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quinta-feira, 27 de abril de 2023

Deterioração mais rápida do que pessimistas esperavam - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo - VOZES

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Estamos terminando o primeiro quadrimestre do novo governo. 
Em pouco mais de cem dias, o estrago já é visível por todo canto. 
A deterioração do país tem sido acelerada demais, mesmo para aqueles, como eu, que sempre esperaram o pior quando a turma resolveu fazer o L.

Chega-se a questionar se não é intencional, para avançar com o projeto totalitário de poder, que demanda caos social para justificar mais e mais estado em todo lugar. Se, por um lado, uma tranquilidade econômica daria tempo ao PT para seu projeto de poder, esse clima de anomia serve como pretexto para mais controle ainda

Na área econômica, o governo apresentou seu "calabouço fiscal", e até o ministro Haddad, poste de Lula, já diz agora que "se economia continuar desacelerando, vamos ter problemas fiscais". As previsões começam a sinalizar graves crises à frente. [e só uma coisa para a desaceleração da economia: a saída do apedeuta petista.]

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, tucano que fez o L para "salvar a democracia", criticou duramente o arcabouço [calabouço.]  fiscal proposto pelo governo federal, em audiência no Senado nesta quinta-feira. Ele afirmou que a aritmética da proposta não fecha. Durante o debate sobre juros, Fraga também afirmou que 2023 é o ano da economia e que há um risco de o país "desembocar em um grande fiasco". Arminio está com medo?

No âmbito internacional é vergonha atrás de vergonha. Agora sim, o brasileiro vai saber o que é ser um pária mundial. 
 Lula resolveu atacar os Estados Unidos, a Ucrânia e até a ONU, enquanto sai em defesa das ditaduras comunistas da China, Venezuela, Cuba e Nicarágua. O desmatamento bate recordes, o presidente comete gafes contra Israel, é um verdadeiro show de horrores!

O MST voltou a invadir com vontade propriedades rurais, inclusive da Embrapa, e o governo propõe "diálogo". A Folha de SP diz que Lula estaria irritado com seus antigos aliados, mas é tudo mentira: a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, condenou Arthur Lira por apoiar a CPI do MST, saindo em defesa do "movimento social". Tudo teatro: o MST invade pois tem companheiros no poder, e o intuito é espalhar o caos no campo mesmo, além de demandar mais verba estatal.

No quesito liberdade de expressão o Brasil lulista caminha a passos largos rumo ao totalitarismo comunista. O PL da Censura vem aí, criando o Ministério da Verdade
A narrativa dos blogueiros petistas segue espalhando... Fake News. A Lei de combate às Fake News vai "acabar com as mentiras nas redes sociais", assim como a Lei do Desarmamento acabou com as armas dos marginais nas favelas...
 
Analistas atentos sabiam que a volta de Lula ao poder significava enorme risco para o Brasil, mas mesmo os mais pessimistas pensavam que a destruição seria mais lenta.  
O PT chegou com vontade de destruir tudo de vez, ninguém pode negar. Lula não tem tempo a perder: ele sabe que se for aos poucos o sistema tucano pode se livrar dele novamente. Ou vai ou racha: o PT tentará transformar o Brasil numa Venezuela ainda no primeiro ano de governo!

terça-feira, 28 de março de 2023

A economia do Brasil vai mal? Para Lula, a culpa é dos livros – que ele não leu - J. R. Guzzo

Gazeta do Povo - Vozes

O presidente Lula, cada vez mais empenhado em agredir os brasileiros com exibições públicas de ignorância mal-intencionada, acaba de dizer que os “livros de economia estão superados”. É mesmo? 
E quais os livros de economia ele leu para chegar a essa afirmação? Três? Dois? Está bem – um só. Qual teria sido? 
Como até uma criança com dez anos de idade está cansada de saber, Lula não leu livro nenhum para dizer isso.
 
Mais uma vez, como vive fazendo, promoveu a si próprio às funções de Deus e decretou que os conhecimentos acumulados pela humanidade na área da economia não valem mais nada – é ele, agora, que sabe das coisas. Não foi capaz sequer de admitir que algum, entre as dezenas de milhares de manuais que circulam sobre o tema, possa ter uma utilidade qualquer. Não:Os livros de economia estão superados”, simplesmente. Todos.

    O inimigo de Lula, agora, são os livros de economia. A economia do Brasil vai mal? Prendam os livros.

Não se trata, no caso, apenas de uma estupidez – é uma estupidez com método. Lula diz esses despropósitos porque acha que está sendo esperto, e quer tirar vantagem pessoal deles para tentar esconder a calamidade que o seu governo está construindo, na economia e em praticamente tudo naquilo em que encosta a mão.  
É cada vez mais claro que a situação econômica do Brasil, caso as decisões continuem na mesma linha em que têm andado, caminha para um desastre passível de acabar sendo pior do que o balanço final de Dilma Rousseff. Não poderia ser de outro jeito.
Lula montou um governo de extremistas, parasitas e puxa-sacos que não têm a mais remota ideia de como resolver nenhum dos problemas concretos do Brasil de hoje, e quando têm, a ideia está errada. 
Mas Lula é incapaz de procurar alguma solução séria para qualquer desses problemas. Como não quer trabalhar nas soluções, [por faltar competência  ele e a quase totalidade dos 37 'aspones' que chama de ministros.] inventa inimigos para esconder o seu fracasso e jogar a culpa nos outros.
 
Em noventa dias de governo, Lula já tem uma obra copiosa em matéria de fugir dos efeitos da sua inépcia, da sua arrogância e da desgraça nacional que foi a montagem do seu ministério
De cara, sem apresentar a menor razão para o que estava falando, disse que tinha recebido do seu antecessor um país “destruído” – o que é flagrantemente falso, pelo exame mais elementar dos números, e poderia lhe valer um processo de fake news por parte do próprio Ministério da Verdade que criou logo depois de assumir a presidência. 
Ultimamente, inventou que todos os problemas que lhe aparecem pela frente são culpa do Banco Central – o único órgão de governo no qual não manda, é claro. O inimigo, agora, são os livros de economia. A economia do Brasil vai mal? Prendam os livros.

Nada disso, é claro, vai fazer com que qualquer das dificuldades do país desapareça. Mas o presidente não está interessado em solução nenhuma – a única coisa em que pensa é se vai continuar tirando proveito do seu truque mais velho: enganar o maior número possível de gente e governar o Brasil com palavrório falsificado como o dos “livros de economia”.

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 20 de março de 2023

A ratificação dos vícios - Alex Pipkin, PhD

        A que ponto de alerta - VERMELHO - se chegou em terras verde-amarelas.

O ex-presidiário, em suas costumeiras e burlescas bravatas, afirma que os jovens não podem ser presos por “roubarem um celular”, apenas um celular…

Outro quadrilheiro petista, André Sanchez, disse ontem que “roubar é um direito”. Você não compreendeu errado, esse cidadão afirmou exatamente isso!

Não se trata da externalização de ojeriza e de ódio por esses sujeitos, trata-se sim de um comportamento pensante e lógico sobre essas falas populistas, coletivistas e destruidoras.

Onde nós estamos, para onde vamos?

Qualquer indivíduo racional sabe que os incentivos importam.

O prêmio Nobel em economia, Gary Becker, faz tempo, já demonstrou que o comportamento criminoso é motivado e/ou inibido pelos incentivos.

Assim, antes de agir no crime, o bandido avalia os eventuais ganhos e os custos implicados em sua ação. Como por aqui não há leis, imperando a impunidade, aliado aos motivadores discursos palacianos, todo mundo sabe que o crime compensa! [não pode ser olvidado que o  atual ocupante da cadeira presidencial é um criminoso descondenado = ficando livre da obrigação de cumprir vários anos de cadeia =, porém não inocentado.]

Esse país, portanto, tende a ficar cada vez mais inseguro e criminoso. Simples assim.

Um presidente ex-presidário, e seus comparsas, induzindo ao crime. Escárnio.
O que se está operando com a mente das pessoas, em especial, dos moços, das moças e de assemelhados tupiniquins?

A mentalidade arrasa-quarteirão da turma petista, ao invés de realmente agir para melhorar a condição de vida dos mais necessitados, destila seus sentimentos reais de ódio, de inveja e de rancor por àqueles que empreendem, correm riscos, empregam, e geram maiores laços associativos e de solidariedade voluntários entre pessoas.

Essa mentalidade petista tacanha, invejosa, repleta de ódio e de rancor, enaltece as vicissitudes da pobreza, contrariamente às virtudes daqueles que se esforçam e que produzem para si e para os outros.

Como esse país pode dar certo, estimulando o ato de roubar e outros vícios do fracasso, ao invés das virtudes do sucesso?

Me tira o tubo! Não dá mais!

Já me tiraram todos, ou quem sabe, já roubaram todos os tubos existentes.

Alex Pipkin - PHD


sábado, 18 de março de 2023

Frases de Ronald Reagan que Lula e Haddad nunca leram - Ronald Reagan


1 - "Não devemos julgar os programas sociais por quantas pessoas estão neles, mas quantas estão saindo."

2 - "O melhor programa social é o emprego."

3 - "As melhores mentes não estão no governo. Se alguma estivesse, a iniciativa privada iria roubá-la."

4 – “ Quando o governo se expande a liberdade se contrai.”

5 - "A visão do governo sobre economia pode ser resumida em frases curtas: se a coisa se move, taxe-a; se continuar em movimento, regule-a; se ela parar de se mover, subsidie-a."

6 - "Como você define um comunista? Bem, é alguém que lê Marx e Lênin. E como você define um anticomunista? É alguém que entende Marx e Lênin."

7 – “Estamos caminhando para o socialismo, um sistema que, como se diz, só funciona no céu, onde não precisam dele, e no inferno, onde ele já existe."

8 – “Recessão é quando um vizinho perde o emprego. Depressão é quando você perde o seu."

9 - "O contribuinte é um cara que trabalha para o governo sem ter que prestar concurso.".

10 - "O governo é um bebê: um canal alimentar com um grande apetite numa ponta e nenhum senso de responsabilidade na outra."

11 - Quando uma empresa gasta mais do que arrecada ela vai à falência; quando o governo faz o mesmo, ele te manda a conta”.

 

 

domingo, 12 de março de 2023

A economia, a política e os candidatos a amigos - Alon Feuerwerker

Análise Política

Os dados da inflação não vieram bons nesta semana, especialmente o que os economistas chamam de núcleo do índice, não tão vulnerável aos choques de um ou outro item. A taxa parece resiliente. Nuvens carregadas, que prenunciam turbulências econômicas e políticas. Mantidas as atuais metas inflacionárias, o Banco Central dificilmente afrouxará os juros, se é que não vai apertar. E é pule de dez que, nesse caso, o governo não ficará só reclamando pela imprensa. [pergunta: o que o desgoverno do petista pode fazer além de vociferar, expelir bobagens? 
Usar a maioria no CMN para afrouxar medidas necessárias ao combate a inflação, certamente,  não vai melhorar o conceito do atual governo. FATO: o desgoverno acabou - aliás, o boquirroto que declararam presidente e que sempre fala demais, e bobagens, se vangloriava de que começou a governar antes da posse; só que, estupidamente, parou de governar imediatamente antes da posse. Que fez a trupe que ocupa o Poder Executivo da União de útil para o Brasil e os brasileiros - especialmente os mais pobres? do dia 1º janeiro até hoje? (72 dias corridos). Citando uma realização: aumentou o salário mínimo em R$ 18. CLIQUE AQUI PARA OUTRAS.
Em tempo: em nossa opinião, pensada com o cérebro, não com o intestino,  lamentavelmente, os juros precisam de mais um ou dois ajustes.]

A tática governamental, por enquanto, tem sido dar sinais de que vai caminhar com alguma responsabilidade fiscal, na expectativa de sensibilizar o mercado e influenciar positivamente as expectativas, criando assim as condições para o BC não ter outro caminho a não ser desapertar a corda no pescoço da economia. Na teoria, pode funcionar. O problema talvez sejam os fatos, sempre teimosos. Os últimos números da inflação enquadram-se nessa categoria.

Um fato é o juro real do Brasil ser líder no mundo. Outro fato é a inflação estar num patamar desconfortável para a autoridade da moeda, pois mesmo com o juro obeso as taxas caminham longe do atingimento da meta. [em outubro/22, mês em que o risco do petista ser eleito aumentou, a inflação iniciou um discreto viés de alta, intensificado  em janeiro/2023 e continua crescente.] Onde está o nó? 
A tarefa legal do BC é buscar a meta, mas o governo acha o alvo atual irrealista. 
Na teoria, não seria complicado resolver: o governo tem dois dos três votos do Conselho Monetário Nacional, pode subir a meta.

É possível que o Planalto esteja preparando terreno para fazer isso. E vem aí o projeto de uma nova âncora fiscal, [projeto próximo, em inutilidade, ao da criação da moeda única.] para substituir o falecido teto de gastos. Por enquanto, revogou-se parcialmente a desoneração dos combustíveis e taxaram-se as exportações de petróleo, num esforço para aumentar as receitas e ajudar o resultado primário. Um sinal bem claro de que o governo não economizará esforços para arrecadar. [arrecadar, não podemos esquecer, via AUMENTO DE IMPOSTOS.]

Ao mesmo tempo, não dá sinal de nenhum esforço para cortar gastos. O que tampouco deve provocar surpresa. A linha econômica em execução segue as convicções dos eleitos. É verdade que havia alguma fé em que a frente ampla para eleger Luiz Inácio Lula da Silva produziria, talvez por geração espontânea, um governo algo liberal e austero na economia. Neste caso a fé não parece, por enquanto, capaz de mover montanhas.

Tivesse maioria parlamentar confortável, o governo certamente partiria para uma reforma mais estrutural, acabando com a autonomia do BC. Sem isso, precisará ater-se ao seu próprio cercadinho, e é bom, portanto, ficar de olho numa eventual elevação da meta de inflação.  
O que traz o risco de mais deterioração de expectativas, e daí mais aperto vindo do BC. 
Só que, na prática, é o caminho hoje disponível para o governo agir sem depender do Parlamento.

Onde aliás o Executivo vive uma encruzilhada. Não tem uma maioria firme, nem goza de um potencial alinhamento programático, algo que sempre reduz o custo de manter uma base funcional. 
O governo é de esquerda e o Congresso inclina-se à direita. 
Na teoria, este poderia ser disciplinado com verbas e cargos, mas nem todo o estímulo material transformará bancadas eleitas em alinhamento com Jair Bolsonaro numa cidadela em defesa do programa do PT.

Lula, experiente, sabe que corre o risco de concessões maximalistas que produzam, no máximo, apoio congressual minimalista. E resiste. O risco para ele está em a desaceleração econômica, agravada pelo esforço do BC para conter a inflação, trazer uma corrosão de popularidade que empodere os hoje candidatos a amigos, inimigos até outro dia e que não teriam nenhuma dificuldade para voltar a ser. [afinal, os interesses do Brasil e dos brasileiros estarão sempre acima dos desejos da malta esquerdista.]

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


sábado, 4 de março de 2023

Um olho na economia, outro no Congresso - Alon Feuerwerker

Análise Política

A guerra das narrativas dá boa pista dos objetivos e táticas do governo neste 2023. Dada a premissa de um ano de baixo crescimento, mas de inflação algo resiliente, o Planalto já conseguiu alguma aderência à explicação de que a culpa será do Banco Central e de suas taxas de juros realmente estratosféricas.

A dúvida no momento são duas
1) se ou quando o Executivo mandará seus votos demissíveis (Fazenda e Planejamento, dois dos três membros do Conselho Monetário Nacional; o outro é o BC) subirem a meta de inflação
 e 2) se ou quando Luiz Inácio Lula da Silva enviará ao Congresso proposta acabando com a autonomia do BC. [proposta que o Congresso Nacional tem obrigação, perante todos os brasileiros de REJEITAR.
A eleição do atual presidente já foi um desastre para o Brasil, imagine cassar autonomia do Banco Central.
O mais trágico é que sob Lula o Brasil será vítima da ESTAGFLAÇÃO, bem que pior que inflação, por ser = INFLAÇÃO + RECESSÃO, ambas crescendo - vide o PIB NEGATIVO no último trimestre 2022,
 exatamente quando o maligno foi declarado presidente da República.]

Pois apontar culpados funciona durante algum tempo, mas, no limite, governos são eleitos para resolver problemas. Um problema, paradoxalmente, é medidas como as acima terem potencial para provocar deterioração de expectativas, e o resultado prático acabar neutralizando as intenções. É uma encruzilhada.

Uma vantagem de Lula: outra eleição presidencial, só daqui a quase quatro anos. Se tiver boa base congressual, pode perfeitamente atravessar um eventual vale de popularidade e esperar pela subida do morro. Em condições muito piores, Jair Bolsonaro viu a recuperação pós-pandemia turbinar seu desempenho em 2022.

No ambiente de profunda divisão política na sociedade, não chega a ser ruim. Mas está longe de repetir os cenários da louvação pós-posse em 2003 ou da consagração ao final do segundo mandato, em 2010. A sociedade hoje está em disputa. A direita está viva, nas duas vertentes. Apenas espera a oportunidade.

Pois as mesmas pesquisas mostram que dois em cada dez brasileiros concordam com as reivindicações dos manifestantes de 8 de janeiro, e, incrivelmente, um em cada dez concorda com os métodos utilizados por eles. Em caso de mudança no humor coletivo, é uma massa crítica disponível para alavancar movimentos.

De um lado, o governo trabalha para administrar esse humor e conta com a capacidade comunicacional do presidente. Mas o retrospecto recomenda que também tenha cuidado com o Congresso, onde sua base é mais fluida do que seria prudente. A pressão do momento é sobre o União Brasil.

O Planalto avalia que o custo-benefício de dar três ministérios à legenda não está sendo bom. A pressão serve para esquentar a chapa sob o partido, mas também para mandar um recado aos demais integrantes da base não propriamente programático-ideológica do governo.

Mas, se o sentimento der uma piorada, quem vai crescer na relação será o Parlamento, pois o estímulo a apoiar o governo é função de duas variáveis: há as vantagens materiais aos congressistas, mas se o eleitor estiver ressabiado o parlamentar acaba sentindo sua base eleitoral mais vulnerável à concorrência.
 
 
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político 


domingo, 19 de fevereiro de 2023

Um Brasil em conflito - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Lula não dá a impressão de estar minimamente interessado num governo de resultados

 É uma pergunta que começa a se repetir. Por que o presidente Lula anda assim tão ressentido, rancoroso e em estado permanente de cólera? Já está chamando a atenção.  
Não há lembrança de outro presidente tão fixado como ele em distribuir doses crescentes de ódio cada vez que abre a boca em público quase tudo o que fala é uma agressão a alguém ou a alguma coisa, ou um chamado à vingança, ou uma explosão de despeito em relação a uma lista cada vez maior de assuntos. 
O presidente não dá um sorriso; está sempre num humor miserável. [será que Biden e a Canja tem  algo a ver com o mau humor do Lula?]
 
 

  
Produz uma corrente contínua de estresse em todas as suas declarações. Tudo é motivo para provocar uma briga. Não admite que haja adversários, ou alguém que possa discordar dele de boa-fé – só tem inimigos. Substituiu o equilíbrio pelo deboche aberto e parece francamente empenhado em aumentar a relação dos inimigos que tem. Cada um deles, nas proclamações que faz, tem de ser destruído.
Não está claro o quanto disso tudo é realmente defeito na máquina que processa questões de caráter pessoal – e quanto é cálculo feito com a intenção de produzir lucro político. 
Lula, com suas palavras e ações, está declarando que quer um Brasil em conflito.  
Não dá a impressão de estar minimamente interessado num governo de resultados e realizações nem poderia, com as prioridades que exibe e com o Ministério de aberrações que impôs à população. Quer guerra, e só isso.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


Falas de Lula na economia ameaçam seu próprio projeto - Míriam Leitão

O presidente Lula, segundo pessoa que acompanha esse debate interno, tem ansiedade para cumprir as promessas que fez. Natural. E tem conseguido. A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, o aumento do salário mínimo, a nova formatação no Bolsa Família, o Desenrola que está para sair, são promessas que já estão sendo entregues. A faixa de isenção foi para dois salários mínimos, e Lula queria R$ 5 mil. Mas 61% do universo das pessoas que ganham até R$ 5 mil são atendidas pela decisão porque ganham até R$ 2.640. Estão, portanto, contempladas pelo primeiro passo dado pelo governo. Se tudo fosse atualizado imediatamente o custo fiscal seria de R$ 130 bilhões. Por isso a equipe econômica propôs ir gradualmente para a meta.

Ouvi de duas autoridades do Judiciário nessa semana que não entendem a briga do presidente Lula com o Banco Central. Ouvi o mesmo dentro do Executivo. É errada a ideia de que a autonomia é de direita. Foi o trabalhista Tony Blair quem propôs a independência do Banco da Inglaterra. Margaret Thatcher era contra. Ela achava que isso reduziria o medo que a sociedade tinha dos trabalhistas. No Chile, o BC independente se consolidou nas administrações da Concertación
O presidente Joe Biden reconduziu Jerome Powell, o presidente do Fed indicado por Donald Trump. Por isso o despropósito da frase de Lula, na entrevista à CNN, de que poderia sim brigar com Roberto Campos Neto porqueele não foi indicado por mim”. Ora, a ideia da autonomia é exatamente essa. O país está cansado de ver um presidente da República atirando contra instituições, órgãos e braços do Estado. Foi assim durante quatro anos. Disso os eleitores que deram maioria a Lula queriam se livrar.

Lula falou com saudosismo do tempo em que os juros subiam meio ponto e a TJLP caía meio ponto para ajudar os empresários. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, havia dito que não ressuscitaria a TJLP. Tomara que ela não volte mesmo, porque foi um canal de doação de recursos públicos para os muito ricos. Aumentar o subsídio para o capital para compensar a alta de juros reinstalaria uma espiral nefasta, em que a política monetária ia para um lado, a política fiscal, para o outro. Isso aconteceu no governo Bolsonaro. O BC teve que subir mais os juros porque o Ministério da Economia deu estímulos fiscais para tentar ajudar a campanha do então presidente.

Os erros na economia se acumulam. Os acertos em outras áreas são muitos. Quando o governo anuncia uma força tarefa para combater o crime no Vale do Javari e nomeia a antropóloga Beatriz Matos, viúva de Bruno Pereira, para o cargo de coordenadora-geral de povos indígenas isolados e de recente contato não poderia estar acertando mais. Beatriz é da Funai, é qualificada para o cargo e conhece bem o Vale do Javari, onde há o maior número de povos isolados. No governo anterior, a vaga chegou a ser ocupada por um missionário, não funcionário do órgão e ligado a uma entidade com um longo histórico de violência cultural contra os indígenas. A antropóloga disse, ao aceitar a indicação, que a fazia “com esperança, alegria e saudade”.[também nomeou uma ministra por apresentar em currículo que é irmã de uma vereadora  assassinada; outra, cujo cargo nos foge a memória, por ser neta de um terrorista;  outra com pendência em prestação de contas de dinheiro público; mais uma com ligações com milícias  e por aí vai.]

O governo conduz uma transição delicada. Está contrariando interesses, muitas vezes do crime, quando se trata das políticas ambiental e indígena. Nessa travessia todo o cuidado é pouco. Uma autoridade do Judiciário me disse que o governo Lula precisa se “consolidar” o mais rapidamente possível, porque “o dia 8 de janeiro ainda não acabou”. É nesse painel de crise, temores e tremores que o governo Lula vai trabalhando nesse pouco mais de um mês e meio. Errar na economia [errar? impossível!!! visto que o único erro da economia até  agora é o da COMPLETA OMISSÃO. Não fazer nada quando há muito a ser feito é o pior dos erros.] colocará em risco o edifício democrático cujas bases o país só começou a fortalecer.

A dinâmica criada pelas falas de Lula na economia ameaça seu próprio projeto, foi o que ouvi de pessoas de fora do Executivo

  Alvaro Gribel, Coluna Miriam Leitão - O Globo


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Anticapitalistas querem definir o que você come, o quanto dirige e até o tamanho da sua casa

A economia planejada está desfrutando de mais um renascimento. 
 
Defensores da proteção climática e anticapitalistas estão exigindo que o capitalismo seja abolido e substituído por uma economia planejada.Caso contrário, eles afirmam, a humanidade não tem chance de sobrevivência.

Marcha pelo Clima em Nova York: o objetivo final é acabar com o capitalismo - Foto: Bigstock

Na Alemanha, um livro chamado 'Das Ende des Kapitalismus' (O Fim do Capitalismo) é um best-seller e sua autora, Ulrike Hermann, tornou-se uma convidada regular de todos os programas de entrevistas. Ela promove abertamente uma economia planejada, embora isso já tenha falhado uma vez na Alemanha — assim como em todos os outros lugares em que foi tentado. Ao contrário do socialismo clássico, em uma economia planificada as empresas não são nacionalizadas, elas podem permanecer em mãos privadas. Mas é o estado que especifica exatamente o que e quanto é produzido.

Não haveria mais voos nem veículos motorizados particulares.  
O estado determinaria quase todas as facetas da vida cotidiana — por exemplo, não haveria mais casas unifamiliares e ninguém teria permissão para possuir uma segunda casa
Novas construções seriam proibidas porque são prejudiciais ao meio ambiente. 
Em vez disso, a terra existente seria distribuída “justamente”, com o estado decidindo quanto espaço é apropriado para cada indivíduo. E o consumo de carne só seria permitido como exceção porque a produção de carne é prejudicial ao clima.

Em geral, as pessoas não devem comer tanto: 2.500 calorias por dia são suficientes, diz Herrmann, que propõe uma ingestão diária de 500 gramas de frutas e vegetais, 232 gramas de cereais integrais ou arroz, 13 gramas de ovos e 7 gramas de porco.  “À primeira vista, esse cardápio pode parecer um pouco escasso, mas os alemães seriam muito mais saudáveis se mudassem seus hábitos alimentares”, garante essa crítica do capitalismo. E como as pessoas seriam iguais, também ficariam felizes: “O racionamento soa desagradável. Mas talvez a vida fosse ainda mais agradável do que é hoje, porque a justiça faz as pessoas felizes”.

Tais ideias não são de forma alguma novas. A popular crítica canadense do capitalismo e da globalização, Naomi Klein, admite que inicialmente não tinha nenhum interesse particular nas mudanças climáticas. Então, em 2014, ela escreveu um grande volume de 500 páginas chamado 'This Changes Everything: Capitalism vs. the Climate" {Isto muda tudo: Capitalismo vs. Clima}.

Por que ela de repente ficou tão interessada?
Bem, antes de escrever este livro, o principal interesse de Klein era a luta contra o livre comércio e a globalização. Ela diz abertamente: “Fui levada a um envolvimento mais profundo com isso, em parte porque percebi que poderia ser um catalisador para formas de justiça social e econômica nas quais eu já acreditava”. Ela pede uma “economia cuidadosamente planejada” e diretrizes do governo sobre “com que frequência dirigimos, com que frequência voamos, se nossa comida precisa ser transportada para chegar até nós, se os produtos que compramos são construídos para durar… qual o tamanho de nossas casas são." Ela também aceita a sugestão de que os 20% mais ricos da população devem aceitar os maiores cortes para criar uma sociedade mais justa.

Essas citações — às quais muitas outras afirmações do livro de Klein poderiam ser adicionadas — confirmam que o objetivo mais importante de anticapitalistas como Herrmann e Klein não é melhorar o meio ambiente ou encontrar soluções para a mudança climática. Seu verdadeiro objetivo é eliminar o capitalismo e estabelecer uma economia planificada dirigida pelo Estado. Na realidade, isso envolveria a abolição da propriedade privada, mesmo que, tecnicamente, os direitos de propriedade continuassem a existir. Porque tudo o que restaria é o título legal formal de propriedade. O “empresário” ainda seria dono de sua fábrica, mas o que e quanto ela produziria seria decidido apenas pelo Estado. Ele se tornaria um gerente empregado do estado.

O maior erro que os defensores da economia planejada sempre cometeram foi acreditar na ilusão de que uma ordem econômica poderia ser planejada no papel; que uma autoridade poderia se sentar em uma mesa e apresentar a ordem econômica ideal. Tudo o que restaria a fazer seria convencer um número suficiente de políticos a implementar a ordem econômica no mundo real. Pode parecer cruel, mas o Khmer Vermelho no Camboja também pensava assim.

O experimento socialista mais radical da história, ocorrido no Camboja em meados da década de 1970, foi originalmente concebido nas universidades de Paris. Esta experiência, que o líder do Khmer Vermelho Pol Pot (também conhecido como “Irmão 1”) chamou de “Super Grande Salto Adiante”, em homenagem ao Grande Salto Adiante de Mao, é muito reveladora porque oferece uma demonstração extrema da crença de que uma sociedade pode ser construída artificialmente na prancheta.
 
Hoje, muitas vezes é afirmado que Pol Pot e seus camaradas queriam implementar uma forma puritana de “comunismo primitivo” e seu governo é pintado como uma manifestação de irracionalidade desenfreada. Na verdade, isso não poderia estar mais longe da verdade. 
Os mentores e líderes do Khmer Vermelho eram intelectuais de famílias nobres, que haviam estudado em Paris e eram membros do Partido Comunista Francês. 
Dois dos mentores, Khieu Samphan e Hu Nim, haviam escrito dissertações marxistas e maoístas em Paris. De fato, a elite intelectual que havia estudado em Paris ocupou quase todos os cargos de liderança do governo após a tomada do poder.

Eles haviam elaborado um Plano Quadrienal detalhado que listava todos os produtos que o país precisaria em detalhes exatos (agulhas, tesouras, isqueiros, xícaras, pentes etc.). O nível de especificidade era altamente incomum, mesmo para uma economia planejada. Por exemplo, dizia: “Comer e beber são coletivizados. A sobremesa também é preparada coletivamente. Resumidamente, elevar o padrão de vida das pessoas em nosso próprio país significa fazê-lo coletivamente. Em 1977, serão duas sobremesas por semana. Em 1978 há uma sobremesa a cada dois dias. Então, em 1979, há uma sobremesa todos os dias e assim por diante. Então as pessoas vivem coletivamente com o suficiente para comer; eles são alimentados com lanches. Eles estão felizes em viver neste sistema.”

O partido, escreve o sociólogo Daniel Bultmann em sua análise, “planejou a vida da população como se fosse uma prancheta, encaixando-a em espaços e necessidades pré-determinados”. Em toda parte, gigantescos sistemas de irrigação e campos deveriam ser construídos segundo um modelo uniforme e retilíneo. Todas as regiões foram submetidas às mesmas metas, pois o Partido acreditava que condições padronizadas em campos exatamente do mesmo tamanho também produziriam rendimentos padronizados. Com o novo sistema de irrigação e os arrozais quadriculados, a natureza deveria ser atrelada à realidade utópica de uma ordem totalmente coletivista que eliminou a desigualdade desde o primeiro dia.

No entanto, o arranjo das barragens de irrigação em quadrados iguais com campos igualmente quadrados em seu centro levou a inundações frequentes, porque o sistema ignorou totalmente os fluxos naturais de água e 80% dos sistemas de irrigação não funcionaram — da mesma forma que os pequenos altos-fornos não funcionaram no Grande Salto Adiante de Mao. [Em nossa Opinião, no Brasil já caminhamos para a extinção do capitalismo via economia planejada - a 'adoração' ao meio ambiente, a maximização dos danos climáticos e outras ações do tipo e que estão em curso, mostram que estamos apenas um pouco atrasado.]

Ao longo da história, o capitalismo evoluiu, assim como as línguas evoluíram. As línguas não foram inventadas, construídas e concebidas, mas são o resultado de processos espontâneos descontrolados. Embora a apropriadamente denominada “língua planejada” Esperanto tenha sido inventada já em 1887, ela falhou completamente em se estabelecer como a língua estrangeira mais falada no mundo, como seus inventores esperavam.

O socialismo tem muito em comum com uma linguagem planejada, um sistema elaborado por intelectuais. Seus adeptos se esforçam para ganhar poder político para então implementar o sistema escolhido. Nenhum desses sistemas jamais funcionou em lugar algum — mas isso aparentemente não impede os intelectuais de acreditar que encontraram a pedra filosofal e finalmente conceberam o sistema econômico perfeito em sua torre de marfim. É inútil discutir em detalhes ideias como as de Herrmann ou de Klein porque toda a abordagem construtivista — ou seja, a ideia de que um autor pode “inventar” um sistema econômico em sua cabeça ou no papel — está errada.

Rainer Zitelmann é historiador e sociólogo e autor do livro "O Capitalismo não é o problema, é a solução" (lançado no Brasil pelo Instituto Liberal), publicado em 30 idiomas.

Ideias - Coluna - Gazeta do Povo 


domingo, 12 de fevereiro de 2023

A farsa da ‘paz’ - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

 Como a principal autoridade do País se joga nessa promoção aberta da hostilidade ‘de classes’?

Desde que assumiu a Presidência da República, segundo um levantamento de O Estado de S. Paulo, Lula já fez oito declarações jogando pobres contra ricos. Deve ser algum tipo de recorde; nesse ritmo, vai chegar a perto de 400 gritos de guerra até o fim do seu mandato. É demagogia do tipo mais abjeto. 
É uma prova cabal de que a sua campanha foi uma mentira do começo ao fim, com a farsa de que ele iria “devolver a paz” ao Brasil.  
É irresponsável – como a principal autoridade do País se joga nessa promoção aberta da hostilidade “de classes” entre os brasileiros? 
Mas é isso, exatamente, o que Lula sempre foi: um explorador profissional dos “pobres”. Nunca fez nada de relevante, modificador ou duradouro para eles. Ao contrário: o que lhe interessa é manter o Brasil o mais longe possível de qualquer desenvolvimento real, pois só sobrevive politicamente com o suprimento permanente de pobres que sempre rende a base de sua votação
O problema, desta vez, é que a sua demagogia vem acompanhada de ações concretas para agredir o coração da economia do País.
O governo, que em mais de um mês conseguiu o prodígio de não anunciar uma única medida construtiva para os interesses reais do cidadão, nem uma que seja, decidiu cortar uma dezena de linhas de crédito do BNDES para o agronegócio – área que rendeu US$ 160 bilhões, num total de US$ 335 bilhões, para as exportações do Brasil no ano passado, e se tornou absolutamente vital para a economia brasileira. Cortaram de tudo: crédito para a safra, aquisição de óvulos, tratores, redução do carbono, armazéns, irrigação, cooperativas – e até a sagrada “agricultura familiar”, que Lula acha a solução para todos os problemas rurais do País. “O Brasil não pode ser só a fazenda do mundo”, disse o novo presidente do BNDES. É um despropósito. 
Qualquer país ficaria feliz se tivesse a situação do Brasil no abastecimento mundial de alimentos; o governo Lula acha ruim. O que eles querem, então, que o Brasil seja? Querem coisa muito pior que uma fazenda.

Em vez de colocar o dinheiro do BNDES no incentivo à um setor-chave da economia brasileira, o governo quer emprestar dinheiro para Argentina, que está com inflação de 100% ao ano e não paga ninguém, Cuba, Venezuela e outras estrelas da finança latino-americana. 

Cuba e Venezuela, aliás, já deram o calote no Brasil; não poderiam receber um centavo a mais do que já receberam e não pagaram
Mas a culpa do calote foi “do Bolsonaro”, diz Lula; o Brasil rompeu relações com os dois, eles ficaram chateados e resolveram não pagar. Agora ele vai consertar o erro. É a sua política a favor dos “pobres” e contra “os ricos”.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S.Paulo


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Lula não perde uma chance de mostrar que não entende nada de economia - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

Ataques ao Banco Central


Enquanto a atual primeira-dama passou a segunda noite no Palácio do Alvorada, para onde ela e Lula se mudaram na noite de segunda-feira, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro publicou uma mensagem negando candidatura. Eu não sei a que grupo foi dirigida, se foi à oposição ao ex-presidente Bolsonaro ou se foi à oposição atual, porque ela diz o seguinte: “oposição, fiquem tranquilos, eu não tenho nenhuma intenção de vir candidata a nenhum cargo eletivo”.  
Digo que não ficou claro qual é a oposição a que ela se refere porque, se ela estiver falando da oposição atual, está se dirigindo aos seus correligionários, apoiadores do seu marido, que podem estar pensando que, se ela for candidata, vai tirar votos deles, e aí começaria a haver problemas dentro do próprio lado.

Sei que isso é complicado porque já passei por situações parecidas. Trabalhei aqui em Brasília para duas emissoras de tevê que tinham sede no Rio, então volta e meia eu tinha de deixar bem claro que não queria ir para o Rio, que não era concorrente de ninguém que estava no Rio, que podiam continuar me tratando normalmente, que eu não tiraria o lugar de ninguém. Talvez Michelle esteja dizendo isso para os seus próprios companheiros, apoiadores de seu marido. Acho até que seja o mais provável; vejo que ela escreveu com alguma emoção, na forma como redigiu a mensagem.

Ataques a empresários e à independência do BC mostram ignorância de Lula 
Estão pedindo para que os ministros de Lula o convençam a fechar mais a boca. Parece que eu já vi esse filme no governo anterior, porque gente me ligava dizendo que Bolsonaro tinha de calar a boca, estava falando demais... 
O atual presidente, no primeiro mês, já deixou todo mundo preocupado. 
É briga de um lado e de outro a cada vez que ele fala. Ainda ontem, insistiu em bater no Banco Central por causa dos juros; o BC é independente, e talvez ele queira acabar com a independência do BC ou fazer com que a atual diretoria desista, renuncie por não aguentar mais a cada vez que ele fala
Ontem ele deu entrevista para 41 órgãos da nova mídia e falou de novo sobre os juros de 13,75%.  
Mas se o Copom alterar isso vai ser uma calamidade, solta a inflação e desvaloriza o dinheiro que está no nosso bolso. 
Vamos chegar ao fim do mês e o dinheiro vai valer menos, o salário vai ficar menor.
 
Foi uma bênção termos o Banco Central independente. E isso só ocorreu no governo passado; a proposta existia havia 30 anos e nenhum presidente quis abrir mão de poder influenciar a taxa de juros.  
O principal objetivo do Banco Central é ser o guardião da moeda; se ninguém guardar o valor da moeda e vier a gastança desenfreada, os R$ 100 que estão no seu bolso no dia 1.º estarão valendo R$ 80 no fim do mês, você vai comprar só o equivalente a R$ 80. 
Esse é o problema da Argentina
E imagine só, querem fazer uma moeda única com a Argentina, que está com 100% de desvalorização anual do peso enquanto nós, aqui, temos inflação menor que a dos Estados Unidos e da Alemanha, com crescimento maior que o da China pela primeira vez em 42 anos.
 
E não é só isso; toda hora Lula fala mal dos empresários, dos ricos.  
O empresário rico constrói empresas que dão emprego, que pagam salários, que pagam impostos, e que são os que movimentam a economia de um país, todo mundo junto. 
Outro dia o presidente disse que os empreendedores não trabalham, que quem trabalha para eles são os empregados, e os empresários é que ganham. Lula já se esqueceu do que é formação de capital?
O sujeito, para começar, precisa ter trabalhado antes. Não existe almoço grátis, mas parece que o presidente voltou diferente do que era no seu primeiro mandato, quando a taxa Selic era o dobro da atual, de 26,5% no seu primeiro ano.

Todo mundo esperando as coisas melhorarem, né? Nós não temos terremoto como na Turquia e na Síria, mas temos essas coisas.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 17 de janeiro de 2023

A economia e a síndrome de Sísifo - Revista Oeste

Ubiratan Jorge Iorio

Pandemia, guerra na Ucrânia, perturbações energéticas: nada foi capaz de impedir a subida da economia brasileira, que estava 'com os dias contados'

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Um mito bem conhecido da Grécia antiga é o de Sísifo, considerado o mais inteligente e astuto dos mortais, mas que — certamente por julgar que essas suas qualidades o dispensariam de qualquer atitude de humildade — ousou desafiar e tentar iludir os deuses, o que lhe valeu uma punição terrível: rolar eternamente com as mãos, montanha acima, uma enorme pedra de mármore.  
Sempre que estava perto de alcançar o cume, extenuado pela faina sobre-humana, uma força avassaladora fazia a pedra rolar novamente morro abaixo até o ponto de onde partira, jogando fora todo o imenso esforço despendido. 
É desse mito que vem a expressão “trabalho de Sísifo”, utilizada para designar aquelas tarefas que exigem esforços repetitivos penosos e irremediavelmente fadados ao fracasso, em infindáveis ciclos que alternam esperança e frustração e sem qualquer possibilidade de tentativa de recusa ou desistência.
Sísifo, escultura de Hans Marx (1993), na Avenida Charles de Gaulle, 
em Neuilly-sur-Seine, em Paris, França | Foto: Shutterstock

A economia brasileira, infelizmente, parece condenada há bastante tempo ao sobe e desce de Sísifo: quando tudo parece estar indo bem, a pedra rola ladeira abaixo, lá permanece por algum tempo e em seguida é novamente posta a subir, para depois cair novamente. Não estou me referindo apenas aos ciclos econômicos a que todas as economias estão sujeitas, mas a um fenômeno mais amplo, cuja natureza transcende a economia e que abraça, entre outros campos, o político, o jurídico, o histórico e o psicológico.

Do ponto de vista estritamente econômico, sabe-se há bastante tempo quais são as causas da formação da riqueza (ou da manutenção da pobreza) das nações, a saber, a liberdade econômica, a economia de mercado e o livre comércio. Em outras palavras, a riqueza dos países depende, essencialmente, de um cenário institucional garantidor das liberdades e dos direitos individuais, que proporcione aos agentes econômicos o exercício autônomo e responsável de seu esforço, criatividade, inventividade, trabalho e outras virtudes do espírito humano, diante do problema da escassez.

A diferença entre os liberais e os ditos “progressistas” é que os últimos, guiados pelo construtivismo racionalista, desejam que o Estado, direta ou indiretamente, se aposse do espetáculo, impondo a todos o cenário, o “script“, a rigorosa distribuição dos papéis e os preços dos ingressos referentes a uma peça cujos teor e resultados são pré-concebidos e impostos a todos

O crescimento econômico como ramo teórico remonta a Adam Smith, com a publicação de A Riqueza das Nações, em 1776. Seguramente, somente depois da publicação dessa obra é que se começou a perceber — concordando-se ou não com suas teses — que o desenvolvimento econômico poderia estar ao alcance de qualquer nação. 
A questão levantada por Smith, que — convém lembrarmosera um filósofo moral que se interessou pela Economia, é, a rigor, de natureza empírica e pode ser sintetizada em uma importante pergunta: se o objetivo é promover o bem comum e a prosperidade geral, o melhor meio é encorajar os indivíduos a fazerem os seus próprios juízos racionais e práticos, dentro do campo de ação de cada um, ou encorajá-los ou mesmo obrigá-los a pensarem nos interesses de toda a sociedade? 
Sua resposta, com a qual concordam os liberais (de ontem, de hoje e de sempre) é que, no conjunto, os indivíduos são capazes de promover o bem e a prosperidade geral com maior solidez, continuidade e efetividade pelo primeiro método do que pelo segundo.

Isso decorre, em parte, do princípio católico da subsidiaridade, que se refere ao fato de que as pessoas diretamente envolvidas em qualquer atividade estão em posição melhor para realizar julgamentos mais precisos e, portanto, para realizar as melhores ações do que as que “não pegam na massa”. Os romanos condensavam este princípio na máxima do pintor Apeles (séc. 4 a.C.) — “ne sutor supra crepidam” (não suba o sapateiro acima das sandálias) — pronunciada a um sapateiro que, depois de olhar um de seus quadros e criticar a pintura das sandálias, se pôs a censurar outros pormenores. Uma atitude sem dúvida semelhante à do Estado, quando se propõe a criar riqueza e distribuí-la, tarefas que não lhe competem.

Eis, portanto, os ingredientes básicos do processo gerador de riqueza: um cenário individual compatível com a liberdade individual e bons atores, isto é, saudáveis e educados, isto é, donos de capital humano. 
O que falta para um bom espetáculo? Falta apenas uma boa história, um “script” competente. 
A diferença entre os liberais e os ditos “progressistas” é que os últimos, guiados pelo construtivismo racionalista, desejam que o Estado, direta ou indiretamente, se aposse do espetáculo, impondo a todos o cenário, o “script“, a rigorosa distribuição dos papéis e os preços dos ingressos referentes a uma peça cujos teor e resultados são pré-concebidos e impostos a todos. 
Já os liberais não creem em histórias pré-concebidas: o “script” é uma consequência imprevisível, baseado em performances individuais autônomas, tal como em um concerto de jazz, em que os músicos improvisam sobre um tema, respeitando sua harmonia e criando melodias e figuras rítmicas, e os agentes econômicos agem livremente, respeitando os acordes legais e institucionais e dando vazão à sua criatividade.

A evidência empírica vem dando suporte às teses liberais que sustentam que a ação livre, autônoma e espontânea dos agentes econômicos, em um pano de fundo institucional que lhes garanta liberdade e segurança física e jurídica, é muito mais adequada à formação e à distribuição natural da riqueza do que aquilo que Hayek chamou de “pretensão fatal”, em que algumas pessoas se consideram em condições de determinar “quanto se vai crescer”, “como se vai crescer”, “quem vai ganhar ou perder”, “quanto se vai ganhar ou perder” etc.

Voltando ao Brasil, com base nessas considerações e examinando-se as experiências de diversos países, algumas bem-sucedidas, outras fracassadas, o que pode ser feito para trilhar a estrada da riqueza, reduzir a pobreza, eliminar a miséria e, portanto, respeitar a dignidade de milhões de brasileiros? 
A resposta liberal é bastante clara: reduzir os poderes do governo, recolocando-o no seu devido lugar, nas suas autênticas tarefas, entre as quais se inclui a indução de investimentos em saúde pública, educação básica, justiça e segurança. Isso feito, os cidadãos brasileiros — e não os políticos e tecnocratas — é que poderão dizer não “o que devemos crescer” e sim “o que podemos crescer”, com base na iniciativa individual, exercida em clima de liberdade, responsabilidade e baixa incerteza.

Sempre que governos se arrogam o direito de comandar a economia, a pedra fatalmente termina descendo a montanha, impossibilitando a riqueza de florescer. Os exemplos são inúmeros. Onde quer que se tenha colocado o Estado acima do indivíduo, os resultados sempre foram um desfile de fracassos, e atualmente estamos vendo a confirmação disso na Venezuela e outros vizinhos da América do Sul que não aprenderam a lição.

Nos últimos quatro anos, desde que a nossa economia passou a ser orientada, depois de décadas de intervencionismos diversos, por uma visão liberal, até que Sísifo chegou bem perto do cume: nem a pandemia, nem a guerra na Ucrânia, nem as perturbações energéticas foram capazes de impedir sua subida, e parecia que a maldição estava com os dias contados.

Mas, infelizmente, em menos de duas semanas, o pedregulho já começou a cair e pode-se afirmar que, com a visão econômica do novo governo, vai continuar descendo. 
Medidas como a retirada de estatais do programa de privatizações, bem como a suspensão de toda e qualquer privatização;
 indicações de que se pretende realizar uma “desreforma” da previdência e uma contrarreforma trabalhista para garantir fundos para os sindicatos; articulações para pôr fim ao direito dos empregadores de demitirem sem justa causa; 
extinção da Secretaria de Desburocratização e da secretaria que acompanhava o ingresso do Brasil na OCDE;
 tentativa de reversão do marco do saneamento;
 indicações de que a ideia infeliz de criar uma moeda única para o Mercosul pode estar sendo levada a sério; sinalizações de que o BNDES e os bancos públicos voltarão a subsidiar “campeões” escolhidos e outras, todas no sentido de aumentar o poder e a interferência do Estado sobre as atividades econômicas.

A par disso, no plano macroeconômico, as notícias são também preocupantes: tendência a forte aumento de gastos correntes e da carga tributária, decorrentes da crença no Estado como promotor do crescimento; e ausência de compromisso com o controle da inflação. Em resumo, dois venenos simultâneos: (1) regime fiscal deficitário, que acarretará dívida pública ascendente e juros mais altos, e (2) regime monetário expansionista, a dizer, inflação.

Nos últimos quatro anos, desde que a nossa economia passou a ser orientada, depois de décadas de intervencionismos diversos, por uma visão liberal, até que Sísifo chegou bem perto do cume: nem a pandemia, nem a guerra na Ucrânia, nem as perturbações energéticas foram capazes de impedir sua subida, e parecia que a maldição estava com os dias contados

A economia pode ser encarada como um jogo de que participam três jogadores: a autoridade monetária (Banco Central), a autoridade fiscal (que determina receitas e despesas públicas) e o restante dos agentes econômicos, que a literatura denomina de “público”
Por outro lado, como se sabe, o governo pode financiar os seus gastos de três maneiras, não mutuamente excludentes: contrair dívida junto ao setor privado, aumentar tributos e expandir a oferta de moeda. 
 Por fim, é preciso levar em conta o papel que as expectativas representam nas decisões do “público”:  
e, por alguma razão (como ocorre no momento), esperam-se preços mais altos no futuro, por que esperar isso acontecer, se cada agente achar que pode obter vantagens sobre os demais caso aumente o preço dos seus produtos agora?

Por isso, é importantíssimo olhar para o modo como se relacionam entre si as autoridades fiscais e monetárias. Há três tipos de relações.

Na primeira, o Banco Central não é independente e não existe expectativa de aumento de preços. Nesse caso, se o Banco Central adotar uma política de austeridade monetária, as autoridades fiscais terão de financiar o seu déficit tomando mais dívida, o que fatalmente jogará a taxa de juros para cima, e, mais cedo ou mais tarde, a autoridade monetária será forçada a sancionar a inflação. Portanto, neste primeiro caso, apertos na política monetária hoje podem implicar inflação no futuro.

Na segunda, o Banco Central também não é autônomo, mas há expectativas de que os preços vão subir. Nesse caso, o déficit fiscal terá de ser suprido também por mais dívida, isso também vai provocar aumentos na taxa de juros, mas, dada a influência das expectativas, os agentes econômicos anteciparão a inflação de preços, obrigando a autoridade monetária a sancioná-la já, pela emissão de moeda. Portanto, na presença de expectativas de inflação, apertos na política monetária agora podem significar inflação imediata.

Por fim, a terceira relação acontece quando o Banco Central é independente (como o nosso) e as autoridades fiscais continuam a gerar déficits substanciais, como tudo indica que virá a acontecer no Brasil. Nesse caso, a queda de braço entre política monetária austera e política fiscal festeira fatalmente vai desembocar em quebradeira generalizada: pelo lado monetário, o Banco Central terá de aumentar seguidamente e cada vez mais a taxa de juros, em razão de sua obstinação em não admitir inflação; e, pelo lado fiscal, o crescimento vertiginoso da alternativa solitária para financiar o déficit, ou seja, da dívida pública, implicará irremediavelmente aumento da taxa de juros. O resultado de tudo isso é que provavelmente a inflação não vai explodir, mas o Estado vai literalmente quebrar, arrastando com ele o setor produtivo, ou seja, empresas, empreendedores e trabalhadores.

Isso que você acabou de ler, por mais preocupações que acarrete, não tem absolutamente nada a ver com ideologia política, nem com essa ou aquela escola de pensamento econômico, nem com simpatias ou antipatias por esse ou aquele economista ou aqueloutro político. É, simplesmente, aritmética básica, aquele velhíssimo conjunto de operações numéricas elementares, ensinado desde a nossa mais tenra infância por alguma “tia” abnegada e querida.

E o custo de se desafiar a aritmética, nesse caso, poderá ser extremamente elevado. Força, Sísifo!

Leia também “Um conjunto de barbaridades econômicas”


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Ubiratan Jorge Iorio é economista, professor e escritor - Revista Oeste