas. Na Alemanha, toda a estrutura centralizadora do poderoso Estado prussiano foi posto nas mãos de Hitler e seus médicos eugenistas, que se inspiravam nos norte-americanos. Não dá para dizer que os norte-americanos sejam mais racistas do que os alemães. Ainda assim, foi dos EUA que saiu o racismo de Estado.

A razão para isso é muito simples. Nos EUA, o critério-chave da cidadania é o nascimento em solo nacional. Você pode ser preto, branco, amarelo ou verde, e a lei, até segunda ordem, irá considerá-lo um American. Para os Estados Unidos se tornarem racistas, foi necessária uma gambiarra jurídica, as famigeradas leis Jim Crow. A raiz legal do país faz dele, de fato, a terra da liberdade.

Já na Europa, o critério-chave da cidadania se confunde com a raça. Um casal de imigrantes negros pode chegar criança à Europa, constituir família na Europa, e ainda assim os seus filhos e netos não serão cidadãos europeus. Nascerão e morrerão como estrangeiros dentro do país em que construíram suas vidas. Isso só aparece para o grande público durante a Copa do Mundo, quando as seleções europeias saem providenciando cidadania para os jogadores de futebol negros. (Não sei detalhes, mas países latinos com ex-colônias parecem mais propensos a negligenciar o jus sanguinis paraconceder cidadania a africanos das ex-colônias. O Portugal salazarista, mesmo, considerava Angola e Moçambique estados portugueses.)

Assim, uma legislação etnocêntrica dispensa os europeus de inventarem leis racistas. 
Eles já vivem em um solo habitado por cidadãos brancos e não-cidadãos negros. Evidentemente, isso cria um barril de pólvora de ressentimento e culpa.

Brancos sem cidadania na Europa
Mas o critério é, frisemos, etnocêntrico, não racial. Um casal de italianos que migrasse para a Alemanha antes da União Europeia também viveria como um perfeito estrangeiro. O europeu é bastante sedentário: veja-se que no Brasil, onde há uma migração interna muito grande, um acriano e um gaúcho se entendem perfeitamente em português, mas um italiano de Nápoles e um do Piemonte, não, pois há a barreira do dialeto. Antes da descoberta da América, os europeus migravam muito pouco, então faz sentido que o seu critério de cidadania histórico seja étnico.

Quem eram os estrangeiros nesse critério? Os judeus. Eram estrangeiros errantes, viviam em guetos separados dos cristãos desde a Idade Média até Napoleão. Foi Napoleão, no século XIX, quem saiu conquistando a Europa e emancipando judeu. Portugal se diferencia do resto da Europa por ter resolvido a questão judaica em 1497. Tendo que deixar o Reino livre de todos os judeus por pressão espanhola, Portugal deu uma solução que hoje diríamos ser bem brasileira: em vez de matar ou expulsar todo mundo, batizou todo mundo e proibiu sinagogas. Mas o batismo podia ser mera formalidade; ademais, se você abrisse uma sinagoga, ninguém ia lá verificar, ou, se verificasse, você molhava a mão.

Funcionou assim até D. Sebastião ficar encantado em Alcácer-Quibir e deixar a Coroa na mão da Espanha, com sua temível Inquisição. Os ex-judeus então começam a cultuar a figura d’O Esperado, pois D. Sebastião voltaria e instauraria um paraíso terrestre. Surge o sebastianismo, uma heresia perseguida pela Inquisição. E, sendo a Inquisição muito mais relaxada no Brasil, aqui se tornou um bom lugar para ser sebastianista. Ao cabo, os ex-judeus não só foram integrados à nacionalidade portuguesa, apagando a ideia de um português étnico, como criaram um poderoso símbolo nacional.  Só a Península Ibérica entrou na modernidade sem guetos. Assim, não é de admirar que a mania racial tenha sido importada da América pelos europeus menos civilizados e usada contra os judeus. Toda essa Europa que se manteve com guetos judaicos hoje tem guetos de imigrantes, tudo não-cidadão.

O nome de gueto é aplicado no Brasil a favelas. Curiosamente, porém, gringos que vêm para o Brasil fazem turismo em favela, mas não em no-go areas europeias. A favela brasileira é cheia de eleitores, de cidadãos e de gente que fala o mesmo idioma que os demais brasileiros. Quem tem gueto é quem aponta o dedo para nós.


Individualismo radical
Penso que o que caracteriza melhor o progressismo de matriz europeia é o individualismo radical, a atomização da sociedade. Por mais que reconheçamos o amor romântico entre gente do mesmo sexo, e por mais que o casamento cristão moderno seja centrado nesse tipo de amor, ninguém razoável discordará de que as relações entre homens gays costumam ser mais fugazes do que as relações tradicionais entre homens e mulheres com filhos. A fugacidade do casamento me parece ser uma meta desse tipo de progressismo.

Filhos são um tipo de laço entre casais. Para impedir esses laços, basta vender o aborto como grande ícone de liberação feminina. A mulher ideal, então, faz sexo loucamente – sem se prender a nenhum homem – e, acontecendo de ficar grávida, irá ao médico tirar. Caso o bebê nasça – e natalidade da Europa é pequenininha –, tem o Estado de bem-estar social para bancar o bebê e deixar a mulher dispensar o homem e até os avós.  Assim, a vida ideal desse tipo de progressista se divide entre o trabalho bem remunerado e a balada, esta regada a drogas caras. Nas banlieues ficam os não-cidadãos responsáveis pelo trabalho braçal.

Bruna Frascolla, colunista - Gazeta do Povo - VOZES 

 

quarta-feira, 23 de junho de 2021

22 corolários da Teoria da Inocência do Culpado - Revista Oeste

Mas quem acredita na Teoria da Inocência do Culpado tem o dever de engolir como verdades incontestáveis pelo menos 22 corolários relacionados a seguir.

1. O Mensalão não existiu. Se é assim, todos os condenados no processo do Mensalão são inocentes e devem ser indenizados pela União. Até Silvio Pereira, secretário-geral do PT presenteado com um veículo que cobiçava por empresários cujos negócios facilitou? (Sim. Até Silvinho Land Rover. Trata-se de outro inocente que se declarou culpado porque sonhava desde criancinha com a condenação a uma temporada na cadeia só para trocar a pena de prisão pela prestação de serviços comunitários.)

2. O Petrolão não existiu. Se é assim, todos os punidos com base nas investigações da Operação Lava Jato são inocentes e devem ser indenizados pela União. Isso incluiria também os delatores premiados que devolveram à Petrobras parte do produto do roubo? (Sim. Essa turma abriu mão de um pedaço da fortuna pessoal, acumulada honestamente, porque policiais extorsionários ameaçaram prender até os bebês da família.)

3. A Lava Jato foi concebida para impedir que o ex-presidente exercesse um terceiro mandato. Juízes federais, procuradores federais e policiais federais fizeram de conta que se haviam juntado para prender doleiros só para não dar na vista.

4. Lula foi preso político. (Essa figura sempre foi uma exclusividade de regimes ditatoriais, mas no Brasil depende de quem olha. Quem usa a vista esquerda enxerga no Brasil, desde o despejo de Dilma Rousseff, uma ditadura fascista em gestação. E vê na Venezuela ou em Cuba duas democracias populares que, para desestimular desigualdades, decidiram que presos políticos são presos comuns. Depois de uma visita a Fidel Castro, aliás, o Mestre disse a seus discípulos que os adversários da ditadura engaiolados na ilha-presídio são muito parecidos com os integrantes da população carcerária de São Paulo.)

5. Como era Marisa Letícia quem cuidava das transações imobiliárias da família, o marido nada soube, sabe ou saberá sobre reformas, melhorias, escrituras, doações e demais benefícios financiados por amáveis empreiteiros no Guarujá, em Atibaia, em São Paulo e em outros municípios que a Lava Jato não teve tempo de vasculhar.

6. Antes de viajar para Atibaia, o já ex-presidente nem pedia licença a Fernando Bittar, dono oficial do sítio onde passou 111 fins de semana, porque era muito amigo de Jacó Bittar, pai de Fernando, que é sócio do filho Lulinha, e ficou sabendo que o proprietário detesta a vida rural.

7. A Oi nem sabia que Lula passava os fins de semana ali perto quando instalou a antena de celular que permitiu ao ex-presidente dar ordens por telefone. Foi mera coincidência.

8. Lulinha subiu na vida por ser uma espécie de Ronaldinho da internet.

9. José Dirceu enriqueceu não porque descobriu o ofício de facilitador de negociatas, mas por ter leiloado, depois de cassado pela Câmara de Deputados, todas as condecorações e medalhas, conquistadas em batalhas que nunca travou mas lhe valeram o codinome de Guerreiro do Povo Brasileiro.

10. Sergio Moro é agente da CIA. Melhor aluno do curso de mediunidade, descobriu em 2015 que Jair Bolsonaro sairia do semianonimato para a Presidência em 2018 e o convidaria para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

11. A lista do Departamento de Propinas da Odebrecht é invencionice de um integrante da Lava Jato que se infiltrou na empreiteira depois de ter trabalhado no setor encarregado de batizar as operações da Polícia Federal. É por isso que prejudicou a imagem de tanta gente honesta com codinomes muito criativos.

12. As campanhas eleitorais do PT nunca foram financiadas por dinheiro de caixa dois. Depois que Delúbio Soares virou tesoureiro nacional, o partido aprendeu a só trabalhar com recursos não contabilizados.

13. Tudo que parece pertencer a Lula é de algum amigo dele.

14. Lula escreveu todos os prefácios que assinou.

15. Na cadeia em Curitiba, o ex-presidente leu todos os clássicos russos.

16. Depois de concluir que a conflituosa relação entre árabes e israelenses era a cópia ampliada de desavenças rotineiras envolvendo turcos paulistas e judeus cariocas, o grande negociador só não pacificou o Oriente Médio porque os intérpretes não entenderam direito o que dizia.

17. A poluição existe porque a Terra é redonda.

18. Napoleão Bonaparte invadiu a China.

19. Todos os diretores da Petrobras foram nomeados pelo critério da meritocracia. Graça Foster brilhou no cargo de presidente. As parcerias criminosas entre executivos da estatal e empreiteiros amigos de Lula só existiram na cabeça de gente que vê maldade em tudo.

20. O controle social da mídia é uma forma de censura que garante a liberdade de imprensa.

21. Lula não bebe desde 1974. Como explicou numa entrevista recente, aposentou copos e garrafas durante a Copa do Mundo, no dia em que o Brasil foi derrotado pela Holanda por 2 a 0.

22. Rosemary Noronha não foi promovida a chefe do escritório paulista da Presidência da República pela boa impressão que causou quando foi apresentada a Lula por José Dirceu no meio de um bailão na quadra do Sindicato dos Bancários. Isso é coisa de maledicentes, que insistem em atribuir a escolha ao critério da preferência nacional. Rose mereceu o emprego por ser tão competente que o presidente fez questão de embarcá-la no AeroLula em 19 viagens internacionais. Certamente por coincidência, em todas Marisa Letícia resolvera ficar no Brasil. Só Lula sabe o que Rose fazia.

Incontáveis devotos da seita que tem um prontuário como único deus engolem sem engasgos esses 22 destaques da imensa lista de vigarices. Mas os sumos sacerdotes sabem que mesmo uma tribo indígena ainda isolada nos fundões da Amazônia, confrontada com tais falatórios, recomendaria aos contadores de histórias que fossem mentir noutra freguesia. O Alto Clero só finge acreditar no que o Mestre diz a seus discípulos por subordinar-se a uma abjeção travestida de mandamento político: os fins justificam os meios

Para conduzir os pobres e miseráveis ao paraíso proletário, vale tudo. Prostituir a irmã, por exemplo. 
Ou roubar a bolsa da mãe e a aposentadoria da avó. 
Ou tratar o povo brasileiro como se não passasse de um bando de idiotas. Releia a torpeza: os fins justificam os meios. As cinco palavras soam como o grande verso do melhor dos poemas só quando murmuradas aos ouvidos de um canalha de nascença
 
Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste

segunda-feira, 7 de junho de 2021

A copa e o capo - Relator Calheiros perde mais uma - VOZES

[Renan Calheiros descobre que sua liderança pró motim no chamada seleção brasileira é < ZERO. 
Pernas de pau do timinho do tite, descobrem que não são insubstituíveis,amarelam  e resolvem jogar a Copa América -  é essencial que Tite seja demitido e Renato Gaúcho assuma.]

Guilherme Fiuza

Senador falou até em convocar o presidente da CBF para depor na CPI da Covid caso a Copa América seja confirmada no Brasil.

Renan Calheiros disse que a Copa América é o campeonato da morte. Alerta importante. Como já notou qualquer um que acompanha o noticiário nacional, hoje a principal referência científica no país é Renan Calheiros. Os brasileiros estavam perdidos em meio à pandemia até aparecer o oráculo das Alagoas para dar-lhes o norte (e o sul, o leste e o oeste). O que ele por ventura não saiba (o que é raríssimo) aquela médica-cantora que fez um sensacional dueto com ele na CPI explica em uma frase. Isso é o bom da ciência moderna: não tem muita conversa, é tudo pá-pum.

No que viu o farol iluminista de Renan Calheiros apontado para as trevas da Copa América, Tite já se posicionou. Como se sabe, o [ainda] técnico da seleção brasileira é simpatizante de Lula, que por sua vez é unha e carne com Renan – ou seja, tudo dentro da ciência. O técnico foi logo dizendo – na véspera do jogo do Brasil nas eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo – que havia um ruído e os jogadores estavam na dúvida se jogariam o outro torneio. Como se vê, existem Américas e Américas.

Os reis da empatia (alguns pronunciam empatite) logo se eriçaram e se levantaram contra o campeonato da morte. O país tem jogos internacionais de três competições futebolísticas, todas sem público e com rigoroso protocolo sanitário para atletas e delegações, conforme previsto para a Copa América, mas se o Renan Calheiros alertou não dá para titubear. Fora Copa América.  (O Brasil é sede de um torneio internacional de vôlei, mas se o Renan não disse nada até aqui, tá limpo. Podem jogar, narrar, assistir e vibrar numa boa. Segurança é tudo.)

Tem também o campeonato de ônibus lotados, vagões apinhados, estações aglomeradas e todo o torneio diário de muvuca nos transportes públicos promovidos por governadores e prefeitos de todo o país, mas disso o pessoal da empatite ainda não falou. Como a médica-cantora também não disse nada, depreende-se que está tudo bem. Ufa. Não é fácil seguir a ciência ao pé da letra.

Sempre tem os mais desconfiados que ficam lendo e relendo a Bula de Calheiros para si mesmos, envenenados por aquela velha mania de querer uma segunda opinião. Sem problemas. É só perguntar ao Omar Aziz. Ele é cercado por gente que entende tudo de saúde, segundo a Polícia Federal. Ainda não está satisfeito? Quer uma terceira opinião? Não se aflija. Pergunte ao Randolfe. Mas se ainda assim você continuar perguntando de onde vem a autoridade desse trio de ouro em matéria de medicina, não restarão dúvidas: você é um ignorante que não lê jornal nem vê televisão. Está tudo lá, e nunca uma agência de checagem desmentiu o bando – ops, a junta médica. [o ilustre colunista esqueceu de sugerir que o vampiro, o conde Drácula, - vulgo do senador petista Humberto Costa que, quando ministro da Saúde do multicondenado Lula, se envolveu com a máfia do furto de banco de sangue, conforme apurado pela operação sanguessuga - fosse consultado. Ele tem amplos conhecimentos científicos com mestrado em 'banco de sangue' .
Por coincidência, o Drácula é também um que tem a voz de castrato = a daquele outro senador que sempre perde.
Aliás, essa CPI Covidão tem senadores especialistas em várias áreas - além do relator Calheiros, especialista em tudo, tem um delegado de policia (quando o general Pazzuelo estava depondo na Covidão foi enquadrado pelo senador delegado.... que representa o estado do Espirito Santo, mas o nome não recordamos;)
tem ainda o senador Jader Barbalho, especialista prático no uso de algemas e outros que aos poucos serão revelados.]

E bota junta nisso. Eles quase juntaram a doutora Nise Iamagushi, faltou pouco para a delicada oncologista levar um safanão do grande Omar Aziz, incomodado justamente com tanta delicadeza. Ele foi muito claro: não estava suportando a voz suave da médica de 62 anos. Está certo, o companheiro Omar. Suavidade irrita mesmo. E ela, de forma acintosa, continuou falando suavemente. Deu sorte que o Omar e o Renan não mandaram algemar. Em defesa da vida e da ética eles são capazes de tudo.

Veja Também:Notícia boa é notícia ruim

A complexidade da ciência é assim mesmo. Às vezes você chega a ter a sensação de estar num campo de várzea assistindo a um clássico do crime, daqueles em que a qualquer momento o zagueiro pode mandar chumbo no atacante, mas são só as ilusões do empirismo. Não se faz omelete sem quebrar os ovos e não se faz ciência sem quebrar uns ossos. E não se esqueça: perigosa é a Copa América.

Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 17 de março de 2021

Não vai ser Fácil - Alerta Total

Por Ernesto Caruso

E, não tem sido fácil, até aqui.

No primeiro dia do governo Bolsonaro, ou mesmo antes, os adeptos da cartilha pornográfica, da ideologia de gênero, da liberação das drogas, aborto, urna eletrônica (sem voto impresso auditável), da substituição das expressões “pai” e “mãe” nos documentos oficiais, tipo pedido de novo passaporte, que recentemente divulgamos, por filiação 1 e 2, quanto ao sexo, masculino, feminino, “não definido”, e tudo o mais, no mesmo tom, deflagraram guerra com todas as armas lícitas ou não.

No bojo, até a facada não esclarecida... Adélio, considerado doido, que “não rasga dinheiro, nem come...”   Assim, em rápida pincelada, tempos obscuros, entre tapas e beijos, as relações com o Congresso nas mãos de Rodrigo Maia (DEM) e Alcolumbre (DEM). Para citar um exemplo, a não votação da MP que atribuiu gratuidade na emissão da carteira de estudante, de um lado, pretensamente “prejudicando” a arrecadação das entidades estudantis (UNE...) sob controle do credo marxista.
Na outra ponta, em torno de 50 milhões de alunos, poderiam ser beneficiados com a emissão gratuita da carteira, se a MP não fosse maldosamente engavetada.

Como no portal do MEC, consta: “As mais de 400 mil carteirinhas do Ministério da Educação emitidas de forma digital e gratuita para os estudantes poderão ser utilizadas enquanto a matrícula do aluno em uma instituição de ensino estiver ativa no Sistema Educacional Brasileiro. Os documentos, portanto, continuam a valer, apesar de a Medida Provisória que instituiu a ID Estudantil ter caducado...”!

No conluio, as relações de partidos com o STF, que ao invés dos debates, propostas, comissões disso e daquilo, nas vias estreitas e lentas da arena política, tipo comissão parlamentar de inquérito, conseguiam pressionar o governo com uma canetada monocrática do supremo ministro de plantão. Um de capa preta a decidir por 513 deputados e 81 senadores.

"meu apoio vale muito...nas eleições de 2018, eu recebi, para deputado federal,  quase 73.000 votos... o Lula vai ter que me dar um ministério..." Rodrigo Maia, planejando como cobrar seu apoio ao ex-presidiário

Somada a orquestração da imprensa conduzida, adestrada e recompensada com bala de açúcar. Cada dia um tema, um ministro do desagrado.  Agora, o ministro Pazuello, na voz de apresentadores de telejornais estaria pedindo demissão por “doença, pressão do centrão e até do Lula, por seu discurso no retorno ao palco”.  Conseguiram “fritá-lo” e já anunciam, que “o Exército não vê com bons olhos o seu retorno à Força”. O anunciado, médico cardiologista, Marcelo Queiroga, já foi “elogiado” como amigo do filho do presidente.  Como noticiado, FHC se pronuncia. “Talvez fosse a hora de experimentar o outro lado... Constante troca de ministros manda um sinal negativo para a população... Nós temos que manter os ministros enquanto possível.”.


É assim, não está fácil e não vai ser fácil.
No seio do governo, nesses dois anos, interesses partidários, eleições de 2022 e, até objetivos e visões pessoais ultrapassaram os limites da lealdade, que é basilar no trabalho em equipe. Simples. Todos precisam remar no mesmo rumo e, ritmo.  A pandemia com todas as incertezas do “mundo” e as atitudes do ex-ministro da Saúde, Luiz Mandetta (DEM), afinado com o governador de São Paulo, J. Doria (PSDB), no repique do argumento “tudo em nome da ciência e pela ciência”, contando com a “imprensa” afinada, em nítido contraponto ao presidente da República, para no mínimo caracterizá-lo como insensato.

Daí, consequente demissão de Mandetta, sempre mais um tempero na crise, que se pretende, depois. O mundo não veio abaixo. Mas, a turbulência foi mantida com os seus substitutos.  Outro aborto provocado se deu no Ministério da Justiça, na gestão do ex-juiz Sérgio Moro, referente à nomeação de dirigentes da Polícia Federal. Atribuição do presidente da República, mas impedida por decisão do STF em mandado de segurança interposto pelo PDT. Questão recheada com outros desencontros.

A lamentar a convocação da imprensa pelo, ainda ministro Moro, com diversas abordagens, compromissos entre o então juiz, convidado para assumir o Ministério e, o presidente eleito, como carta-branca para administrar, a perda da acumulação previdenciária dos 22 anos de serviço, pensão para a família, etc. Em especial, sugere inaceitável pelo presidente da República, ter que apresentar por exigência do ministro, uma razão para a substituição de um agente, cuja atribuição lhe compete, por norma legal. O presidente rebateu. Os vídeos são públicos.

Ao que parece o desgaste foi maior para o ex-juiz, como se pode constatar nas manifestações mais recentes, avesso das anteriores, quando a figura de Moro era sempre muito destacada.  Outras substituições de ministros foram feitas, algumas com repercussões na imprensa, em particular, aquelas cujos substituídos demonstram divergências e considerações críticas em relação ao governo do qual participaram. Fato que deslustra o debate no pós-demissão.  Mas, na efervescência política que se vive, agravada pela pandemia e os resultados obviamente demonstram metas parcialmente atingidas e, cobradas, mesmo por aqueles que votaram e defenderam a eleição de Bolsonaro.


Alimentar a crise que normalmente é feita pelos de oposição, PT etc, faz prosperar candidaturas que representam o “mal maior” que tanto dano provocou na economia, pelo vulto da corrupção e, principalmente no campo psicossocial, maculando a inocência do universo infantil, no contexto-meta marxista da desconstrução da sociedade. Narcotráfico como outra ferramenta avassaladora.  
Lembrar daquela cena chocante de uma figura humana, corpo nu, deitado no chão com a menina sendo estimulada a tocar-lhe. Considerado “arte”, denominado performance, no Museu de Arte moderna (SP).
 
[Masp abre exposição tentando convencer que pornografia é arte
 
 
Reagir é preciso.
Candidaturas hipotéticas, de acordo com a concepção de cada um, sob o ditame da liberdade, é um direito, como 210 milhões escalam a sua seleção para ser campeã na Copa do Mundo.  No entanto, a candidatura do atual vice, Hamilton Mourão, encabeçando ou não uma chapa contra o atual presidente, não parece viável, já que tem destacado a lealdade ao governo do qual participa. Com a característica, que lhe é peculiar, de independência nas apreciações pessoais.

Como consta nas publicações da imprensa, se convidado pelo presidente para disputar a reeleição aceitaria, caso não fosse, poderia admitir outra candidatura. Quem sabe, ao Senado, ainda teria muito que contribuir para o país. As manifestações de rua havidas no dia 14/03/2021, demonstram, a despeito de tudo, o vibrante apoio ao governo Bolsonaro.  Mesmo considerando as convocações feitas, por vídeo, para o dia 15 de março do ano passado, que foi no domingo, com intuito de pretensamente confundir, bem como, o toque de reunir fora do compasso, desorganizado, mas que se fazia necessário pela oportunidade para marcar posição, o resultado foi expressivo.

Mas, há que se atentar para o “mal maior” que se avizinha; pode não ser o Lula/PT, pode não ser Ciro Gomes, mas um nome, que aglutine PSDB, DEM e MDB, mais a imprensa que pesadamente, hoje, atua contra as posturas do governo, com as quais, grande parte da sociedade ansiava e apoia.  E, no segundo turno, a hidra vermelha vai se agigantar. Marchar com passo certo é preciso. União contra o inimigo comum.

Ernesto Caruso é Coronel de Artilharia e Estado-Maior, reformado.
 
 Alerta Total -  Jorge Serrão
 

segunda-feira, 15 de março de 2021

Decano - Marco Aurélio é a única voz sensata do Supremo e isso incomoda

Gazeta do Povo - VOZES

Infelizmente, no Brasil e no mundo, politizaram a pandemia de Covid-19, um assunto que deveria ser tratado apenas e tão somente pela medicina. Com isso, governadores e o presidente tomam decisões sobre a pandemia de olho nas eleições de 2022, e isso gera muita discussão. Neste momento, chefes estaduais afirmam que os hospitais estão lotados e que o governo federal não está agindo.

Mas vou citar alguns dados aqui para refrescar a memória dos governadores: houve repasse de R$ 20 bilhões para a vacinação; o auxílio emergencial foi pago pela União, quase R$ 300 bilhões; foram R$ 115 bilhões para os estados usarem na saúde; 20 mil leitos de UTI 
343 milhões de equipamentos de proteção individual para os hospitais
35 mil respiradores.

Alguns governadores querem tapar o sol com a peneira porque tiveram a oportunidade de ajeitar tudo e não o fizeram. Faz muito tempo que faltam leitos de UTI pelo Brasil. Nessa hora, recordamos da fala do jogador Ronaldo “não se faz Copa do Mundo com hospitais, e sim estádios” — que consomem muito dinheiro.

Sensatez de Marco Aurélio incomoda
Ao arrepio da Constituição, o deputado Daniel Silveira está há 24 dias na cadeia e o destino dele ainda não foi decidido. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, negou o pedido de liberdade dele. [atualizando: o STF concedeu prisão domiciliar ao deputado DANIEL SILVEIRA, impondo o uso de tornozeleira e que exerça seu mandato parlamentar,  sem comparecer à sede do Parlamento.]

Diálogo com advogados e promotores
O ministro Marco Aurélio falou que durante seus 42 anos de magistratura fez o mesmo que Moro durante o processo contra Lula, conversou com as partes, advogados e Ministério Público. Mas isso é óbvio, todo juiz brasileiro tem conhecimento disso. Sempre foi assim porque isso ajuda durante o julgamento.

Gilmar Mendes x Ernesto Araújo
O ministro Ernesto Araújo tuitou afirmando que a CNN dos Estados Unidos não estava entendendo o Brasil porque “após uma decisão da Suprema Corte de abril de 2020, os Governadores Estaduais - não o Presidente - têm, na prática, toda autoridade para estabelecer / administrar todas as medidas de distanciamento social”.

O ministro Gilmar Mendes então retuitou esse post, chamando a fala de Araújo de fake news: “NOTÍCIAS FALSAS! Aí está o fato: o Supremo Tribunal Federal decidiu que as administrações federal, estadual e municipal têm competência para adotar medidas de distanciamento social. Todos os níveis de governo são responsáveis pelo desastre que enfrentamos”.

Mas precisava que o STF decidisse isso? Porque isso é o óbvio. Se o Supremo fosse decidir algo deveria ser para alterar alguma legislação vigente. De qualquer forma, o presidente da República não pode cancelar o lockdown em São Paulo, por exemplo.[O STF com sua decisão impôs a supremacia dos prefeitos e governadores na adoção de determinadas medidas: entre elas, distanciamento e isolamento sociais. 
Empolgados pelo poder que receberam, grande parte daquelas autoridades adotaram medidas absurdas e agora que a coisa complicou querem tirar o deles da reta e complicar o presidente.
Como cita o articulista, a t´titulo de exemplo,  o presidente da República não pode intervir em lockdown.
A certeza é que vindo a ser acatada a tese de genocídio - absurda, mas cogitada, especialmente quando o candidato a genocida é o presidente Bolsonaro -  o TPI é quem vai decidir sobre a matéria. E muitos dos acusadores, e outras autoridades, terão que explicar seus atos.
A jurisdição daquele Tribunal alcança todo o planeta Terra.]
 
Alexandre Garcia, jornalista - Gazeta do Povo - VOZES 
 

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Título do Flamengo no Brasileiro supera audiência das finais das quatro últimas Copas - O Globo

Patrícia Kogut

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Campanha de vacinação - A incerteza continua - Merval Pereira

O Globo

Governo menospreza vacina por sua origem, seja chinesa ou paulista

A decisão do ministério da Saúde de não garantir a compra das 54 milhões de doses de Coronavac produzidas pelo Instituto Butantan não tem explicação, [não tem explicação? explicar o que? foi firmado um contrato - contrato, documento em que as partes contratantes - exceto as crianças, os mentalmente incapazes, os idiotas, e similares - se obrigam a respeitar e fielmente cumprir. O contrato estabelece o prazo até o final de maio 2021 para o MS exercer o seu direito de compra. O resto é o resto. O cidadão que preside ou faz de conta que, tem uma certa aversão a documentos escritos - questiona até  a posologia da vacina na bula original. Para ele, a exemplo dos apresentadores, doutores na sinistra arte de  contagem, o que vale é o virtual - escrito, ainda que em bula de medicamento, pode transmitir o corona.]   não ser essa interminável guerra política entre o governo central e o governador de São Paulo João Dória.  Não há vacina suficiente no mundo até o momento, mesmo os países desenvolvidos estão com problemas para vacinar seus cidadãos, e o Brasil parece menosprezar a possibilidade de adquirir milhões de doses, simplesmente por sua origem, não mais chinesa, mas paulista. [cabe um registro: os produtos chineses costumam, ou costumavam, ser vistos com algumas reservas, quanto a qualidade. 
Lembram das lojas de R$ 1,99?  - a petista, escarrada da presidência da República conseguiu falir uma de sua propriedade  - fizeram sucesso e o principal bordão das mesmas era: "baratinhas, mas os produtos são ruins". 
A qualidade melhorou e muito, mas algum receio permanece. Soma o receio dos produtos chineses com a falta de credibilidade do Joãozinho, o faz e desfaz do ainda presidente do Butantan, fica dificil de acreditar. Afinal de contas, o João Doria trancou tudo em São Paulo e viajou para Miami para desestressar, sendo flagrado sem máscara. Seus aspones lembraram do desastre político da viagem e ele voltou em minutos.]

Essa birra está dando oportunidade a que Dória amplie o alcance de seu nome a nível nacional, [ampliação favorável ou desfavorável?até agora ele está se tornando conhecido como "o homem da vacina enrolada".] prometendo vender as vacinas para outros estados, que lutam para conseguir as doses que o governo central não teve capacidade de garantir. A incerteza é tamanha que ontem, ao anunciar o calendário para vacinação na cidade do Rio de Janeiro de pessoas acima dos 80 anos em fevereiro, o secretário de Saúde Daniel Soranz avisou que as datas dependem da chegada das doses das vacinas da AstraZeneca da Fiocruz, e Coronavac do Instituto Butantã.

Nós, que não somos do primeiro mundo, estamos arriscados a ficarmos sem vacina por um bom tempo, já que a escassez de produção no mundo está obrigando a que várias mudanças sejam feitas na entrega das doses, e na utilização das vacinas. [a União Europeia, a maioral do primeiro mundo, está tendo dificuldades com a vacina, imagine aqui. Fica dificil vender, sem pagamento antecipado, para um país cujo presidente não tem autonomia para decidir praticamente nada.*] Já há países que pretendem dar apenas a primeira dose das vacinas, para conseguir começar a imunizar mais cidadãos. Aqui no Brasil, esta possibilidade foi aventada, mas o Instituto Butantan insiste em que as doses da Coronavac devem ser aplicadas com uma diferença máxima de 15 dias.

A vacina da AstraZeneca pode levar até três meses entre as doses, o que a torna mais atraente para o momento inicial da produção. Mas a União Européia pode exigir que a farmacêutica inglesa não exporte suas vacinas antes de garantir a vacinação nos países europeus. Isso dificultaria a chegada das vacinas a países periféricos como o Brasil. Vem da Alemanha também a advertência de que a vacina da AstraZeneca não é aconselhável para pessoas acima de 65 anos, o que, se confirmado pela União Européia, pode causar problemas até mesmo por lá, onde já começou a vacinação em alguns países com ela, justamente entre os idosos.  

Além de toda a trapalhada que o governo fez nas negociações e nas compras, existe esse problema real, com a União Européia já ameaçando proibir a AstraZeneca de exportar antes de servir aos países do continente. É uma situação que não deveria ser assim, mas é. Quem tem mais dinheiro, leva. Isso já se evidenciou no início da pandemia, quando respiradores e material médico foram disputados em leilões onde os países mais ricos levaram vantagens.

Devido à inépcia do governo, estamos nas mãos de duas farmacêuticas produtoras de vacinas, embora existam várias outras sendo aplicadas no mundo. A vacina da Pfizer, por exemplo, foi recusada pelo governo brasileiro sob a alegação de que as condições para a venda eram inaceitáveis.
[*]A vacina está sendo aplicada em diversos outros países, e possivelmente as condições são as mesmas. Só seria cabível a decisão de recusar a vacina se tivéssemos certeza de que a farmacêutica alemã não exigiu de outros países que assumissem os riscos de efeitos colaterais, livrando-a de processos judiciais. A FIFA também fez essa exigência para a realização da Copa do Mundo de 2014, e o governo brasileiro aceitou. [governo? os ladrões do pt?]

A política correta seria comprar qualquer vacina que estivesse à mão, desde que aprovada por organismos internacionais de controle reconhecidos no mundo. Tivemos uma negociação mal feita e pretensiosa, achando que o mercado brasileiro seria atraente. Ora, o mundo tem 7 bilhões de pessoas e os mercados dos EUA e da União Européia são muito maiores do que o nosso, sem contar a China e a Índia. Há mais demanda que oferta, e, portanto, não temos margem de barganha em compras que custam vidas.

Foram erros de estratégia, de negociação e de avaliação, porque o governo não teve, nem tem, a dimensão exata da crise, que vai se aprofundar nos próximos meses, enquanto continuamos com uma vacinação muito lenta e precária, o que faz com que o vírus se espalhe mais rapidamente, especialmente a nova variante encontrada em Manaus.

Merval Pereira, jornalista - O Globo


quinta-feira, 2 de abril de 2020

Vergonha alheia - Merval Pereira

O Globo

Estádios viram hospitais

A falta dos hospitais que não fizemos 

“Não se faz Copa do Mundo com hospitais”, disse Ronaldo Fenômeno, rebatendo as críticas sobre os gastos para a realização campeonato mundial de futebol no Brasil em 2014. Também o então presidente Lula foi na mesma linha, declarando que ser contra a Copa por causa dos hospitais seria “um retrocesso danado”.
[o péssimo hábito que existe de atribuir a jogadores de futebol que se destacam nos campos capacidade pensante (alguns conseguem pensar, una poucos) insiste no Brasil.
Um dos poucos que conseguiu,  e consegue, pensar  é o Pelé, quando cunhou aquela famosa frase: 'o povo brasileiro não sabe votar' - frase tão correta que quando elegeu, reelegeu, coisas como o ex-presidente condenado e a engarrafadora de vento, o povo brasileiro confirmou a famosa conclusão do Rei Pelé.]

Também deixamos de construir hospitais enquanto nos vangloriávamos de termos vencido a concorrência para realizar as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Sabemos hoje que nas duas competições houve fraude na disputa pela indicação, e o Brasil ganhou as duas com a ação de atravessadores e lobistas, brasileiros e estrangeiros, comprando os votos de delegados.

A Copa do Mundo de futebol deixou na nossa memória uma vexaminosa derrota por 7 a 1 para a Alemanha, que acabou sendo a campeã. Mas deixou também inúmeros elefantes brancos construídos a preços superfaturados, que geraram diversos processos criminais por corrupção. Inclusive o Itaquerão, onde se realizou a abertura da Copa, em São Paulo, e o Maracanã, palco da final. O Itaquerão, aliás, foi denunciado pela Odebrecht como tendo sido construído por pressão do então presidente Lula, torcedor fanático do Corinthians.

Pelo Brasil, estão espalhadas diversas arenas esportivas que se transformaram em problemas para os governadores dos 12 Estados em que foram construídas, a maioria deles sem torcidas capazes de enche-los em jogos do campeonato local. Aliás, o Brasil teve 12 sedes, e não 8, por pressão do presidente Lula e da CBF, para agradar politicamente alguns estados. Hoje, ironicamente, vários deles estão transformados em hospitais para o enfrentamento da crise do Covid-19: em São Paulo, o Pacaembú será um hospital administrado pelo Albert Einstein, e o Itaquerão possivelmente será usado também.

Em Fortaleza, o estádio Presidente Vargas terá 204 leitos, que podem ser transformados em UTIs. Em Brasília, o Mané Garrincha, que até pouco sobrevivia comprando o mando de campo de times com grandes torcidas, como o Flamengo, agora virou hospital. O Nilton Santos, no Rio, a Arena da Baixada, no Paraná, o da Ilha do Retiro, em Pernambuco, todos estão se transformando em hospitais para receber os infectados pelo Covid-19.

Coube à então presidente Dilma, que fora reeleita em 2014, abrir a Copa do Mundo. Como acontecera um ano antes, em 2013, na abertura da Copa das Confederações, a presidente foi vaiada assim que seu nome foi anunciado pelos alto-falantes, e ela nem pôde falar. Reflexos da insatisfação que reuniu, em 2013, as maiores manifestações contra Dilma nas ruas do país, eventos que deram início à derrocada da presidente até o impeachment em agosto de 2016. Os panelaços foram indicador preciso da crescente insatisfação do povo contra a presidente Dilma Rousseff, mas o processo de desgaste político foi lento e aconteceu concomitantemente ao crescimento das investigações da Operação Lava-Jato, que colocou o PT diante de provas irrefutáveis do maior esquema de corrupção já descoberto no país.   

Junto com a trágica realidade que enfrenta de ter que transformar arenas esportivas em hospitais, fenômeno que de resto acontece em diversos países pela gravidade da pandemia, o presidente Bolsonaro continua fazendo bolsonarices, revivendo o Febeapá do inesquecível Stanislaw Ponte Preta. Na época, durante a ditadura, era o Festival de Besteiras que Assola o País. Hoje seria o Festival de Bolsonarices que Assola o País.

Após ter feito um discurso equilibrado e ponderado na terça-feira, voltou ao seu normal ao divulgar um vídeo fake sobre uma suposta falta de mercadorias na Ceasa de Belo Horizonte, para forçar uma mudança na política de isolamento horizontal. Os bolsonaristas gostam de opor a suposta falta de corrupção em seu governo ao perigo que representaria o PT de volta ao poder. Como se fossemos obrigados sempre a escolher o menos ruim entre os dois. Trocamos a corrupção financeira em larga escala pela corrupção dos hábitos e costumes nacionais, ambas provocando a deterioração da democracia brasileira.

Merval Pereira, jornalista - O Globo