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segunda-feira, 17 de abril de 2023

Movimento Sem Terra - Ao levar Stédile para a China, governo endossa invasões de terra

Alexandre Garcia - Gazeta do Povo - VOZES

O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile.[conhecido no submundo do crime como 'general da banda' do Lula,]  Foto: Reprodução/YouTube MST.

O presidente Lula está de volta da viagem à China. Ele passou pelas arábias, pelo Oriente Médio, Ásia Menor. Os meus amigos me reportaram que os jornais de lá estão interpretando a viagem como um desafio de Lula contra o presidente Biden ao tomar partido da China, enfim, nessa disputa mundial. [O Prontidão Total se abstém de comentar sobre as razões do desafio, por entender que assuntos  (de...) devem ser resolvidos entre os que tiveram seus brios feridos.]

Inclusive, os acordos feitos com a China mostram um aliado forte. A outra questão é a guerra Rússia e Ucrânia. Lula tomou partido da Rússia. Ele apresentou a Ucrânia como uma das causas, um dos motivadores da invasão russa e disse que a Europa e os Estados Unidos é que são responsáveis pela continuação da guerra.

Não creio que a Casa Branca esteja gostando dessas declarações, mas vamos ao que importa lá na China. Todos nós sabemos que a China tem censura, não tem liberdade de expressão, é um regime de força, um regime totalitário, de partido único. 
É o Partido Comunista Chinês que escolhe os dirigentes, na sua grande Assembleia.
 
No entanto, vejam só, os acordos nessa área que o presidente do Brasil fez com a China: "Memorando de entendimento sobre cooperação em informações e comunicações", "Acordo de Coprodução Televisiva"
Eu lembro que em 1984, 1985, por aí, eu fui à China pela TV Manchete, que não podia pagar equipe.
 
Nós contratamos uma equipe da TV estatal chinesa e eles estavam atrasadíssimos em televisão. 
Mas impunham sempre o seu método de trabalho. 
Não queriam saber do nosso método de editar um vídeo, era pelo método deles. Para ser mais claro, eu dizia que eu ia gravar a minha fala e depois ele punha as imagens em cima. Ele disse: não, eu escolho as imagens e você põe a fala em cima. Estão fazendo isso com o Brasil até hoje.

"Memorando de Entendimento entre Grupo de Mídia da China e a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República." Gente, mídia na China está sob censura, sempre. "Acordo de Cooperação entre agência Xinhua, que é a agência oficial chinesa, e a nossa agencia oficial a EBC, a Empresa Brasileira de Comunicação."

Eu notei também um acordo sobre espaço: "Programa de Cooperação Espacial entre as Administrações Espaciais da China e do Brasil, a Agência Espacial Brasileira". Ora, todo mundo sabe que a conquista do espaço para a China é uma estratégia bélica
E a gente está se metendo nisso. Enfim, não há muita diferença também, né? Do jeito que as coisas andam.
 
No Brasil, ao contrário do que diz a Constituição, não há liberdade de expressão e não há liberdade de comunicação. 
E não está vetada a censura, porque a censura existe. 
Então, no fundo, são os parecidos fazendo acordos entre si.
 
Direito de propriedade é cláusula pétrea da Constituição
Um outro assunto dessa viagem à China é levar o João Pedro Stédile, do MST, que prometeu aqui que ia recrudescer as invasões de terra.
Ou seja, agressões criminosas ao direito de propriedade, que é uma cláusula pétrea da Constituição, que está escrita na Constituição na mesma linha do direito à vida.
 
Seria o caso de dizer: "Puxa, está desconvidado, não vai"
Mas o fato é que o convite foi mantido e isso significa que o governo está endossando essa posição de João Pedro Stédile. 
Tanto que ele falou de novo na China, integrando a comitiva presidencial, ele falou de novo. Disse outra vez que vão recrudescer as invasões de terra aqui no Brasil.

Enfim, aí teve essa volta via Oriente Médio, em que os jornais de lá estão dizendo que Lula está escolhendo o aliado. Acabou de escolher, pelo jeito, a China, depois de ter ido aos Estados Unidos.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do  Povo - VOZES

 

terça-feira, 28 de março de 2023

Trimestre Trágico - Gilberto Simões Pires

 

CORRIDA CONTRA O TEMPO

Hoje, 27, o desgoverno Lula completa 86 dias repletos de tragédias e mentiras que por si só garantem, inequivocamente, a certeza de que o Brasil corre contra o tempo para assumir, muito em breve, a liderança do seleto TIME DE PAÍSES LATINOAMERICANOS, cujos presidentes-tiranos- fizeram valer os -PRINCÍPIOS E PROPÓSITOS COMUNISTAS- que estão elencados de forma extremamente didática e cuidadosa na CARTILHA DO FORO DE SÃO PAULO, organização que reúne de maneira promíscua partidos políticos de esquerda, organizações criminosas e grupos de narcotraficantes.

PROJETO DE DESTRUIÇÃO NACIONAL

Lembro bem, e até mencionei num dos meus editoriais, o MENTIROSO DISCURSO que o líder do crime proferiu no Congresso, no dia 01/01, sob aplausos da Mídia Abutre Consorciada, quando classificou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro como PROJETO DE DESTRUIÇÃO NACIONAL. Alto e bom tom, Lula subiu nas tamancas do comunismo ao dizer que estava assumindo o país sob TERRÍVEIS RUÍNAS e com um DESASTRE ORÇAMENTÁRIO. Que tal? 

GÊNERO, NÚMERO E GRAU

Considerando a importância que é dada, tradicionalmente, aos primeiros 100 dias de governo, período que o novo governante usa para marcar o território das suas intenções e propósitos para os 4 anos de mandato, o que temos, faltando apenas 14 dias para o fechamento deste ciclo, é simplesmente ASSUSTADOR. Ou seja: tudo de ruim e péssimo que se poderia esperar de Lula & Cia já excedeu, de forma gritante, e inquestionável, em GÊNERO, NÚMERO E GRAU. Um legítimo HORROR.

DADOS DA OCDE, BANCO MUNDIAL E MINISTÉRIO DA ECONOMIA

Observem que Lula, seguindo a velha e conhecida lógica de Goebbels, de que uma mentira repetida várias vezes faz dela uma verdade, disse inúmeras vezes que durante o governo Bolsonaro (2019 a 2022) o Brasil ficou ISOLADO do resto do mundo. Pois, para que não se perca de vista a verdade, eis o que dizem, por exemplo, os dados compilados a partir de estatísticas da OCDE, BANCO MUNDIAL E MINISTÉRIO DA ECONOMIA:  

1. O *Brasil foi o 4° maior destino de investimento estrangeiro direto (IED) em 2021* segundo a OCDE.

2. O *Brasil foi o maior destino de investimento estrangeiro direto (IED) como proporção do PIB* em 2021, consideradas as 15 maiores economias do ranking do Banco Mundial.

3. *Em 2022, o Brasil se consolida como 4° maior destino de IED e maior destino como proporção do PIB*, com base em dados da OCDE.

4. A *OCDE formalizou o processo de acessão do Brasil* à Organização em 2022.

5. O *Brasil é o único país a integrar o G20, o BRICS* e em processo de ingresso à *OCDE.*

6. De *2019 a 2022, Brasil* conclui *15 acordos de comércio internacional*.

7. Em 2019, o *Brasil liderou a conclusão do acordo Mercosul-União Europeia, maior tratado* entre blocos econômicos da *história do comércio internacional.*

8. Em 2019, o *Brasil liderou a conclusão do acordo Mercosul-EFTA*, a área de livre comércio que reúne os países mais ricos da Europa fora da zona do euro.

9. *De 2003 a 2018*, o Brasil concluiu 17 acordos, todos *de abrangência menor do que os dos últimos 3 anos e meio.*

10. De 2018 a 2021, o *Brasil* é a economia dentre os *países do G20* que *mais aumentou a participação do comércio exterior* (exportações + importações) como percentual do *PIB.* 

11. *Em 2021, o comércio exterior brasileiro atingiu recorde sobre PIB*. A soma de exportações e importações chegou a 39% do PIB, *maior patamar da série histórica iniciada pelo Banco Mundial* em 1960.

12. *Em 2021, a corrente de comércio brasileira* (exportações + importações) foi de *meio trilhão de dólares*. Recorde histórico.*

13. *Em 2021, as exportações brasileiras* foram de *US$ 280,4 bilhões. Recorde histórico.*

14. *Em 2021, o superávit comercial brasileiro* (exportações - importações) foi de *US$ 61 bilhões. Recorde histórico.*

15. De janeiro a agosto de 2022, as *exportações brasileiras somaram *US$ 225,1 bilhões, recorde histórico para o período.*

16. De janeiro a agosto de 2002, a *corrente de comércio exterior* (exportações + importações) de jan a ago 2022 é de *US$ 407 bilhões, recorde histórico para o período.*

17. O *Brasil é o *país ocidental que apresenta o maior superávit* em seu comércio bilateral *com a China.*

18. Nos últimos 3 anos e meio o Brasil obteve superávit comercial com a China superior ao acumulado *durante os 16 anos de governos anteriores..*

19.  Comparado com os números de 2018, *em 2021 o Brasil teve crescimento em sua corrente comercial com União Europeia, EUA, países da ASEAN e do Oriente Médio.*

20. Na comparação entre janeiro-agosto de 2022/2021, *dos 20 principais destinos de exportação do Brasil, houve crescimento nas transações para 19*, sendo que 17 tiveram *crescimento de dois dígitos.*

21. *Superávit comercial médio mensal nos governos brasileiros de 2003-2018* foi de US$ *2,28* bilhões. *Superávit comercial médio mensal de janeiro de 2019 a julho de 2022:*US$ *4,35* bilhões. 

22. *De janeiro de 2019 a agosto de 2022, o *superávit comercial acumulado do Brasil* chegou a US$ 191 bilhões. O valor é equivalente a *R$ 1 trilhão.*

DEMOCRACIA

Tudo isto, infelizmente, está sendo atacado e destruído a todo vapor.  Assim, sem tirar nem pôr, a considerar o quanto os primeiros 100 dias já se mostraram catastróficos, tudo leva a crer que os próximos 100 dias serão marcados por TRAGÉDIAS que neste momento ainda estão fora da nossa imaginação. Mais: a julgar o que significa -DEMOCRACIA-, por tudo que estamos assistindo, e principalmente sentindo, este REGIME já deixou de existir no nosso Brasil. 
Isto ficou claro a partir do momento em que o STF e o PCC, com total determinação, passaram a governar o nosso país. 

 Ponto Crítico - Gilberto Simões Pires


quarta-feira, 20 de julho de 2022

MISS BRASIL = MISS UNIVERSO - Lembrando os tempos em que mulheres lindas escolhidas Miss Brasil, podendo ...

 Revista Quem

"'Miss do século 21' vai além da beleza externa", diz Mia Mamede, a Miss Universo Brasil 2022

Mia Mamede (Foto: Reprodução/Instagram @chrystian_h )

Mia Mamede (Foto: Reprodução/Instagram @chrystian_h )

Jovem, de 26 anos, é do Espírito Santo e conquistou título com representantes do Amazonas, Ceará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul

 [Nostalgia - Bons tempos, em que mulheres lindas, em toda a beleza do sexo feminino, disputavam o concurso de Miss Brasil e,  na sequência, o de Miss Universo - os tempos das 2" da Marta Rocha fizeram a diferença.]

Mia Mamede, de 26 anos, que conquistou a coroa do Miss Universo Brasil 2022, na noite de terça-feira (19), estava no Top 5. Natural do Espírito Santo, ela disputou o título com Rebeca Portilho, do Amazonas; Luana Lobo, do Ceará; Isadora Murta, das Minas Gerais; e Alina Furtado, do Rio Grande do Sul). Este foi o primeiro ano em que as primeiras etapas do concurso foram on-line e tiveram os resultados divulgados pelas redes sociais.

A seleção das candidatas foi realizada em formato de casting e, durante uma série de etapas, as Misses passaram por testes de vídeo, idioma, conhecimentos e oratória. Apenas na reta final, as cinco finalistas se encontraram pela primeira vez em São Paulo, onde ficaram quatro dias confinadas e foram avaliadas em desempenho, conhecimento e desenvoltura. "Apesar de parecer que tudo está acontecendo rápido demais, eu já estou me preparando há muito tempo e me sinto pronta. Essa sou eu. Desde pequena, sempre fui muito planejadora e organizada. Vejo, também, que a coordenação tem um olhar inovador alinhado com a nova direção da organização internacional. Estou na expectativa por muitas novidades, um retorno forte do mundo Miss na cultura brasileira e, muito em breve, uma coroa internacional. No que depender de mim, trabalharei incansavelmente para apoiar a coordenação nessa nova empreitada", afirma.

Segura ao falar, Mia defende causas relacionadas à educação e à inclusão social. "Sempre fui apaixonada pela educação, que empodera, liberta e cria oportunidades. É a maior garantia para quebrar o ciclo da desigualdade. Seus efeitos sócio-econômicos repercutem além do indivíduo, em todo o país. Tudo isso sempre me agradou e motivou", conta ela, que desde 2010, tem um trabalho social voltado para a educação infantil.

"Comecei a dar aulas de inglês em uma comunidade na época que morava na China. Continuei meu trabalho no Oriente Médio e em Nova York (EUA). Quando voltei ao Brasil, na pandemia, criei uma escolinha on-line para alunos do terceiro ano do Ensino Médio em escolas públicas e ajudei na preparação para o ENEM. Hoje, sou embaixadora da Fundação Beneficente Praia do Canto, na qual oferecemos oficinas extracurriculares para crianças e jovens socialmente vulneráveis", afirma.

Para Mia, a Miss Universo Brasil 2022 precisa representar a evolução da Miss e ser uma 'Miss do século 21'. "A 'Miss do século 21' é uma mulher que vai além da beleza externa, que sabe quem é e o que veio fazer nesse mundo. Ela é profissional, comunicadora e acolhedora, tem uma visão global e inclusiva, uma opinião construtiva e positiva, uma mente empreendedora e um coração verdadeiramente humanitário. Entende que é um exemplo para outras jovens meninas e carrega esse título com muita responsabilidade", argumenta.

A jovem acredita que uma Miss não pode sonhar somente em ser Miss. "O maior sonho da Miss Universo Brasil tem que ser seu legado. Ela deve significar uma mudança para o seu país. No mundo Miss, eu gostaria de ser lembrada por mudar a percepção dos brasileiros do que é ser uma Miss hoje e apresentá-los à 'Miss do século 21'. Socialmente, eu quero divulgar e elevar a cultura brasileira aqui e no exterior, encurtando as distâncias do nosso país continental e aproximando o Brasil do mundo", torce.

Mia Mamede (Foto: Reprodução/Instagram )

Mia Mamede (Foto: Reprodução/Instagram )

Mia Mamede (Foto: Reprodução/Instagram @chrystian_h )

Mia Mamede (Foto: Reprodução/Instagram @chrystian_h )

Mia Mamede (Foto: Reprodução/Instagram @chrystian_h )

Mia Mamede (Foto: Reprodução/Instagram @chrystian_h )

Revista Quem - O Globo 

 

terça-feira, 10 de maio de 2022

Zelensky pede fim de bloqueio portuário para evitar crise alimentar global

Importante fonte de trigo e milho, Ucrânia é conhecida como 'celeiro da Europa' e exporta para países do Oriente Médio e Norte da África

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fez um apelo à comunidade internacional por medidas imediatas para acabar com o bloqueio da Rússia aos portos da Ucrânia, um dos maiores produtores de trigo no mundo. O líder ucraniano alertou que os ataques russos à região portuária de Odessa, atingida por mísseis na segunda-feira, 9, afetam as exportações de grãos e podem gerar uma crise alimentar global. “Pela primeira vez em décadas não há movimento normal da frota mercante, nenhum porto está funcionando normalmente em Odessa”, disse Zelensky nesta terça-feira, afirmando que a crise na região portuária da Ucrânia é a pior desde a Segunda Guerra Mundial.

As declarações do presidente ocorrem um dia após mísseis russos atingirem um shopping center e um depósito nos arredores do porto do Mar Negro, uma das principais portas de entrada da Ucrânia para o mundo. De acordo com as Forças Armadas ucranianas, uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas durante o ataque.

O incidente interrompeu uma reunião entre Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, e o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, forçando-os a entrar em um abrigo antiaéreo. Michel disse ao The Guardian que viu armazéns cheios de grãos, trigo e milho impossibilitados de exportar. “Este alimento tão necessário está retido por causa da guerra russa e do bloqueio dos portos do Mar Negro, causando consequências dramáticas para os países vulneráveis”, disse ele. A autoridade da União Europeia acrescentou que é necessária uma “resposta global” aos ataques. [comentando: a leitura da presente matéria deixa a impressão que o ex-comediante que o povo ucraniano escolheu para presidir seu país, considera uma guerra uma comédia, uma brincadeira de faz de conta.
É necessário que aquele senhor entenda que GUERRA é GUERRA. 
Óbvio que por razões humanitárias algumas práticas são terminantemente proibidasensejando sérias punições aos que a praticam; destacamos, sem intenção de limitar:  - ataques a mulheres, crianças, idosos, asilos e orfanatos, escolas, hospitais, atos cruéis sejam contra a população civil ou militares prisioneiros, uso de determinadas armas.
Fora tais restrições o direito de ataque às instalações militares, aeroportos e portos, pontes, bloqueio naval, aéreo, terrestre, ataques a indústrias, restrições à livre circulação de mercadoria, tudo é válido. 
Esta longa introdução é para mostrar que o senhor Zelenski continua promovendo uma guerra na qual seu objetivo é que outros combatam pela Ucrânia.  
Uma das suas mais recentes artimanhas é apelar à comunidade internacional por medidas imediatas para acabar com o bloqueio da Rússia aos portos da Ucrânia.  Que o senhor Zelenski entende por uma guerra??? O bravo povo da Ucrânia morrendo e o seu presidente fazendo discursos virtuais em parlamentos? ]

Ucrânia é conhecida como o “celeiro da Europa” e é uma importante fonte de trigo e milho especialmente para países do Oriente Médio e Norte da África, que dependem de importações. A provável quebra da colheita neste ano pode ter grandes repercussões, diminuindo a oferta e elevando os preços de produtos agrícolas importantes. Segundo o Banco Mundial, a guerra causará o maior choque das commodities em 50 anos. “Sem nossas exportações agrícolas, dezenas de países em diferentes partes do mundo já estão à beira da escassez de alimentos. E com o tempo, a situação pode se tornar absolutamente terrível”, alertou Zelensky.

O chefe de Estado ucraniano apontou que o risco de uma crise alimentar global é uma consequência direta da agressão russa e, portanto, a situação só poderia ser superada com uma ação conjunta de todos os países europeus. Diversas partes da cidade portuária de Odessa, ponto crucial da economia ucraniana, vem sofrendo a ofensiva da Rússia. No final de abril, mais de quarenta pessoas morreram em um incêndio de uma sede sindical da cidade. Informações do Ministério do Interior da região indicaram que o incidente foi provocado por um confronto entre separatistas pró-Rússia entrincheirados dentro do prédio e grupos pró-Kiev.

O aeroporto de Odessa também foi alvo de mísseis no dia 30 de abril. O ataque gerou estragos na pista de pouso e decolagem.  A cidade de Odessa, localizada no sul do país, é a quarta maior da Ucrânia e era uma das poucas afetadas pela guerra. Contudo, nas últimas semanas, a área no sul do país virou alvo dos russos por ser considerada estratégica para o avanço das tropas para a Transnístria, região separatista pró-Rússia na Moldávia.

Em março, o presidente da Ucrânia apontou planos de Putin para atacar a cidade, que abriga cerca de um milhão de pessoas. “Estão se preparando para bombardear Odessa. Será um crime militar. Será um crime histórico”, especulou Zelensky na ocasião. A tomada de Odessa por Vladimir Putin seria um passo decisivo ao controle total do sul ucraniano por Moscou, inviabilizando o acesso do governo de Kiev ao Mar Negro.

 Mundo - Revista VEJA


domingo, 27 de março de 2022

O soldado brasileiro morto em combate durante missão de paz na região do Canal de Suez - O Globo

Guerra dos Seis Dias

Quando deu no rádio que um soldado brasileiro ainda não identificado morrera num combate em Rafah, na região do Canal de Suez, no Oriente Médio, a gaúcha Alzira Ilha de Macedo escondeu o rosto com as mãos. Ela tinha certeza de que era seu filho. Um pouco mais tarde, veio a confirmação: o cabo Carlos Adalberto Ilha, de 20 anos, era o praça abatido numa ofensiva israelense contra guarnições árabes no começo da Guerra dos Seis Dias, em 5 de junho de 1967. Aos gritos, dona Alzira se abraçou a Leda Maria, sua filha que se casaria no dia seguinte.

O cabo Carlos Adalberto Ilha Macedo, morto em Rafah, na Guerra dos Seis Dias

O militar nascido no município de Dom Pedrito, no Rio Grande do Sul, foi um dos cerca de 6 mil brasileiros que serviram no chamado Batalhão de Suez, enviado pelo Exército ao Oriente Médio como parte das Forças de Emergência das Nações Unidas, estas, por sua vez, criadas para dar garantir a paz na região do canal.

Crise e guerra: Um conflito de seis dias que moldou o Oriente Médio

Ilha estava em seu posto quando, na madrugada daquela segunda-feira, foi supreendido pelo ataque de tropas de Israel que, antecipando-se a um cerco de forças árabes, deu início à Guerra dos Seis Dias. Na artilharia contra os egípcios, os israelenses acabaram abatendo, acidentalmente, vários "capacetes azuis" (como são chamadas as tropas da ONU) em missão de paz na Faixa de Gaza. Entre os feridos, estava o filho de dona Alzira, baleado mortalmente no pescoço, uma semana depois de enviar uma carta a sua irmã dando parabéns pelo casamento.

Fila de rebocadores no Canal de Suez, após nacionalização, em 1956

Pode-se dizer que o destino do menino de Dom Pedrito começou a ser selado quando, em 1956, o então presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, decidiu nacionalizar o Canal de Suez
Uma das principais rotas comerciais do mundo, que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo, o canal era controlado por britânicos e franceses. 
Ao mesmo tempo, Nasser bloqueou o Estreito de Tiran, hidrovia que dá a Israel o acesso ao Mar Vermelho. Em 29 de outubro de 1956, tropas israelenses com apoio de Reino Unido e França reagiram com uma invasão à Península do Sinai, no Egito.  
Quatro dias depois, forças inglesas e francesas atacaram posições no país árabe. Estava instalado mais um conflito no conturbado Oriente Médio.

Abdel Nasser: O 'faraó de uniforme' que nacionalizou o Canal de Suez

Com a bênção do governo americano, que estava mais preocupado com a crescente influência soviética no Egito em plena Guerra Fria, as Nações Unidas criaram as Forças de Emergência para acalmar os ânimos. O exercito da paz chegou à região do Suez a tempo de garantir um "cessar fogo" e supervisionar a saída das tropas invasoras, [destacando que as tropas invasoras  eram forças de Israel com apoio dos ingleses e franceses.] que começaram a deixar o Egito antes do fim daquele ano. 
Os capacetes azuis, porém, ainda manteriam presença na Península do Sinai por mais de uma década. Instaladas na fronteira entre Israel e Egito, as guarnições da ONU atuavam como um tampão entre as forças adversárias na zona do armstício, monitorando quaisquer violação de ambos os lados.

Primeiro contingente do Batalhão de Suez embarca no Aeroporto do Galeão, em janeiro de 1957

As Forças de Emergência eram formadas por militares de países como Colômbia, Canadá, Dinamarca, Índia e Suécia. O primeiro contingente de brasileiro zarpou rumo a Suez em janeiro de 1957, desembarcando em Rafah no mês seguinte. A partir de então, até meados de 1967, 20 contingentes do país, revezando-se a cada sete meses, estiveram na região do canal, na tentativa de controlar a tensão entre Israel, apoiado pelo Ocidente, e os países árabes, como Egito, Síria e Jordânia, sob influência da União Soviética.

Durante esses dez anos, a situação oscilou entre relativa tranquilidade e conflitos ocasionais, principalmente ao Norte de Israel, na fronteira com a Síria. Em abril de 1967, o país judeu lançou uma grande ofensiva contra posições sírias nas Colinas de Golã, o que acirrou os ânimos na região. Nos meses seguintes, os governos árabes formaram um cerco contra o inimigo, e Nasser pediu que as Nações Unidas removessem do Sinai os seus capacetes azuis. A partir daí, o começo de uma nova guerra tornou-se apenas questão de tempo.

Carlos Adalberto Ilha integrava o vigésimo e último contingente brasileiro na região do Canal de Suez. Quando Israel começou seu ataque contra as forças egípcias no Sinai, restavam mais de 400 soldados brasileiros. Não evacuados após o pedido de Abdel Nasser, foram pegos pelo fogo cruzado entre os lados inimigos do conflito que, mais tarde, ficou conhecido como a Guerra dos Seis Dias. O enfrentamento terminou com uma grande derrota para os países árabes, que tiveram cerca de 18 mil baixas e uma expressiva perda de equipamentos militares.

Ao longo de dez anos da Força de Emergência, seis outros soldados brasileiros morreram no Sinai, mas todos estes abatidos por "fogo amigo". Em 7 de junho de 1967, O GLOBO publicou uma reportagem sobre o cabo Ilha. Segundo o texto, ele tinha perdido um irmão mais velho que morrera ainda jovem por problemas cardíacos. Ainda tinha uma irmã de 15 anos e um irmão de 5 anos, ambos filhos do segundo casamento da mãe, Alzira. Na mesma matéria, o jornal reproduziu uma carta enviada pelo militar a sua irmã, dias antes de morrer. Leia, abaixo:

'Tu não podes imaginar como faz falta uma mãe'

"Querida mana Ledinha, primeiramente vou te dar meus parabéns pelo teu noivado, e em segundo lugar vou te pedir uma coisa: deves ser melhor filha para nossa mãe, pois ser mãe é a coisa mais sublime do mundo. Tu não podes imaginar como faz falta uma mãe. Eu, por exempio, estou afastado de todos, sinto saudades de todos, mas quando penso em minha querida mãe, eu choro, pois estou longe dela, sem seu carinho, sem suas broncas. Tudo que ela fala e faz é para nosso bem. Lembra-te disso, pois ser mãe qualquer uma é, mas como a nossa mãe não existe nenhuma no mundo. Deves ser melhor para ela, pois ela precisa de teu carinho e agora mais do que nunca, pois és a única filha, e que pensa um pouco, a que está perto dela, pois o Carlinhos ainda não sabe o valor de uma mãe. Bem, querida maninha, espero que penses melhor e que trates melhor nossa mãe, pois agora já és uma, mocinha, e muito bonita. Lembra-te dos sacrifícios que ela passou por nós. Espero ser atendido. Encerro esta, enviando-te milhões de felicidades. Que todos teus sonhos se realizem, é o que te deseja teu irmão que muito te quer".

Tanque inglês entre escombros na cidade de Port Said, no Egito


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Invasão da Ucrânia pode dar início a nova ordem entre Ocidente e Oriente - Folha de S.Paulo

Está na cabeça de todo o mundo. Como Vladimir Putin simplesmente ignora telefonemas e visitas de representantes das nações mais ricas da União Europeia e dos Estados Unidos e faz uma invasão por terra, mar e ar na Ucrânia, nitidamente premeditada pelo enorme nível de coordenação?

Por semanas, ele deixou claro que não quer entregá-la bovinamente à Otan, abrindo flanco para a instalação de mísseis na cola da fronteira russa. Mas também está claro que sua ação tem um simbolismo maior, pelo nível de desprezo que demonstra em relação a outros chefes de Estado.

Há indícios de que o Ocidente fraqueja, e como não há vácuo de poder, o Oriente avança pelas brechas. Putin dá sinais de que se preparou para este momento mais tenso, inclusive prevendo quais seriam os limites das sanções econômicas sobre a Rússia, o principal instrumento de reação. Suas aparentes calma e segurança viriam do fato de que boa parte das peças de seu jogo de xadrez bélico estão bem posicionadas em outro tabuleiro, os mercados de commodities.

Mesmo comandando uma economia com brilho menor, o governo russo fez apostas em produtos-chave, e a globalização tratou de criar interdependências miúdas, tão difíceis de desatar como nó de correntinha fina. Alguns exemplos. A Rússia tem grandes reservas de carvão e petróleo e é o maior produtor de gás do mundo. Muito se repetiu que quase 40% do gás consumido na Europa é russo. Agora vai ficando claro que não há fornecedores alternativos à altura da demanda europeia.

Na terça-feira (22), circulou nas agências internacionais a declaração de um executivo da indústria no Catar avisando que não há no mercado volume suficiente de GNL, gás natural liquefeito, para cobrir o eventual cancelamento de contratos de europeus com os russos.Muitos colocam dinheiro na mesa para apostar que a retaliação alemã, de suspender a licença do gasoduto Nord Stream 2, que levará gás russo ao país, não dura até o fim do outono.

A Rússia também é um importante produtor de cevada, aveia, centeio e principalmente de trigo, item básico de alimentação. Nos últimos anos, se tornou o maior exportador de trigo do mundo, e controla 20% do abastecimento global. Enquanto os analistas falam da perda de prestígio de Putin, os preços dos principais produtos russos ganham valor. O preço do barril de petróleo já passa de US$ 100 e o trigo acumula alta de 17% em uma semana.

Colocando um pouco de Brasil na discussão é preciso lembrar que Rússia é um fabricante tão expressivo de adubos e fertilizantes que nada mesmo de 62% das importações brasileiras daquele país estão concentradas nesses produtos. Outra fatia importante desses itens vem de Belarus, um aliado na guerra da Ucrânia. Como ficar sem?

Há outra questão. Apesar de os principais países terem condenado a ofensiva na Ucrânia, a China segue sem condenar Putin, com representantes do alto escalão emitindo manifestações dúbias. Representantes da diplomacia chinesa já fizeram ponderações sobre a relação da Rússia com a Ucrânia e as repúblicas separatistas.

Não tem segredo aí. Se a China condenar a Rússia vai complicar suas exigências em relação a Taiwan. Na quarta-feira (23), o ministro das Relações Exteriores chinês chegou a declarar que Taiwan não é Ucrânia porque sempre foi parte inalienável da China.Faz um tempo que os dois países caminham juntos na economia. O principal parceiro comercial da Rússia --de longe-- é a China, e vice-versa. Minério e um volume gigante de petróleo vão para a China, que vende para a Rússia muito maquinário e eletroeletrônicos.

Entre os dois países estão em construção redes de gasodutos que prometem mudar o equilíbrio da oferta do produto no mercado global.No início de fevereiro, quando a crise da Ucrânia já estava em curso, a parceria escalou. Putin foi a Pequim para participar da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno.

Num claro recado ao Ocidente, especialmente aos Estados Unidos, ele e o presidente chinês Xi Jinping anunciaram um acordo "sem limites" nas áreas econômica e política. Essa aproximação consolida a organização de um poderoso bloco na banda oriental do mundo, liderado pela China, que vai escanteando as potências ocidentais.

No meio da pandemia, em novembro de 2020, enquanto o então presidente Donald Trump travava a guerra comercial contra a China, o gigante asiático e 14 países do Pacífico fecharam o maior acordo comercial do mundo. Chamado de Parceria Econômica Regional Abrangente, o bloco reúne 2,2 bilhões de consumidores e um terço do PIB global.

Ao mesmo tempo, a China mantém a construção da Nova Rota da Seda, megaobra de infraestrutura que liga Oriente Médio, Ásia, África e Europa, atravessando áreas que eram de influência da ex-União Soviética.

Todos esses movimentos, colocaram os dois países, que já foram os maiores impérios ao leste, de costas para o Oeste. Putin, em sua invasão da Ucrânia, fez um movimento mais ousado e novo, confrontou o Ocidente --aqui, entendido como o grupo desenvolvido dessa parte do mundo, Europa e Estados Unidos.

Sim, tudo indica que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pode ter razão. Há sinais de que Putin trabalha para reconstruir a antiga União Soviética. E a lacônica China quer o quê? 

Alexa Salomão - Folha de S. Paulo  

 

domingo, 21 de novembro de 2021

A um ano da Copa do Qatar, crise e dólar alto deixam evento mais restrito aos mais ricos - O Globo

Pacote de luxo para sete jogos do Mundial sai por R$ 327 mil, sem passagens

Estádio 974, feito com 974 contâineres, é o sétimo estádio a ficar pronto no Qatar, de oito que receberão jogos do Mundial Foto: HANDOUT / Reuters Estádio 974, feito com 974 contâineres, é o sétimo estádio a ficar pronto no Qatar, de oito que receberão jogos do Mundial Foto: HANDOUT / Reuters

Flávio Canedo, 33 anos, é advogado e torcedor do Flamengo. Em dezembro de 2019, passou 14 dias no Qatar para acompanhar o time no Mundial de Clubes. Sem contar com os ingressos para os jogos, gastou aproximadamente R$ 6,4 mil, afirma. No cálculo, passagens aéreas, diárias em um hostel “bem basicão, sem café nem nada”, transporte em Doha e alimentação simples, cozinhada por ele mesmo no hostel, com a comida que comprava no mercado.

Dois anos depois, a um da primeira Copa do Mundo no Oriente Médio, o cenário é ainda mais dispendioso para o torcedor brasileiro da classe média. O dólar, moeda que precifica da passagem aérea à barra de chocolate dentro do estádio, saltou de R$ 4,20 para R$ 5,50, desde a experiência de Canedo até hoje. O Relatório de Mercado Focus, divulgado no começo deste mês pelo Banco Central, estima a moeda americana seguindo neste patamar em 2022. [a ida ao Qatar para acompanhar o Flamengo e/ou conhecer novos costumes, novas atrações, vale a pena para quem pode. 

Agora desperdiçar dinheiro, ainda que peso venezuelano, para acompanhar o timinho de pernas de pau, de mercenários,  do aglomerador Tite timinho que, em passado remoto foi chamado de Seleção Brasileira, é babaquice, é ser sem noção. 

O resultado já se sabe = mais uma vez o timinho não vai ganhar nada = tem chances de ganhar uma goleada tipo 8 a 1, quebrando o recorde dos 7 a 1 que levou, merecidamente, da Alemanha.]

É claro, existe quem passe à margem das oscilações no câmbio e da crise econômica do país. Em fevereiro, a Fifa começou a comercialização de pacotes de hospitalidade (ingressos e serviços dentro do estádio) para jogos da Copa do Mundo. E a procura por parte de torcedores brasileiros é grande, afirma Rildo Amaral, gerente executivo da Stella Barros Franqueadora, agência oficial de venda de pacotes.

A expectativa da empresa é levar dez mil pessoas para o Qatar. A compra de pacotes que incluem hospedagem, translado terrestre e facilidades em Doha, e mais o pacote de hospitalidade da Fifa, sai, o mais barato, para apenas uma partida da fase de grupos, por 7,9 mil dólares, aproximadamente R$ 43 mil as passagens aéreas não estão na conta. O torcedor que quiser assistir a sete partidas, seguindo a seleção em uma eventual ida à final, gastará cerca de R$ 327 mil. Trata-se de turismo voltado para pessoas em nada afetadas pela pandemia ou pela crise a reboque. A Copa do Mundo tem disso, muitas vezes o torcedor é uma pessoa que não sofreu impacto financeiro na crise. O problema para ele não é de investimento, ele tem dinheiro — afirma Amaral: — Mas tem pessoas que se capitalizam para ir a um Mundial, elas vendem apartamento, carros.

Sete estádios prontos
Será o primeiro grande evento global com público depois da explosão da Covid-19, em 2020. Isso gera uma perspectiva de procura maior por parte dos fãs de futebol, incluindo os brasileiros. 
Mas se engana quem vislumbra nesta Copa a grande experiência catártica de vida pós-pandemia. Os costumes do país do Oriente Médio pedem moderação, nada parecido com as extravagâncias protagonizadas pelos cerca de 34 mil brasileiros que foram à Copa da Rússia, em 2018.

(...)

A conhecida restrição ao álcool é uma questão: as bebidas só poderão ser consumidas em determinados hotéis ou nas fan fests, áreas reservadas para torcedores confraternizarem. Em 2019, o rubro-negro Flávio Canedo lembra ter pago R$ 50, no câmbio da época, em uma cerveja long neck em um desses hotéis, e cerca de R$ 35 nas fan fests. A experiência como solteiro também foi frustrante: — Flerte, pegação, isso não existe lá. Zero.

Esportes - O Globo - MATÉRIA COMPLETA


quarta-feira, 7 de julho de 2021

Minoria abandonada - Revista Oeste

 Augusto Nunes

Não há esperança de salvação para héteros brancos de olhos claros da classe média   

Como todos os jornalistas que viram a cena no cinema americano, também sonhei alguns anos com o dia em que, no comando de uma redação, seria confrontado com uma notícia tão poderosamente inesperada que ocuparia o espaço da manchete sem pedir licença, com o mesmo desembaraço exibido por Lula ao instalar-se por 111 fins de semana no sítio em Atibaia que era dele mas pertencia a um amigo. A carga explosiva da informação permitiria que, de pé na minha sala, eu berrasse a ordem que imobilizaria simultaneamente editorialistas, editores, repórteres, ascensoristas, redatores, fotógrafos, o homem do cafezinho, secretárias, computadores — até o HOMEM, substantivo em maiúsculas reservado exclusivamente ao dono do jornal, aguardaria paralisado na poltrona do seu bunker a explicação para o grito histórico:

PAREM AS MÁQUINAS!!!

Essa chance chegou quando dirigia a redação do Estadão, na virada dos anos 80 para os 90. E então percebi que essa gente do cinema mente muito. Pretexto para o berro consagrador até havia. No começo da madrugada, quando a edição do dia seguinte estava em trabalhos de parto nas rotativas, a vinheta do Plantão Globo preveniu que lá vinha coisa forte. Era mesmo, confirmou a voz solene do locutor: “Iraque ataca Israel com armas químicas”. A penúltima do Oriente Médio (lá não há a última) alcançou o comando da redação aglomerado em minha sala, não para debater os destinos do Brasil ou redesenhar os rumos da Humanidade, mas para comer pão feito em casa com manteiga feita em casa. Se um de nós sussurrasse um “parem as máquinas” naquele anticlímax, seria desterrado no botequim da esquina.

Sem reduzir o ritmo da ofensiva sobre a gastronomia doméstica, demoramos menos de um minuto para concluir que era o caso de avisar a gráfica para suspender momentaneamente a impressão, escalar um grupo de profissionais para conferir a notícia quanto antes e, verdadeira, ceder-lhe a área mais nobre do Estadão. Embora também estivesse mais interessado na receita do pão do que em improváveis acordos de paz na terra conflagrada, um dos editores executivos resumiu o palpite endossado pelos demais quarentões de larga milhagem: “A Folha vai trocar a manchete e continuar rodando. Gente jovem não sabe segurar a ejaculação”. Assim fez nosso impetuoso concorrente — até que o Plantão Globo reaparecesse na telinha e resolvesse a questão. A mesma voz avisou que o Oriente Médio não chegara a tanto, deu o dito por não dito e pediu desculpas aos telespectadores por eventuais desconfortos. Perdi a chance de parar máquinas no grito. Mas não perderia a piada.

Jornalistas contrários à liberdade de imprensa não se rendem facilmente

Na manhã seguinte, escalei um punhado de repórteres para a missão de altíssima relevância: localizar exemplares da Folha impressos entre o Plantão Globo da falsidade e o Plantão Globo do desmentido. Nos 30 minutos que separaram o furo do fiasco, milhares de folhas sem serventia haviam pousado nas bancas ou nos endereços dos assinantes. Como a direção do concorrente fizera o diabo para recolher as provas do crime, a colheita resultou em 20 papelórios com graves defeitos de fabricação. Mas bastaria uma única escassa primeira página que documentasse a perversidade química para ilustrar o texto que condensou o que ocorrera na madrugada. E justificar o título pronto na cabeça desde a véspera: FOLHA ATACA ISRAEL COM ARMAS QUÍMICAS. “Mas não se preocupem”, tranquilizava o fecho do relato. “No domingo, o ombudsman vai explicar tudo.”

Depois desse remoto incidente, a Folha nunca perdeu nenhuma chance de incluir-me na mais desprezível minoria abandonada, composta de héteros brancos de olhos claros e nascidos em famílias de classe média. Quando silenciei a insolência de Glenn Greenwald, as gralhas do jornal — são tantas que povoam até colunas esportivas assinadas por revolucionários de picadeiro — enxergaram uma erupção de homofobia no que não passou de um tabefe pedagógico. (Notaram como o receptador de material roubado se tornou bem menos disponível para entrevistas em estúdios e debates públicos? Pois é.) No mesmo episódio, afirmei que a diferença de gênero não impede que uma jornalista seja tão cafajeste quanto um similar masculino. Amuada, a inspiradora da constatação diagnosticou-me publicamente: sou um caso grave de misoginia. E então fiquei sabendo que odeio mulheres.

Neto de austríaco e italiana, agora cismaram que devo pedir perdão aos brasileiros negros pelo que fizeram a seus avós os portugueses e ingleses traficantes de escravos (além dos africanos que abasteciam navios negreiros com a captura de integrantes de etnias hostis). Meus antepassados não incluem bandeirantes, mas cresce a pressão para que eu peça desculpas aos antigos donos da terra pelo que fizeram os conquistadores do Brasil, em parceria com tribos que tinham tanto apreço pelos vizinhos quanto pelo Bispo Sardinha. Não importa: se venho de europeus, sou fascista (e um genocida em construção). Devolvo tais exigências com a anotação recorrente: erro de destinatário. Mas jornalistas contrários à liberdade de imprensa não se rendem facilmente.

Neste 25 de junho, por exemplo, estava posto em sossego quando recebi pelo WhatsApp a mensagem cujos trechos essenciais reproduzo sem correções:

“Estou entrando em contato com o senhor para perguntar se gostaria de se posicionar acerca de reportagem que estou apurando sobre racismo. Abaixo, encontrará as perguntas []

1. Na última quarta (23), o senhor disse ao vivo na Rádio Jovem Pan que “Todos os casos, inclusive essa evidente fraude ensaiada pelo deputado, seu irmão, Renan Calheiros e etc. As imagens que nós mostramos, elas falam. Nessas imagens, o rosto fala, os olhos, o tom de voz, o timbre, tudo. Até a tonalidade da pele fala e tal. É evidente que o Onyx, um político muito tarimbado, está dizendo a verdade”. O trecho em negrito foi considerado por ativistas negros como sendo expressão de racismo de sua parte. Gostaria de comentar o caso?”.

 Mandei a resposta em cinco minutos:

“Afirmei já no começo do comentário que, na TV, o rosto fala. Fala com o olhar inseguro, por exemplo. Ou com a boca ressecada. Ou com a tonalidade da pele. Quem mente corre o risco de ficar com o rosto ruborizado, com a pele avermelhada. Quando me exponho ao sol por muito tempo, meu rosto adquire uma tonalidade bronzeada. Quem vê racismo nessa constatação (sem ficar ruborizado) precisa de psiquiatra”.

Na sexta-feira, contei a história na Jovem Pan e li a resposta à reportagem prometida para a edição de domingo. Até agora, continua engavetada. Os editores do jornal devem estar empenhados em provar que sou pelo menos preconceituoso. Vou ajudá-los: sou preconceituoso com jornalistas que não sabem escrever. E despertam meus mais baixos instintos os que passam a vida infiltrados em cargos de chefia.

Leia também “Os vigaristas da adversativa”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste
 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Casos globais de Covid-19 caem pela sexta semana consecutiva, diz OMS

Em relação ao número de casos semanais, o continente americano registrou uma queda acentuada de 19% nesta quarta-feira

O número de casos semanais de Covid-19 a nível mundial caiu 11%, marcando a sexta semana consecutiva de quedas, enquanto as mortes caíram 20%, de acordo com informações divulgadas nesta quarta-feira, 24, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O número acumulado de casos de Covid-19 na pandemia chega a 111 milhões, enquanto 2,4 milhões de pessoas morreram em decorrência da Covid-19 desde o início da crise sanitária, há mais de um ano.

Número de Casos do Covid-19
O número de mortes diárias começou a diminuir mais tarde do que o de infecções, mas já registra a terceira semana consecutiva de queda, disse a organização com sede em Genebra. As mortes caíram em todas as regiões, exceto no Leste Asiático, onde houve um aumento de 6%.

Em relação ao número de casos semanais, o continente americano registrou uma queda acentuada de 19%, seguido pelo Leste Asiático (9%), Europa (7%) e África (2%). As únicas regiões que registraram ligeiros aumentos foram Sul da Ásia (2%) e Oriente Médio (7%).

No Brasil, nos últimos dados disponibilizados, o Ministério da Saúde registrou 62.715 novos casos de Covid-19 e 1.386 novas mortes nesta terça, 23. No total, são 10.257.875 casos e 248.529 óbitos confirmados em todo o território nacional. No último dia 14, a média móvel de casos no país alcançou seu patamar mais baixo em mais de um mês, com 44.267.6. Já nesta terça, a média foi de 47.984,9.

Mundo  - VEJA - Com EFE


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Covid-19: Pandemia desacelera no mundo

 Giulia Vidale, VEJA

Na quinta semana consecutiva de retração, novos casos caem 16%, segundo OMS

A pandemia de coronavírus parece estar perdendo a força no mundo. O número de novos casos de Covid-19 caiu 16% em todo o mundo na última semana, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). 
Na semana de 8 a 14 de fevereiro, mais de 2,7 milhões de novos casos foram registrados, contra cerca de 3,1 milhões na semana anterior (1 a 7 de fevereiro). É a quinta semana consecutiva com redução de novos diagnósticos.

As regiões com maior taxa de queda foram África e Pacífico Ocidental, com cerca de 20%. Em seguida, estão Europa (18%), Américas (16%) e Sudeste Asiático (13%). A única região da OMS a apresentar um aumento no número de novos casos de Covid-19  – 7% – nesse período foi o Mediterrâneo Oriental, que compreende o Oriente Médio, além de partes da Ásia Central e Nordeste da África. Em números absolutos, Europa e as Américas continuam a ver o maiores quedas no número de casos.

O número de novas mortes registradas também caiu, com 81.000 novas mortes registradas na semana passada, um declínio de 10% em relação à semana anterior. Desde o início da pandemia, foram confirmados globalmente 110,7 milhões de casos da Covid-19 e 2,4 milhões de mortes.

O lento ritmo de distribuição e aplicação de vacinas no mundo ainda não é suficiente para gerar um impacto assim na doença então, especialistas acreditam que a retração da pandemia esteja associada a outras questões, como sazonalidade, medidas de prevenção e ações governamentais, como amplos lockdowns adotados na Europa, por exemplo.[os lockdowns devem ser vistos com reservas -  o Reino Unido já está no terceiro fecha tudo, cada um mais rígido que o anterior, e a queda do número de mortes é inferior ao esperado.]  O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que o fato de os casos e mortes estarem caindo globalmente mostra “que medidas simples de saúde pública funcionam, mesmo na presença de variantes”.

O surgimento de variantes do novo coronavírus, mais infecciosas e menos suscetíveis às vacinas atuais que a versão original, é algo que preocupa autoridades de saúde do mundo mundo. Por isso, a OMS ressalta a necessidade de as empresas estarem prontas para adaptar e atualizar as vacinas contras as novas cepas, como já acontece com a vacina da gripe, por exemplo. Segundo dados disponibilizados neste domingo, 21, foram registrados 29.026 novos casos e 527 novas mortes. No total, são 10.168.174 casos e 246.504 óbitos confirmados em todo o território nacional.

Em Saúde-VEJA, MATÉRIA COMPLETA


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Assassinato cirúrgico pode? Blog Mundialista

Vilma Gryzinski

O contexto faz uma tremenda diferença

Quem tem o direito de mandar matar um inimigo em outro país em nome da segurança nacional? Em princípio, se as regras da ONU fossem seguidas ao pé da letra, ninguém. O artigo 51 da Carta da ONU foi traçado na época das guerras convencionais e permite apenas atos de autodefesa até que o Conselho de Segurança se reúna e intervenha em caso de conflito entre duas nações. Nada de assassinatos cirúrgicos, uma tática que se tornou padrão na guerra assimétrica contra organizações terroristas como a Al Qaeda e o Estado Islâmico.
 
É também um recurso usado sistematicamente, embora de maneira contida, em termos relativos, por Israel, em geral contra líderes do Hamas e do Hezbollah. O assunto voltou espetacularmente à cena com o assassinato do cientista-chefe que tocou o projeto nuclear secreto do Irã, Mohsen Fakhrizadeh. Ele foi emboscado numa estrada por dois utilitários cheios de comandos especiais que neutralizaram os seguranças e chegaram a tirar o físico nuclear de seu carro para ter certeza, via rajada de balas, de que a missão estava cumprida — a versão de que foi tudo feito por veículos e armamentos manejados remotamente é muito fantasiosa até para os padrões do Mossad.
[assassinatos seletivos, ou cirúrgicos, são praticados com frequência  por Israel  - intensificados sob Benjamin Netanyahu. O atual primeiro-ministro de Israel se sente inteiramente à vontade, até quando decide utilizar sua poderosa Força Aérea para assassinar civis palestinos,  desarmados,  na Faixa de Gaza.] 

Qual a diferença entre a morte de Fakhrizadeh e os atentados praticados por agentes do regime iraniano? Tecnicamente, nenhuma. Mas entra aí o contexto — e faz uma tremenda diferença. O Irã representa uma ameaça existencial a Israel de uma forma que não tem a contrapartida oposta. Israel não ameaça varrer o Irã do mapa e nem provê dinheiro, armas e ideologia a organizações poderosas como o Hezbollah, hoje a força político-militar dominante no Líbano, cuja própria razão de ser é a destruição de Israel.

O Oriente Médio não é um ambiente que dê espaço a ingênuos, e Israel sabe muito bem que a eliminação de Fakhrizadeh, já aposentado, não muda em nada o programa nuclear iraniano, sempre a uma curta distância de transitar para a bomba atômica. A tática foi usada na última década, combinando assassinatos cirúrgicos contra cientistas nucleares e ataques cibernéticos com o vírus Stuxnet, conseguindo no máximo atrasar o projeto. Talvez o aspecto mais relevante do assassinato do físico iraniano tenha sido o timing: na transição do governo de Donald Trump para o de Joe Biden, com a certeza de que o novo presidente será muito mais condescendente com o Irã e menos flexível com Israel. 

Estaria Benjamin Netanyahu  tentando criar um fato consumado, uma reação armada iraniana que explodisse no colo de Biden antes mesmo de sua posse? Os iranianos não seriam bobos de cair nesse tipo de armadilha. Todos os envolvidos entendem que haverá retaliação, mas não aleatória ou irracional. Aliás, no acerto de contas do Irã, ocupa o primeiríssimo lugar o poderoso general Qassem Soleimani, explodido num bombardeio cirúrgico feito por drones americanos no aeroporto de Bagdá. A eliminação de Soleimani, que tinha o sangue de americanos nas mãos, não provocou o tipo de conflito generalizado sobre o qual se voltou a falar agora, mas com certeza será vingada. O direito de matar, legítima ou ilegitimamente, sempre vem com a etiqueta de preço.

Publicado em VEJA,  edição nº 2716, de 9 de dezembro de 2020

Blog Mundialista - Vilma Gryzinsky - VEJA

 

sábado, 15 de agosto de 2020

Enfim uma boa notícia no Oriente Médio, mas tem quem reclame - Blog Mundialista

Tudo de bom: acordo entre Israel e Emirados Árabes Unidos abre uma fase promissora e “tira da pauta” a anexação de territórios palestinos 

“Mensagem de amor de Telavive”. Assim a prefeitura da cidade ilustrou a fachada de luzes nas cores de Israel e dos Emirados Árabes Unidos – os Emirados, para simplificar. Uma semana antes, a  iluminação em forma da bandeira do Líbano, em solidariedade aos mortos na grande explosão do porto de Beirute, provocou reações furiosas. Israelenses de direita consideraram um ato de traição, uma vez que o Líbano continua a não aceitar um tratado de paz com Israel, e libaneses muito mais extremistas reagiram: “Vamos iluminar Telavive com nossos mísseis”. 

O clima completamente diferente que cerca a aproximação oficial entre Israel e os Emirados é um dos raros momentos em que o Oriente Médio produz uma notícia boa. A aproximação é produto de um longo processo de acerto entre interesses comuns. Israel não precisou pagar com a devolução de territórios, como aconteceu com o Sinai reintegrado ao Egito, em 1979.

O retorno de Yasser Arafat e a  transferência de territórios à Autoridade Palestina, em 1994, também envolveu essa “troca de paz por terra”. Foi uma experiência infeliz, fracassada ou condenada na opinião de muitos israelenses, decepcionados com a militarização e os atentados terroristas provocados pelos novos “aliados”. A maioria dos palestinos também se decepcionou por não conseguir o Estado independente que deveria estar na continuidade dos acordos.

Romper o tabu e se acertar com Israel sem ter o interesse premente de uma troca territorial é um passo muito importante não apenas pelo resultado presente como também pelo que antecipa como futuro: a aceitação de Israel como um país “normal”, não uma  entidade odiada a ser varrida do mapa ou, na falta de capacidade para fazer isso, hostilizada e rejeitada.

Por que o entendimento foi recebido com tanta má vontade em vários setores? Primeiro, porque é uma conquista de dois governantes abominados, Donald Trump e Benjamin Netanyahu. O terceiro integrante do acordo, o príncipe Mohammed Bin Zayed,  herdeiro de Abu Dabi e líder do pequeno e rico colar de emirados que foram uma entidade comum às margens do Golfo Pérsico, tampouco é uma flor da democracia e das liberdades fundamentais – ninguém é nessa região do mundo.

Segundo, porque nada é capaz de satisfazer as expectativas dos palestinos e de seus simpatizantes. [as expectativas dos palestinos são simples de satisfazer: querem apenas não ser estrangeiros em sua própria terra, vítimas de invasões de 'agricultores' - colônias de israelenses na Cisjordânia - 'agricultores' que contam com um apoio de um poderoso exército.
o número de mortos na explosão em Beirute, é muitas vezes inferior ao de civis palestinos mortos pelas chamadas Forças de Defesa de Israel - que utilizam aviões de última geração e poderosos blindados, para se 'defender'  de civis palestinos desarmados e em sua própria terra - ou migalhas que lhe foram concedidas.
Israel tem direito a um território, mas, não pode exercer tal direito tomando terras do mais fraco.]

O primeiro-ministro de Israel estava a poucos dias de anunciar a anexação das faixas de território palestino que, na prática, já são anexadas pela presença de enclaves residenciais habitados por judeus.
Como bom negociador, Bibi mais do que insinuou que anexaria também todo o lado ocidental do vale do rio Jordão.

Uma cartada que saiu rapidamente da mesaSobre a anexação das áreas sob controle total de Israel, Bibi sustenta que não foi eliminada  

Em Mundialista - Blog de Vilma Gryzinski - VEJA - MATÉRIA COMPLETA

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Estupro jurisdicional - Folha de S. Paulo

 Hélio Schwartsman

É fácil ver que o caminho escolhido por Alexandre de Moraes, no caso das fake news, não passa no teste kantiano da universalização da regra

[dos ministros do Supremo que se consideram 'supremos' ministros - não todos, há duas ou três exceções - o ministro Moraes é o que se considera o mais 'supremo'.
Talvez o fato de presidir um inquérito em que investiga, denuncia, decreta prisões, julga e condena, fortaleça esse autoconceito, equivocado.]
É preocupante a pretensão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de fazer com que suas decisões no chamado inquérito das fake news valham não apenas para a operação brasileira de empresas como Facebook e Twitter mas também para a internacional. Aqui, o ministro extrapola sua jurisdição e o faz com um viés autoritário. É fácil ver que o caminho escolhido por Moraes não passa no teste kantiano da universalização da regra.

Em vários países da África e do Oriente Médio, a homossexualidade é crime. 
Se juízes dessas nações podem estender sua jurisdição para aplicativos sediados no exterior, então teríamos de aceitar como legítima a ordem de um magistrado da Arábia Saudita para derrubar sites americanos de pornografia e de encontros. 
A moral prevalecente na internet seria a da mais retrógrada das nações.


Obviamente, esse raciocínio não vale apenas para questões relativas a sexo, aplicando-se também a opiniões políticas, estudos científicos, peças artísticas etc. Se é o Taleban que está no poder no Afeganistão, então até o site do Louvre poderia ser censurado, já que traz imagens de estátuas que, na interpretação das autoridades judiciais daquele país, seriam ilegais.

Não há dúvida de que certas fake news e radicalismos, incluindo falas de bolsonaristas, são socialmente nocivos. Por vezes, constituem crimes, que podem e devem ser combatidos. Se a ofensa for séria o suficiente, será um ilícito em qualquer nação, abrindo caminho para a cooperação judicial entre países. [caso da pedofilia; aliás, um jornalista inimigo do presidente Bolsonaro e do Brasil, tentou usar a cooperação internacional no combate a crimes tipo pedofilia, para justificar a pretensão do ministro condutor do inquérito do fim do mundo de ter jurisdição universal.]

Caso contrário, acabarão prevalecendo as normas das nações mais liberais, pois é nelas que as empresas globais de internet tendem a estabelecer-se. E esse é um dos milagres da rede. 
Ela cria uma espécie de concorrência entre legislações nacionais capaz de gerar um círculo virtuoso de promoção da liberdade e do cosmopolitismo. 
A pretensão de Moraes de enquadrar o Facebook é a negação disso. 

 Hélio Schwartsman, colunista - Folha de S. Paulo