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quinta-feira, 23 de julho de 2020

O ‘lavajatismo’ está órfão - William Waack

O Estado de S. Paulo


Com os heróis da Lava Jato encurralados, um fenômeno político perde força

A frase que ressoa com força no topo da Procuradoria-Geral da República e entre vários ministros do STF é a seguinte: “A Lava Jato não vai acabar, mas vai acabar o lavajatismo”. Como toda encarniçada luta política, também nesta briga-se, em primeiro lugar, por impor uma narrativa.

A que vigora
entre quem tem força política ou posição institucional para enfrentar a “Lava Jato” é a de que a força-tarefa de Curitiba se desenvolveu como grupo político com agenda própria e capacidade de dominar decisões das esferas políticas, nisto incluindo Executivo e Legislativo. Mas, para sorte do País, o grupo de procuradores, juízes e policiais da Lava Jato se perdeu no meio do caminho, e cabe agora dar um jeito nisso.

Os principais expoentes da força-tarefa enxergam exatamente o contrário. Em especial a decisão de terça-feira do presidente do STF de impedir buscas no gabinete do senador José Serra em Brasília – atendendo à queixa do próprio presidente do Senado – foi por eles qualificada como tentativa de “dificultar a investigação de poderosos contra quem pesam evidências de crimes” (Deltan Dallagnol, procurador da força-tarefa).

Era algo já previsto na literatura que consumiram: deixados entregues a si mesmos, sem controles externos (como o do Ministério Público), os políticos só produziriam medidas para se proteger e garantir seus interesses (lícitos ou ilícitos). Desnecessário dizer que, para o grupo da Lava Jato, o STF sempre foi visto como parcialmente entrelaçado aos diversos interesses políticos, incluindo ilícitos.

O grupo de Curitiba faz questão hoje de se distanciar do “lavajatismo”, uma denominação que, no seu mínimo denominador comum, expressa um anseio punitivista que ignora consagrados princípios legais contanto que se peguem corruptos. É difícil entender a eleição de Jair Bolsonaro sem a repercussão social e política do “lavajatismo”, mas seu potencial eleitoral para 2022 é um ponto de interrogação cujo tamanho aumenta à medida que transcorre o tempo desde que o ex-juiz Sérgio Moro – de longe a maior expressão da Lava Jato – deixou o Ministério da Justiça.[por onde anda o ex-juiz?]

Moro embarcou na política aparentemente sem um plano claro. Deixou-se levar pelas circunstâncias de um jogo que ele não dominava e elas o obrigaram ao famoso “salto no escuro” – que foi a saída do governo, uma atitude que hoje parece muito mais de preservação do que de ataque. As armas de Moro para atingir Bolsonaro até o momento revelaram-se pouco contundentes, enquanto as do STF contra ele (onde se arguirá a suspeição do então juiz) ainda surgirão.

Ocorre que as circunstâncias estão fazendo com que ele desenvolva um discurso de candidato, postura que não quer (ainda ?) assumir. Onde é convidado a se pronunciar, Moro começa hoje falando de economia, de melhoria do ambiente de negócios, de segurança jurídica e de reformas estruturantes. Evita qualquer postura que o possa associar a radicalismos do espectro político. Defende “união”, “harmonia” e um por enquanto vagamente definido “centro democrático” como linha de atuação.

Não parece disposto de forma alguma a assumir a herança do “lavajatismo”, na medida em que seus heróis de ontem são hoje figuras encurraladas do ponto de vista político e institucional, e na linha do tempo estão longe ainda de um novo teste das urnas. Parece intuir que só o combate à corrupção e o apego à lei e à ordem não trarão vitória eleitoral, diante de um momento político no qual as profundas consequências da dupla crise econômica e de saúde pública estão apenas começando.

A Lava Jato ainda produz ações de repercussão, como a deflagrada contra o senador José Serra, mas que surgem como eco de um passado tornado rapidamente longínquo diante da percepção de quais são os piores problemas da atualidade. O “lavajatismo”, que era também um ânimo de mudança, está perdendo sua principal referência.

William Waack, colunista - O Estado de S.Paulo



sexta-feira, 1 de maio de 2020

SÉRGIO MORO, O ENXAME E O PAR DE DOIS - Percival Puggina

Você, cujo idealismo perdeu a virgindade, não chore não. Debatemo-nos durante tanto tempo contra o poder instalado no país! O Brasil fora tomado por um enxame composto por corrupção, esquerdismo, Foro de São Paulo, corporativismo, patrimonialismo, globalismo e revolução cultural! Não havia dúvida sobre a necessidade de combater esse enxame.

 Bolsonaro vestiu o elmo dos templários, abraçou com dedicação algumas das pautas conservadoras e liberais, encontrou milhões de brasileiros à espera de alguém para guiá-los e foi seguido, esperado, aclamado. Era líder tosco, mas de refinamento fora suficiente a rápida dose de Michel Temer.  

A eleição do novo presidente suscitou iras cósmicas. Aglutinaram-se contra ele macabras potências encasteladas nos poderes de Estado. Os mais altos torreões da República passaram a dardejar sortilégios e quebrantos sobre o novo mandatário. Com apoio da mídia militante, que o combateu antes, durante e depois da campanha eleitoral, submeteram-no à mais orquestrada desqualificação. E encontraram pela frente um osso duro de roer, com fortíssimo apoio popular.

 Qualquer assunto que pudesse ser usado em desfavor do presidente servia para uma pancadaria midiática que a tudo amplificava e repercutia sem cessar até o surgimento de assunto novo, ou melhor. Surpresa? Não. Imagino que, com alguma experiência da cena nacional e seus atores, isso era de esperar. Inusitada, para todos, foi a persistência com que milhões de brasileiros, ao verem o que acontecia, passaram a sair às ruas em apoio ao presidente. Nenhum dos ataques a ele, porém, teve o impacto da fala de Sérgio Moro enquanto se demitia do cargo de ministro da Justiça e da Segurança Pública. Ali rufaram os tambores para o combate final. Bolsonaro não estava sendo acusado por um editorialista ou por um parlamentar oposicionista, mas por uma personalidade mundial, magistrado que só não tinha o respeito de bandidos e de seus defensores.

Quando ele terminou de falar, percebi uma debandada entre os apoiadores do presidente. O idealismo perdera a virgindade. Trincara-se o cristal. Para muitos, a vida nunca mais seria a mesma...
Quando o presidente falou, expondo o indispensável outro lado da história, quando as “provas” vieram a público para serem examinadas sem a lente de aumento da mídia militante, tudo começou a voltar ao seu lugar. Foi lastimável ver uma figura pública como o ex-ministro usando contra o presidente o mesmo truque de printar conversa de whatsapp aplicado contra ele Moro.

Aliás, acho que nem Glenn Greenwald faria a uma amiga e afilhada a baixaria que Moro fez a Carla Zambelli. E apresentou à TV Globo como “prova”. 

Escrevo, então, àqueles para os quais o cristal trincou. Não há cristal na política. Como tantas vezes tenho escrito, a política é um jogo que se joga. Não é um jogo que se assiste de camarote, com ar condicionado ligado e garçom na porta. A política põe na mesa o bem comum, e os adversários são conhecidos. Durante décadas impuseram ao país os seus padrões e seus patrões. Nós os vimos envolvidos numa guerra sem trégua contra a escolha do eleitorado em 2018. Será necessário apresentar bem mais do que um par de dois para que minhas palavras os favoreçam na volta ao poder.
 
Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sábado, 25 de abril de 2020

Saída de Moro deflagra crise no governo e abala a República



“Será que é interferir na Polícia Federal exigir, quase que implorar, o Sergio Moro para que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? 

Ao deixar o Ministério da Justiça, Moro acusa Bolsonaro de intenções políticas na troca do comando da Polícia Federal e de apreensão com inquéritos no STF. Presidente nega pedido de blindagem e diz que ex-juiz queria garantia de indicação ao STF 

O governo do presidente Jair Bolsonaro sofreu, ontem, a sua baixa mais significativa. Na maior crise da gestão até agora, Sergio Moro deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública, contrariado com a demissão do então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. E o ex-juiz saiu atirando. O personagem do Executivo que simbolizava o combate à corrupção trouxe a público graves acusações contra o chefe do Executivo federal. As declarações já resultam em consequências políticas e jurídicas, que abalam as estruturas do poder. Uma crise deflagrada num momento em que o país está abalado com a pandemia do coronavírus.

[as "provas" apresentadas pelo ex-juiz Sérgio Moro são risíveis. 
Surpreende que um ex-juiz, mais de 20 anos de experiência, chame aquilo de provas.
A conversa que poderia, poderia destaque-se, resultar em uma eventual acusação contra o presidente Bolsonaro - de advocacia administrativa e/ou prevaricação - não foi com Bolsonaro, e sim com a deputada Carla Zambelli, que prometeu apenas ajudar - pode doer muito aos inimigos de Bolsonaro, inimigos do Brasil, mas, esta conversa em nada compromete o presidente.]

Moro acusou Bolsonaro de tentar uma “interferência política” na Polícia Federal e disse que esse seria o motivo da exoneração de Maurício Valeixo. “Ontem (quinta-feira), conversei com o presidente e houve essa insistência (de mudança do comando da PF). Eu disse que seria uma interferência política, e ele disse que seria mesmo”, afirmou. O ex-juiz da Operação Lava-Jato contou, ainda, que o chefe do Planalto manifestou o desejo de ter um diretor-geral com quem pudesse manter contato pessoal e conseguir acesso a relatórios de inteligência que correm sob sigilo. O ex-ministro disse que não poderia compactuar com tal medida.
 
Dentro da corporação, a informação é que a troca está ligada ao desconforto em relação a diligências que apuram uma rede de criação e disseminação de fake news contra desafetos do governo. As provas aproximam o caso do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, com o chamado gabinete do ódio, que utiliza ferramentas para disparar mensagens em massa contra alvos pré-selecionados que criticam as ações do Executivo. Entre os quais, o STF e o Congresso Nacional. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também estaria envolvido em fake news.

De acordo com Moro, Bolsonaro tem preocupação com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) e que a troca na PF também seria oportuna por esse motivo. Um desses inquéritos investiga grupos que convocaram manifestações pró-intervenção militar e pediram a volta do AI-5. Bolsonaro não é alvo das diligências, apesar de ter participado de um dos atos, realizado em Brasília. No entanto, deputados bolsonaristas estão na mira e, por conta disso, a apuração está no âmbito do STF.

Bateu-levou
Horas depois das acusações de Moro, Bolsonaro também fez um pronunciamento, e devolveu o bombardeio. Disse que o ex-juiz condicionou a exoneração de Valeixo a uma indicação para o STF em novembro. “Me desculpa, mas não é por aí”, afirmou o presidente, relatando a suposta conversa com o então ministro. “Reconheço as suas qualidades e, em chegando lá, se um dia chegar, pode fazer um bom trabalho, mas eu não troco. E, outra coisa, é desmoralizante para um presidente ouvir isso.”

Bolsonaro negou que tenha pedido para Moro blindá-lo na PF ou a alguém da sua família. 
“Será que é interferir na Polícia Federal exigir, quase que implorar, o Sergio Moro para que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? 
 A Polícia Federal de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo. Cobrei muito eles aí. Não interferi”, enfatizou, numa referência à facada que levou durante a campanha eleitoral e ao assassinato da vereadora Marielle Franco. Durante o pronunciamento do chefe do Planalto, houve panelaços em várias cidades do país.

As declarações de Moro motivaram um pedido de abertura de inquérito do procurador-geral da República, Augusto Aras, contra Bolsonaro no STF. Se ficar provado que Moro não falou a verdade, ele pode responder por denunciação caluniosa. [De outra forma: O ônus da prova cabe a quem acusa;
Se Moro não provar suas acusações, responderá por denunciação caluniosa;
dossiê, qualquer um faz, o essencial é que prove o que consta do dossiê.] No entanto, fontes próximas ao ministro informaram ao Correio que ele tem uma espécie de dossiê do presidente.

Além de conversas de WhatsApp e print de telas de celular, Moro tem áudios de conversas com Bolsonaro e pretende entregá-los ao Supremo se for chamado a falar num eventual inquérito. Conhecedor da legislação, interlocutores afirmam que ele já sabia que seria cobrado a apresentar provas depois de fazer as acusações.

Desavenças
A crise entre Bolsonaro e Moro não é nova. Em agosto do ano passado, o presidente se articulou para trocar o superintende da PF no Rio de Janeiro. Na ocasião, o então ministro se opôs à ideia, e dirigentes da corporação ameaçaram entregar os cargos. Nos bastidores, falava-se que por trás das intenções do presidente estaria uma tentativa de proteger seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, alvo de uma investigação pelo Ministério Público por suspeita de liderar um esquema de rachadinha, em que receberia parte dos salários dos funcionários de seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Diante das reações, o chefe do Executivo recuou por duas semanas, mas a troca ocorreu após isso.

No mesmo mês, Bolsonaro falou em trocar o comando da PF, mas recuou. Em janeiro deste ano, afirmou que poderia recriar o Ministério da Segurança Pública. A medida retiraria poderes de Moro. Ele poderia, até mesmo, perder o poder sobre a PF, já que a corporação poderia ficar em uma pasta que não seria controlada por ele. O ex-deputado Alberto Fraga era cotado para assumir o novo ministério e chegou a se reunir com o presidente, algo que abalou de vez a relação entre Moro e o chefe do Executivo.

Mensagens no WhatsApp
O ex-ministro Sergio Moro apresentou ao Jornal Nacional, da TV Globo, prints de conversa que teve com o presidente Jair Bolsonaro na noite de quarta-feira, que provariam as acusações que fez contra o chefe do Planalto. 

Na mensagem, o presidente compartilha uma nota do site O Antagonista intitulada “PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas” e escreve para Moro: “Mais um motivo para a troca”. A troca se referia à demissão de Maurício Valeixo da direção-geral da Polícia Federal. [a mensagem transmite um mero comentário do presidente Bolsonaro, sobre um comportamento da direção-geral da PF;
Motivo para a troca tem tudo para ser a expressão da preocupação de possível exagero da PF, na condução das investigações.
Comentário que foi refutado por Moro ao informar que as ações da PF cumpriam determinação do ministro Alexandre de Moraes - informação que não foi contestada pelo Presidente da República.]

Em resposta, Moro corrigiu o presidente e afirmou que o inquérito citado é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. “Diligências por ele (Moraes) determinadas, quebras por ele determinadas, buscas por ele determinadas”, escreveu.

Correio Braziliense




sexta-feira, 3 de abril de 2020

Um presidente cercado - Merval Pereira

O Globo

Ministros indemissíveis

Mandetta é o terceiro ministro indemissível de Bolsonaro 

Vivemos situação impar na história recente, a de um presidente que para sobreviver precisa desmontar o próprio governo. Para seu desespero, Bolsonaro hoje tem pelo menos três ministros indemissíveis. Aos superministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, juntou-se nessa crise do Covid-19 o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

Guedes, porque representa a garantia de um caminho seguro na Economia, por mais que possam haver discordâncias pontuais sobre sua  atuação. Nossa economia não resistiria à demissão do Posto Ipiranga, cuja presença na equipe do candidato Bolsonaro certamente foi fundamental para o apoio de uma classe de eleitores que normalmente não escolheria o capitão sem saber que estaria no comando da economia.

Se não tivesse anunciado com antecedência a presença de Paulo Guedes em sua equipe, o candidato do PSDB Geraldo Alckmin, com Arminio Fraga a apoiá-lo, teria mais chances. O ministro da Justiça Sérgio Moro tem outra razão para ser indemissível: desde que foi escolhido, com Bolsonaro já eleito, transformou-se na garantia de que o novo governo combateria a corrupção na linha da Operação Lava Jato. De lá para cá, mesmo tendo recuado em alguns momentos do confronto com uma linha mais radical de Bolsonaro, e de ter sido exposto a uma campanha de descrédito claramente política, Moro conseguiu manter-se símbolo do combate à corrupção, mais popular do que Bolsonaro, o que incomoda sobremaneira um presidente inseguro.

Para cúmulo do azar de um presidente paranóico, em plena crise do novo coronavírus surge como guardião da saúde pública o ministro da Saúde Luis Henrique Mandetta, em contraposição involuntária ao próprio  presidente, que tomou para si o papel de inimigo da ciência, relativizando a maior crise que o mundo já enfrentou em décadas recentes. Em momento tão grave, o presidente Bolsonaro tem dado mostras de desequilíbrio emocional perigoso, que emperra a ação de seu próprio governo. Ao postar ontem o vídeo de uma senhora pedindo o exército nas ruas para reabrir o comércio e os negócios, Bolsonaro mostra que quer forçar uma confrontação com setores da sociedade civil e de próprio  governo que são hoje majoritariamente favoráveis ao isolamento horizontal.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já proibiu o governo de fazer propaganda que fuja à orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do seu ministério de Saúde, mas o presidente não se emenda. Vai contra o próprio ministro da Saúde, fazendo reuniões paralelas sem convidar Mandetta.  Para mediar essa relação conflituosa, o ministro do Gabinete Civil, General Braga Neto, assumiu a coordenação do ministério durante a crise, cabendo a ele o papel de interventor informal do governo. Garante que não haja contestações formais ao presidente, mas assegura que a orientação oficial seja dada por Mandetta, dentro de critérios técnicos, e não políticos.

[Não deixem de ler Ministro da Saúde tem todo o respaldo e a confiança que precisar no Congresso, diz Maia
Presidente da Câmara diz que Bolsonaro não tem coragem de demitir ministro da Saúde
'Mandetta foi escolhido por suas qualidades técnicas', diz presidente da Câmara em evento do 'Valor'
Resta saber se é apenas manifestação de um boquirroto ou o autonomeado primeiro-ministro e corregedor-geral dos poderes pretende cercear o direito do Presidente da República de nomear e demitir seus ministros.]
Inserção realizada pelo Prontidão Total



Bolsonaro atua de maneira paralela, criando seus próprios factoides e ameaçando com decretos que não se concretizam porque seriam o fim do equilíbrio institucional. No espaço cada vez mais reduzido em que atua, porém, ele faz estragos.  É o caso da ordem que deu para que todos os servidores do Palácio do Planalto que estão em regime de trabalho domiciliar voltassem a seus postos, o que provocou a renúncia de um chefe de setor burocrático que se recusou a colocar seus subordinados em perigo.  Em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, Jair Bolsonaro voltou a criticar o isolamento horizontal, que Mandetta reafirmou precisar ser intensificado pela falta de material hospitalar, e defendeu uma “forma diferente” de isolamento. [Insistimos, apesar de nos tornar recorrentes,  que o fato de ser o Presidente da República não cassa de Bolsonaro seus direitos constitucionais - entre eles, sem limitar, os de liberdade de expressão e livre manifestação.
A posição contrária ao isolamento do presidente não implicou em que baixasse nenhuma norma dificultando àquela medida - direito que não lhe foi cassado, mas que não emprega.] 

Bolsonaro, que anteriormente já havia ameaçado com um decreto reabrindo todo o comércio e foi obrigado a recuar, ontem disse que tem um projeto de decreto “pronto na minha frente, para ser assinado se preciso for,  considerando atividade essencial toda aquela exercida pelo homem ou pela mulher, através da qual seja indispensável para levar o pão para casa.”

Segundo ele, “entre morrer de vírus e de fome, depressão e suicídio, eu, como chefe de Estado, tenho que decidir. (...) vou assinar”. Se esse momento chegar, estaremos diante de uma crise institucional e humanitária sem precedentes, com o presidente da República usando seus poderes contra a saúde pública.

Esclarecimento
O ex-prefeito Eduardo Paes diz, com números, que a realização das Olimpíadas de 2016 no Rio não atrapalhou a Saúde na cidade do Rio de Janeiro.
Está registrado.


Merval Pereira, jornalista - O Globo


segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Montando as peças - Merval Pereira

O Globo

Bolsonaro tirou Moro da lista de indicados para o STF e passou a citá-lo como um vice ideal para a chapa de reeleição


O presidente Jair Bolsonaro vai montando seu quebra-cabeças com vista à reeleição presidencial nas respostas sobre as indicações que poderá fazer para o Supremo Tribunal Federal (STF). Já anunciou dois candidatos para as duas vagas, e nenhum deles é o ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, a quem a primeira vaga estava prometida. Em novembro de 2020 o ministro Celso de Mello se aposenta compulsoriamente por ter chegado aos 75 anos, e Bolsonaro colocou ontem o atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, na disputa, dizendo que ele “é um bom nome para o STF”.



Oliveira trabalha com Bolsonaro há cerca de 10 anos, e é filho de um seu antigo colaborador. O presidente reafirmou que o ministro da Advocacia Geral da União, André Luiz Mendonça, “terrivelmente evangélico”, é um bom nome para a outra vaga no Supremo, que se abrirá no meio de 2021, com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello.



Com isso, Bolsonaro tirou Moro da lista, e passou a citá-lo como um vice-presidente ideal para a chapa de reeleição em 2022. “Seria imbatível essa chapa”, é o pensamento generalizado entre os principais assessores do presidente no Palácio do Planalto, embora Moro em nenhum momento tenha indicado que gostaria de trocar uma vaga certa no STF pela possibilidade incerta de vir a ser candidato a vice-presidente. Ao mesmo tempo em que especula em voz alta sobre essa escolha, o presidente Bolsonaro vê-se às voltas com outras vertentes de seus auxiliares que querem esvaziar o papel do ministro Sérgio Moro, mais popular que o próprio presidente, e volta e meia apontado como possível candidato ele mesmo.



Surgiu recentemente a proposta de dividir o ministério de Moro em dois, dando a parte de Segurança Pública para o ex-deputado Alberto Fraga, da chamada “bancada da bala”. Bolsonaro demorou alguns dias para desmentir o boato, e só o fez depois que Sérgio Moro deu uma declaração pública de que não acreditava nessa divisão, apontando os avanços alcançados no combate à corrupção e à melhoria da segurança pública.



A queda dos índices de criminalidade é argumento indesmentível sobre a eficiência do novo ministério que ocupa. Além disso, o projeto anticrime está no Palácio do Planalto para sanção do presidente Bolsonaro, e precisará ser retomado mais adiante para voltar a ter a cara que Moro gostaria. Sem a segurança pública, Moro ficaria em um ministério da Justiça esvaziado, pois na atual estrutura ministerial a costura política não é feita lá, e nem Moro seria a pessoa indicada para exercer essa função.



A simples possibilidade de Alberto Fraga assumir a segurança pública, porém, já é uma indicação de que qualquer mudança seria para radicalizar a atuação do governo. Assim como acontece com o ministro da Economia Paulo Guedes, embora continuem sendo superministros, os dois já tiveram que se adaptar à presidência imperial de Bolsonaro, e engoliram muitos sapos.



Se a crise econômica for mesmo sendo superada, e o crescimento se confirmar nos próximos anos, o perigo é que ocorra com Bolsonaro o mesmo que aconteceu com Lula. O ministro da Fazenda Antonio Palocci tendo que deixar o governo ainda no primeiro mandato, por conta de denúncias de negociatas com seus amigos da República de Ribeirão Preto, foi substituído por Guido Mantega, que começou a mudar a política econômica, tornando-a mais ao gosto de Lula e do PT. Bolsonaro, que nunca foi um liberal, pode ser tentado a colocar no lugar de seus superministros pessoas ligadas a ele, com o mesmo pensamento. Mas isso só acontecerá se recuperar a popularidade perdida, o que depende paradoxalmente do desempenho dos dois.



As indicações dos candidatos às vagas do Supremo mostram essa tendência de valorizar a proximidade pessoal e a supremacia dos valores conservadores, inclusive religiosos. O ministro Moro já deu uma indireta ao declarar que a religião não diz muito da pessoa escolhida para o STF. 
[o ministro Moro errou feio, quando disse tal indireta:
- a religião é importante em qualquer aspecto, incluindo na política.
Para o Brasil, em que assassinos cruéis estão na espreita de uma oportunidade para retirar de seres humanos inocentes e indefesos (ainda abrigados no ambiente em que deveriam contar com total segurança = a barriga da mãe) o mais sagrado dos direitos: DIREITO à VIDA.

Sabemos que alguns dos supremos ministros se julgam deuses - e de deuses em minúsculas nunca passarão - e que na primeira oportunidade votarão a favor do aborto e estão com pressa, visto que não são eternos como só DEUS e a alma do ser humano é.] 

Se não lhe for oferecida a primeira vaga ano que vem, Moro terá que se manter no cargo até o meio de 2021, para ver para onde o vento sopra. Para isso terá que conservar a popularidade atual, que o torna um ministro quase indemissível e um companheiro de chapa desejável.


Merval Pereira, jornalista - O Globo

sábado, 9 de novembro de 2019

Luciano Huck, empresta jatinho para Lula.]O STF e o pacto de 2022 - O Estado de S.Paulo -

João Domingos

Lula, Sérgio Moro e Bolsonaro tendem a ganhar maior espaço

[Lula chega a São Paulo em jatinho de Luciano Huck]

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir a prisão após condenação em segunda instância tem tudo para se tornar um marco na História do País. Por alguns motivos em especial. Um, porque foi - e continuará sendo - um teste para se medir a força das instituições pilares da sustentação do Estado Democrático de Direito. Mesmo sob forte pressão para que mantivesse a jurisprudência de 2016, a favor da prisão, a Corte não se intimidou. A sessão foi transmitida ao vivo pela TV e quem quis pôde ver em detalhes como se comportou cada ministro. Goste-se ou não do resultado, ele está aí.



O motivo número 2 que fará com que o julgamento entre para a História existe porque, embora se trate de uma questão técnica - se um artigo do Código de Processo Penal é compatível com a Constituição -, o resultado principal foi político. Daqui para a frente começa a ser montado o palco da eleição presidencial de 2022. Agora, com todos os personagens que, de alguma forma, movimentarão as forças políticas do País, ou na frente de alguma chapa, ou nos bastidores.



O ex-presidente Lula, motivo de toda a barulheira em torno do julgamento, passa a ter liberdade de locomoção para continuar a fazer aquilo que sempre fez, e que não deixou de fazer nem na cadeia, que é política. Se será candidato ou não, isso é outra coisa. Lula está enquadrado na Lei da Ficha Limpa e, caso o STF não anule sua sentença, o que, se não é impossível, é muito difícil, não poderá se candidatar. Mas poderá percorrer o País para fazer campanha por um candidato do PT. Quer dizer que vencerá a eleição, como venceu com Dilma? Necessariamente não. Hoje a situação é muito diferente da de 2010. A rejeição ao PT é maior. Ninguém deve se esquecer que o processo de corrupção que arruinou o partido é recente, está na memória do eleitor e fez nascer novas forças políticas no País, uma delas no poder com Jair Bolsonaro.



Outro personagem que pode ser resgatado, embora no momento se encontre um pouco apagado, é o ministro da Justiça, Sérgio Moro. É possível que a decisão do STF reacenda a lembrança de que foi Moro que condenou Lula no processo do triplex do Guarujá. Não só Lula, mas dezenas de empresários até então intocáveis, dirigentes de partidos, parlamentares e burocratas de estatais. Não se deve esquecer ainda que foi Moro o maior responsável pelo impeachment de Dilma Rousseff. Ele divulgou o grampo de uma conversa entre Dilma e Lula, na qual a então presidente da República mandava a seu mentor o termo de posse na Casa Civil, o salvo-conduto para que não fosse preso. Tal grampo levou o ministro Gilmar Mendes a proibir a posse de Lula. Sem cargo no governo, Lula não pôde fazer nenhuma articulação política para salvar Dilma, que logo teria o mandato cassado.



A respeito de Moro, Jair Bolsonaro aproveitou ontem cerimônia de formatura de policiais federais para dizer que se não fosse o ex-juiz de Curitiba ele não estaria ali como presidente da República. “Parte do que acontece na política do Brasil devemos a Sérgio Moro”, afirmou.



Nada mais verdadeiro. Para, em seguida, dizer essa frase enigmática, que pode ser interpretada de várias maneiras: “Ele (Moro) estava cumprindo uma missão. Se a missão não fosse bem cumprida eu também não estaria aqui”. Bolsonaro é outro personagem político que tende a se manter em evidência por causa da decisão do STF. Ainda encarado como o “anti-PT” e o “anti-Lula”, ele vai aguardar a forma como se comportará o ex-presidente. Se Lula radicalizar o discurso, ficará à vontade para também radicalizar o seu e tentar tirar o mesmo proveito do antagonismo com os petistas que tirou na eleição de 2018.

João Domingos, colunista - O Estado de S. Paulo



terça-feira, 13 de agosto de 2019

Com base em operação contra hackers, defesa de Lula pede liberdade no STF

Advogados pedem que mensagens apreendidas pela PF com hackers sejam usadas como prova da parcialidade de procuradores e de Sérgio Moro

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou um novo habeas corpus em favor do cliente no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (13/8). Na ação, os advogados solicitam que mensagens do aplicativo Telegram, apreendidas com hackers durante a operação Spoofing, da PF, sejam usadas como prova.
Os arquivos estavam no computador do hacker Walter Delgatti Neto, preso em São Paulo. Os dados estão em poder do STF, por decisão do ministro Alexandre de Moraes. A defesa de Lula argumenta que as mensagens revelam que "as investigações contra o ex-presidente Lula foram iniciadas a partir de um comando emitido pelo ex-juiz Sergio Moro ao procurador da República Deltan Dallagnol sobre supostas propriedades destinadas aos filhos de Lula" e que "os procuradores da República sabiam que não havia qualquer prova efetiva contra Lula no caso do tríplex, tampouco vínculo com a Petrobras, mas a despeito disso, ofereceram denúncia e pediram a condenação do ex-presidente".

O recurso (remédio constitucional) deve ser analisado pela Segunda Turma do Supremo, onde já tramita outro habeas corpus. Ainda não existe data definida para o julgamento do pedido. No entanto, ações deste tipo, = envolvendo o presidiário Lula =  onde o réu está preso, tem prioridade na agenda de votações.
Correio Braziliense

 

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Bolsonaro: entre a ilusão de poder e o Crime?

Alerta Total

Só se Jair Messias Bolsonaro for bandido, canalha e politicamente suicida, ele vai escolher como titular da Procuradoria-Geral da República alguém que contrarie a vontade estratégica de seu ministro da Justiça, o herói-nacional Sérgio Moro. Como Bolsonaro até agora não demonstrou tais desqualificações no exercício da Presidência da República, o mais provável, uma tendência forte, é que o futuro titular da PGR seja um “processador” e não um “engavetador” de inquéritos, investigações e denúncias contra os agentes do Crime Institucionalizado no Brasil.

[o que entendemos ideal é que o indicado por Bolsonara não esteja na listra tríplice e nem seja o procurador Deltan Dallagnol.
Aras é desaconselhável devido ter o apoio dos filhos de Bolsonaro - o presidente e seus filhos precisam entender, e aceitar, que o Brasil não é uma monarquia. Além do que, um indicado deles tem tudo para ser encrenca na certa.
Sem fanatismo, mas, Dodge nos parece uma boa candidata.]



A escolha pode acontecer esta semana. A decisão está próxima, ou até já está tomada, sem ser anunciada. O mandato de Raquel Dodge vai até 17 de setembro. Se quiser manter a coerência com seu eleitorado, Bolsonaro não tem direito de errar. Se indicar alguém que não tenha o respaldo total do Sérgio Moro, ele e seu governo morrem moralmente... O tal “setor militar” no poder, exige pressão total da administração federal contra o Crime Institucionalizado. Por isso, Bolsonaro não deve se arriscar a ficar espremido no paredão entre a ilusão de poder e o combate ao Crime – fator imprescindível para a retomada do crescimento e do desenvolvimento com indicativo de segurança jurídica.



Não faltam especulações sobre o nome escolhido. A extrema mídia mensaleira cogita que Bolsonaro reconduza ao cargo Raquel Dodge. Isto é pouco provável porque ela é a candidata dos supremos-magistrados José Dias Toffoli e Gilmar Mendes – que não andam lá muito bem de popularidade. Os intrigantes fofocam que Bolsonaro poderia bater o martelo em favor de Dodge, contando com um suposto futuro alívio à situação processual do senador Flavio Bolsonaro, quando o Caso Queiroz chegar nas vias de fato do abominável foro privilegiado. Se Dodge emplacar, Bolsonaro deixará no ar a suspeita de que o Pai prevaleceu sobre o Presidente eleito para combater, sem tréguas, a corrupção.





Outra especulação forte fala sobre o favoritismo de Antônio Augusto Brandão de  Aras – que é atual Subprocurador-Geral da República e professor de Direito da Universidade de Brasília. A revista Época informa que Aras já se encontrou cinco vezes com Bolsonaro. Rotulado como “conservador”, Aras tem aliados fortes no chamado “Centrão”. Tem o apoio e amizade do deputado federal Alberto Fraga, do DEM, também considerado um “grande amigo” de Bolsonaro. Aras corre por fora da lista tríplice votada pelos procuradores da PGR, formada por Mario Bonsaglia, Luiza Frischeisen e Blal Dalloul. Aras tem apoio poderoso dos filhos de Bolsonaro e do prestigiado ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.



Outra possibilidade (a desejável) é que seja escolhido um nome totalmente respaldado por Sérgio Moro e que seja um defensor prévio da Lava Jato & afins. A galera do bem torce pelo Deltan Dallagnol. Mas fica sempre a dúvida se o nome com respaldo popular vai ter condições de sobrevivência na selva da burocracia federal. Dúvidas a parte, o fundamental é que o titular da PGR é tão poderoso que pode denunciar até o Presidente da República que o escolhe... É muito poder para pedir ou aliviar punição... A tese correta nesta estória toda é: Com bandido não se negocia... Bolsonaro não pode, nem deve, entrar nesta furada. A não ser que queira um negócio “Caracu”: ele entra com a cara e a gente entra com o resto...

Edição do Alerta Total  - Por: Jorge Serrão

 

terça-feira, 30 de julho de 2019

Coincidências de datas - Merval Pereira

Datas indicam intenção de beneficiar Lula

O Globo

Para variar, a semana foi de polêmicas para Bolsonaro, que, entre outras coisas, comentou que o jornalista Glenn Greenwald podia “pegar uma cana aqui mesmo”.
Referia-se à publicação, pelo site Intercept Brasil, das conversas hackeadas entre o então juiz Sérgio Moro e o coordenador dos procuradores de Curitiba, Deltan Dallagnol. Não se trata aqui de concordar com a atitude do site, que, ao divulgar os diálogos, o faz a conta-gotas, numa edição que busca interpretar as conversas e fazer ilações, sem colocá-los no contexto em que foram realizados. Nem com o viés claramente tendencioso em busca da anulação de processos para ajudar a libertar Lula.

Trata-se de defender a liberdade de expressão, pura e simplesmente. Se Glenn Greenwald não participou da operação de hackeamento, nem a encomendou, não há como “pegar uma cana”. Está protegido, como todos os jornalistas brasileiros, pela Constituição. Mesmo que tenha pagado pela cessão do material, terá cometido no máximo um ato antiético. No entanto, a ligação política que surgiu com a revelação, confirmada por ela, de que Manuela Dávila, ex-candidata a vice pelo PCdoB em 2018 na chapa do petista Fernando Haddad, foi a intermediária entre o hackeador e Intercept Brasil, reforça a hipótese de que a publicação desse material tem objetivos políticos.

E há coincidências que não podem ser evitadas. O hacker Walter Delgatti Neto diz que procurou Manuela DÁvila no dia das mães, 12 de maio. No mesmo dia, Glenn Greenwald entrou em contato com ele pelo Telegram.  Nove dias depois, a 21 de maio, Glenn Greenwald esteve visitando Lula na sede da Polícia Federal em Curitiba, para fazer uma entrevista com ele, que havia sido autorizada pela Justiça no início do ano. É certo, portanto, que Greenwald já tinha o material quando conversou com Lula na cadeia.  No dia 9 de junho, dezenove dias depois da entrevista, o Intercept Brasil começa a divulgar as conversas hackeadas.

Entre o primeiro dia em que o hacker fez o contato com Glenn Greenwald, e a publicação, passaram-se exatos 29 dias, ou quatro semanas. Glenn Greenwald, ao publicar os diálogos, declarou: “ficamos muitas semanas planejando como proteger a nós e nossa fonte contra os riscos físicos, riscos legais, riscos políticos, riscos que vão tentar sujar a nossa reputação.”.  No fim do mês de abril, no dia 27, uma entrevista com Lula foi publicada pela Folha de S. Paulo e o El País e, como se fosse premonitório, o ex-presidente garantiu ter (...) “obsessão de desmascarar o Moro, de desmascarar o Dallagnol e a sua turma”.  [conforme era de se esperar, juntou a incompetência lulopetista, petista e do jornalista e a tentativa de desmascarar Moro e os procuradores, foi um enorme fracasso, um tiro pela culatra, um tiro no pé, ou como dizem 'o escândalo que encolheu'.

O conteúdo divulgado pelo intercePTação, continua sendo comentado devido as prisões efetuadas pela PF - não tivessem ocorrido, haveria somente alguns comentários esparsos.

As semanas de planejamento que o jornalista americano diz ter despendido para se proteger de riscos, entre eles o de sujar a reputação, de nada adiantou.
A credibilidade do intercePTação está menor do que a do 'gramna' - aquele jornaleco cubano, muito usado para compensar a crônica falta de papel higiênico em Cuba. ]

Uma pergunta que não quer calar:
será que nas conversas de Dallagnol com outros procuradores, ou mesmo com Sérgio Moro, não havia um espaço para troca de informações sobre outros casos da Lava Jato que não os relacionados ao caso de Lula?  Delgatti Neto disse também que entrou nas conversas sobre a Operação Greenfield em Brasília, que apura desvios em fundos de pensão. Pelo seu relato, não encontrou nada de ilegal nas conversas,  por isso não se interessou. Que estelionatário mais preparado esse, que sabe onde há supostas irregularidades processuais, e sabe onde não há.


Tiro na cabeça
Como era óbvio, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou-se da tragédia acontecida no Rio, onde um morador de rua, provavelmente drogado, matou duas pessoas e feriu várias outras com uma faca, para defender sua política de armamento.  Disse o presidente: “Um morador de rua esfaqueou, matou, executou duas pessoas no Rio de Janeiro. Agora, não tinha ninguém armado para dar um tiro nele, é impressionante. Mas tudo bem. Estava drogado o cara? Tá certo. Viciado em drogas”. [o presidente está certíssimo em sua colocação - uma pessoa armada teria encerrado o assunto, ou abatendo o drogado, nmeultralizando-o com um tiro em área não letal,  ou até mesmo efetuando um disparo para o alto;
o fato do assassino ser um viciado em drogas reforça o entendimento de que o combate as drogas tem que incluir o usuário, punindo o uso com rigor, já que é um fator que além de estimular o tráfico, aumenta criminalidade.]
Outro que se aproveitou da situação para defender sua “política de segurança” foi o governador do Rio Wilson Witzel. “Se eu estivesse no lugar do policial, teria dado um tiro na cabeça dele, para evitar imediatamente”.  Bolsonaro procurou ressaltar que se houvesse pedestre armado com um revólver, teria resolvido a situação. Ou mais pessoas poderiam ter morrido, no mínimo por bala perdida. Certamente nem todo mundo tem preparo e o sangue-frio do PM que atirou na perna do morador de rua surtado para imobilizá-lo. Não precisou matá-lo. Quem considerar que merecia morrer mesmo, estará praticando a lei de Talião, o “olho por olho, dente por dente”, que já foi superada pela civilização ocidental. [Será que foi? os Estados Unidos estão entre os líderes da civilização ocidental e não pensam assim - confira aqui.]

O governador Witzel admitiu, relutantemente, que o policial agiu com correção e sabedoria. Mas, depois de dizer que, se fosse ele, atirava para matar, colocou ressalvas: “Toda ação militar está sujeita a erros. Existe a teoria e na prática pode não funcionar. O agente foi melhor do que eu imaginava, atirando para neutralizar. Parabéns à Polícia Militar, foi uma ação muito profissional, minimizando ao máximo o número de vítimas. Qualquer tipo de equívoco, vamos corrigir.”
Merval Pereira, jornalista - O Globo


segunda-feira, 1 de julho de 2019

Militância do IntercePT = 'o escândalo que encolheu' - Bolsonaro na estrada da reeleição

Chabu da Intercept lança Moro nos braços do País

Saiu pela culatra o tiro do site





Sinais indicativos observados em Brasília e nas diferentes regiões do território nacional (incluindo levantamentos de opinião pública feitos nos últimos dias por institutos de pesquisa), apontam para duas situações no desfecho mais que provável das manifestações de rua convocadas para este domingo, 30, com bandeiras contra a corrupção e em defesa da Lava Jato e de sua figura mais referencial e expressiva, o ex – juiz federal, Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e da Segurança Pública. Agora, peça central do embate político, ideológico e moral que se trava no Brasil.

A primeira situação praticamente já está desenhada – salvo alguma grande surpresa factual, improvável diante do que se vê e, principalmente, daquilo que foi entregue até aqui: saiu pela culatra o tiro do site The Intercept Brasil, do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, com a publicação de supostos diálogos e mensagens virtuais do ex-magistrado com o procurador Deltan Dallagnol, obtidas através de invasões ilícitas de celulares por hackers (ou seja lá quem for). Para usar uma linguagem mais típica e apropriada ao período dos festejos juninos que se encerram no Nordeste, o “estouro” pretendido pelos autores e possíveis beneficiários do escândalo, deu chabu.

A segunda situação do rol de expectativas, dentro da configuração atual do quadro político nacional, está à véspera de poder ser observada nos atos populares marcados para este domingo de final de junho para ficar guardado na memória: Sérgio Moro, o ex-magistrado condutor da maior e mais efetiva ação de combate a corruptos e corruptores da história brasileira, atual ministro da Justiça e figura política e administrativa de maior credibilidade, prestígio popular, além de integrante mais bem avaliado do governo (nas pesquisas realizadas até aqui), lançado, definitivamente, nos braços de um País. A conferir. [salientando que a fantástica, magnifica vitória obtida pelo presidente JAIR BOLSONARO, o traz de volta ao seu lugar - o primeiro -  e Moro assume de forma merecida, o segundo lugar.] 
 
Depois do desempenho marcante, da semana passada, na inquirição da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, e de rápida passagem pelos Estados Unidos, onde fez visitas e contatos de conteúdo ainda não de todo conhecidos mas que estão deixando de cabelo em pé não apenas hackers invasores de computadores e de celulares de autoridades públicas – , Moro retornou, na quarta-feira à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, de onde deverá acompanhar, atentamente, os sinais que as ruas do Brasil mandarão para ele, neste domingo do fim de ardente junho.

No famoso Decálogo do Estadista, baixado por Ulysses Guimarães, Vocação é o segundo mandamento. Em seu enunciado está escrito: “O estadista nasce, é o encontro de um homem com seu destino. O estadista é um animal político. Fora da política é um frustrado, um ressentido, um infeliz, embora possa ter êxito em outras atividades. Ainda que pagando o preço ingrato de percalços, perigos e sofrimentos, confirma o acerto da definição de Alphonse Karr de que o segredo da felicidade é fazer do seu dever o seu prazer”. A cara de Sérgio Moro! Ou não? Responda quem souber.

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta
E-mail: vitors.h@uol.com.br

2022 está longe e está aqui. E isso é absolutamente normal

Jair Bolsonaro está na estrada reeleitoral


A eleição de 2022 já começou? A pergunta só tem significado se a premissa é que os políticos alguma hora, como se diz, descem do palanque. Aliás isso de “descer do palanque” tem um componente de estelionato. Dizer uma coisa na eleição e executar outra no governo. Apresentar ideias róseas ao povão e depois “fazer o que tem de ser feito”. Costuma acabar mal. Já começaram os debates entre os pré-candidatos democratas à Casa Branca, e o republicano Donald Trump também se lançou à reeleição. A urna só chega no fim de 2020. Ninguém reclamou. Criminalizar “campanha antecipada” é subdesenvolvimento. Idem o veto ao financiamento empresarial, troféu vistoso do proibicionismo burocrático.

Jair Bolsonaro está na estrada reeleitoral desde sua eleição, e isso não chega a ser um problema para ninguém. Aliás é um kit de sobrevivência, para ele. Mantém mobilizada sua base fiel enquanto resiste a dividir poder com o Congresso e arreganha os dentes para os empoderados Judiciário e Ministério Público, concorrentes dele na vida real.  Só uma coisa é razoável prever. O segundo turno em 2022, se houver, será entre um bolsonarista e alguém da esquerda. Daí a movimentação por um “bolsonarismo sem Bolsonaro”, por enquanto com João Doria e Luciano Huck, e a luta feroz de Ciro Gomes contra Lula e o PT. São só os primeiros episódios da série, já programada para quatro anos.

A missão de Bolsonaro é reter pelo menos uns 25-30% do eleitorado, para ser o líder eleitoral da direita. E se mantiver o tônus do antipetismo terá um trunfo contra o PT, ou alguém apoiado pelo partido, que continua bastante majoritário na esquerda. E se a economia não engrenar, mesmo com a reforma da previdência? Troca-se a política econômica.  Então qual é o problema? É que os adversários também sabem disso, e vão buscar toda brecha para lipoaspirar a popularidade e a força política presidenciais. A dificuldade para os concorrentes na direita é que o possível flanco frágil de Bolsonaro no povão, exatamente a política econômica de Paulo Guedes, também é 100% apoiada por eles. Complicado. [oportuno considerar que será de 2021 para 2022, com as bênçãos de DEUS,  que os primeiros efeitos do acordo de livre comércio MERCOSUL - UNIÃO EUROPEIA começarão surgir, com sinais positivos, incluindo geração de empregos e outras benesses para o Brasil e os brasileiros - fruto do ARREMATE dado pelo presidente JAIR BOLSONARO.]
A eleição de 2022 será competitiva, e um sinal é a lenta mas progressiva erosão do prestígio presidencial. Uma boa aposta para o porquê é a falta de resultados na economia. Se no levantamento CNI-Ibope a perda foi suave, na do Paraná Pesquisas é mais acentuada. 30,1% de Ótimo/Bom, 40,8% de Ruim/Péssimo, 51% de desaprovação, 43,7% de aprovação.

As promessas oficiais são que tudo vai melhorar com a reforma da previdência. Mas vozes já advertem: ela não é suficiente. E há o precedente da reforma trabalhista, a que segundo Henrique Meirelles criaria 6 milhões de empregos. Disso, por enquanto, nem sinal. Há boas explicações, mas aqui vale a regra: o que precisa ser explicado nunca é bom. [esses números positivos não consideram os resultados do acordo citado.]  Bolsonaro trabalha com uma variável-chave, já apontada por analistas. Os adversários em seu campo político precisam em algum grau ajudar o governo a executar seu programa. O Congresso, para se afirmar, assume o protagonismo das reformas. Bom para o presidente. Os governadores querem estender a reforma da previdência para os estados. Idem.

E a esquerda? Está jogando parada, e é prudente. Não faz sentido um enfrentamento aberto com o governo ainda forte, e cujo poder assenta-se em boa medida no assim chamado, por alguns, “Partido da Polícia”. E com um detalhe: sem se apresentar como alternativa imediata, a oposição deixa o entrevero correr solto do outro lado do campo.  Do “Seu” Domingos, que fechava a Primeira Página da Folha de S.Paulo na passagem dos anos 80 para os 90 do século passado: “Previsão não entra na minha Primeira Página. Aqui não noticiamos o que vai acontecer, pois se a gente fizer isso amanhã acontece o contrário.” Sempre lembro do Domingos quando aparece uma notícia de que “a crise acabou”.
Era previsível, e foi previsto, ser pouco provável um presidente popular aceitar tutelas. Acreditou no contrário quem quis. Tomar os desejos pela realidade é da natureza humana.
 
Alon Feuerwerker – alon.feuerwerker@fsb.com.br

Artigo 'Chabu da IntercePT...' transcrito do Blog do Noblat - Veja
O '2022 está longe e está aqui...' transcrito do site Análise Política 

terça-feira, 25 de junho de 2019

Juízes pedem abertura de investigação contra Moro e possível desfiliação da Ajufe

[Perdoem-me a falta de notório saber jurídico e me digam QUAL A BASE LEGAL PARA ABRIR INVESTIGAÇÃO CONTRA MORO?

No Brasil já temos prisão preventiva com caráter perpétuo - sabemos quando começa e não se sabe quanto termina.

Agora ocorre um crime e abrem investigação contra a vítima. Pode?]

Um grupo de 30 juízes e juízas federais protocolou ontem na Ajufe uma representação que mira no peito de Sérgio Moro.
Trata-se da primeira investida da categoria contra o colega, desde que o "Intercept" começou a vazar mensagens do celular de Deltan Dallagnol.

Os magistrados pleiteiam à associação a abertura de um processo administrativo disciplinar e a eventual desfiliação de Moro, sócios benemérito da entidade, em caso de confirmação da má conduta do juiz.
Na representação, os juízes justificam assim o pedido:
—  Segundo diálogos, o representado aconselha e orienta a acusação, cobra agilidade; refere-se a pessoas delatadas como inimigos, sugerindo que apenas 30% sejam investigados; fornece “fonte” a membro do MPF; sugere a substituição de uma procuradora em audiência, demonstrando preocupação com o desempenho da acusação; antecipa decisão a uma das partes, e desdenha da Defesa.
[A justificativa é ampla só que tem dois detalhes:
- os diálogos não tem sua autenticidade comprovada; e,
- caso sejam autênticos, foram obtidos de forma criminosa.
"detalhes' que desmontam a fundamentação.]