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domingo, 26 de maio de 2019

Os enviados de Deus

Governantes que precisam apelar


Muitos governantes invocam o nome de Deus como escudo, registra a história. Em seu reinado, o ditador Franco, “caudillo da Espanha pela Graça de Deus” referia-se sempre à Providência Divina: “Deus colocou em nossas mãos a vida de nossa Pátria para que a governemos”. A fascista Falange Espanhola o declarou “responsável perante Deus e a história”.  Monarcas justificam tudo pelo direito divino, independentemente da vontade dos súditos. Hassan II, no Marrocos, se declarava descendente do profeta Maomé: “Não é a Hassan II que se venera, mas ao herdeiro de uma linhagem dos descendentes do profeta Maomé”.

Hirohito, imperador do Japão de 1926 a 1989, era visto como divindade. Criou uma aura, distante da população que viveu guerras e mortes. Vestia-se como um “imperador divino e perfeito”, descendente da deusa do sol, Amaterasu.  O ditador Idi Amin Dada, de Uganda, garantia ao povo que conversava com Deus em sonhos, espécie de aval aos seus atos. Um dia perguntaram: “o senhor conversa com frequência com Deus”? Ele: 

Hirohito, imperador do Japão de 1926 a 1989, era visto como divindade. Criou uma aura, distante da população que viveu guerras e mortes. Vestia-se como um “imperador divino e perfeito”, descendente da deusa do sol, Amaterasu.
O ditador Idi Amin Dada, de Uganda, garantia ao povo que conversava com Deus em sonhos, espécie de aval aos seus atos. Um dia perguntaram: “o senhor conversa com frequência com Deus”? Ele: “Sempre que necessário”. Já em Gana, os eleitores cantavam assim a figura de Nkrumah: “o infalível, o nosso chefe, o nosso Messias, o imortal”. 
Aqui se eleva aos céus a figura de Jair Bolsonaro. A quem um pastor evangélico do Congo, Steve Kunda, assim se refere: Na história da bíblia, houve políticos que foram estabelecidos por Deus. Um exemplo, o imperador da Pérsia, Ciro. Antes do seu nascimento, Deus fala através de Isaías: ‘Eu escolho meu sérvio Ciro’. E o senhor Bolsonaro é o Ciro do Brasil”.
O nosso Messias jogou o vídeo nas redes sociais. E entoou: “Brasil acima de tudo; Deus acima de todos”.

Para reforçar, o bispo Edir Macedo pede que Deus ‘remova’ quem se opõe a Bolsonaro, acusando políticos de tentarem “impedir o presidente de fazer um excelente governo”. O fato é que os governantes em países atrasados culturalmente e até desenvolvidos organizam seu próprio culto. Querem a imprensa cultivando sua imagem de herói, Salvador da Pátria, Super-Homem, Pai dos Pobres, Enviado dos Céus. Nietsche já alertava contra tal esperteza: “o super-homem destrói os ídolos, ornando-se com seus atributos. A apoteose da aventura humana é a glorificação do homem-Deus”.
Essa mania do parentesco com Deus ressurge na onda direitista e populista que se espraia pelo planeta, incluindo Hungria, Polônia, Áustria, Itália, Suíça, Noruega, Dinamarca, Filipinas, Turquia e, claro, os Estados Unidos de Donald Trump.

Esses governantes assumem comportamento autoritário, criam estruturas próprias de comunicação, formam alas sociais amigas e inimigas, fustigam a imprensa. Tentam impedir a mídia tradicional de cumprir sua missão de apurar os fatos, vigiar e cobrar dos poderes públicos.
Cortam investimentos publicitários, extinguem empregos e investem no “achismo” das redes sociais. Os efeitos brotam: perda de credibilidade na informação; formação de exércitos na guerra da contrainformação; apartheid social.
No meio do turbilhão, Jair ataca a imprensa e os políticos e, quem sabe, pensa subir ao trono das divindades. Já tem até identidade: afinal, Messias é seu sobrenome.

 

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Senado paralisa Itamaraty

“ONU, Paraguai, Grécia, Guiana, Hungria, Marrocos, França, Romênia, Bulgária, Jordânia, Portugal, Bahamas, Egito, UNESCO e Catar aguardam novos embaixadores, além de Itália, Santa Sé e Malta e CPLP”


A relação do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, com o Congresso, na linha de atuação do guru Olavo de Carvalho, está criando a maior dor de cabeça para o Itamaraty. Quinze novos embaixadores designados pelo ministro foram parar na geladeira da Comissão de Relações Exteriores do Senado, apesar da conversa entre o chanceler brasileiro e o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que somente liberou a apreciação das indicações de três embaixadores até agora, todos por interferência de outras autoridades.

O presidente da Comissão, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), é aliado de primeira hora de Alcolumbre. Hoje, em reunião extraordinária da Comissão, segundo a pauta que estabeleceu, serão examinados os nomes dos embaixadores designados para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com sede em Lisboa, Pedro Fernandes Pretas, um pedido do ministro-chefe do Gabinete de segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno; para Santa Sé e Malta, Henrique da Silveira Sardinha Pinto, solicitação do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG); e da Itália, Hélio Vitor Ramos Filho, cujo padrinho é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A primeira indicação será relatada pela senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), a segunda pelo próprio Anastasia e a terceira, pelo senador Jarbas Vasconcelos(PMDB-PE). Todos são de oposição.

Nos bastidores do Itamaraty, a interpretação é de que as dificuldades estão num contexto mais amplo do que as relações dos diplomatas indicados para os postos no exterior com o Congresso, porque a maioria deles exerceu funções técnicas e não têm rusgas políticas com os senadores. Também não existe nenhuma “pendência” do presidente do Senado com o Itamaraty. Há cerca de um mês, o chanceler Ernesto Araújo esteve com Alcolumbre para solicitar a aprovação de suas indicações, sem sucesso até agora. Araújo já se queixou com o presidente Jair Bolsonaro sobre a demora nas nomeações, mas não houve nenhuma iniciativa do Palácio do Planalto no sentido de agilizar a apreciação dos nomes.

A substituição de embaixadores em postos estratégicos é normal na troca de governos, o que não é normal é essa demora. Também não é trivial a ruptura promovida por Araújo, que resolveu “caronear” — para usar uma expressão militar — a elite diplomática do país e promover diplomatas mais jovens para os postos mais relevantes. O ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira foi elegante ao deixar o cargo que ocupou durante o governo Temer, evitando trocas nos postos primordiais, como as embaixadas de Estados Unidos, França e Portugal, com o objetivo de facilitar a vida de seu sucessor e a dos próprios diplomatas. A demora nas nomeações, porém, tornou-se um empecilho para a política externa, porque os embaixadores que serão substituídos já fizeram suas mudanças e cumprem um expediente meramente formal, aguardando o substituto estoicamente.

Beija-mão
É o caso do embaixador Sérgio Amaral, em Washington, que aguarda seu substituto até hoje. Demitido antes mesmo de Jair Bolsonaro tomar posse, suporta com galhardia o constrangimento de ter que representar o país sabendo que já não tem nenhuma sintonia com o novo chanceler e o atual governo. As embaixadas também ficam em compasso de espera, porque as iniciativas estratégicas dependem da chegada dos novos embaixadores. No jargão diplomático, perdem o “drive”, ou seja, o impulso de trabalho e a energia para novas iniciativas.


No caso dos Estados Unidos, Bolsonaro ainda nem escolheu o substituto. A expectativa era de que o nome do novo embaixador fosse anunciado para o presidente Jair Bolsonaro no seu encontro com Donald Trump, mas isso não ocorreu. Os nomes que chegaram a ser cotados foram o do cientista político Murillo de Aragão, da Consultoria Arko Advice, que era apadrinhado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, e o do ministro de segunda classe Néstor Forster, preferido do chanceler Ernesto Araújo.  Estão no limbo, aguardando aprovação do Senado, os novos embaixadores na Organização das Nações Unidas (ONU), Ronaldo Costa Filho; no Paraguai, Flávio Damião; na Grécia, Roberto Abdalla; na Guiana, Maria Clara Clarísio; na Hungria, José Luiz Machado Costa; no Marrocos, Júlio Bitelli; na França, Luiz Fernando Serra; na Romênia, Maria Laura Rocha; na Bulgária, Maria Edileuza Fontenele Reis; na Jordânia, Riu Pacheco Amaral; em Portugal, Carlos Alberto Simas Magalhães; nas Bahamas, Cláudio Lins; no Egito, Antônio Patriota; na UNESCO, Santiago Mourão; e no Catar, Luiz Alberto Figueiredo.

Tradicionalmente, no Senado, há uma espécie de romaria do beija-mão dos indicados para cargos que dependem de aprovação no Senado, como as agências reguladoras e tribunais superiores. Os designados visitam os integrantes das comissões encarregados de apreciar a indicação, os líderes de bancada e os integrantes da Mesa do Congresso. No caso dos embaixadores, porém, nunca houve isso, bastavam as visitas formais ao presidente da Comissão de Exteriores para marcar as sabatinas. Foram raras as vezes em que indicações foram embarreiradas no Senado, quase sempre em retaliação ao Executivo, por algum motivo. O código para derrubar uma indicação em plenário era coçar a gravata, para ninguém ser constrangido por discursos e encaminhamentos de votação.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB


segunda-feira, 15 de abril de 2019

A última noite

Por seis domingos, milhões de pessoas ao redor do mundo vão assistir ao mesmo tempo aos episódios finais de 'Game of Thrones'

O que torna uma série grande? Se a resposta começar pela história que os números contam, a televisão contemporânea não conhece série maior do que Game of Thrones: uma recordista em custo (ao norte de 100 milhões de dólares por temporada), recordista em audiência (na sétima temporada, 30 milhões de espectadores por episódio só nos Estados Unidos) e, lamentavelmente, recordista também em pirataria (estima-se que essa mesma sétima temporada tenha sido pirateada 1 bilhão de vezes). Nunca se montou, também, uma operação tão ambiciosa: como uma versão moderna de Júlio César e Marco Antônio, os criadores David Benioff e D.B. Weiss estabeleceram o quartel-­general da produção na Irlanda do Norte e orquestraram sua campanha de ocupação da cultura pop revezando-se entre Belfast e os postos avançados na Croácia, na Islândia, no Marrocos, na Espanha e em Malta.

(...)


QUEBRANDO TABUS - Lena Headey e Nikolaj Coster-Waldau como os gêmeos e amantes Cersei e Jaime: incesto, violência crua e muita nudez (HBO/Divulgação)

(...)
 (./.)
GoT virou uma potência, mas estreou como uma aposta incerta. Fantasias vão bem no cinema, mas tendem a claudicar na TV: nem as telas menores são o palco ideal para elas nem os recursos de produção costumam fazer jus às exigências visuais do gênero. Ademais, a saga escrita pelo americano George R.R. Martin era popular, mas nem de longe nos termos de O Senhor dos Anéis. O americano Peter Dinklage, que faz Tyrion Lannister, recebeu ressabiado o convite dos produtores:

(...)

A habilidade decisiva de Benioff e Weiss, entretanto, é outra. Veja-se o caso dos atores de estatura extraordinária de GoT. Não há muitos bons papéis por aí para homens na casa dos 2 metros de altura, mas a dupla achou lugar para vários deles: por exemplo, Ian Whyte (o gigante Wun Wun, 2,16 metros), Kristian Nairn (Hodor, 2,13), Hafthór Júliús Björnsson (Montanha, 2,06), Rory McCann (Cão de Caça, 1,98). E então a série fez algo quase miraculoso: deu a eles arcos dramáticos de verdade. O tímido, gentil e medroso Hodor carregou Brandon Stark por toda Westeros pronunciando uma única palavra — o próprio nome. Kristian Nairn o repetiu 101 vezes enquanto esteve em cena, e achou para ele nuances tocantes. O escocês Rory McCann, por sua vez, brilhou ao transformar Cão de Caça, um brutamontes cruel, em um homem que nunca deixará de ser um brutamontes, mas não suporta mais ser cruel. GoT dedicou o mesmo respeito à atriz Gwendoline Christie, de 1,91 metro: como Brienne de Tarth, uma cavaleira sempre em busca de alguém a quem possa servir com honra, Gwendoline explorou com delicadeza as constrições que a aparência pode impor a uma pessoa — e também a libertação que se pode encontrar nela.
É aí que talvez esteja o talento maior da dupla de produtores: a maneira como aprofundaram seus personagens (ou boa parte deles) e deixaram que eles mesmos fossem se revelando para o público, cada um a seu tempo — do humanismo que move o intrigante Lorde Varys à frieza escondida em Arya; do coração largo de Tyrion ao espírito submisso de seu irmão Jaime; da bravura do covarde Samwell Tarly à fibra que Daenerys encontra em si. Tornar cada personagem único e inteiro é a primeira regra para quem almeja conquistar o espectador — e é a mais difícil de cumprir na íntegra. GoT conseguiu criar fileiras de personagens assim graças, também, ao seu equilíbrio entre veteranos e estreantes. 
UM PRATO FRIO - Arya Stark (Maisie Williams) mata o traidor Walder Frey (David Bradley): mocinha faminta de vingança (HBO/Divulgação)

GoT está longe de ser a primeira série em que a HBO lida com violência explícita, sexo gráfico, nudez frontal masculina, profanidade e tabus variados — para ficar em um único caso, a excelente Roma, exibida entre 2005 e 2007, tinha doses generosas de tudo isso. Mas foi, talvez, seu laboratório mais avançado: tratando de incesto (e com filhos nascidos dele), tornou autêntico o sentimento entre os gêmeos Cersei e Jaime Lannister (Lena Headey e Nikolaj Coster-Waldau); mostrando atos de barbaridade monstruosa, como a morte do príncipe Oberyn (Pedro Pascal), chocou sempre pela fragilidade com que o corpo derrota a arrogância; pondo em cena dúzias de homens e mulheres nus, nos bordéis de Porto Real, lembrou como pode ser degradante esse comércio para os que são explorados por ele.

Continue lendo, MATÉRIA COMPLETA, em VEJA,  edição nº 2630
Publicado em VEJA de 17 de abril de 2019, edição nº 2630

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Religião - Francisco faz primeira visita de um papa ao berço do islamismo

Emirados Árabes Unidos recebe o papa em visita histórica

Essa é a a primeira visita de um chefe da Igreja Católica ao berço do Islamismo



O papa Francisco chegou neste domingo, 3, aos Emirados Árabes Unidos, no que constitui a primeira visita de um chefe da Igreja Católica à Península Arábica, berço do Islamismo. Antes de empreender a viagem aos Emirados, Francisco pediu, ainda neste domingo, que “favoreçam com urgência o cumprimento dos acordos alcançados” para uma trégua na cidade portuária de Hodeida, no Iêmen, crucial para o acesso da ajuda humanitária. A guerra no Iêmen opõe as forças pró-governo, apoiadas no terreno desde 2015 pela Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, aos rebeldes huthis xiitas, respaldados pelo Irã e que controlam amplas zonas do país, incluindo a capital Sanaá.

O avião do chefe da Igreja Católica chegou ao Aeroporto de Abu Dhabi pouco antes das 22 horas locais (16 horas de Brasília). Antes de sair de Roma, Francisco escreveu no Twitter: “Estou partindo para os Emirados Árabes Unidos. Me dirijo a esse país como um irmão para escrevermos juntos uma página de diálogo e percorrermos juntos os caminhos de paz. Orem por mim!”. A bordo do avião, o papa disse que soube que estava chovendo em Abu Dhabi. “Nesses países é visto como um sinal de bênção”, destacou.

Segundo o programa, esta visita será dominada pelo diálogo entre as religiões. Um encontro inter-religioso internacional está previsto para segunda-feira, 4.
Neste domingo de manhã, ao redor da Catedral São José de Abu Dhabi, os fiéis se aglomeravam perto do local, decorado com as cores do Vaticano e dos Emirados, para conseguir os últimos lugares para a missa papal de terça-feira, 5, que se apresenta como a maior manifestação popular realizada neste país, com a presença de mais de 130 000 fiéis. Com a aproximação da visita, o padre Elie Hachem, que oficia na Catedral de São José, está em êxtase e fala de algo “histórico”. Segundo ele, o papa vem com “uma mensagem de paz”.
Há cerca de um milhão de católicos neste país, adepto a um Islamismo moderado e cuja sociedade é bastante aberta ao mundo exterior. A maioria são trabalhadores asiáticos, que podem praticar a sua religião em oito igrejas.

Os responsáveis da federação não deixaram de insistir no tema de “tolerância dos Emirados Árabes Unidos”, em particular pelo encontro previsto entre o papa e o imã de Al-Azhar, a principal instituição do Islamismo sunita que fica no Cairo, o xeque Ahmed al-Tayeb. Diferentemente do seu vizinho saudita, que proíbe a prática de outras religiões que não sejam o Islamismo, os Emirados Árabes Unidos querem projetar uma imagem de país tolerante.

Não obstante, as autoridades controlam as práticas religiosas e reprimem a contestação política e a exploração da religião, inclusive pelos adeptos de um Islamismo político, encarnado pela Irmandade Muçulmana. Anwar Gargash, ministro das Relações Exteriores, fez alusão a isso neste domingo em um tuíte no qual critica o Catar, boicotado por seu país e três de seus aliados, que o acusam de apoiar islamitas radicais, o que Doha desmente.  O ministro destacou a diferença entre o “mufti do terrorismo”, em referência ao religioso Yusef al-Qardaui, considerado chefe espiritual da Irmandade Muçulmana, que é protegida pelo Catar, e o seu país, que acolhe um dos símbolos de “tolerância e amor”, que são o papa e o imã de Al-Azhar.

A organização Anistia Internacional pediu ao papa que coloque sobre a mesa em Abu Dhabi a questão do respeito aos direitos humanos e criticou que muitos dissidentes permaneçam detidos no país. A Human Rights Watch também pediu neste domingo ao papa que aproveite a sua visita para falar da situação dos direitos humanos no Iêmen, onde os Emirados intervêm militarmente junto com a Arábia Saudita
Desde o início do seu pontificado, o papa viajou a vários países cuja população é majoritariamente muçulmana, como Egito, Azerbaijão, Bangladesh e Turquia. Em março viajará ao Marrocos.


Revista VEJA

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Não é qualquer um que entra em nossa casa', diz Bolsonaro sobre migrantes

Presidente retirou o Brasil do Pacto de Migração da Organização das Nações Unidas (ONU) na terça

terça-feira, 19 de junho de 2018

CBF, tão sem noção, erra o próprio nome em carta enviada à Fifa para questionar arbitragem

Brasileiros reclamaram muito contra a arbitragem na estreia da Seleção

Pela primeira vez, diretor da Fifa admite 'erro' em gol da Suíça contra o Brasil  

[pretensiosos como são, CBF,  Tite e Galvão Bueno vão exigir da Fifa nova partida entre Brasil e Suíça.]

A arbitragem do jogo entre Brasil e Suíça no domingo "errou" no gol de empate do time europeu. A avaliação é de Marco Van Basten, ex-jogador e hoje diretor técnico da Fifa. Essa, porém, não é a percepção dos responsáveis pela tecnologia e nem pela arbitragem. "Tive várias discussões com pessoas dentro da Fifa sobre esse assunto nos últimos dias", explicou. "Acho que precisamos aprender com esse caso", defendeu. Segundo ele, os brasileiros agiram de forma correta ao se queixar em uma carta enviada para a Fifa

Para ele, isso não vai mudar o resultado do jogo. Mas pode ajudar a Fifa a avaliar seu próprio processo. "Não acho que o juiz deveria ter dado aquele gol", defendeu. "Essa é minha opinião pessoal", ponderou.  Na carta, a CBF solicita uma cópia do áudio das conversas entre o árbitro de campo e a cabine que se ocupa do vídeo. A entidade também quer as imagens. Ainda que não haja como objetivo rever o resultado do jogo, a CBF quer que a Fifa tenha consciência de que o sistema falhou.  A Fifa já indicou que irá responder à carta enviada pela CBF. Mas teme que, ao entregar o áudio à seleção, abrirá um precedentes perigoso, levando a uma pressão indevida sobre os árbitros.

Já os comentários do ex-jogador holandês apontam que não existe um consenso dentro da entidade sobre o tratamento do caso de Miranda. A avaliação de Van Basten não é a mesma da cúpula da arbitragem na entidade. A percepção no Comitê dos Árbitros é de que o juiz da partida agiu de forma "correta" e não houve nem falta em Miranda e nem pênalti em Gabriel Jesus. Segundo o corpo técnico que se ocupa da aplicação do VAR, os árbitros na cabine avaliaram a cena do suposto empurrão sobre Miranda, inclusive em câmara lenta.

Mas chegaram à conclusão de que não houve uma falta. Por isso, não pediram que o árbitro em campo paralisasse a partida e apenas o disseram para seguir. Um dos aspectos avaliados foi o posicionamento de Miranda, que não teria sido desequilibrado na visão dos árbitros. Já no caso de Gabriel Jesus, o mesmo processo ocorreu. Na cabine do VAR, os árbitros reavaliaram o lance, mesmo sem que o juiz da partida soubesse. Mas optaram por não alertar o árbitro César Ramos sobre uma eventual irregularidade e indicaram que poderia seguir. Por isso, o lance também seguiu.

Fontes na Fifa ainda indicaram que usaram o "super slow replay" - uma tecnologia que permite rever a imagem num ritmo ainda mais lento - para tomar uma decisão no que se refere ao lance de Gabriel Jesus. Mas concluiu que não houve pênalti.  Na avaliação da cúpula da Fifa, o VAR não pode tirar do futebol seu caráter de contato. "Caso contrário, matamos o jogo", afirmou um dos principais dirigentes da entidade. Entre os membros da CBF, a percepção era de que a carta não mudará nada do resultado. Mas a entidade precisava "se pronunciar". "Precisamos marcar posição", disse Gustavo Feijó, vice-presidente da CBF.

Feijó foi alvo de uma operação policial em meados do ano passado por conta da suspeita de recebimento de R$ 600 mil da CBF para sua campanha eleitoral para prefeito de Boca da Mata (AL). A Polícia Federal apurou que sua campanha teria custado R$ 2 milhões. Mas Feijó apenas declarou R$ 105 mil. Já o presidente da CBF, coronel Antônio Nunes, preferiu não se pronunciar sobre a carta e nem sobre o lance. Quando foi questionado pela imprensa internacional e brasileira sobre o assunto, apertou o passo e foi conduzido por um de seus assistentes para longe dos jornalistas.

Em vez de Confederação Brasileira de Futebol, o documento é assinado pela "Confederação Brasileira de Fitebol"

Revoltada com a arbitragem na partida de estreia de Seleção contra a Suíça, a Confederação Brasileira de Futebol decidiu enviar um documento formal à Fifa questionando a atuação do árbitro mexicano Cesar Ramos. O problema é que a entidade cometeu uma pequena gafe no documento e acabou errando o próprio nome. Em vez de Confederação Brasileira de Futebol, a carta é assinada pela "Confederação Brasileira de Fitebol".
 

Na carta, enviada à Comissão de Arbitragem da Fifa, a CBF declara que considera estranho que Ramos não tenha nem solicitado a utilização do árbitro de vídeo no lance. Para a entidade, o protocolo para o uso do VAR não foi cumprido pelo juiz, seus assistentes e pelos árbitros de vídeo, sendo que o recurso já foi usado em diversas oportunidades em outras partidas do início desta edição da Copa do Mundo. 

(...)

Os brasileiros também reclamaram de um pênalti em Gabriel Jesus, que teria sido puxado por um zagueiro dentro da área, no segundo tempo. Mas o próprio técnico Tite entendeu ser sido este um lance interpretativo, assim como outros membros da sua comissão e até mesmo companheiros do atacante do Manchester City, que assegura ter sido derrubado no lance, quando o placar estava empatado em 1 a 1. Para os membros da CBF e da seleção, se os lances eram duvidosos, deveria ter ocorrido a consultar ao VAR, mesmo que o árbitro optasse por não marcar a falta em Miranda, principal alvo da reclamação da entidade, assim como o pênalti em Gabriel Jesus. Além disso, há dúvidas sobre como e se Ramos recebeu informações de que as duas jogadas reclamadas pela equipe nacional foram legais.

Em seu comunicado, a CBF faz alguns questionamentos. A entidade pergunta se Valeri sugeriu ao árbitro principal se ele deveria revisar algum lance durante o jogo entre Brasil e Suíça, se Ramos pediu orientação dos responsáveis pelo VAR sobre alguma jogada e se houve qualquer tipo de comunicação entre eles. A decisão da CBF foi tomada após uma série de reuniões envolvendo membros da comissão técnica de Tite e da diretoria da confederação. A decisão, inclusive, vai em direção um pouco diferente da adotada pelo treinador na entrevista coletiva após o duelo com a Suíça no último domingo. O técnico reclamou do trabalho do árbitro mexicano, mas também declarou que a discussão não deveria ser expandida, até para não ser vista como uma tentativa de minimizar o resultado negativo da estreia brasileira na Copa do Mundo.

Mais cedo, a Fifa avaliou como boa a atuação de Ramos, o que teria irritando ainda mais a cúpula da CBF. Essa defesa do trabalho do árbitro mexicano, inclusive, teria pesado na decisão da confederação de enviar o documento reclamando do trabalho do juiz no confronto que marcou a estreia do Brasil neste Mundial. Também  houve a gafe do coronel Antônio Carlos Nunes, atual presidente da entidade, na hora da escolha da sede da Copa de 2026. O Brasil se comprometeu a votar com a Conmebol pela tripla candidatura de México, Estados Unidos e Canadá. No entanto, achando que o voto era secreto, escolheu Marrocos. A escolha acabou sendo revelada e foi criada uma situação incômoda para o país. 
 


 

 

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Copa do Mundo de 2026 será sediada por Estados Unidos, Canadá e México

Decisão foi tomada nesta quarta-feira, no 68º Congresso da Fifa

Num processo que envolveu até chefes de estado, a Fifa definiu a América do Norte como sede da Copa do Mundo de 2026. Esta é a primeira vez que o evento será disputado em um continente, e não apenas num país. O Mundial ainda volta para o mercado norte-americano, mais de três décadas depois da primeira Copa, em 1994.

A América do Norte ficou com 134 votos, contra apenas 65 para o Marrocos. Assim, será também a primeira vez que um Mundial será disputado em três países ao mesmo tempo. Antes, o evento só havia sido dividido em dois países, no Japão e na Coreia do Sul, em 2002, quando o Brasil faturou o pentacampeonato.  A votação ocorreu na manhã desta quarta-feira, em Moscou, durante o Congresso anual da Fifa. Os norte-americanos usaram uma cartada que agradou a muitos na Fifa: a promessa de uma receita recorde de US$ 15 bilhões (cerca de R$ 55 bilhões), quase três vezes o que se obteve no Brasil em 2014.

A votação ainda cumpriu um plano do presidente da Fifa, Gianni Infantino, que precisava levar o Mundial para os EUA, país que o apoiou para assumir o comando da entidade em 2016. Numa tacada só, ele retribuiu sua eleição, compensou os americanos pela derrota na disputa pela Copa de 2022 e ainda criou um compromisso do governo dos EUA de não atacar sua entidade. Pelos planos da América do Norte, um total de 17 cidades se candidataram para receber os jogos, sendo que 80% da Copa ocorrerá nos EUA, enquanto México e Canadá ficarão cada um deles com 10% das partidas. A Copa deverá ser a primeira com 48 seleções, o que exigirá 80 partidas, dezenas de campos de treinamento e uma infraestrutura perfeita. Na avaliação técnica da Fifa, a candidatura norte-americana era bem superior à marroquina.

Depois da polêmica e suspeita de compra de votos para a Copa de 2022, a Fifa reformou seu processo de eleição. Até agora, quem votava eram apenas os 24 membros do Comitê Executivo da entidade - o órgão caiu em descrédito e foi substituído pelo Conselho da Fifa. Desta vez, as 209 federações votaram e o resultado foi publicado.  Marrocos, em sua última apresentação diante dos eleitores, tentou insistir no aspecto emocional, alertando que a decisão não pode ser apenas financeira. Um dos ministros marroquinos também acompanhou a delegação, dando garantias financeiras. Mas ele também apontou que as armas estão proibidas no país, num ataque aos americanos. Outra arma usada: a acusação diante dos eleitores de que um garoto americano não saberia quem seria Maradona.

Já nos bastidores, os marroquinos também tentaram insistir no fato de que a candidatura unida não seria tão unida, diante da tensão hoje existente entre o presidente americano, Donald Trump, e seus vizinhos.  Como resposta, a candidatura americana usou um jogador canadense, que chegou como refugiado, para romper com a imagem de racismo ou xenofobia do governo de Trump. As referências aos imigrantes, união e solidariedade se repetiam. Brianna Pinto, jogadora americana, fez referência à sua boa relação com atletas iranianas. Mas não convenceu.

Os americanos também insistiram que, pela infraestrutura que o continente dispõe, a Copa poderia ocorrer lá a qualquer momento. "Já está tudo pronto. Não precisamos construir nada", apontou um vídeo da candidatura. Além disso, a receita da Copa no Marrocos seria menos da metade daquela que os americanos garantiriam.  A realidade é que a última noite foi permeada por barganhas e tensão. Na véspera do voto, Holanda e Luxemburgo mudaram de lado e anunciaram seu apoio ao marroquinos. Nos bastidores, o ex-presidente da Uefa, Michel Platini, estava na campanha. O governo da França, depois de receber promessas de que ganharia contratos em obras no Marrocos para os novos estádios, passou a ser o principal cabo eleitoral.

Mas as capitais e governos também entraram na disputa. Os cartolas americanos solicitaram que Donald Trump usasse o encontro histórico com a Coreia do Norte para pedir apoio do país asiático à sua candidatura.  Horas antes da votação, o presidente Vladimir Putin informou ao presidente da Fifa, Gianni Infantino, de que apoiaria os americanos, levando consigo seus aliados.  Trump também acionou o Conselho Nacional de Segurança para fazer pressão entre os aliados, enquanto seu genro, Jared Kushner, convenceu os sauditas a não apoiar o país muçulmano e se aliar aos americanos. Funcionou. 

Correio Braziliense

 

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Voando com dinheiro público

O mês de maio é considerado uma das melhores épocas do ano para viajar a Roma

O clima é ameno, e a temperatura varia entre 10 e 27 graus. Católicos que estiveram por lá nesse período no ano passado puderam assistir a um show dos padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo no Circo Massimo, a fantástica ruína romana onde eram realizadas no passado corridas de bigas. Mas ninguém na plateia foi mais afortunado que o deputado Fernando Coutinho (PROS-PE). Ele viu o show de graça. Suas despesas foram pagas pela Câmara dos Deputados, portanto, dinheiro público. 

 É FESTA Deputados estiveram no excêntrico cassino português (Crédito: Divulgação)

A viagem de Coutinho aconteceu no momento em que a Câmara já patinava na discussão da Reforma da Previdência. É um exemplo contundente da existência na Câmara de uma turma de congressistas que, preocupados com o próprio umbigo, se lixam para a situação do País.
 
Com uma enxurrada de projetos à espera de aprovação em comissões e no plenário, os deputados preferem dar suas escapulidas. Sob o caráter de “missões oficiais”, eles gastaram em 2017 nada menos que R$ 1,6 milhão somente em diárias para viagens ao exterior, para destinos como o Caribe, Inglaterra, Portugal, Itália, Espanha e Estados Unidos. Não raras vezes para assistir a shows ou discutir a conservação do Atum Atlântico na cidade de Marrakesh, no Marrocos. De acordo com dados confirmados por ISTOÉ junto ao portal de Transparência da Câmara, os parlamentares fizeram, em 2017, 286 viagens ao exterior. Foram pagas 1.312 diárias a um total de 184 deputados. O destino mais visitado foi Nova York, com 100 viagens. Para Lisboa, foram 23. Para Jerusalém, 17. Roma e Cidade do Panamá, 16.

Visitar cassinos no exterior foi um dos focos de alguns parlamentares. Entre os dias 5 e 20 de janeiro, em pleno recesso parlamentar, oito deputados foram ao exterior para tratar do funcionamento de cassinos e jogos de azar, que são proibidos no Brasil. Na China, entre idas a Xangai, Macau e Hong Kong, consumiram 40 diárias, totalizando R$ 63 mil. Foram ter uma aula sobre exploração de jogos de fortuna e azar naquele país. Para lá rumaram Herculano Passos (MDB-SP), Damião Feliciano (PDT-PB), Weliton Prado (PROS-MG), Hildo Rocha (MDB-MA), Lelo Coimbra (MDB-ES), Evandro Roman (PSB-PR), Jaime Martins (PROS-MG) e José Rocha (PR-BA).

Em novembro, a discussão sobre a legalização dos jogos fez com que os deputados Paulo Azi (DEM-BA), Efraim Filho (DEM-PB) e José Carlos Aleluia (DEM-BA) viajassem a Londres e Lisboa. Na Inglaterra, participaram da World Trade Market (WTM), a mais importante feira do setor do turismo no mundo. Já em Lisboa, estiveram reunidos com representantes do Grupo Estoril Sol e emprestaram a expertise deles sobre regulamentação de jogos, visitando cassinos na capital de Portugal.

Em 2017, 184 deputados visitaram 80 cidades pelo mundo afora. Os gastos consumiram R$ 1,585 milhão dos cofres públicos

O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), organizou sua excursão. Em novembro, ele e nove deputados usaram o avião da FAB para viajar a Israel, Palestina, Itália e Portugal. No périplo, visitaram o Museu do Holocausto, em Israel e a Basílica da Natividade, em Belém. Custo total: R$ 88 mil. Com o plenário não raro às moscas, 184 deputados exibem suas prioridades: preferem voar pelo mundo às custas do dinheiro do povo.

Ary Filgueiras - IstoÉ


 

domingo, 21 de janeiro de 2018

Donald Trump e o novo inferno chamado Bruxelas

Quando o então candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump salientou em janeiro de 2016 que, graças à imigração em massa, Bruxelas estava se transformando em um inferno, políticos belgas e europeus unidos se entrincheiraram nas barricadas da mídia afirmando: como ele ousa dizer uma coisa dessas? Bruxelas, capital da União Europeia, quintessência do mundo pós-moderno, vanguarda da nova “civilização global”, inferno? Indubitavelmente a assimilação dos recém-chegados nem sempre é tranquila, podendo haver atritos de tempos em tempos. Mas não importa, eles ressaltavam o seguinte: Trump é um bufão e seja lá como for ele tem zero chance de ser eleito. Essas eram as opiniões dos ávidos leitores do The New York Times International Edition e assíduos telespectadores da CNN International.
 Trump ao lado do premiê belga Charles Michel, em maio.
Ironicamente o que Bruxelas obviamente precisa é um Donald Trump.
 
No entanto, Donald Trump, em seu inconfundível e impetuoso estilo, estava simplesmente certo: Bruxelas está rapidamente mergulhando no caos e na anarquia. Exatamente dois meses depois desse dramático ‘trumpismo’, Bruxelas foi abalada por um execrável ataque terrorista islâmico que tirou a vida de 32 pessoas. Esta é somente a ponta do monstruoso iceberg que vem se avolumando há mais de três décadas via imigração em massa e loucura socialista.
[o Brasil, graças a imigração desenfreada de haitianos, venezuelanos e outros 'anos', caminha a passos largos para ficar pior que Bruxelas.
Na Bélgica e demais países europeus não existe o desemprego que tem no Brasil e são países com estrutura para subsidiar os excessos da imigração;  
o Brasil tem mais de 12.000.000, tentando sair de uma recessão, com um presidente vítima de atos de sabotagem ao seu governo e de um sistemático combate buscando impedir que ele governe.
Com tudo isto receber imigrantes - que merecem piedade, até mesmo acolhida, mas, por parte de países que possam recebê-los - é apenas distribuir, aumentando, a miséria já existente no Brasil.]

No mês de novembro, Bruxelas foi alvo de três ondas de tumultos e saques em escala gigantesca. Primeiro, o Marrocos se classificou para a Copa do Mundo de futebol: entre 300 e 500 “jovens” de origem estrangeira tomaram as ruas de Bruxelas para “comemorar” o evento à maneira deles, saqueando dezenas de lojas no centro histórico de Bruxelas, devastando avenidas desertas da “capital da civilização” e, no meio do quebra-quebra feriram 22 policiais.

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domingo, 7 de janeiro de 2018

Salvadores da pátria

O sebastianismo é uma herança tão forte quanto o velho patrimonialismo das oligarquias brasileiras. Até caminham de mãos dadas, embora aparentemente se contraponham

A face mais popular do iberismo no Brasil é o sebastianismo, um mito messiânico originário do desaparecimento do D. Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos, a 4 de agosto de 1578. Menino ainda, assumiu o trono; o rei de Portugal morreu aos  24 anos e não deixou herdeiros. Em consequência, a primeira nação da Europa ocidental, que vinha de um exitoso ciclo de expansão marítima, mergulhou num período de frustração e desgoverno, sendo anexada pela Espanha em 1580. À época, o episódio personificou o mito do Encoberto, muito conhecido entre os cristãos-novos, por causa das profecias de Gonçalo Antônio Bandarra, um sapateiro de Trancoso, cujas trovas incomodavam a Inquisição:
“Augurai, gentes vindouras, / Que o Rei que daqui há-de-ir, / Vos há-de tornar a vir/ Passadas trinta tesouras. / Dará fruto em tudo santo, /Ninguém ousará negá-lo;/ O choro será regalo/ E será gostoso o pranto.”

Em sua defesa, Bandarra sustentou, perante os inquisidores, que havia se inspirado na Bíblia, ao ler os livros de Daniel, Isaías, Jeremias e Esdras, que profetizavam a vinda de um rei que traria, finalmente, a paz e a justiça aos povos da terra. Esse foi o ponto de partida para criação do mito, que mais tarde seria acalentado nas obras de Camões, do padre Antônio Vieira e até mesmo de Fernando Pessoa, que invoca o velho sebastianismo para mexer com os brios dos portugueses, diante da decadência em que se encontrava o seu país na primeira metade do século passado, desencantado com a República e a humilhação perante a Inglaterra.

Essa profecia de regresso de um salvador da pátria acabou tendo forte influência no Brasil, sobretudo no Nordeste. Ariano Suassuna, em seu Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, reconfigura o mito: “Guardai, Padre, esta espada, porque um dia hei de valer dela com os Mouros, metendo o Reino pela África adentro Dom Sebastião I — ou Dom Sebastião, O desejado — Rei de Portugal, do Brasil e do Sertão”.  

Descreve o sangrento movimento messiânico do qual participaram os antepassados do personagem-narrador, Pedro Dinis Quaderna, por volta de 1830, na cidade de São José do Belmonte (PE). Depois de sonhar com dom Sebastião, o sertanejo João Antônio dos Santos fundou um movimento messiânico que culminou na morte de 80 pessoas. Em maior escala, o messianismo ressurgiria no Brasil com o místico Antônio Conselheiro, líder dos jagunços de Canudos, no interior da Bahia.

Alguns líderes políticos, de certa forma, encarnaram o sebastianismo ou desejaram fazê-lo. É o caso do líder tenentista Luís Carlos Prestes, que se tornou um mito político depois de percorrer cerca 25 mil quilômetros, em 11 estados, durante dois anos, com sua coluna que chegou a ter 1.200 rebeldes. Cerca de 200 homens cobriram todo o percurso até se dispersarem, uma parte na Bolívia, outra no Paraguai. A adesão de Prestes ao comunismo, porém, reposicionou e limitou sua liderança, que acabou suplantada pelo governador gaúcho Getúlio Vargas, líder da Revolução de 1930, que governou o país por meio de uma ditadura, até 1945.

Espaço vazio
A legislação trabalhista e o salário-mínimo mantiveram inabalado o prestígio de Vargas após 15 anos de ditadura, possibilitando sua volta ao poder em 1950 pelo voto, embora o legado dele fosse além dessa fronteira, em razão da reforma do Estado e do seu papel na industrialização do país. Desde então, amalgamado ao populismo, o messianismo no Brasil tornou-se um fenômeno muito mais político do que místico-religioso, que sobrevive apenas nas festas populares, como nas Cavalhadas.

É nesse leito que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve sua base eleitoral, depois de governar o país por oito anos, com programas compensatórios como o Bolsa Família, que facilitam a construção da imagem de suposto “pai dos pobres”, ainda que sua estratégia de desenvolvimento tenha fracassado e levado o país ao desastre econômico no governo Dilma. Nem de longe se compara ao legado de Vargas.

Do ponto de vista da política, o sebastianismo é uma herança tão forte quanto o velho patrimonialismo das oligarquias brasileiras. Até caminham de mãos dadas, embora aparentemente se contraponham. As alianças de Lula no Nordeste são um bom exemplo disso. No Brasil meridional, porém, o fenômeno não tem a mesma intensidade. O divórcio entre a política e a sociedade está gerando um outro tipo de liderança, de viés conservador e autoritário, que preenche o espaço vazio, no caso, a candidatura do deputado Jair Bolsonaro (PSC), mas que também se apresenta como “salvador da pátria”.

Os demais candidatos a presidente da República, embora com uma trajetória política mais orgânica e institucional, enfrentam dificuldades para se colocar como real alternativa de poder. O divórcio entre o Estado e a sociedade e a desmoralização dos partidos em razão do envolvimento de seus líderes com a crise ética fazem com que, no âmbito da sociedade civil, muitos procurem um novo São Sebastião fora do mundo da política. A rigor, nada impede que isso ocorra, mas ninguém vai resolver os problemas do país com reza ou num passe de mágica.

Luiz Carlos Azedo Jornalista e comentarista político

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Terrorismo motiva a Xenofobia e a conta ficará mais alta para os imigrantes

Eles vão pagar a conta

ISTOÉ esteve no prédio, em Saint-Denis, onde o suspeito de comandar os ataques na França foi morto. Saiba como a rotina dos moradores de bairros da periferia de Paris já mudou e vai ficar ainda pior, devido ao aumento da xenofobia 

Os habitantes de Saint-Denis, subúrbio ao norte de Paris, acordaram em choque na fria madrugada de quarta-feira 18. Os ventos – uivantes de tão fortes – não foram capazes de abafar os sons de rajadas de tiros e explosões. Refeitos do susto inicial, em questão de segundos os moradores puderam identificar a natureza dos estrépitos. Do lado de fora, ocorria uma pesada operação antiterrorista. Enquanto algumas pessoas espiavam a ação da polícia parisiense por entre as frestas das janelas, outras, investidas de medo e temendo pelo pior, preferiam se aninhar no colo dos familiares no interior de suas residências. A tensão tardou para se dissipar. Durou sete horas. Ao fim de toda a operação, a polícia havia utilizado cinco mil balas. O cerco foi bem sucedido: o belga Abdelhamid Abaaoud, suspeito de ser mentor dos ataques terroristas em Paris, acabou morto. ISTOÉ esteve no local onde Abaaoud exalou seu último suspiro: um prédio insalubre, com ratos, ocupado de maneira ilegal por vários habitantes, muitos sem documentos oficiais, o que facilitou sua utilização como esconderijo.

Menos de uma hora depois do último disparo, uma moradora desceu para conceder entrevista. Vários canais de TV franceses, ávidos por qualquer declaração, a aguardavam. Ela usava um traje que é proibido na França desde 2010: um niqab, véu islâmico que cobre todo o rosto e só deixa os olhos à mostra. Talvez ela quisesse simplesmente evitar ser identificada. Mas a vestimenta toda preta sugeria que a mulher cultivava o hábito de sair à rua com esse tipo de roupa. Se for o caso, seu estilo não chama a atenção em Saint-Denis. O bairro do subúrbio parisiense possui uma população majoritariamente imigrante, de origem árabe.


Saint-Denis fica situado a apenas cinco quilômetros da capital francesa. É possível chegar lá de metrô. Apesar da pouca distância, logo na saída da estação vê-se rapidamente a diferença em relação a bairros centrais de Paris: prédios comuns, sem charme arquitetônico, e algumas lanchonetes, cafés e lojas populares. A exceção é a famosa basílica de estilo gótico, do século XII, onde estão enterrados os reis da França, que atrai turistas do mundo inteiro. Em Saint-Denis também há o célebre Stade de France, onde o Brasil perdeu a final da Copa em 1994. Na França, no entanto, o bairro ao norte da capital é encarado sobretudo como uma área pobre onde reinam violência e problemas sociais.

A grande maioria da população desse subúrbio de 110 mil habitantes é de imigrantes ou franceses de origem estrangeira, principalmente de países como Argélia, Marrocos e Tunísia e da África negra. A taxa de desemprego, de 20% a 22%, segundo autoridades locais, é o dobro da média nacional. Moradores ouvidos por ISTOÉ descrevem um bairro dominado pelo pavor com o que pode vir na sequência dos atentados. “A cidade já tinha má-reputação. A descoberta de terroristas aqui vai piorar ainda mais sua imagem e os moradores correm o risco de sofrer mais preconceito”, afirmou Marie-Christine Daillet, francesa de 63 anos, que passou a sair de casa sem bolsa após um assalto em que teve várias fraturas no braço, engessado por quatro meses. Hoje, tem planos de se mudar do local conhecido também pela venda de drogas a céu aberto. A atmosfera de pânico e medo é relatada por outra moradora, que não quis se identificar. “Se quisermos continuar vivos, não vimos nem ouvimos nada e também não sabemos de nada”, afirmou. Nascida na Costa do Marfim, ela reside em Saint-Denis há seis anos.



Segundo o francês de origem argelina Munir Dadi, muçulmano que mora em Saint-Denis há 18 anos, imigrantes clandestinos buscam abrigo no bairro porque há menos controle policial. “A vida na cidade se deteriorou muito nos últimos anos”, lamentou. Como muitas outras pessoas em Saint-Denis, ele também teme ser vitima de racismo após os atentados. “Espero que o presidente François Hollande ouça os gritos dos habitantes que pedem mais policiais na cidade”, afirma o vice-prefeito de Saint-Denis, Bally Bagayoko, francês de origem maliana. “Com dois mil policiais já daria para se equiparar a outras cidades”, acrescenta o político.

O que ocorre em Saint-Denis não é diferente de várias outras cidades do mesmo distrito administrativo, chamado Seine-Saint-Denis, no norte de Paris, mais conhecido na França como “nove três”. A referência ao código postal passou a ser vista, na prática, como algo pejorativo. “Você colocar o endereço 93 em um currículo diminui consideravelmente as chances de encontrar um emprego”, diz o argelino Mouder Sid Ali, motorista de caminhão que mora em Saint-Denis e chegou à França há três anos.


Foi na Seine-Saint-Denis, com mais de 1,5 milhão de habitantes, que começou a onda de violência nas periferias do país, em 2005. Samy Amimour, um dos kamikazes da casa de shows Bataclan, onde morreram 89 pessoas, morava em Drancy, uma cidade do distrito da Seine-Saint-Denis. “Os imigrantes foram amontoados em periferias, sem serviços, e isso acabou criando guetos e gerando exclusão social. Houve erros na política de integração”, afirma o cientista polítco Stéphane Montclaire, da Universidade Sorbonne. Segundo ele, a intolerância em relação aos muçulmanos deve aumentar na França após os recentes atentados. “Uma cabeça de porco colocada em frente a uma mesquita é um ato isolado e que não representa a opinião da população francesa. O problema é que vemos uma adesão progressiva da sociedade a certas ideias da extrema direita, do partido Front National, em relação a essa comunidade”, ressalta. De acordo com Abdelkader Ounissi, imã da mesquita de Bagnolet, na Seine-Saint-Denis, um de seus fieis teve de abrir a bolsa de ginástica na rua a um desconhecido que exigiu ver o conteúdo da sacola. “O clima é pesado. As pessoas estão com medo em relação ao futuro”, diz

No primeiro semestre deste ano, a França, onde vive a maior comunidade muçulmana da Europa, estimada em 6 milhões de pessoas, registrou 274 atos racistas e ameaças contra muçulmanos, segundo o Observatório Nacional contra a Islamofobia (ONCI), ligado ao Conselho Francês do Culto Muçulmano. Isso representa um aumento de 281% em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com a organização, a forte progressão está ligada aos atentados de janeiro contra a revista satírica Charlie Hebdo e o supermercado judaico, que mataram 17 pessoas. Em 2014, o número já havia crescido cerca de 10% na comparação com 2013.
Fotos: LIONEL BONAVENTURE/ AFP PHOTO; Philippe Wojazer/ REUTERS
Fontes: Institut National de la Statistique et des Études Économiques (INSEE) e Eurostat 
 

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Tragédia no Hajj

O governo saudita tem investido bilhões de dólares para ampliar e melhorar os lugares usados na peregrinação anual a Meca

O Hajj, ou a peregrinação anual de muçulmanos para Meca, nunca foi fácil. Antigamente, chegava-se a essa cidade mais sagrada do Islã de navio, a camelo e a pé. Para muçulmanos vindos de Egito, Marrocos, Índia e a Indonésia, era uma viagem longa, dura e, muitas vezes, perigosa. Esses viajantes tinham que aguentar tempestades de areia, temporais em alto-mar e os ataques de piratas ao longo do caminho. Agora em nossos tempos modernos, com jatos que cortaram o tempo de viagem para meras horas, os perigos são outros.

No dia 11 de setembro, um dos quase 50 guindastes enormes sendo usados para a ampliação da Grande Mesquita de Meca caiu durante uma tempestade violenta e matou mais de cem peregrinos. O governo saudita reagiu rapidamente, indenizando as famílias de todos os atingidos e ordenando um inquérito para descobrir se houve negligência por parte dos engenheiros da construtora Binladin, que é encarregada da ampliação da mesquita. Também proibiu a saída do país do alto escalão da Binladin até o fim da investigação.

Mas foi na semana passada que ocorreu uma tragédia maior. Os peregrinos estavam aglomerados em Mina, a cinco quilômetros de Meca, para apedrejar o diabo, um ato simbólico e chave do Hajj. Em Mina há muitos acampamentos com tendas para abrigar os dois milhões de fiéis que fizeram o Hajj este ano. Na manhã do dia 24 de setembro, um grupo de peregrinos seguia para o Jamarat, o lugar onde o apedrejamento é feito, e outro estava vindo na mesma rua na direção oposta. O problema é que esta rua é bem estreita e de mão única. Quando os dois grupos se encontraram, o tumulto começou. No calor beirando os 45 graus, e com o desejo fervoroso de muitos peregrinos de avançar rapidamente, o pior aconteceu. O pânico se alastrou na multidão e centenas de pessoas começaram a pisotear umas às outras. Nessa debandada fatal morreram 782 peregrinos, e mais de 900 ficaram feridos. A maioria morreu asfixiada.

O Irã, antigo rival da Arábia Saudita, perdeu 464 dos seus peregrinos na tragédia e foi o primeiro país a criticar o desempenho do reino em organizar e controlar o Hajj. Parte desta crítica se refere ao fato de que a Arábia Saudita deveria desistir de controlar o Hajj, e passar esta atribuição a um grupo de países muçulmanos, incluindo o Irã. Mas esta é uma demanda antiga, e uma acusação que os iranianos gostam de fazer cada vez que uma tragédia acontece no Hajj. E é claro que os sauditas nunca irão abrir mão da organização de um evento religioso tão importante como o Hajj, que lhe dá um grande prestigio religioso. O rei Salman ibn Abdul Aziz ordenou uma investigação, e disse que os responsáveis vão ser punidos.

A verdade é que o governo saudita tem investido bilhões de dólares para ampliar e melhorar os lugares usados no Hajj, como em Mina e no Jamarat. Construiu uma ponte muito larga para conduzir peregrinos em Mina depois que houve a tragédia em 1990, quando 1.426 peregrinos morreram pisoteados num túnel. A Grande Mesquita em Meca e a Mesquita do Profeta Maomé em Medina foram largamente expandidas algumas vezes para acomodar mais fiéis de uma vez. Um veículo leve sobre trilhos foi construído, ligando Meca a Arafat, Mina e Muzdalifah, com um percurso de 18 quilômetros, para levar peregrinos a estes lugares, em lugar de ônibus. E um trem de alta velocidade estará pronto no ano que vem ligando Meca a Medina, passando por Jidá, a uma distancia de mais de 400 quilômetros.

Muitos críticos perguntaram porque o reino não fez estudos de controle de multidões, mas a verdade é que já fizeram isso anos atrás. E continuam fazendo por meio do Centro de Pesquisas do Hajj, inaugurado em 1975. Além do Ministério do Hajj, que se mobiliza o ano inteiro planejando e se preparando para esse evento gigantesco. Este ano, somente dois milhões de peregrinos fizeram o Hajj por causa da falta do espaço físico na Grande Mesquita e na Mesquita do Profeta, em obras de ampliação. Em 2012, foram três milhões de peregrinos. O governo saudita dá cotas de vistos para o Hajj a todo país com muçulmanos, para tentar regular o número de pessoas. Mas os países com grande numero de muçulmanos, como o Egito, o Paquistão, a Índia e a Indonésia sempre se queixam de que os sauditas não dão um número suficiente de vistos a eles.

De acordo com as estatísticas, o número de peregrinos em 1920 foi somente 58.584, pulando para 100.000 em 1950, chegando a 1,86 milhão em 1995. De 2005 para cá, o numero anual de peregrinos não tem ficado abaixo de dois milhões.

É extremamente triste e frustrante ver tantos mortos e feridos como aconteceu na última tragédia em Mina. Espero que o governo saudita investigue tudo prontamente e estude novos meios de controlar essas multidões de peregrinos de várias idades e nacionalidades para poder melhor protegê-los e não deixar tragédias assim acontecer de novo. E o Irã deveria ter vergonha de tentar tirar proveito político e ideológico dessa tragédia para ganhar pontos na sua luta sectária contra a Arábia Saudita. Em vez de atacar os sauditas, os iranianos e todos os outros muçulmanos deveriam se esforçar para achar novos meios de trazer mais segurança para um acontecimento tão religioso e sagrado para todos os muçulmanos.

Por: Rasheed Abou-Alsamh é jornalista

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Os muros do Oriente Médio e do Norte da África que ‘’ninguém’’ conhece



Longo muro de 2.700 km que separa o Marrocos da frente separatista Polisário no Saara Ocidental. Foto: Divulgação.

Israel é o único país no mundo que tem sido condenado por construir uma barreira de segurança para proteger seus cidadãos
. [A condenação a Israel procede já que ele está estabelecido em território que não é seu e muitas das  áreas que cerca não lhe pertence -  foram invadidas pelo exército israelense que usando da força tornou ‘seu’ o que espoliou dos mais fracos.
Já os países mencionados adiante, construíram muros para proteger SEUS territórios – nenhum deles invadiu território alheio a pretexto de estabelecer colônias e usar os muros para impedir o legítimo acesso dos ocupantes originais e legítimos.] Enquanto isso, vários outros países, muitos deles no Oriente Médio e Norte da África, constroem barreiras para se proteger de imigrantes ilegais, terroristas e inimigos. E ninguém dá bola...
Israel começou a construir a barreira de segurança na fronteira com a Cisjordânia somente em 2003 (o Estado judeu foi fundado em 1948), depois que mais de 700 israelenses foram mortos em ataques terroristas a partir do início da Segunda Intifada, em setembro de 2000. Até dezembro de 2005, 1.100 israelenses foram mortos. Após a construção, o número de ataques e mortes dentro de Israel originários da Cisjordânia foi reduzido a quase zero
Já a Arábia Saudita construiu uma barreira de mais de 100 km ao longo da fronteira com o Iêmen, para deter o contrabando de armas, e uma cerca de 800 km ao longo de sua fronteira com o Iraque, para se proteger dos terroristas do Estado Islâmico. Para não ficar atrás, a Turquia construiu uma barreira na fronteira com a Síria, em área que os sírios reivindicam como sua. Em  2015, os turcos resolveram fortalecer ainda mais sua proteção na fronteira com a Síria, após um atentado suicida, com a construção de um muro de 800 km.
A Tunísia, que não é boba, começou a construir um muro na fronteira com a Líbia, para tentar controlar o contrabando e a infiltração de jihadistas, após o massacre que matou há poucos meses 38 turistas estrangeiros, cuja autoria foi assumida por terroristas do Estado Islâmico. Até mesmo o Estado Islâmico constrói barreiras para defender seu território no Iraque e impedir as pessoas de escaparem do seu jugo.
Três décadas antes de tudo isso, o Marrocos construiu o maior e mais antigo muro, com 2.700 km de extensão, para separar as zonas do Saara Ocidental controladas por ele e pela frente separatista Polisário, em conflito de mais de 30 anos que deixou cerca de 100 mil refugiados. Em 2014, o país mostrou que muro é com ele mesmo e começou a construção de um novo, ao longo de sua fronteira com a Argélia.
Isso sem falar no muro "vovô" construído no longínquo ano de 1974, para separar gregos e turcos na ilha de Chipre.  No entanto, apenas a barreira de segurança de Israel tem sido alvo de condenação da ONU. Pode, Ban Ki-moon?


Ler na íntegra em Mídia Sem Máscara