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quarta-feira, 16 de junho de 2021

DEUS ME PROTEJA DE MIM! (e ninguém me é mais perigoso).

Adriano Marreiros

 Eu pedi a Deus: não às agências de “checagem” e aos arautos da censura

“Deus me proteja de mim”, diz a canção de Chico César e do saudoso Dominguinhos, que também diz que “Caminho se conhece andando e então vez em quando é bom se perder”.  

Ouço isso enquanto vejo comentários sobre um tal documentário que tem buscado apavorar os usuários das redes sociais e que estaria fazendo que muitos estejam saindo delas.  Não duvido que estejam.  Muita gente acha que fulano é gente boa porque critica a corrupção.  Que ciclano é gente boa porque quer evitar que nos enganem com “fake” news.  A música prossegue pedindo mais a Deus: que me proteja “da maldade de gente boa” Muito sábia: como é que vou andar pelo caminho e me perder, procurando o que é a verdade, se tem “gente boa” que quer me impedir de andar, se tem “gente boa” que quer cassar o meu direito de me perder: mas, principalmente, porque tem “gente boa” que quer evitar a todo custo que eu tenha o direito de me achar?

Mas como assim? Que isso? Eles querem o seu bem, o BEM MAIOR pra Sociedade.  As agências de “checagem” e seus arautos (do establishment “progressista”) fazem isso por bondade, por amor a você  e contradiscursos de ódio”, que é como se chama qualquer coisa que não considerem “progressista”.  Na caixa de som, por bluetooth, a canção, por coincidência pede a Deus, desta vez, que me proteja também “da bondade de pessoa ruim”.

Sinceramente, não sou de criticar sem ver, mas não verei o tal documentário que pretende convencer que as redes trouxeram tudo de pior e que, por dedução, a imprensa tradicional e órgãos do Estado e do globalismo seriam os únicos confiáveis, os únicos que me iluminarão com a verdade...  Ele pode até pretender me fazer achar um caminho seguro pra trilhar, mas eu prefiro mesmo, bailando ao som da sanfona de Dominguinhos, me perder, porque “Perdido fica perguntando, vai só procurando e acha sem saber”...

Há dois anos, na mudança, achei um caderno de crônicas e poesias em que o então Cadete Marreiros, de 20 anos (1991), comentava que chamavam de opinião pública a opinião publicada.  
Naquele tempo, só publicava quem os editores dos jornais, os editores das revistas, os editores da Sociedade permitiam.  
As redes sociais permitiram que qualquer um publique sem as autorizações desse governo oculto, ou dessa panelinha, ou dos poderosos ou como você queira chamar.  
Permitiu que se publicasse muita besteira e muita sabedoria.  Muita coisa errada e muita coisa certa. Muita mentira e muita verdade.  
Mas a expressão mais exata é: permitiu publicar sem pedir licença ao poder, aos poderosos.  É o que se chama LIBERDADE DE EXPRESSÃO.  É o que se chama AUSÊNCIA DE CENSURA.  É o que se chama DEMOCRACIA DE VERDADE: pois, pela primeira vez na História, ao menos desde a Grécia antiga, o povo não precisou de intermediários, de “iluministas” nem de “editores” para expressar sua opinião, pela primeira vez podemos realmente falar em opinião pública, pela primeira vez podemos exercer a cidadania desde o tempo da Ágora dos gregos.
Ah, mas esse excesso de liberdade é perigoso?!  E as “fake” News?  Tolinho, o problema da Liberdade de expressão, ao longo de toda a História, nunca foi com as notícias falsas.  
Você realmente acha que agora é?  
Que o perigo está na liberdade de buscar a verdade? 
Que está na verdade, nos fatos reais? E a voz anasalada do Chico Cezar, justo nessa hora, lembra que “Perigo é se encontrar perdido, Deixar  sem ter sido, Não olhar, não ver”.

Muitos querem fazer você não olhar pra não ver o óbvio e, do jeito que as coisas andam, não sei como vai ser.  Recorro à Fé e reitero a Deus, Nosso senhor, e não aos burocratas e censores de plantão, o pedido do poeta:

Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa

Da bondade da pessoa ruim
Deus me governe e guarde ilumine e zele assim... 

 

Crux Sacra Sit Mihi Lux / Non Draco Sit Mihi Dux 
Vade Retro Satana / Nunquam Suade Mihi Vana 
Sunt Mala Quae Libas / Ipse Venena Bibas

 

 Conservadores e Liberais

 

domingo, 9 de maio de 2021

Isso não pode acabar bem - Revista Oeste

 
Rodrigo Constantino

Uma ala expressiva da esquerda tem justificado cada vez mais a intransigência, até com violência, contra a direita, toda ela considerada 'fascista'

Qual o desfecho possível para uma democracia quando uma parte considera que cerca de um terço da população é genocida, fascista, negacionista, assassina? 
A pergunta é retórica. Qualquer pessoa sensata vai concluir que é inviável uma democracia com tais características. Se há tanta gente assim dentro de tal sistema, ele vai inevitavelmente ruir, terminar até em guerra civil. Não há democracia possível com tantos inimigos
[o que nos conforta e nos propicia a certeza da  VITÓRIA, É QUE A esquerda SEMPRE PERDE;
Nos últimos cem anos os malditos esquerdistas perderam por cinco vezes (contando só as derrotas maiores, as pequenas derrotas que sofreram, ignoramos)= e a cada vitória mais nos convencemos de que devem ser extirpados politicamente.
Até os atos violentos, covardes e infundados do tal
'black lives matter', foram apenas alvoroços, estertores,  que de prático nada trouxeram, nem trarão, já que a razão não lhes assiste.

 
Mas é exatamente essa a narrativa que uma elite vem impondo. E o fenômeno é mundial, com claro agravamento na era das redes sociais. O tribalismo tem sido a tônica nos “debates” — e, em vez de aceitar a ideia de que seu adversário político pensa diferente ou está equivocado, a premissa cada vez mais usual é a de que se trata de um ser perverso, cruel, maligno. Não há diálogo possível com fascistas assassinos, há?

É crucial entender a origem do fenômeno moderno. A tentativa de demonizar o adversário, visto como inimigo mortal, não é novidade. O processo de desumanização do “outro lado” é uma tática comum em ideologias totalitárias. O exemplo mais evidente é o que os nazistas fizeram com os judeus. Se do lado de lá não há humanos que discordam das nossas bandeiras, mas sim vermes que querem nos destruir, então o extermínio desses “vermes” passa a ser pregado como algo aceitável.

O sociólogo e filósofo alemão Herbert Marcuse (1898-1979), com seu conceito de “tolerância repressiva”, deu a senha para que a esquerda pós-moderna encarasse qualquer um que não fosse socialista como um reacionário fascista, um perigo iminente, uma ameaça terrível. E, com base nessa ideia, toda reação a essa ameaça era legítima, justificada, um ato libertador. Palavras agridem, ideias são bombas, e agredir fisicamente quem as profere passa a ser legítima defesa.

Eis o resultado prático: grupos se vestem de preto, usam máscara, pegam armas brancas e incendeiam universidades para impedir a palestra de um conservador moderado como o advogado e escritor norte-americano Ben Shapiro. E eles se chamam de Antifa, ou seja, os antifascistas! Aquele que adota postura truculenta, intolerante e autoritária passa a ser o democrata tolerante em sua própria visão distorcida, tudo porque tem certeza de que está reagindo ao enorme risco fascista, que enxerga em cada esquina, em cada um que não defende sua mesma ideologia.

É por isso que Hillary Clinton se referiu a metade dos eleitores de Trump como “deploráveis”, e a esquerda “progressista” passou a considerar “discurso de ódio” a simples defesa de tradições, do casamento entre homem e mulher ou as críticas à ideologia de gênero. A mentalidade esquerdista hoje, de forma geral, é totalitária, pois não aceita que seja possível discordar dela com legitimidade, com boa intenção.

No Brasil, toda a direita tem sido demonizada faz tempo, e com a chegada de Bolsonaro ao poder a coisa piorou muito. 
O presidente passou a ser confundido com o próprio vírus chinês, acusado de cada óbito na pandemia, responsabilizado diretamente por tudo de ruim que acontece. 
Esta semana, com a morte do humorista Paulo Gustavo, vimos o ápice dessa postura. Paulo Coelho, Felipe Neto, Maitê Proença, a turma do MBL e muitos outros acusaram Bolsonaro pela morte do ator, com rótulos de “genocida”, “assassino” ou “verme.[juntando as três 'coisas' destacadas, surge algo bom?]

Qualquer um que ouse enxergar virtudes no presidente ou em seu governo é logo tachado de cúmplice de genocídio por essa gente. Não há diálogo viável, não há argumentos racionais que prestem para os “canceladores”. Só há um “pequeno” problema: segundo as pesquisas, Bolsonaro tem o apoio de cerca de um terço do povo brasileiro. Nas ruas no sábado passado, vimos um 1º de Maio atípico, com centenas de milhares de pessoas ocupando várias avenidas importantes pelo país em apoio ao presidente. Foi um recado bem alto.

Essa gente considera que há um golpismo no ar, que o establishment atua para impedir o governo, para boicotar ou derrubar o presidente. Não confia nas urnas eletrônicas e pede voto auditável
Joga tomates em imagens dos ministros supremos pois os considera traidores da Constituição e a serviço do corrupto que os indicou para o STF. Alguns clamam por uma ação militar, tamanhos o desespero e a sensação de impotência diante de um sistema corrompido.
Discordar de suas bandeiras ou de seus métodos é do jogo. Chamá-los de genocidas ou fascistas, porém, é retirar a legitimidade de um grito atravessado na garganta de milhões de brasileiros. Voltamos ao ponto inicial: como viabilizar uma democracia que rejeita quase metade dos eleitores? 
Como dirimir conflitos, aparar arestas e buscar consensos ou contemporizações se, em vez de oponentes políticos, enxergamos monstros assassinos do outro lado? 
Tentam a todo custo e com muito esforço, além da cumplicidade de boa parte da imprensa, transformar em pária social aquele que defende o grosso da atual gestão, que claramente possui inúmeros méritos mesmo. Você não está errado, segundo essa narrativa; você é “do mal”, e isso justifica todo o ódio “do bem” que vemos por aí, com gente desejando abertamente a morte de Bolsonaro e de seus apoiadores.

Isso não tem a menor chance de terminar bem. Até porque essa enorme parcela da população descobriu que pode ter um representante no poder, que existem outros milhões que pensam como ela, que o jogo é sujo para impedir seu direito de existência política. Não é possível voltar ao estado anterior, com uma mídia dominada de forma quase hegemônica pela esquerda e um teatro de tesouras entre petistas e tucanos como se fosse uma disputa entre esquerda e direita. A direita acordou, e um gigante desperto precisa ser levado em conta. Não dá para colocar um elefante embaixo do tapete e fingir que ele nem sequer existe.

Comentando os atos violentos do Black Lives Matter nos Estados Unidos, o sociólogo húngaro-canadense Frank Furedi escreveu em coluna desta revista: “O surgimento de uma nova filosofia que justifica esse tipo de protesto e os saques é resultado direto da poderosa influência exercida pela política identitária no mundo anglo-americano. Nos Estados Unidos, até pouco tempo atrás, o uso de violência e de ameaças politicamente motivadas tendia ao confinamento dos campi universitários. O exercício da cultura de cancelamento sempre continha a implicação de que a força poderia ser usada contra o alvo cancelado. O que mudou é que, em meses recentes, formas de comportamento que estavam confinadas às universidades migraram para o resto da sociedade. No ambiente menos refinado da urbanidade norte-americana, a cultura do cancelamento adquiriu uma dinâmica muito mais sombria”.

Ele concluiu em tom pessimista: “Quando uma mídia supostamente livre se recusa a pensar livremente e noticiar o que é evidente aos olhos de seus espectadores, você sabe que a liberdade está muito encrencada. Quando protestos violentos são ignorados e, em alguns casos, celebrados, o respeito pelo Estado de Direito está fatalmente comprometido. Agora entendo de verdade quando a garçonete me alertou sobre a possibilidade de uma guerra civil. Pessoas como ela sabem que seu modo de vida está sob ameaça quando o comércio para o qual trabalham pode se tornar um alvo legítimo para um ‘protesto intenso, mas basicamente pacífico’.”

Uma ala expressiva da esquerda tem justificado cada vez mais a intransigência, até com violência, contra a direita, toda ela considerada “fascista”. Essa estratégia pode surtir algum efeito em círculos da elite cosmopolita, que fica com “nojo” de tudo o que remeta ao conservadorismo, tido como “tacanho”, “obscurantista” ou “assassino”. 

 Mas vai esgarçando o tecido social até o ponto de ruptura. Toda ação leva a uma reação. É por isso que não podemos descartar nem mesmo um conflito eventual. A esquerda não pode achar que vai provocar tanto assim sem nenhuma consequência. Talvez alguns mais radicais e revolucionários desejem mesmo isso. 

Cabe aos outros compreender quanto antes o perigo, e resgatar o respeito por quem pensa diferente, por quem é de direita, e sim, por quem apoia o governo Bolsonaro.

Leia também “Uma guerra civil nos EUA?”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste

 

quinta-feira, 11 de março de 2021

Armadilha Radical para Bolsonaro - Alerta Total

Impasses incomodam, preocupam, tensionam, estressam e geram perigosas incertezas. A situação é mais grave quando o impasse é institucional, causado por uma ruptura que já aconteceu e corre risco de evoluir para um conflito social de proporções inimagináveis. 
Assim descaminha o Brasil na Era do Covidão, combinando três fatores explosivos: 
1) o medo pela doença;
2) a incompetência das autoridades; 
3) a sabotagem sistemática e persistente contra o Presidente da República (para desgastá-lo, derrubá-lo, forçar uma renúncia ou induzi-lo a cometer uma imperdoável radicalização institucional).

Ficou escancarada a tática do Establishment, depois do “perdão judicial de araque” a Luiz Inácio Lula da Silva e da suprema punição rigorosa ao deputado Daniel Silveira. O plano básico é tornar insuportável o ambiente político e institucional. A tática básica consiste em estressar o Presidente da República, para que ele adote medidas duras e extremas, como uma “Intervenção Constitucional”, convocando as Forças Armadas para fazer o trabalho (o milagre) que os políticos, os magistrados e a sociedade não conseguem fazer. 


A intenção da oligarquia é bem descarada. Se Bolsonaro “radicalizar”, já está tudo pronto para uma gigantesca campanha internacional contra ele. Os controladores globalitários têm seu Mecanismo de prontidão para condenar, veementemente, qualquer posição extrema de Bolsonaro. Previamente desconstruído mundialmente como “fascista”, “negacionista”, “golpista” e outros adjetivos negativos, Bolsonaro será alvo fácil de uma comoção global para tirá-lo do poder na base da pressão externa. Neste caso, Bolsonaro não seria apenas alvo de impeachment. Também acabaria preso, previamente condenado por algum “Tribunal Transnacional”, com todo respaldo do Supremo Tribunal Federal brasileiro.

A “sorte” de Bolsonaro (talvez “azar” dos brasileiros, dependendo do ponto de vista) é que os militares não querem saber de “intervenção” em hipótese alguma. Alguns oficiais, por tática de pressão, até sugerem que pode ocorrer uma reação da caserna, em função das famosas “aproximações sucessivas”. No entanto, a hipótese intervencionista é completamente descartada pela cúpula do Exército, Marinha e Força Aérea. Assim, o plano golpista dos globalistas contra Bolsonaro já nasce morto.

Além disso, apesar das eventuais exaltações verbais, Bolsonaro não tem a menor vontade de promover uma intervenção. Ele acha mais cômodo e seguro manter a composição política com o Centrão do Congresso Nacional para não terminar vítima de terremotos políticos. A grande dúvida é se Bolsonaro conseguirá suportar a crescente pressão para desmoralizá-lo até derrubá-lo, nem que a “derrubada” se limite a inviabilizar sua reeleição em 2022. O Establishment joga o xadrez antevendo, pelo menos, 13 jogadas à frente. Bolsonaro é só mais um refém (conveniente? Ou conivente?).

O cenário brasileiro é de um hospício a céu aberto estrategicamente planejado. Todo mundo parece à beira de um ataque de nervos. O comportamento só agrava o pandemônio - causado pela maneira equivocada ou propositalmente sacana de gerir uma pandemia que, na realidade, mais parece uma “fraudemia”. O Brasil subdesenvolvido não tem vacina suficiente, e vai gastar muito dinheiro e tempo para ter. O País também não tem - nunca teve - um sistema de saúde que funcione de maneira minimamente desejável. Sobram retóricas e polêmicas oficiais, enquanto as pessoas enfrentam a doença, seus efeitos e o agravamento da bagunça econômica.

A armadilha radical para Bolsonaro está montada. Tudo indica que ele não cairá nela. Mas todo cuidado é pouco… O “inocente” Lula voltou ao jogo da sucessão espancando Bolsonaro. Do ponto de vista eleitoreiro, era tudo que Bolsonaro queria. Uma polarização com um personagem desgastado, no qual a imagem da corrupção está colada de maneira irremediável. Bolsonaro ganhou um “presentão” do Edson Fachin. A única certeza é que o nível de canalhice e imbecilidade está gigantesco no Brasil em guerra de todos contra todos.

Jorge Serrão, editor-chefe do Alerta Total

 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Representação truncada - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

A vida dos cidadãos não é levada em conta. A sociedade clama por mudanças [e a sociedade -  no caso, quase 60.000.000 de brasileiros e brasileiras) fez sua parte: elegeu Presidente da República, JAIR MESSIAS BOLSONARO - que até agora não teve oportunidade de governar: surgiu a pandemia, ainda em curso mas  indo embora, e antes da pandemia e até agora teve a oposição cerrada da turma dos inimigos do Brasil =  a soma dos: arautos do pessimismo + inimigos do Brasil + inimigos do presidente + os contra a Pátria Amada, + adeptos do 'quanto pior, melhor'.  
A soma de todos esses resíduos, sujeiras, tem impedido mudanças, mas aos poucos a corja do mecanismo e do establishment começa a desmoronar e as mudanças ocorrerão.
Por falar em desmoronar, o projeto mirabolante e alucinante do ainda governador paulista, Joãozinho Doria, está afundando de vez. Fez um auê danado com a vacina, iludiu milhões de brasileiros incautos (a maioria eleitor da esquerda), disseminou duas fake news:
- vacina em abundância, disponível para qualquer brasileiro que se deslocasse ao estado paulista;
- que os brasileiros não estavam todos vacinados devido Bolsonaro ser contra.
MENTIRA. Fosse ele um apoiador do capitão, estaria preso, sendo processado por... o crime  cometido é um detalhe que pode ser apresentado depois.]

A pandemia invadiu a vida das pessoas de forma nunca vista, introduzindo a doença e o medo da morte no seio de cada família. Diante de tão aterrorizante realidade, a população vê os países mais avançados se vacinando e abrindo caminho para o futuro, enquanto os responsáveis pelo governo federal se comprazem com malabarismos da pior qualidade, num cenário que, não fosse trágico, seria cômico. Os discursos são tão disparatados e anacrônicos que sua mera listagem, além de longa, seria enfadonha.

Em todo caso, da “gripezinha” à luta contra a vacina “chinesa”, passando pelo dito “tratamento precoce”, uma espécie de poção mágica para incautos, o espetáculo oferecido à Nação é de completa irresponsabilidade. Pessoas adoecendo e morrendo, e a única preocupação dos políticos parece ser a eleição presidencial de 2022. E até lá quantos padecerão? [E, como ficam os vacinados? e os meio vacinados? 
se passar o prazo de validade da primeira dose e não for aplicada a segunda. Que acontecerá?  
A validade da primeira dose da genérica chinesa é contada em dias e a do imunizante da Fiocruz, exige a segunda dose só 12 semanas após a primeira.
Temos que ter atenção com os números para que não sejam manipulados: a soma dos que tomaram a primeira dose, com a dos que receberem a segunda dose, mais os que estão (agora) recebendo a primeira dose não pode ser superior ao total de doses disponibilizadas (agora). E as doses da Fiocruz não podem servir de segunda dose para os que receberam a primeira da Coronavac.]

A crise fiscal se avoluma, os gastos não são cortados, os privilegiados de sempre guardam os seus benefícios e os estamentos estatais defendem os “seus” direitos – aliás, só os deles. Enquanto isso, o País definha economicamente, com alto desemprego, milhões na miséria, à beira da sobrevivência, e a expectativa de vida cai. [estranho... conseguiram com estudos de no máximo dois anos concluírem que a expectativa de vida do brasileiro está em  queda?] O atual governo foi eleito com uma agenda liberal, que, dizia-se, seria conduzida com rigor. No primeiro ano de mandato, nada foi feito, salvo uma reforma da Previdência amplamente preparada pelo governo anterior. No segundo ano, a desculpa foi a pandemia, contra a qual nada foi levado a cabo. E neste começo do terceiro volta o palavrório usual com a reforma da economia e do Estado.

Curiosamente, temos uma situação paradoxal, pois a esquerda retoma a luta contra o “neoliberalismo”, contra a responsabilidade fiscal, sem que liberalismo nem contenção de gastos se tenham realizado. [a esquerda está seguindo a regra de que a pretensão punitiva pode ser exercida antes do delito ser praticado - desde que a vítima da punição seja um apoiador do capitão.
Afinal temos cidadãos encarcerados há anos, sem julgamento, usando apenas o recurso da prisão preventiva sem prazo de validade = pena de prisão com características de perpétua = se sabe a data do começo mas a data do término é desconhecida -   nos remete aos tempos do Stalin, do Mao.
Temos casos em que é politicamente correto (sempre o maldito politicamente correto = esquecem que se é politico não pode ser correto) manter o preso o acusado de um crime. O justo, correto, até democrático, seria julgar o acusado = só que em um julgamento ele seria absolvido - não existem provas que sustentem a acusação. Então mantém o acusado preso, alegando suposto envolvimento em outros crimes e por aí vai.] O pior serviço do atual governo consiste em ter matado a ideia liberal sem que ela tenha sequer existido praticamente.

Os partidos e os políticos, por sua vez, em vez de vocalizarem os anseios da sociedade, estão mais preocupados com suas brigas intestinas, como se estas fossem o mais importante problema da República. Talvez o sejam em sua conotação negativa, ao expressarem o desmonte da representação política. A sociedade não se reconhece em seus representantes. É como se os parlamentares e os partidos vivessem num mundo à parte, só deles, povoado por emendas, cargos e interesses particulares dos mais diferentes tipos, dotados de vida própria. A vida dos cidadãos não é levada em consideração, enquanto esses seres inanimados guardam toda a sua vitalidade. Raras, infelizmente, são as exceções.

As disputas pela presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, com suas intrigas e traições, exibiram uma cena parlamentar e partidária desconectada da realidade. O governo procurou eleger os seus e desestruturar as oposições, os parlamentares negociavam individualmente ou coletivamente os seus votos, enquanto o País seguia à deriva. A sociedade, alarmada, observou um processo longínquo, distante dos seus afazeres cotidianos de sobrevivência e de luta pela vida. Há um crescente estranhamento entre a sociedade e a sua representação, tendo como resultado o enfraquecimento das instituições representativas.

A democracia vive na medida em que suas instituições sejam fortes. [a democracia está em declínio - menos de 10% da população mundial vivem em regime de democracia plena. Cabe a pergunta: a rejeição um regime de governo não indica a necessidade de mudança? do regime? ou da forma como é praticado?] a No momento em que os parlamentares e os eleitos em geral, no Executivo e no Legislativo, apresentam, sem nenhum pudor, o jogo do “toma lá dá cá”, sem que dele se siga nenhum projeto ou realização coletiva, numa espécie de tributo que o vício poderia pagar à virtude, ocorre a debacle da representação política. A política esgotar-se-ia nessa negociação, à qual se seguiriam outras, num jogo sem fim.

Os partidos perdem o seu valor, o seu significado. A sociedade não se vê naqueles que deveriam ser os seus representantes. A “velha política”, tão abominada nas últimas eleições presidenciais, bandeira do então candidato Bolsonaro, é agora conduzida por “novos” e “velhos” políticos, incluídos militares que se apresentavam como avessos a tais práticas. A contradição é manifesta.

Se o divórcio entre a representação política e a sociedade se acentua, se a política renuncia a valores morais e a noções de bem coletivo, se instituições e estamentos do Estado não tornam viável o bem público, se os interesses mais comezinhos tomam a cena pública, o caminho está aberto para soluções demagógicas e autoritárias. Se os partidos e as instituições nada valem, líderes procurarão estabelecer contato direto com uma sociedade aflita e desamparada.

Cria-se um caldo de cultura propício à emergência de “salvadores” da pátria, daqueles mesmos que tudo fazem para corroer e desestruturar a democracia. O discurso passa a ser sem mediações entre o líder e a sociedade, vendendo qualquer narrativa, contanto que ela pegue, suscitando a adesão, por mais mentirosa que seja. E aí de nada adianta dizer que foi o resultado das urnas, pois eleições sozinhas, sem instituições democráticas, podem ser também a via para o autoritarismo. 

Denis Lerrer Rosenfield, denisrosenfield@terra.com.br  - Professor de filosofia - O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Teste de resiliência - Alon Feuerwerker

Este ano de 2021 vai merecer um rótulo já bem usado: “decisivo”. Atravessar politicamente vivo é condição sine qua non para Jair Bolsonaro chegar a 2022 competitivo. E vai ser um ano daqueles. Mesmo que a vacinação se prove um sucesso, seus efeitos macro só devem ser sentidos em (muitos) meses. Um período suficientemente longo para os adversários trabalharem com afinco o desgaste presidencial.

Três ameaças rondam o Palácio do Planalto. Um agravamento da Covid-19, um repique da recessão e uma instabilidade institucional. Esta última podendo vir do Legislativo ou do Judiciário. Para atravessar o ano, o presidente e seu governo precisarão mostrar capacidade operacional e política num cenário de turbulências, em que deixar o avião no piloto automático não será opção.

Sobre o agravamento dos índices da pandemia aqui no Brasil, mesmo países com vacinações muito mais agressivas enfrentam pioras de curto prazo nos índices da Covid-19. E há as novas variações do SARS-CoV-2. E junto vêm a dúvida sobre se as vacinas produzidas a partir do vírus “velho” servem para combater os novos. Ou quanto tempo levará para adaptar os imunizantes, se isso for necessário para serem eficazes contra as novas variantes.

A segunda onda da Covid-19 terá necessariamente impacto na economia. Pois a reação natural das autoridades locais vai ser apertar o torniquete do isolamento e do distanciamento sociais. Haverá reação popular, então podem-se prever movimentos de sístole e diástole, por um período em que a única certeza será a incerteza sobre que medida governadores e prefeitos vão tomar no dia seguinte ao anúncio de novos números.[com a incompetência e insegurança dos governos estaduais e municipais, haverá um momento em que uma coordenação central, unificada se tornará indispensável. Judiciário e Legislativo não são os adequados para coordenar - o primeiro se perde em contradições, recuos (o decidido pela manhã já não vale à noite e as decisão da tarde não resiste ao transcurso de uma noite) e o segundo tumultua.]
E tem o fim do auxílio emergencial e demais medidas protetoras da economia popular na pandemia. 
Aqui, é previsível o Congresso Nacional recriar algo parecido. 
Mas os parlamentares tentarão impedir que Jair Bolsonaro, ao contrário da vez anterior, fature politicamente sozinho as benesses para o povão. A dúvida?  
Qual será a reação do mercado financeiro a um eventual furo no teto de gastos?

E a chacoalhada institucional? Ela estará contratada se os candidatos apoiados pelo presidente não vencerem as disputas pelo comando das duas Casas do Congresso Nacional. Principalmente da Câmara dos Deputados. Saberemos em dias o que vai acontecer. Mesmo vitórias oficialistas não devem impedir que a oposição, agora anabolizada pela aliança entre a esquerda e a direita não bolsonarista de olho em 2022, coloque minas prontas a explodir no campo presidencial.

Se Jair Bolsonaro sair vitorioso das votações do dia 1º, poderá contar com a pressão do empresariado para o Legislativo voltar a dar foco à agenda liberal, em vez de paralisar-se numa guerra política sem solução de curto prazo. Já os políticos, mais ainda os que disputam com o presidente o apoio do establishment, têm planos próprios e não vão dar trégua.  Também por saberem que Bolsonaro mostrou em ocasiões anteriores resiliência, capacidade de voltar à forma e ao tamanho originais depois de uma crise.
E talvez ele nunca tenha precisado tanto disso quanto vai precisar agora.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

 

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Impeachment não emplaca, mas desgaste é risco concreto para Bolsonaro acuado pelo Centrão e STF

Transcrito do Alerta Total – www.alertatotal.net

O Dia D para o destino político Jair Messias Bolsonaro é 1 de fevereiro. Se conseguir eleger o alagoano Arthur Lira presidente da Câmara dos Deputados, o factoide do impeachment só prospera se o titular do Palácio do Planalto cometer algum crime concreto ou fizer uma mega-besteira de gestão. Com Lira no comando, Bolsonaro tem chance de aprovar, nem que seja de forma meia-boca, algumas das reformas prometidas na campanha eleitoral, como a tributária, a administrativa e o novo pacto federativo. Reforma política pode esquecer, porque a maioria do Congresso não quer saber dela.

[Um comentário: consideramos inviável o impeachment do presidente Bolsonaro;
- sendo um crime político o impeachment para decolar necessita que o pedido tenha um suporte acusatório que seja crime;
- ainda que um pedido seja pautado é necessário que 342 deputados decidam pela abertura de processo - com a presença de 341 deputados, nem a sessão é aberta.
Um esclarecimento
 A BEM DA VERDADE:
Parte da mídia, encabeçada todos sabem por quem, tentam emplacar a versão de que o Brasil não tem o IFA (insumo essencial para a fabricação da CoronaVac ou da vacina da Fiocruz e que vem da China) devido uma retaliação dos chineses às críticas que recebem da família Bolsonaro.
 
MENTIRA...............................
O IFA vem da China mas seu fornecimento não depende da boa vontade dos chineses, já que no concernente a vacina da ASTRAZENECA o contrato do Brasil é com aquela farmacêutica, que produz seu próprio IFA, sem depender da China, em sua fábrica localizada naquele país  mas sob administração e controle da farmacêutica ASTRAZENECA.

Sendo uma multinacional, a ASTRAZENECA não está sujeita aos caprichos dos chineses. 

Já a CoronaVac que é fabricada pela Sinovac, empresa chinesa, depende dos humores chineses.]
A narrativa do impeachment é cada vez mais intensa nas redes sociais da internet. A esquerda endinheirada recuperou boa parte do espaço perdido na eleição de 2018, na qual Bolsonaro reinou absoluto e conseguiu o milagre da vitória sem volume pesado de dinheiro. Tal ponto fora da curva tende a não se repetir novamente. Da mesma forma como é remoto o risco de impedimento, a não ser que a “oposição perdida” emplaque Baleia Rossi no comando da Câmara, e o PMDB também eleja Simone Tebet presidente do Senado e do Congresso Nacional.

Prova objetiva de que o impeachment ainda é uma ameaça muito distante da realidade é que apenas 108 dos 513 deputados se declaram, abertamente, a favor de tirar Bolsonaro do poder, fora do prazo constitucional previsto. No entanto, a cautela e a prudência recomendam que Bolsonaro não cometa a insensatez de se achar na zona de conforto. Emplacar um presidente confiável na Câmara dos Deputados, e que aceite tocar a agenda do governo federal, é um ponto essencial para o destino de Bolsonaro. No fisiologismo patrimonialista brasileiro, o risco de infidelidade e/ou tradição é sempre presente. Quem garante que Lira não vai repetir o comportamento de Rodrigo Maia - que foi eleito para o comando da Câmara com promessa de ser parceiro de Bolsonaro, mas, depois, virou de lado?

O fato concreto é que a narrativa do impeachment representa a antecipação prematura da sucessão presidencial de 2022. Até agora, não apareceu qualquer candidato com potencial ou capacidade real de empolgar o eleitorado contra Jair Bolsonaro. Por isso que a prioridade da esquerdalha perdida se limita a pregar a palhaçada da saída do “Bozo”. A “oposição” de araque ainda não tem candidato com força suficiente para vitória na disputa leal e direta. A petelândia se isola com os inviáveis Aloisio Mercadante, Fernando Haddad e Jaques Wagner. A social demagogia (ops, demo-cracia) sugere o factoide Luciano Huck. Ciro Gomes é outro candidato permanente que não consegue unir a esquerda e apenas sobe o tom das críticas ao PT. João Dória Júnior perdeu a noção do ridículo, mas como o governo de São Paulo tem muita verba publicitária a extrema mídia estado dependente demonstra parcialidade, criticando-o apenas levemente.

Apesar dos mais de 60 pedidos de impedimento acumulados no Congresso, Bolsonaro só vai cair e sair se ele mesmo se autodestruir. Basta atender à base aliada que tudo fica como dantes no quartel de Abrantes. Bolsonaro só tem de domar o ímpeto fisiológico do Centrão por cargos e oportunidades de fazer negociatas usando a máquina estatal. Bolsonaro também precisa ficar esperto em relação a esquemas estatais - esqueletos que seguem vivíssimos desde a Era FHC/PT/PMDB, agora ganhando carne e musculatura, com altíssimo potencial de escândalo e risco de prejuízos para contribuintes de fundos de pensão. Tem bomba prontinha para explodir no colo de Bolsonaro - que, aparentemente, não se dá conta do problema que envolve personagens poderosos de seu governo.

O impeachment de Bolsonaro não interessa ao establishment. Mais fácil é manter Bolsonaro emparedado, pressionado a ponto de cometer falhas bobas e imperdoáveis
Interessa ao esquema de poder hegemônico que Bolsonaro permaneça refém do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. Exatamente por isso não dá para antecipar nada, com alguma exatidão, acerca da sucessão presidencial de 2022. Tudo que se afirma ou especula agora não passa de ejaculação precoce. Os cenários ainda são muito voláteis.

No mais, o jeito é suportar os tempos de covidão - agora com a narrativa da vacina salvadora.
Indagações pertinentes
Perguntas relevantes feitas pelo livre-pensador David Svaiter:
- Há algum avião vindo da Europa com médicos, enfermeiros e material para ajudar a salvar vidas em Manaus?

- Algum dirigente europeu se manifestou sobre as mortes do povo da floresta? Ofereceram ajuda?
Ah, esqueci que a floresta não está queimando, pois é temporada de chuvas na Amazônia.

Quem está morrendo é a população e não as árvores e outras riquezas.
Vida humana certamente é um bem sem nenhum valor para os que clamam pela “preservação da floresta”.

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Jorge Serrão - Editor-chefe

 

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

A onda acabou - William Waack

O Estado de S. Paulo 

Presidente é, agora, a perfeita expressão do sistema que diz desprezar

A causa do fracasso eleitoral [sic]  de Jair Bolsonaro nas eleições municipais é simples de ser resumida. Ele interpretou de maneira equivocada a onda disruptiva que o levou ao Palácio do Planalto em 2018. Achou que tinha sido o criador desse fenômeno político quando, na verdade, apenas surfava a onda.

O fato é que essa onda, depois de arrebentar o alvo primordial (as forças políticas ao redor do PT), se espraiou, perdeu sentido e direção, dividiu-se entre seus vários componentes antagônicos. Esvaziou-se, com Bolsonaro achando que apenas falando, apenas no gogó, manteria o ímpeto de uma onda dessas – um fenômeno político raro.

Na verdade, a principal lição oferecida a Bolsonaro pelas eleições do último domingo é a do primado da organização, capilaridade e peso das agremiações partidárias no horizonte político mais extenso. Pode-se adjetivar como se quiser o conjunto de partidos que elegeu o maior número de prefeitos e vereadores ou colocá-los onde se preferir no espectro político. O denominador comum entre eles é a existência de estruturas profissionais voltadas para a política.

É exatamente o que Bolsonaro desprezou logo que assumiu. Trata-se de um dos aspectos mais relevantes para ilustrar o fato de o presidente eleito com 57 milhões de votos há apenas dois anos ter um desempenho tão pífio como cabo eleitoral. Todo dirigente populista, não importa a coloração política, cuida de criar um movimento para chamar de seu – com seus emblemas, palavras de ordem (ou “narrativa”), mitos e, sobretudo, uma estrutura razoavelmente hierárquica e definida, com sede e endereço.

Embora tivesse à disposição da noite para o dia um grande número de deputados federais e seus correspondentes recursos públicos, o surfista da onda política atuou para implodir o partido pelo qual se elegeu e não conseguiu colocar de pé nada parecido a uma agremiação consolidada com um mínimo de coesão. É bem provável que Bolsonaro tenha sido vítima do mito que criou para si mesmo (e dá provas quase diárias de acreditar nisso piamente): a de ter sido escolhido por Deus e beneficiado por um milagre (sobreviver à facada) para conduzir o povo do Brasil.

Com tal ajuda “de cima”, é só esperar as coisas acontecerem. Ocorre que mesmo os homens tornados mitos por desígnio divino precisam, como dizem os alemães, do Wasserträger”, aquele que vai trazer a água. E isto não se consegue apenas com redes sociais. Foi outro aspecto interessante das eleições de domingo: a demonstração dos limites de atuação das ferramentas digitais, que adquiriram relevância permanente como instrumentos de mobilização, sem serem capazes por si só de garantir predominância na luta política.

Passada a onda disruptiva (alívio para alguns, desperdício de oportunidade histórica para outros), o que se pode prever para as próximas eleições, em relação às quais Bolsonaro sacrificou qualquer outro plano? Se ele foi capaz, em 2018, de vencer o “establishment” e o jeito convencional de fazer política, ainda por cima dispondo de menos recursos que seus adversários “tradicionais”, em 2022 Bolsonaro só tem chances dentro do que ele mesmo chamou de “sistema”. 

Do qual, ironicamente, o “outsider” acabou se tornando uma perfeita expressão: vivendo para o próximo ciclo frenético de manchetes, sem um plano ou estratégia de longo prazo, cuidando em primeiro lugar de seus interesses familiares e paroquiais, cultivando popularidade com programas assistenciais e preocupado acima de tudo em ficar onde está. É onde a onda nos deixou.

William Waack, colunista - O Estado de S. Paulo

 

terça-feira, 10 de novembro de 2020

O recado dessas pessoas - Carlos Andreazza

O Globo

É aposta na derrota desqualificar a legitimidade daqueles que votam em Trump — e Bolsonaro 

O que ora vemos nos EUA é um dos futuros do Brasil. Este expediente golpista, [golpista ? Curioso é que quando usado por um candidato que não faz parte do sistema é golpe; fosse usado por algum esquerdista, algum apátrida ou coisa parecida seria expediente legitimo.

Logo gritariam que judicializar uma questão é direito de qualquer cidadão - aliás, em 2022 Bolsonaro não vai usar esse recurso por ser esmagadora sua vitória mas, se houvesse necessidade ele seria acusado de golpista = golpe via Poder Judiciário???]de acusar fraude no sistema eleitoral, será usado por Jair Bolsonaro daqui a dois anos, qualquer que seja sua condição competitiva. Ninguém se poderá proclamar surpreendido. O presidente brasileiro não esconde as cartas; ou não terá sido ele, poucos meses atrás, a afirmar ter provas — jamais apresentadas — de que a eleição de que saiu vencedor fora fraudada? Não falava de 2018, mas para 2022. [provas devem ser apresentadas ao Poder Judiciário, se e quando for necessário].

Donald Trump ataca, em 2020, a mais poderosa expressão da democracia na América: o voto combinado à independência federativa. Mobiliza suspeição sobre a integridade da exata mesma estrutura descentralizada por meio da qual se elegeu em 2016. Empreendimento especialmente grave porque mina — com mentiras vestidas de teorias da conspiração — uma instituição, a tradição eleitoral americana, fundada na confiança entre cidadãos. [cabe lembrar que o Poder Judiciário, em vários tribunais, incluindo a Suprema Corte, aceitou os questionamentos apresentados pelo presidente Donald Trump. Ou o Poder Judiciário dos EUA se tornou cúmplice de uma sabotagem?]

Não se trata de um mau perdedor, com o que se confundiria com uma criança. Mas de um sabotador. Um populista autoritário que manipula, como fazem os personalistas, a fantasia influente sobre a própria potência. Ou seja: alguém como ele não perde senão roubado — eis a mensagem, destinada a fomentar o choque e manter ativa a militância.

Trump fala para 2024 e age amparado por um precedente lamentável, embora de natureza diversa. Judicialização de processo eleitoral é sempre trauma. Refiro-me à eleição de 2000; aquela em que o democrata Al Gore levou a apertada derrota para o republicano George W. Bush à Suprema Corte. Dirão ambas as partes, os democratas de então e os republicanos de hoje, que recorrer à Justiça é do jogo. Certo. Vendo agravar-se fissura nunca curada, digo eu que, do jogo, certamente não é, ancorar as demandas judiciais plantando dúvida, sem provas, contra um pacto social, o eleitoral, dependente de boa-fé. Democratas afirmam que assim procedem agora os republicanos. Republicanos, que assim procederam os democratas há 20 anos. Aí está. Não é belo; sendo óbvio o tipo de oportunista que se beneficia do império da suspeição.

Trump opera a desconfiança com maestria. Mas só o faz porque produto de uma grande parcela da sociedade americana que descrê. E que, porque descrê, endossa que seu presidente dilapide pilares civilizacionais e aposte na cultura da suspeita. Ele é a manifestação de uma doença no pulmão da democracia liberal. Um sintoma que teve mais de 70 milhões de votos, muitíssimos dos quais ou não acreditam ou não se importam que um aparato eleitoral vigente há mais de dois séculos seja esculachado.[os mais de 70.000.000 de eleitores que votaram em Trump possuem o direito legítimo de ter suas denúncias esclarecidas.

Os republicanos, sob a liderança do presidente Donald Trump,  não querem que as eleições sejam anuladas. Querem, o que é um legítimo direito, que a lisura das mesmas seja comprovada.Constatada fraude, a anulação é uma consequência inevitável.]

Esperava-se — nas bolhas elitistas — que das urnas emergisse dura resposta a Trump. A realidade que se impõe é outra, porém. Ele perde, mas fica. Vasta porção da comunidade está de saco cheio do sistema e sustenta as condições permanentes para que discurso e prática trump-bolsonaristas, de desconstrução institucional, prosperem. Boa parte da sociedade americana idem a brasileira não acredita que o establishment, aí incluído o aparelho eleitoral, represente-a, que cuide de seus interesses. Há uma erosão agressiva do valor da representação. É daí que se eleva o populismo autoritário.

É erro grave enfrentar o que Trump e Bolsonaro são criminalizando aqueles que representam. Eles representam gente. Milhões de pessoas. É erro estúpido, obra de arrogância, aposta na derrota, desqualificar a legitimidade daqueles que votam em Trumpe Bolsonaro como se fossem monstros fascistas ou imbecis alienados. Trump, como Bolsonaro, é fruto do esgarçamento do tecido social; esgarçamento que decorre de as pessoas sentirem, na pele, que o fosso se alarga e aprofunda entre elas e aqueles que as deveriam defender. Descrença. As pessoas estão convencidas de que o establishment se voltou para si, que existe apenas para cuidar dos próprios interesses, o que vai agravado — no caso brasileiro — pelo processo de condenação da atividade política.

O fosso aumenta. A antiga classe média, outrora liga, perde — perdeu — a musculatura. Amplia-se o volume de excluídos. Amplia-se a sensação de desamparo dos que se sentem traídos, abandonados, pelas elites político-econômicas. A ideia de voto se deteriora. Amplia-se a base de ressentimentos e de ressentidos. É o circuito que alimenta a desconfiança.

O trump-bolsonarismo é um orgânico complexo enriquecedor e explorador de ressentimentos. Chamar de gado quem dá vazão a suas insatisfações-desilusões votando em Bolsonaro é empurrar ainda mais esses indivíduos aos braços do populismo; equivale a tratar como bovina uma rara escolha — talvez a forra — de quem muitas vezes nunca tem escolha. Trump e Bolsonaro ascendem dessa captação de sentimentos, desse arrebanhar de impotentes. Eles atacam as instituições republicanas autorizados por uma engrenagem de descrenças que processa República como coisa de poucos.

Vá falar a um desempregado, cuja esperança é não ter o filho cooptado pelo tráfico, sobre a importância da democracia... Trump ora se insurge será Bolsonaro amanhã — contra o mesmo sistema que o cidadão do país profundo sente que o exclui. Eles têm mandato para isso. É preciso entender o recado dessas pessoas. 

Carlos Andreazza, colunista - O Globo

 

domingo, 5 de julho de 2020

A Amazônia como “garantia” financeira?

DefesaNet

As ameaças abertas de investidores internacionais, de restringirem investimentos no País, a pretexto de uma alegada má condução das políticas ambiental e indígena, na gestão do presidente Jair Bolsonaro, que tratamos na edição anterior (“Para manter o vácuo de soberania na Amazônia, fundos ‘gafanhotos’ chantageiam Brasil”, Alerta Científico e Ambiental, 25/06/2020), precisam ser avaliadas sob uma perspectiva histórica das verdadeiras intenções do aparato ambientalista-indigenista internacional.

Isto porque há, nas autoridades governamentais, uma tendência para reduzir as pressões apenas a interesses comerciais, como uma forma de protecionismo, ou simples desinformação, evitando assim o enfrentamento das causas reais das pressões.  Se é um fato estabelecido que as questões ambientais e indígenas têm  sido amplamente manipuladas para disfarçar manobras protecionistas, por outro lado, tais pretextos estão longe de representar o foco principal da insidiosa campanha internacional, da qual o Brasil tornou-se um alvo primário a partir de meados da década de 1980, sem contrapor uma resposta consistente, quase invariavelmente, limitada a mostrar um “bom comportamento” diante das pressões e exigências externas. Embora esta conduta tenha mudado no atual governo, contestando a legitimidade de tais campanhas, é relevante retomar o tema e recordar as motivações primárias da investida contra o País.

 O movimento ambientalista foi idealizado, criado e fomentado por setores do Establishment anglo-americano e europeu, a partir da década de 1960, com a finalidade precípua de criar um sistema de soberanias limitadas sobre regiões ricas em recursos naturais e limitar o impulso pró-industrialização que, então, motivava as lideranças e populações dos países subdesenvolvidos, em especial Brasil, Argentina, México, Indonésia e outros.

Desde os primórdios, o conceito malthusiano de “limites” ao desenvolvimento tem sido um pilar central das campanhas ambientalistas, sob rótulos variados – “limites do crescimento”, “desenvolvimento sustentável”, “capacidade de suporte”, “pegada ecológica” e outros, cuja função básica é propalar a falaciosa proposição de uma suposta impossibilidade de extensão a todo o planeta dos níveis de vida dos países avançados (como se dissessem: “somos desenvolvidos mas poluidores, por favor, não repitam os nossos erros”). 

 A partir da década de 1980, com a crise das dívidas externas e o advento da “globalização” financeira, a preocupação dos centros oligárquicos do Hemisfério Norte de assegurar o ressarcimento dos seus empréstimos e, ao mesmo tempo, gerar vastos fluxos financeiros para alimentar e amplificar a ciranda que viria a gerar sucessivas “bolhas” especulativas, motivou uma série de iniciativas para forçar os países em desenvolvimento a ceder aos “investidores internacionais” o controle dos seus patrimônios nacionais, primeiro, empresas estatais e, depois, os recursos naturais dos seus territórios.

Entre elas, destacam-se os famigerados acordos de trocas de “dívida por natureza” (debt-for-nature swaps), a imposição de condicionantes socioambientais a empréstimos internacionais e, mais recentemente, a extensão desses condicionantes aos fluxos de investimentos, como este Alerta tem acompanhado.

Dois eventos seminais para a determinação dessa agenda intervencionista foram a divulgação do chamado “Relatório Brundtland” e a realização do Quarto Congresso Mundial de Áreas Selvagens, ambos em 1987. O primeiro, fruto dos trabalhos da Comissão das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, introduziu o conceito de “desenvolvimento sustentável” e propôs a criação de uma estrutura financeira internacional para a implementação global do conceito, um refinamento da tosca e polêmica ideia dos “limites do crescimento” anteriormente proposta pelo Clube de Roma.

O segundo, realizado em setembro daquele ano, em Denver, EUA, reuniu altos representantes dos governos dos EUA e Canadá, agências das Nações Unidas, organismos multilaterais, grandes fundações privadas e bilionários integrantes do Establishment oligárquico, como Edmond de Rothschild e David Rockefeller. O tema central do Congresso foi a proposta de criação de um “Banco Mundial de Conservação”, para “identificar, desenhar e financiar projetos de conservação sólidos no Terceiro Mundo” – eufemismo para a “monetização” dos recursos naturais desses países, para servir como “colaterais” para empréstimos e fluxos financeiros destinados a uma pletora de atividades especulativas.

Curiosamente, na ocasião, Rothschild demonstrou grande “presciência”, ao apresentar o aquecimento da atmosfera devido às emissões de dióxido de carbono dos combustíveis fósseis, como o maior problema enfrentado pela humanidade. Esta foi uma das primeiras sinalizações sobre o falacioso cenário “aquecimentista”, que, desde então, ganhou contornos de uma virtual histeria coletiva global e um eficiente instrumento de chantagem política e financeira.

 Na época, o Brasil foi virtualmente convertido em “vilão ambiental mundial número um”, em especial, com a exagerada difusão dos incêndios na Amazônia Legal e o assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, em dezembro de 1988, instantaneamente convertido em “mártir” da proteção da Floresta Amazônica. Tornaram-se, então, recorrentes, insidiosas sugestões para a “limitação” da soberania nacional sobre a região, oriundas de lideranças políticas das potências centrais, a exemplo do presidente francês François Mitterrand.

De fato tomo corpo uma nova forma de guerra irregular neocolonialista: em tanto se lançavam uma ofensiva de propaganda tendenciosa contra o governo brasileiro, forças irregulares na forma de organizações não governamentais (ONGs), ricamente financiadas, ocupavam nichos do governo e ganhavam liberdade de atuação em regiões estratégicas especialmente na Amazônia.  O Fundo Ambiental Global (GEF), estabelecido em 1992, após a conferência Rio-92, foi a concretização do banco idealizado em Denver. Com o GEF e outras iniciativas afins, as potências controladoras do ambientalismo-indigenismo internacional passaram a dispor de instrumentos para pressionar os países-alvo (como o Brasil) a aceitar a agenda ambiental e indígena, sob pena de sanções em suas negociações financeiras internacionais e a atração de investimentos externos.

Outra forma de pressão, repetidamente aplicada sobre o Brasil, é o financiamento a fundo perdido de programas de proteção do meio ambiente e de indígenas, como o Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7), majoritariamente financiado pela Alemanha, EUA e outros países, e o ainda vigente Fundo Amazônia, cujo principal financiador é o governo da Noruega.  Com tais recursos, o País tem sido docilmente enquadrado na agenda ditada do exterior, dispensando os sucessivos governos de investir mais recursos em iniciativas de proteção real do ambiente e das comunidades indígenas, vinculadas ao desenvolvimento socioeconômico, que representa a melhor forma de proteção dos mesmos.

 A recente agenda de “financeirização” das questões ambientais, em especial, envolvendo o clima global, representa a fase final desse impulso intervencionista e de um virtual caráter neocolonial, sendo que desta vez a “metrópole” não é uma nação específica, mas o conjunto de interesses representados no sistema financeiro internacional. De maneira alguma, o Brasil pode submeter-se a ela.


DefesaNetAlerta Científico e Ambiental



terça-feira, 23 de junho de 2020

Presidente é refém da Ditadura Togada?

A Política foi judicializada. Quem manda no Brasil é o Mecanismo. Basta qualquer um acionar o Judiciário que consegue uma ordem contra o Presidente - que apenas tem a ilusão de governar. A governabilidade foi usurpada.  O Judiciário tomou de assalto o Poder Executivo. Basta alguém, um político ou um partido entrar na "Justiça". Qualquer juiz dá a ordem que cancela ato do @jairbolsonaro, ou o obriga a seguir alguma ordem. A toga manda no Brasil!? Claro que manda.

A “última”@jairbolsonaro é obrigado por um juiz a usar máscara em todos os locais públicos. Ordem vale para todos os servidores públicos. Não é só o STF que anda no Executivo. Qualquer magistrado faz isto. Bolsonaro devia renunciar e favor do Judiciário. Não é legítimo que o Presidente da República seja refém da Ditadura Togada. A situação é grave e preocupante. A Turma do Mecanismo corre para cassar a chapa Bolsonaro/Mourão. Só desistirá se não houver tempo hábil até o fim do ano. Depois, o Establishment não quer correr o risco de Mourão assumir a Presidência.

O Mecanismo já definiu que seu principal inimigo não é Jair Bolsonaro, mas sim o movimento conservador. 
O grande foco do Crime Institucionalizado é calar os conservadores através da justiça. 
Estamos sendo caçados e seremos todos jogados nas masmorras por “crime contra segurança nacional”, pelo simples fato de defendermos bandeiras como, família, pátria e LIBERDADE!

O Mecanismo tem de ser neutralizado e vencido. O atalho é aprovar a revisão da Lei da Bengala no Congresso Nacional. O foco de luta tem de ser a aprovação das reformas e mudanças estruturais. As Reformas Tributária e Política são urgente. Junto com elas, a luta pela Nova Constituição enxuta, principiológica e sem necessidade de interpretações supremas para ser rigorosamente cumprida. 

Transcrito do Alerta Total - Jorge Serrão, Editor chefe


quinta-feira, 4 de junho de 2020

A falta que faz liderança - William Waack

O Estado de S.Paulo

Generais e ministros do Supremo estão às turras, sem solução à vista

Vamos pegar o bastão deixado pelo general Hamilton Mourão, que se converteu na voz política pública entre os militares. Ele encerra seu mais recente artigo, aqui no Estadão, dizendo agora ser mais importante do que nunca a “necessidade de uma convergência” em torno de uma agenda mínima de reformas. Mas, para isso, é preciso refletir sobre o que está acontecendo no Brasil.

Neste exato momento, fora a tripla crise de saúde, economia e política, o que está acontecendo é um seriíssimo embate entre a farda e a toga. O pessoal da farda (incluindo os que acabaram de trocá-la pelo paletó e gravata ou pelo pijama) está convencido de que, se houve “extremismos”, “exageros retóricos” e “falas impensadas” contra instituições, isso empalidece diante do que o pessoal da toga no STF impôs para cercear os poderes do presidente da República – uma usurpação acompanhada igualmente por falas irresponsáveis e desonestidade intelectual.

No mínimo desde o julgamento do mensalão o pessoal da toga andava dividido, mas se uniu ao entender que o pessoal da farda dá suporte a um presidente que pensa dispor de poderes imperiais, desrespeita limites entre Poderes estabelecidos na Constituição, age por interesses políticos próprios e pessoais para solapar instituições e só não jogou o País ainda numa irrecuperável crise institucional pois eles, os da toga, baseados em princípios e doutrinas, foram capazes de esclarecer e impor limites (como no caso de medidas de combate à covid-19).

Não há saída à vista para esse embate pois ele é a expressão de duas fortes forças políticas que ocuparam duas instituições. Não é só entre o pessoal da farda no palácio que reina a sincera convicção de que o pessoal da toga expressa um “establishment (sim, é essa palavra meio fora de moda que se usa para falar do STF) que se articulou para defender privilégios que vão de ganhos da magistratura a benefícios fiscais e proteções a setores empresariais, passando pelo funcionalismo público. A luta do “establishment”, portanto, é para impedir a reforma do Estado representada por Bolsonaro e sua eleição.

No outro lado, figuras do STF sempre atentas aos ventos das redes sociais e opiniões publicadas encaram Bolsonaro e o que ele significa como um perigo real para as instituições democráticas e o estado de direito. Consideram suas ações políticas e o endosso explícito que concede a movimentos contra o Congresso e o Judiciário como ações políticas que não são apenas arroubos retóricos. São, nesse entendimento, parte do aberto intuito de destruir as normas mínimas do confronto político, da civilidade e do próprio jogo democrático.

Os bombeiros de sempre, de um lado e de outro, conseguem debelar incêndios pontuais. Mas não têm a capacidade de resolver a situação de fundo que resulta agora num precário equilíbrio. A saber: a “via jurídica” para destronar Bolsonaro, uma possibilidade com a qual uma parte do STF flerta, passa por uma PGR que não vê condições técnicas de denunciar o presidente. A rota para derrubar o presidente via TSE depende desse órgão alterar jurisprudência [= mudar as regras do jogo após iniciado?]  fora o tempo que isso leva.


Bolsonaro e sua turma de aloprados não dominam as ruas, não dispõem de apoio nas Forças Armadas para levar adiante uma “revolução” que só existe na cabeça de malucos nos quais o entorno do presidente presta muita atenção. Talvez entendam que vociferar contra o STF nada vai produzir de prático, a não ser dar tempo para alternativas políticas “de centro” (que podem incluir facilmente o Centrão) se articularem e solidificarem.

Em outras palavras, ninguém tem forças para vencer ninguém. As crises econômicas e de saúde demonstraram fartamente a “necessidade da convergência” à qual o general Mourão se refere, mas também como diminui o espaço político para essa convergência. O maior efeito da demonstração da crise está, porém, em outro aspecto.

Para a tal “necessária convergência” precisa-se de liderança. Quem?

William Waack, colunista - O Estado de S. Paulo