ADONIS OLIVEIRA - LÍNGUA FERINA
CASO 01 – Polícia Federal.
Há alguns anos atrás, fui vítima
do ataque de um hacker em um processo de importação que estava sob a
minha responsabilidade. O bandido conseguiu acessar minha caixa de
mensagens e, não só as ler como alterá-las.
Desta forma, ao recebermos a
Fatura Proforma do exportador chinês, esta havia sido adulterada pelo
hacker sem que soubéssemos ou nos déssemos conta. No local onde deveria
estar indicada a conta bancária para a qual deveria ser feita a
transferência do sinal (quantia bem significativa e de alguns milhares
de dólares), passou a constar uma outra conta. Em lugar da conta do
fornecedor, em Xangai, passou a constar uma conta num banco em
Singapura. Soubemos depois que esta era uma conta do tipo Off-Shore e
que havia sido aberta a partir de Londres.
Quando cheguei na China, na
fábrica do exportador, para fazer a inspeção final de embarque, qual não
foi a minha surpresa ao ser informado de que estes não haviam recebido o
pagamento do sinal. Comparamos as nossas correspondências e vimos
imediatamente a fraude que havia sido feita conosco. A consequência? Como dizem os advogados: “Quem paga errado paga duas vezes! ”
Ao retornar ao Brasil, fui à
Polícia Federal dar queixa, a fim de justificar o envio de uma grande
quantia em dólares para o exterior sem que tivesse uma contrapartida na
importação de algum bem. Na mesma ocasião, solicitei ao Delegado que nos
disponibilizasse o acesso ao departamento daquele órgão com competência
para rastrear as mensagens e saber de onde haviam partido, de modo a
poder ir atrás do “Hacker” e dar-lhe alguns “conselhos” e admoestações.
Que dizer: uma surra muito bem dada.
Qual não foi minha surpresa ao
ser advertido pelo brioso delegado de que (sic) “A função da Polícia
Federal é proteger o Estado, e não um cidadão qualquer”. Fiquei
perplexo, atônito, estupefato, boquiaberto, embasbacado, abilolado, e o
mais que não consigo encontrar palavras para expressar. Perguntei aos
meus botões:
– Ué! E essa porra não é para proteger os cidadãos não, é?
Tornei a perguntar:
– É para isso que sustentamos essa cambada imensa a pão de ló e com toda as mordomias possíveis e imagináveis?
E o exemplar funcionário “público” respondeu candidamente: – SIM!
Foi só aí que me dei conta de que
a única função do público pagante, nesta festa pobre, é entrar
fantasiado de bunda numa festa de bilôla, gerenciada pelos donos do
aparato estatal.
CASO 02 – Procuradoria do meio ambiente do Piauí.
Nas andanças pelo mundo, mantive
contato com empresas da China e da Índia que desenvolveram uma
tecnologia fantástica para a reciclagem de lixo urbano. A principal
característica é a produção de energia, com uma parte do lixo, e óleo
diesel com a outra parte. Tudo isso de forma altamente limpa, sem odores
desagradáveis no entorno das instalações de tratamento e, altamente
viável em termos econômicos. Nosso país sofre cronicamente com os
famigerados “lixões”. Fazem uns 30 anos que tentam erradica-los. São
lugares, nas periferias das cidades, onde o lixo é amontoado. A
esperança é que o tempo lhe dê um tratamento adequado. São locais
dantescos: Urubus voando, uma catinga desgraçada, lençol freático
contaminado com o chorume (aquela gosma que escorre), alta produção de
metano (efeito estufa), dezenas de miseráveis, inclusive crianças,
catando algo que os ajude a sobreviver, e por aí segue.
Descobri nos jornais que havia
um imenso aparato estatal voltado para estas questões: o Ministério
Público Estadual para o Meio Ambiente do Piauí.
Prédio imenso, novíssimo
e todo em mármore, uns 5 ou 6 andares, recepção, grande aparato de
segurança, e por aí vai.
Parecia a sede de uma grande empresa
multinacional e gerando bilhões de dólares em faturamento. Liguei e
solicitei uma reunião com o comando. O jovem que me “atendeu” no horário
marcado era extremamente bem vestido, com a aparência de ser um
advogado muito bem-sucedido e remunerado. Estava numa azáfama pois,
segundo ele, tinha outros compromissos urgentes e só dispunha de alguns
minutos para mim. Assim, enquanto se dedicava a outras atividades,
expliquei meu caso enquanto ele me dava as costas e tratava de outras
coisas.
Minha proposta era que, em lugar dos caminhões que recolhiam o
lixo seguirem para a lixão, apodado agora de “Aterro Sanitário”,
seguirem para minha fábrica, que ficaria bem mais perto e o trajeto
seria menor. Sua resposta foi irada:
– O senhor está querendo que eu faça advocacia administrativa para sua empresa?!?!?!
Só acertei dizer:
– Doutor, o senhor não entendeu a minha proposta.
Foi quando ele disse:
– Pois passe outro dia e explique em mais detalhes. Veja com a minha secretária.
Contatada, esta afirmou que só teria espaço na agenda para daí a alguns dias. Fui embora e não voltei até hoje!
MINHA CONCLUSÃO:
Poderia continuar relatando
casos e mais casos em que o imenso e custoso aparato estatal mostrou que
só serve para proteger seus apaniguados. Seria redundante!
As conclusões a que chego são:
1- Todas as vezes em que
algum crápula asqueroso vem com a conversa sebosa de que “Está
defendendo a democracia; ou defendendo o Estado” e coisas que tais, o
que está defendendo na realidade é a integridade do próprio orifício
corrugado póstero lombar. Está defendo suas mordomias, privilégios, seu
poder de cometer arbítrios, prender, perseguir, arrebentar,
desmonetizar, extorquir financeiramente, e por aí segue.
O ESTADO É ABSOLUTO!
2- No caso do Brasil atual, a
coisa está muito mais sutil e disfarçada. Os crápulas mentes tão
completamente que chegam a acreditar nas próprias mentiras. Afirmam
sempre estar “protegendo a democracia e o estado”. Isso só enquanto não
se assenhoram completamente do aparato estatal. Enquanto ainda resta
alguns resquícios esfarrapados de democracia para impedi-los de darem
total vazão a seus instintos baixos.
Não precisamos ir muito longe para
ver que, ao tomarem o poder, seja de que maneira for, retirarão as
máscaras e declararão que toda a prioridade será a maldita SEGURANÇA DO
ESTADO.
KGB – Komitet Gosudarstvennoy Bezopasnosti, ou Comitê para a Segurança do Estado. Polícia secreta da antiga União Soviética.
STASI – Ministerium für Staatssicherheit ou Ministério para a Segurança do Estado. Principal organização de polícia secreta e inteligência da Alemanha Oriental (RDA).
GESTAPO – Geheim Staatspolizei ou Polícia Secreta do Estado – Nazista
PIDE – Polícia Internacional e de Defesa do Estado – Polícia política portuguesa.
SECURITATE – Departamentul Securităţii Statului ou Departamento de Segurança do Estado. Foi a agência de Polícia Secreta da República Socialista da Romênia.
3- O povo brasileiro vive com medo do aparato estatal. Vivemos numa tirania absoluta.
Michael Foucault (Comunista de
carteirinha), em sua obra VIGIAR E PUNIR, descreveu brilhantemente o
estado de selvageria a que a humanidade regrediu nas mãos de ditaduras
socialistas:
“De acordo com a ordenação
de 1670, …, era impossível ao acusado ter acesso às peças do processo,
impossível conhecer a identidade dos denunciadores, impossível saber o
sentido dos depoimentos antes de recusar as testemunhas, impossível
fazer valer, até os últimos momentos do processo, os fatos
justificativos, impossível ter um advogado, seja para verificar a
regularidade do processo, seja para participar da defesa. Por seu lado, o
magistrado tinha o direito de receber denúncias anônimas, de esconder
ao acusado a natureza da causa, de interrogá-lo de maneira capciosa, de
usar insinuações. Ele constituía, sozinho e com pleno poder, uma verdade
com a qual investia o acusado; e essa verdade, os juízes a recebiam
pronta, sob a forma de peças e relatórios escritos; para eles, esses
documentos sozinhos comprovavam; só encontravam o acusado uma vez para
interrogá-lo antes de dar a sentença. A forma secreta e escrita do
processo confere com o princípio de que em matéria criminal o
estabelecimento da verdade era, para o soberano e seus juízes, um
direito. ”
Tudo isto era coerente para Luiz XIV, quando o princípio básico era: “L’état c’est moi!”
Hoje, no Brasil, em que vivemos
uma situação de proto-comunismo instalado, e onde o estado é tudo, temos
um STF amaldiçoado e execrado pela maioria acachapante da população, e
que se arvorou no papel do rei absolutista. Dizendo ser o “Defensor da
Democracia” e do “Estado”, transformou-se numa KGB ou numa GESTAPO. [em situações especiais - classificação que cabe ao STF - o STF acumula funções de Vítima (por autodeclaração) Polícia (investigando) MP (denunciando) Juiz de 1º Grau (julgando). Por óbvio, se o condenado decidir recorrer, o STF analisa o recurso como Instância máxima do Poder Judiciário.] As policias políticas das ditaduras comunistas, ou os tribunais absolutistas de Luiz XIV, não fariam melhor.
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Jornal da Besta Fubana - Adonis Oliveira - Língua Ferina