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terça-feira, 27 de outubro de 2020

Comando do Exército entra em alerta com possível nomeação de Ramos

Radar - Robson Bonin

Interlocutores da cúpula da instituição afirmam que há movimento no Planalto para aparelhar politicamente a tropa 

A fritura de Luiz Eduardo Ramos na semana passada fez surgir no comando do Exército uma dessas histórias de arrepiar a ala da caserna avessa à politicagem do generalato de pijama. Pela conversa, Jair Bolsonaro colocaria o ministro da Secretaria de Governo no comando do Exército e colocaria no Planalto o atual comandante da tropa, Edson Pujol. Augusto Heleno levaria outro cargo desses que mais parecem complemento de aposentadoria. 

O problema da suposta articulação no Planalto está na resistência da caserna ao nome de Ramos. “Não é só que os integrantes do alto comando não gostam de Ramos, eles não toleram a mistura da instituição com politicagem”, diz ao Radar um interlocutor da cúpula do Exército. 

Radar - Veja Online

[pensando alto: soa estranho, porém, possível, o ministro Ramos assumir comando da tropa após passar para a reserva - nada impede;
caso a notícia acima, que também parece um balão de ensaio, se concretize, teremos um político voltando a comandar tropas e um militar de tropa exercendo cargo político.
Porém, 'missão dada, missão cumprida'.]
 


O golpismo disfarçado - Nas Entrelinhas

Nossa Constituição é fruto de um amplo processo de mobilização da sociedade e de um pacto de transição à democracia como os militares, derrotados com a eleição de Tancredo Neves

O Chile decidiu em plebiscito convocar uma Constituinte formada por homens e mulheres, meio a meio, e sem a participação dos atuais mandatários, somente cidadãos. Foi o desfecho de um processo de insatisfação popular com o “Estado mínimo” chileno, uma herança do ditador Augusto Pinochet, consagrada na Constituição de 1980. Muita coisa mudou desde então, com sucessivas reformas constitucionais, mas o  estigma de uma Carta pinochetista, ou seja, de inspiração fascista, havia permanecido, assim como o caráter privatista de uma legislação que não contemplava os direitos sociais. A convocação da Constituinte chilena, portanto, era uma questão de tempo e representará o fim de um ciclo político de 40 anos de transição do autoritarismo para a democracia plena.

[o Chile está caçando, no popular, 'sarna para se coçar'; 
considerar que o Chile vive sob autoritarismo e precisa de democracia plena, é um grande erro - especialmente se decidirem seguir o modelo da 'constituição cidadã' vigente no Brasil.

A grande falha da Constituição Federal do Brasil é o detalhamento excessivo, absurdo, imposto pelos competentes constituintes, e tudo se agrava quando as minúcias complicam e a Carta tem  que ser interpretada (ou adaptada) pelo seu guardião supremo.]

É uma situação completamente diferente da nossa. Temos uma Constituição social-liberal, cujo preâmbulo diz que o nosso Estado democrático é “destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias. [lindo texto; é integralmente cumprido? o texto do preâmbulo e o que é por ele apresentado.]  Nossa Constituição é fruto, simultaneamente, de um amplo processo de mobilização da sociedade e de um pacto de transição à democracia como os militares, que haviam sido derrotados com a eleição de Tancredo Neves, no colégio eleitoral, em 1985, mas se retiraram do poder em ordem.

Entretanto, o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), ontem, no embalo das notícias sobre o Chile, propôs um plebiscito para elaborar uma nova Constituição para o nosso país. Não é uma tese nova. A ex-presidente Dilma Rousseff, após as manifestações de junho de 2013, por exemplo, namorou essa ideia, que foi prontamente rechaçada pelos políticos e pelos juristas. Agora, a proposta vem do outro lado do espectro político, com propósitos igualmente suspeitos, porque sabemos que o presidente Jair Bolsonaro gostaria de uma Constituição que lhe desse mais poderes em relação ao Judiciário e ao próprio Legislativo.

Muitos criticam a Constituição de 1988 porque é social-liberal. O pomo da discórdia é o seu artigo 3º, segundo o qual “constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (I) construir uma sociedade livre, justa e solidária; (II) garantir o desenvolvimento nacional; (III) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; (IV) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. A existência desses dispositivos, principalmente quanto à economia e aos direitos sociais — ou seja, exatamente aquilo que os chilenos, ao aprovar a convocação da sua Constituinte, pleiteiam —, sempre incomodou os setores mais conservadores da nossa sociedade. [com todas as vênias,  não são os dispositivos e sim a concessão indiscriminada de direitos - alguns de dificil convívio com outros, contraditórios e o pior = direitos demais sem a contra partida de deveres.]

Mais poderes
No nosso caso, muitos podem achar que papel aceita tudo e que as coisas não funcionam por causa da Constituição de 1988. Não é verdade. Como diz o ex-deputado Miro Teixeira, um dos constituintes, nosso problema é cumpri-la. O que vem acontecendo ao longo dos anos é que o Supremo Tribunal Federal (STF), cuja missão é zelar pelo respeito à Constituição, vem sistematicamente tomando decisões que obrigam ao cumprimento de diversos dispositivos desse artigo, sobretudo em relação às liberdades e à igualdade de direitos. Uma parte das críticas à “judicialização da política” e às decisões do Supremo resulta do exercício desse papel, como “poder moderador”, [felizmente, a citação está entre aspas - são elas que impedem que o texto contrarie a própria Constituição.

Saiba mais: Cabe às Forças Armadas moderar os conflitos entre os Poderes - Ives Gandra da Silva Martins.

Por favor, leiam e encontrem uma contestação plausível - vejam também a LC 97/99. , editada em cumprimento ao determinado no art. 142 da CF.] 

Pode ser que Ricardo Barros tenha anunciado a proposta para agradar ao chefe, mas é ilusão imaginar que o líder do governo é um bobo da corte. Parlamentar experiente, que há muitos anos lidera setores conservadores do Congresso, viu no plebiscito chileno uma oportunidade. Muitos gostariam de mudar a Constituição por maioria simples, como acontece nas constituintes. Hoje, essas mudanças só podem ser feitas por três quintos dos membros da Câmara e do Senado, em duas votações, sendo que são cláusulas pétreas, ou seja, que não podem ser alteradas: (I) A forma federativa de estado; (II) O voto secreto, direto e universal; (III) A separação dos poderes; (IV) os direitos e garantias individuais.

Agora mesmo, a propósito da polêmica sobre a obrigatoriedade da vacina contra o novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro investiu contra o Judiciário, com o argumento de que a Justiça não pode decidir sobre esse assunto, embora esteja diretamente relacionado à teoria do dano direto e imediato, consagrada no nosso Código de Processo Civil. Bolsonaro, por diversas vezes, investiu contra o Supremo por acreditar que o fato de ter sido eleito presidente da República lhe dá poderes maiores do que aquele que a Constituição lhe atribuiu. Mudar a Constituição, inclusive para alterar a composição da Suprema Corte e amordaçar a imprensa, reprimir a oposição e se reeleger sucessivas vezes foi o estratagema de muitos mandatários eleitos que governam seus países autoritariamente.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


A GUERRA DA VACINA - Bolsonaro contrata crise com o Supremo

Bernardo M. Franco - O Globo

Jair Bolsonaro contratou mais uma crise com o Supremo Tribunal Federal. Ontem o presidente disse que nenhum juiz pode decidir “se você vai ou não tomar a vacina”. Foi uma clara provocação à Corte, que deve julgar três ações sobre o tema. [Os juízes não podem tudo - assim, ter uma opinião contrária ao que um juiz pode vir a decidir não tipifica crime.

Após a decisão é que surge a obrigação de cumprir; se permanece insatisfação com o decidido se recorre pedindo efeito suspensivo.

Provavelmente, o presidente Bolsonaro teve sua declaração tirada do contexto, já que ao dizer: "nenhum juiz pode decidir 'se você vai ou não tomar a vacina', pelo simples fato de que estará decidindo sobre a obrigatoriedade de uso de algo que ainda não existe'".

Ainda que a frase tenha sido divulgada incompleta, continua cuidando de algo que pode vir a ser decidido.]  

Leia também: O Capitão Corona contra a vacina

Na sexta-feira, o ministro Luiz Fux avisou que a disputa sobre a vacina tende a ser judicializada. É o desfecho mais provável caso Bolsonaro insista em sacrificar a população para fazer guerra política. Na semana passada, ele mandou o Ministério da Saúde cancelar a compra da vacina em desenvolvimento no Instituto Butantan. Tudo para atingir o tucano João Doria, seu virtual adversário em 2022.[quisesse o presidente atingir o governador seria bem mais prático interpelar aquela autoridade sobre suas razões de ter se tornado adido comercial do governo chinês, tal o empenho na divulgação de uma vacina que não existe.] 

Ontem o capitão disse que seria “mais fácil” investir na cura do que na vacina. A declaração tenta impor um falso dilema. Cura e vacina são esperadas com a mesma ansiedade. Não faz sentido trocar a segunda pela primeira. Abrir mão da vacinação significaria condenar milhões de brasileiros, especialmente os idosos, a uma quarentena sem fim. Além disso, seria loucura permitir que as pessoas adoeçam se for possível imunizá-las contra o vírus.

Bolsonaro parece insano, mas sabe aonde quer chegar. Ao fomentar um embate com o Supremo, ele tenta repetir um truque de abril, quando tentou impedir estados e municípios de decretarem medidas de distanciamento. O tribunal barrou a ideia por 9 votos a 0. Em seguida, o presidente passou a vender a falsa versão de que foi deixado “de mãos atadas”.[todos sabem que a ampla maioria cassando poderes do presidente da República, não propiciou uma  ação eficiente dos governadores e prefeitos - ao contrário, resultou em um verdadeiro desmonte, pelo qual aquelas autoridades, não apenas elas, serão responsabilizadas.

Querem saber o que um dos governadores que comandou a operação 'cassa poderes do presidente Bolsonaro para combater à pandemia' anda aprontando? clique aqui.]

Ao atacar a Justiça, o capitão tentou se eximir de responsabilidade pelos milhares de mortes. A tragédia humanitária seria [seria?] culpa dos prefeitos, dos governadores e até dos ministros do Supremo. Menos dele, que nada fez para combater a pandemia.

Bernardo M. Franco, jornalista - O Globo 


Eleições 2020: nem liminar impede a realização de comício em Luziânia

Correio Braziliense

TRE-GO tinha impedido realização de evento eleitoral por causa da aglomeração, em Luziânia. Mas, determinação foi atropelada e até o governador Ronaldo Caiado compareceu. Vídeo mostra que medidas de proteção contra a covid-19 foram ignoradas

A pouco mais de duas semanas para as eleições municipais no Brasil, candidaturas no Entorno do Distrito Federal geram polêmicas e viram alvo de deliberações do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO). De pedidos indeferidos a impedimento de realização de comício, a corrida eleitoral está a todo vapor, mesmo em tempos de pandemia da covid-19 — com máscaras de proteção e isolamento social, medidas sanitárias que ainda não foram suspensas.

Em Luziânia, uma liminar proibindo a realização de comício não foi suficiente para impedir o ato de campanha por parte do candidato a prefeitura da cidade e o deputado estadual Diego Sorgatto (DEM). O evento, realizado na tarde de domingo, contou com a presença do governador do estado, Ronaldo Caiado [médico]  (DEM), e provocou aglomeração. Em transmissão pelas redes sociais, é possível observar a presença de vários eleitores dentro de um local coberto, sem respeitar o distanciamento. O uso de máscaras para participar do evento era obrigatório, mas, no vídeo, é possível observar algumas pessoas com o equipamento de proteção no queixo. Já os candidatos a prefeito e vice, e o governador do estado, aparecem sem máscaras durante os discursos.
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press) - Ronaldo Caiado - médico

O comício feriu a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE/GO), que impedia a realização do evento, salvo se fosse no formato drive-in. Na liminar, o juiz Henrique Neubauer ainda frisou não “permitir, fomentar ou tolerar aglomeração de pessoas fora dos veículos”. Pelo descumprimento da medida, a determinação prevê multa de R$ 200 mil para o partido político e de R$ 100 mil para o candidato “para cada evento de propaganda eleitoral que viole da presente decisão”. [alguém mentalmente saudável acha que as multas serão cobradas? e se, excepcionalmente forem cobradas, serão pagas? Tais multas são iguais as que desde o século passado, são aplicadas pelo TRT-DF ao 'sindicato dos rodoviários'  - mandando os rodoviários voltarem ao trabalho e/ou manter um percentual da frota rodando a ordem é ignorada e nada acontece - e não são pagas ou mesmo cobradas.]

A conduta ainda está sujeita à punição, de acordo com o previsto pelo artigo 347 do Código Eleitoral, quando há a recusa de se cumprir decisões da Justiça Eleitoral, cuja pena varia de três meses a um ano, além de pagamento de 10 a 20 dias-multa. Outra possibilidade é pena de detenção por até um ano, mais multa, por infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa, prevista no artigo 268 do Código Penal.

Correio Braziliense - ler MATÉRIA COMPLETA


Dez obrigações para os vacinadores

Guilherme Fiuza 

A Organização Mundial da Saúde informou que não recomenda a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19. A declaração foi feita por uma vice-diretora da área de medicamentos e vacinas da OMS. Ela inclusive se referiu ao cunho autoritário dessa medida – defendida pelo governador de São Paulo, João Dória. Ou, mais do que defendida, anunciada previamente por ele para a população do seu estado. [A encrenca não é ser contra ou a favor da vacina; é sim, CONTRA o Presidente Bolsonaro. Vejamos: no inicio da pandemia, algumas autoridades chegaram a cogitar de levar o presidente da República para o tronco, decretar seu impeachment, sua expulsão do território nacional, por não acatar as medidas recomendadas pela OMS.

Agora, a OMS é contrária a obrigatoriedade da vacina. Bolsonaro também. Só que todos os inimigos do presidente, incluindo  os inimigos do Brasil, da democracia, os adeptos do quanto pior melhor, os adeptos   de interpretações parciais da Constituição Federal = sempre usar da criatividade de forma a tornar tolerável a interpretação contra  contra o presidente e seus apoiadores = repentinamente se tornaram a favor de tornar (se espera, quando existir uma vacina) obrigatória à vacinação, ignorando a posição da OMS.

Todos não questionam Doria ter assumido às funções de adido comercial da China e lobista pró vacina chinesa - que ainda não existe = não foi comprovada, cientificamente, sua segurança no uso e eficácia na imunização.] 

Estamos com o Dória. Chega desse negócio de deixar as pessoas decidirem livremente as coisas. Todo mundo sabe que liberdade é uma coisa perigosa, e que o único caminho realmente seguro para a vida em sociedade é obedecer a um ser superior que saiba o que é bom para a tosse
Vamos inclusive contribuir com ele, propondo uma lista de dez obrigatoriedades que, a nosso juízo, também devem ser adotadas com urgência:

- Todo tiranete que declarar que salvou vidas com lockdown totalitário e não tiver como provar isso será obrigado a indenizar quem faliu e quem perdeu o emprego;

- Toda autoridade que anunciar vacinação obrigatória antes da existência da vacina será obrigada a confessar sua leviandade em cadeia nacional de rádio e TV;

- Todo aventureiro que ameaçar obrigar todo mundo a se vacinar sem a comprovação científica de que a taxa de letalidade da doença requer a vacinação de toda a população será obrigado a desenvolver em 24 horas uma vacina contra a irresponsabilidade;

- Todo irresponsável que ameaçar obrigar todo mundo a tomar uma vacina que ainda não tenha comprovação da sua segurança e da sua eficácia será obrigado a trabalhar como cobaia no laboratório chinês que espalhou o coronavírus;

- Todo mané que tentar fazer motim de governadores picaretas para fazer o STF lhes dar poderes ditatoriais com seringa na mão será obrigado a ouvir quatro horas de palestra de Luís Roberto Barroso e cinco horas de palestra de Rosa Weber;

- Todo hipócrita que tiver mantido crianças, adolescentes e jovens longe da sala de aula por um ano fingindo que estava salvando vidas será obrigado a provar a necessidade sanitária dessa medida brutal;
 Ainda sobre o item anterior, essa prova terá de conter a explicação de por que esses grupos populacionais com virtualmente zero letalidade para Covid precisaram perder todo um ano letivo e como foi possível as crianças suecas frequentarem a escola o ano inteiro sem se tornarem assassinas dos seus avós;

Todo fanfarrão que tiver usado máscara sozinho numa sala, fingindo dar exemplo com uma medida inócua, será obrigado a passar férias na cracolândia ensinando aos cracudos como fumar de máscara;

- Caso o fanfarrão acima tenha tido Covid, será obrigado a explicar se o furo na sua ciência deveu-se a máscara inútil, quarentena burra ou excesso de álcool gel nos cabelos;

- Será também obrigado, novamente em cadeia nacional de rádio e TV, a fazer o seguinte pronunciamento à nação: “Estou aqui sozinho de máscara, mesmo já tendo tido Covid, porque hoje em dia um fanfarrão que se finge de ético e solidário tem boas chances de se dar bem na vida, graças aos otários que continuam acreditando nele”.

Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - Vozes 


Balão de ensaio? brincadeira de péssimo gosto? O absurdo maior é que tudo isto referente a uma vacina que AINDA NÃO EXISTE

O Globo

 Em vez de obrigar vacinação, STF estuda aplicar restrições a quem não se imunizar

Proibir viagens nacionais e internacionais em transporte público ou a entrada em estabelecimentos comerciais são possíveis medidas contra quem não se vacinar

Uma solução intermediária está sendo cogitada no Supremo Tribunal Federal (STF) para resolver a polêmica sobre a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19. Um dos ministros deve propor, em plenário, que tomar a vacina seja opcional.[UM OPCIONAL À BRASILEIRA - os prejuízos resultantes da opção são tão graves, que parece mais uma opção de sequestrado: paga o resgate ou morre.]  No entanto, quem não quiser ser imunizado, ficaria sujeito a uma série de restrições - não poderia, por exemplo, realizar viagens nacionais e internacionais em transportes públicos, ou entrar em estabelecimentos comerciais.

Covid-19:Fiocruz investiga transmissão do coronavirus por animais no Rio

Segundo esse ministro, não se pode obrigar ninguém a ser submetido a determinado procedimento médico. Porém, a opção individual não poderia sacrificar o direito coletivo à saúde, previsto na Constituição Federal. Portanto, quem não quiser tomar vacina, não poderia colocar em risco o restante da população. [suprema solução - o cidadão exerce o DIREITO de não se vacinar; compensação por optar em exercer um direito:  será trancado o individuo em uma bolha, até que morra - será sepultado em caixão lacrado? ou será cremado?]

Nessa solução intermediária, o STF poderia criar [criar = eufemismo para legislar quando não tem poder constitucional para tanto.] a condição de vacinação para viagens, por exemplo. E deixar a cargo dos comerciantes a exigência da carteira de vacinação atualizada dos clientes. Segundo o ministro que conversou reservadamente com O GLOBO, os donos de bares e restaurantes teriam interesse na obrigatoriedade da vacinação, para evitar eventual segunda onda da Covid-19, com necessidade de “lockdown” e comprometimento da atividade comercial.[esse raciocínio é fantástico, consegue ser bisonho e simplório; não temos vacina os bares e restaurantes estão abertos - mesmo  com o risco de uma segunda onda dacovid-19.

Se descobre uma vacina eficaz e os estabelecimentos comerciais passam a exigir comprovante vacinação, a pretexto de evitar uma segunda onda - que até agora não aconteceu.]

Essa posição, no entanto, não é unanimidade no STF. Outro ministro revelou reservadamente que é a favor da vacinação obrigatória. Para ele, não existe livre arbítrio quando o ato de uma só pessoa coloca em risco a saúde de toda a coletividade. O ministro Marco Aurélio não adiantou a posição dele, destacando que ainda é tudo muito precoce nessa discussão, sendo necessário esperar a posição do relator das ações. [ministro: em que a posição do relator vai influir? se ainda não existe a vacina.]  Mas ponderou que o STF é a "última trincheira da cidadania".

 — É um tema em aberto, para saber se vinga a autodeterminação de cada cidadão ou se há um bem a ser protegido, coletivo, que é a saúde pública. Isso é que o Supremo terá que decidir, se realmente for colocada a matéria. Então temos valores. De um lado o valor individual, a autodeterminação de cada qual. Do outro, nós temos saúde pública, que aí o interesse é coletivo — disse Marco Aurélio. [quando se trata de soltar bandido perigoso, vale o interesse individual do bandido?]

Na semana passada, o ministro Ricardo Lewandowski, relator das ações relacionadas às vacinas de Covid-19, pediu informações à Presidência da República, à Advocacia-Geral da União (AGU) e à Procuradoria-Geral da República (PGR). Depois de receber os esclarecimentos, ele deve liberar os processos para julgamento em plenário. A expectativa é que isso ocorra na primeira quinzena de novembro.  Em seguida, o presidente do STF, Luiz Fux, agendaria data para o julgamento. [que se espera seja para data posterior a da efetiva disponibilização da vacina.

Nos parece que já existe uma lei obrigando a vacinação, só que é tão vaga, tão imprecisa que precisará de outra lei para reencher lacunas. Não se trata de questão de interpretação e sim de 'buracos negros' - que precisam ser preenchidos via legislação - que é competência do Poder Legislativo.

A tal lei estabelece algo que pode ser interpretado, de forma criativa, como obrigatoriedade, porém, não estabelece sanção pelo descumprimento.]


Em O Globo, leia MATÉRIA COMPLETA 


segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Dois papas, dois presidentes e duas ideologias

No dia em que celebramos o legado de João Paulo II, Francisco assina acordo com o Partido Comunista Chinês

Nesta quinta-feira, 22 de outubro, a Igreja Católica comemorou o Dia de São João Paulo II. Foi nessa data que, em 1978, Karol Wojtyla celebrou sua primeira missa como papa, iniciando seu pontificado. João Paulo II faleceu em 2005, mas o legado de João de Deus, como era carinhosamente chamado pelos cristãos brasileiros, não foi deixado apenas para os que vivem na fé católica, mas também para os que entendem o real significado da palavra liberdade. Há muitas evidências nas ações desse homem fantástico, respeitado por pessoas de todas as religiões e, inclusive, agnósticos, de que o mundo em que vivemos hoje talvez não seria tão livre e próspero se não fosse por diversas de suas obras com seus aliados, Ronald Reagan e Margaret Thatcher.
Revista Oeste
Ronald Reagan e São  João Paulo II

Ronald Reagan, João Paulo II e Margaret Thatcher tinham a verdadeira perspectiva histórica e defendiam os temas que estão na civilização ocidental desde os tempos greco-romanos e mesmo bíblicos. Eles entenderam que a liberdade não é o estado natural nem normal da sociedade, mas algo que é estabelecido por meio de um contrato social. Um contrato social no qual seus valores fundamentais devem ser reforçados e, quando necessário, protegidos contra as pressões do estatismo, como o da União Soviética, e as forças do mal, como o comunismo.

John Lewis Gaddis, professor de História Militar da Universidade de Yale, uma vez escreveu que, ao beijar o chão no Aeroporto de Varsóvia em 2 de junho de 1979, em sua primeira viagem como papa, João Paulo II iniciou o processo pelo qual o comunismo na Polônia — e finalmente em todos os lugares — chegaria ao fim. Gaddis, que não é católico, mostra por que sua perspectiva sobre a queda do comunismo começa naquele dia de junho. Um milhão de poloneses se reuniram dentro e ao redor da Praça da Vitória em Varsóvia para uma missa pública — impensável na Polônia comunista, exceto pelo fato de que não pôde ser negada a um papa polonês. Enquanto João Paulo pregava a verdadeira história de seu país — a história de um povo formado por sua fé —, um canto rítmico ecoava pelas ruas até a praça: “Queremos Deus! Queremos Deus!”. Era a voz da Polônia, parte do bloco comunista, onde a guerra da doutrina marxista-leninista contra a religião imperava, gritando para o mundo todo ver e ouvir que a fé e a esperança não sucumbiriam ao comunismo, regime fortalecido quando o ateísmo se inicia.

O papa e o presidente tinham o poder de hipnotizar as massas
Mas a ideologia nefasta que já havia matado milhões pelo planeta tinha um problema pela frente, um baita problema. Ronald Reagan e João Paulo II eram homens do mesmo tempo. 

Ambos ficaram horrorizados com a guerra nuclear, odiavam o comunismo e o regime da União Soviética. 

Os dois foram baleados, sobreviveram e perdoaram seus agressores. Cresceram pobres, foram atletas e, curiosamente, atores. E foi exatamente a vida teatral que lhes forneceu a entonação correta nos discursos, a conexão com o coração de quem os via e ouvia suas palavras, e a naturalidade para estar diante de grandes audiências. O papa e o presidente tinham o poder de hipnotizar as massas com seus discursos cheios de verdade, amor e uma fé tremendamente inspiradora.
Em suas primeiras observações da varanda da Basílica de São Pedro, o papa deixou claro o que pensava dos soviéticos. Reagan não apenas criticou o comunismo durante anos, mas foi o primeiro líder mundial a chamar o regime do que ele realmente é: Evil empire”, ou império do mal.
O mais importante, e talvez o que tenha ligado tão profundamente o papa e o presidente norte-americano, é que ambos acreditavam piamente que foram chamados por Deus para fazer grandes ações pela liberdade do mundo. E, de fato, João Paulo II disse em 1982 que “a América era chamada, acima de tudo, para cumprir sua missão” e que “as condições indispensáveis de justiça e liberdade, verdade e amor, que são os fundamentos de uma paz duradoura, eram características da América”. Em sua primeira encíclica, escreveu que a liberdade religiosa era o direito humano essencial, um tiro direto nos soviéticos. João Paulo II também começou a rebaixar ou mesmo expulsar aqueles que sempre queriam “acomodar” comunistas dentro da igreja.

Para Reagan, que foi presidente do Sindicato dos Atores de Hollywood (Screen Actors Guild) e já conhecia todos os tentáculos do comunismo desde quando a ideologia tentava se infiltrar no cinema norte-americano nos anos 1950, não havia nada mais importante que a derrota da União Soviética. Quando ficou evidente que o Vaticano estava se unindo na luta contra o “comunismo sem Deus”, e isso deve ter causado arrepios nos antigos coletivistas do Politburo, o comitê central do partido comunista soviético, Reagan sabia que sua contraofensiva pesada ao Kremlin contaria com a colaboração da cúpula da Igreja. E isso foi crucial para a derrota do império do mal.

Na mesma semana em que celebramos o legado de João de Deus, o atual papa segue surpreendendoe desapontando — fiéis pelo mundo. 
Depois de não perder tempo em se manifestar sobre pandemia, racismo, queimadas na Amazônia, união homoafetiva e capitalismo malvadão, entrando para o time do aplauso fácil, Francisco, até a conclusão deste texto, ainda não havia se pronunciado especificamente sobre as igrejas incendiadas pela extrema esquerda no Chile nesta semana. [dos pontos destacados em itálico, o Blog Prontidão Total expressa opinião sobre a 'união homoafetiva' - clique e leia.

Francisco mantém distância dos EUA e aproxima-se da China
A Igreja da Assunção, após ser invadida por vândalos encapuzados durante uma grande manifestação na capital chilena, foi tomada pelas chamas criminosas. Enquanto a estrutura era destruída, muitos dos criminosos filmavam as gigantescas labaredas e comemoraram o ataque: “Deixa cair, deixa cair!”. Quando uma das torres de uma das construções veio ao chão, em chamas, gritos da celebração atingiram altos decibéis. O silêncio do papa também continua ensurdecedor. Os protestos no Chile marcaram um ano das revoltas que aconteceram no país no fim do ano passado, quando manifestantes tomaras as ruas para reclamar das políticas econômicas do governo.

Não é apenas o silêncio do papa Francisco em relação aos incêndios criminosos em igrejas no Chile que incomoda os fiéis — e afirmo isso como uma católica praticante. Depois de recusar em setembro um pedido de encontro feito pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que representa a nação que mais defende a liberdade no mundo, o papa argentino decidiu renovar um acordo com o Partido Comunista da China sobre a nomeação de bispos. Na prática, a medida dá a Francisco a palavra final acerca da nomeação de lideranças católicas no país asiático. Antes do acordo provisório assinado em 2018 e renovado agora, a China se recusava a aceitar que a nomeação dos líderes religiosos viesse do Vaticano, uma vez que não reconhece o papa como chefe da Igreja Católica.

Não precisa ler novamente. Você leu isso mesmo. No dia 22 de outubro, quando celebramos o legado de São João Paulo II, que inclui a brilhante, essencial e espetacular luta contra o comunismo, o papa Francisco assinou um acordo com o Partido Comunista Chinês. A nota oficial do Vaticano diz que o acordo “pretende continuar o diálogo aberto e construtivo para promover a vida da Igreja Católica e o bem do povo chinês”.

Entre as recentes declarações no mínimo estranhas do papa Francisco, há duras críticas à visão de que o liberalismo econômico possa ser a resposta para os problemas sociais do mundo. Ele também afirmou que as limitações do capitalismo foram expostas pela crise provocada pela pandemia de coronavírus, mas que aqui vamos chamar de — Vossa Santidade, tape os ouvidos vírus chinês. E por falar em capitalismo, o papa argentino ainda não se pronunciou sobre a excepcional economia socialista de Alberto Fernández em seu país.

João Paulo II e Reagan trabalharam juntos para pôr fim ao comunismo soviético ateu. Os dois tinham um plano divino para impedir o império soviético que estava envolvido em uma guerra contra a religião e as liberdades individuais. O trabalho de um papa e de um presidente ajudou a provocar o colapso do comunismo e gerou mais liberdade e oportunidades para as pessoas em todo o mundo. A ascensão do capitalismo, junto com o colapso do socialismo, melhorou espetacularmente as condições de vida das pessoas em todo o planeta. Dados do Banco Mundial mostram que a parcela da população global que vivia na pobreza era de 42,3% durante o primeiro ano da Presidência de Ronald Reagan. Em 2018, caiu para 4,8%. Isso significa que quase 1,25 bilhão de pessoas saíram da extrema pobreza. Graças à liberdade e ao capitalismo. Shhh… fale baixo, seu herege.

Os (poucos) fiéis que ainda tentam defender as declarações progressistas de Bergoglio insistem que o silêncio sobre as igrejas queimadas no Chile, a perseguição a cristãos no mundo, os campos de concentração de uigures na própria China, e tantos outros eventos sérios que não mereceram a palavra da Santidade, é um silêncio sábio e humilde, inspirado por Deus para “não colocar mais lenha na fogueira” da discórdia. Fogo que merece lenha do papa, só o da Amazônia. E com os aplausos de Hollywood. Esse papa é pop.

Leia a reportagem “O capitalismo sob ataque”, de Selma Santa Cruz

E também o artigo “Ideias, intuição moral e compromisso ideológico”, de Bruno Garschagen

Revista Oeste - Ana Paula Henkel 

Ana Paula Rodrigues Henkel,  - @AnaPaulaVolei antes Connelly, mais conhecida como Ana Paula, é uma arquiteta, comentarista política e ex-jogadora de voleibol brasileira


Ibaneis age de forma irresponsável e desrespeita às leis de trânsito e de prevenção contra pandemia

Sem máscara e sem capacete, Ibaneis pega carona em moto durante campanha política no Entorno do DF

Governador percorreu ruas de Cabeceira Grande (MG) neste domingo (25). Acessórios de proteção contra coronavírus e de segurança no trânsito são obrigatórios.


Governador Ibaneis Rocha sem máscara e sem capacete em Cabeceira Grande, Entorno do DF — Foto: Instagram/Reprodução 
[Ibaneis pode? não é a primeira vez que o governador desrespeita normas de impõe o uso de máscaras.]

 O governador Ibaneis Rocha (MDB) esteve na cidade de Cabeceira Grande (MG) – no Entorno do Distrito Federal – neste domingo (25), e fez campanha para um candidato a prefeito da região. Sem usar máscara e nem capacete, ele conversou com eleitores e chegou a dar uma volta na garupa da moto de um morador.

As fotos de Ibaneis sem acessórios essenciais de proteção estão em uma rede social. Cabeceira Grande faz parte da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (RIDE). O uso de máscaras é obrigatório no município desde o dia 17 de abril, devido à pandemia do novo coronavírus.

 Até a manhã desta segunda-feira (26), a Secretaria de Saúde local registrava duas mortes por Covid-19 e 46 infectados.  Já no DF, o uso de máscaras é obrigatório desde maio. A determinação começou a valer por meio de decreto assinado por Ibaneis. Quem for flagrado sem o item pode ser multado em R$ 2 mil 


Governador Ibaneis Rocha sem máscara na cidade de Cabeceira Grande, no Entorno do DF — Foto: Instagram/Reprodução 

O G1 questionou o governo do DF sobre o caso, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. 

Pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o uso de capacete motociclístico é obrigatório para o condutor e para o passageiro de motocicletas em vias públicas. Segundo a legislação, transportar passageiros sem capacete implica multa de R$ 293,47, sete pontos na carteira de habilitação, além da suspensão da CNH do condutor. A infração é considerada gravíssima. 

NO G 1 MATÉRIA COMPLETA 


CoronaVac - Vacina chinesa: até Mandetta e Lula agora querem palpitar

Alexandre Garcia

Lula disse que Bolsonaro comete um "crime contra a nação" ao não querer comprar a vacina contra Covid-19.

A Polícia Federal encontrou anotações que mostravam compras de respiradores no valor de R$ 1,8 milhão, durante a busca e apreensão na casa do senador e ex-vice-líder do governo Chico Rodrigues (DEM-RR), aquele dos R$ 33 mil na cueca. Ou seja, tudo aponta que ele estava envolvido no desvio de verba pública que deveria ser destinada ao combate ao coronavírus. É mais uma prova de que alguns governadores e prefeitos, entre outros políticos, usaram a pandemia para roubar dinheiro público.

São criminosos hediondos, tanto os que roubam merenda escolar, quanto os que desviam verba da saúde. Lamentavelmente ainda não há uma punição a altura para eles e mesmo se tivesse, ela não seria retroativa, porque esse é um “direito” do criminoso. Nesta quarta-feira (21) surgiu mais um político com dinheiro na cueca. O candidato a vereador Edilvan Messias do Santos — o Vanzinho de Altos Mares (PSD-SE) — foi preso com R$ 15,3 mil escondidos dentro da cueca. Suspeita-se que o dinheiro seria usado para comprar votos.

Em 2005, lembro que um assessor do então líder do PT [o irmão do José Genoíno = deputado  Zé Guimarães... e o assessor sumiu, nunca mais se ouviu falar dele...]  também foi preso em flagrante no aeroporto de Congonhas com 100 mil dólares na cueca.

Mais polêmica com a vacina chinesa
Jair Bolsonaro e João Doria continuam de briga. O presidente disse que o governador de São Paulo é um “nanico com projeto de ditador”, depois que Doria afirmou que a vacina contra Covid-19 será obrigatória em seu estado.
A vice-diretora-geral da área de Medicamentos, Vacinas e Produtos Farmacêuticos da OMS, Mariângela Simão, afirmou que a instituição não recomenda a obrigatoriedade da vacina contra o coronavírus dependendo da realidade epidêmica e legal do país.

Mas toda essa discussão é em cima de uma vacina que ainda está em fase de testes. Uma vacina só existe quando é apta para aplicação, ou seja, quando é comprovadamente segura e eficaz.

No meio desse debate todo, eis que ressurge o ex-ministro da Saúde Luis Henrique Mandetta, sugerindo que o atual ministro Eduardo Pazuello “deve escolher o lado certo e ouvir sua consciência”. Ele se referia à compra e aplicação da vacina CoronaVac, produzida pela China em parceria com o Instituto Butantan. Isso me fez lembrar do tempo em que Mandetta era ministro e aconselhava que as pessoas procurassem o médico somente depois que a pessoa sentisse falta de ar. Um erro, pois a essa altura o vírus já havia tomado conta do pulmão e a pessoa precisava ser internada.

Além de tudo isso, vem o Lula, o político mais enrolado com a Justiça, dar palpite. Disse que Jair Bolsonaro deve ser alvo de impeachment porque, segundo ele, não querer comprar a vacina é “um crime contra a nação”. Então por que Doria não compra o imunizante e resolve tudo isso?

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Alexandre Garcia, jornalista - Gazeta do Povo - VOZES


Vacina chinesa, não! Percival Puggina

Discute-se se o Brasil deve, efetivamente, comprar milhões de doses da vacina chinesa. Sem a menor intenção de magoar a sensibilidade do governador João Doria, que tem revelado particular afeição pelos interesses chineses no Brasil, quero proclamar minha completa aversão a esse negócio. Aplica-se a ele a regra segundo a qual jamais compre mercadoria que venha empacotado por algum partido comunista.

Ao que se sabe, há duas hipóteses para a origem do coronavírus. Ou ele em suposta teoria da conspiração - é produto de algum laboratório chinês, ou ele surgiu daqueles hábitos alimentares em que seres humanos acabam metabolizando insetos e animais silvestres com constante risco de trazer à humanidade doenças para as quais não temos imunidade.

A origem desses péssimos costumes é conhecida. Eles foram adquiridos nos tétricos episódios de fome impostos pelo Partido Comunista da China ao povo chinês. Ainda que seja motivo de pesar, é imperdoável que, sabido o alto risco que eles representam, nada tenha sido feito para extingui-los. Num mundo globalizado, não há limites para a expansão de novas pandemias. Portanto, a responsabilidade do PCC é indiscutível, como indiscutível é sua condição de soberano senhor do povo de seu país. Pode-se discutir a maior ou menor responsabilidade moral do Partido numa e noutra hipótese. Mas não se pode pôr em dúvida a responsabilidade.

As suspeitas se foram tornando mais incisivas quando a revista Exame, em matéria do dia 1 de setembro (1), constatou que dezenas de economias nacionais estavam acusando quedas drásticas do PIB. Entre elas, Índia, Brasil, Estados Unidos, Japão e praticamente toda a Zona do Euro. Enquanto isso acontecia no mundo das vítimas, a China, “por haver controlado rapidamente a epidemia”, logo voltou a crescer. Em abril, o jornal El País (2), sobre cuja posição política não pairam incertezas, publicou matéria listando reações de governos europeus, notadamente França e Reino Unido, cobrando responsabilidades do governo chinês:

“Esperamos que a China nos respeite, como ela deseja ser respeitada”, declarou na segunda-feira o ministro francês de Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian. “Nada pode voltar a ser como antes” enquanto a China não esclarecer de forma cabal tudo o que está relacionado com o vírus, observou na semana passada seu homólogo britânico, Dominic Raab.

A interessante matéria destaca, ainda, uma guerra de narrativas, com a qual, propagandisticamente, a China exibe suas remessas de material médico e de enfermagem ao Ocidente, enquanto silencia o fato de haver o Ocidente feito o mesmo quando o problema se manifestou em Wuhan. A BBC, em 28 de julho, divulgou matéria em que médico chinês afirma haver, em 12 de janeiro, informado as autoridades chinesas sobre a transmissão humana do vírus. O alerta, contudo, só foi levado ao público em 19 de janeiro (3).

Por isso, penso que o PCC, soberano senhor do povo chinês, repito, deveria oferecer sua vacina de graça à humanidade. E a humanidade deveria devolver a mercadoria. Alias, gostaria que o presidente da República enviasse uma dose dela para os jornalistas que o recriminam por sua atitude de resistência. Quantos realmente iriam usá-la?
Enfim, a China deveria indenizar a humanidade pelo estrago que fez, deveria usar seu aparelho tecnológico para extinguir os riscos que provenientes dos maus hábitos alimentares de alguns de seus cidadãos, ou dos ensaios empreendidos por eventuais “doutores Nirvana” de seus laboratórios. Jamais, jamais, ganhar dinheiro vendendo vacina às vítimas do vírus que veio de lá.


Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.


Território ocupado - “Cidade Maravilhosa” perdeu a guerra contra o crime

Por J.R. Guzzo - Vozes - Gazeta do Povo 

Grupos de marginais ocupam cerca de 100 dos 160 bairros da cidade do Rio de Janeiro.

Um levantamento feito em conjunto por cinco organizações de pesquisa social, que acaba de ser divulgado na mídia, revela que existe uma parte do território brasileiro que muito simplesmente não pertence ao Brasil, nem está sujeita às suas leis e aos seus governos. É como se o país tivesse sido invadido por um exército estrangeiro, que derrotou o poder nacional e criou uma zona de ocupação na área conquistada – o que vale, ali, é a autoridade do invasor, e não a Constituição Federal. Nem é preciso dizer onde fica esse território, não é mesmo? Fica ali mesmo onde o leitor sabe: na cidade do Rio de Janeiro e em seu entorno.

Segundo o estudo, chamado de “Mapa dos Grupos Armados do Rio de Janeiro”, a maior arte da área física do Rio já está sob o controle de criminosos — as “milícias” e as quadrilhas “raiz”. Em conjunto, os grupos de marginais ocupam cerca de 100 dos 160 bairros da cidade. Já governam, também, a maioria da população: num total de 6,7 milhões de habitantes, 3,7 milhões, ou 55% de todos os cariocas, vivem hoje em áreas controladas pelo crime.

Qual a surpresa? Seria impossível na verdade, uma situação diferente dessa, levando-se em conta o que têm feito nos últimos 30 anos os governos locais, o governo central, deputados estaduais, deputados federais, senadores, prefeitos, vereadores e, acima de todos eles, os mais altos tribunais da Justiça brasileira. Têm o apoio declarado da mídia e daquilo que se chama a “elite” intelectual, social e política da cidade. No Rio, por decisão do ministro Edson Fachin, do STF, os helicópteros da polícia estão proibidos de sobrevoar as favelas. 
Por decisão do mesmo STF, os policiais também não podem patrulhar as vizinhanças das escolas; trata-se de áreas que, oficialmente, só podem ser frequentadas por criminosos.

Qualquer bandido capaz de pagar um advogado caro — por exemplo, um advogado que foi até outro dia assessor do ministro Marco Aurélio pode ser solto valendo-se das últimas leis aprovadas no Congresso Nacional. O ministro Ricardo Lewandovski acha que o grande problema do Brasil não é o crime, e sim o fato de haver “gente demais” na cadeia, segundo ele mesmo. O governador do Estado foi expulso do cargo, denunciado como ladrão — e pior ainda, ladrão de dinheiro que deveria ser gasto no combate à pior epidemia que o país já enfrentou.

Esse governador, aliás, terá o seu processo de impeachment julgado por uma Assembleia Legislativa onde cinco deputados foram diplomados na cadeia. Os últimos cinco governadores do Rio, na verdade, foram presos por corrupção, e soltos pelas mesmas trapaças legais que o alto judiciário utiliza para soltar bandidos; um deles continua na prisão até hoje, condenado a mais de 100 anos por corrupção. Nas próximas eleições municipais, a maioria dos candidatos a prefeito e vereador tem compromisso pelo menos implícito de colaboração com a bandidagem.

A elite que arbitra o que é bom e ruim para o Rio está convencida, há anos, que “favela não é problema, é solução”, e que o crime faz parte do “patrimônio cultural da cidade”. Acha que os bandidos têm direito a usar armas pesadas em público para garantir sua “legítima defesa” – embora não admitam que o cidadão comum possa estar armado. Combater os criminosos, no seu entender, é “reprimir a população pobre”. Têm certeza de que os bandidos exercem o papel de “protetores sociais” nas favelas, e jamais incomodam qualquer dos seus moradores.

Aguarda-se, agora, o próximo “Mapa”. Pelo cheiro da brilhantina, os 55% dos cariocas governados pelas quadrilhas vão para 60% — ou sabe Deus quantos.

J.R. Guzzo, jornalista  - Gazeta do Povo - Vozes

Vai-se a segunda pomba - Fernando Gabeira

In Blog

A ideologia bolsonarista - Denis Lerrer Rosenfield

Blog do Noblat

Na luta contra a vacina anticovid-19, os atos do presidente mostram um traço arbitrário.

Um aspecto da extrema direita no poder, do ponto de vista ideológico, é o desprezo pela ciência e, em decorrência, no caso brasileiro, pela saúde dos cidadãos. O que se apresenta como uma das grandes conquistas civilizatórias é relegado a mero instrumento de luta política, desaparecendo a preocupação com o bem coletivo. É simplesmente assustador que, o País alcançando a astronômica cifra de mais de 155 mil mortos pela covid-19, o debate provocado pelo presidente e suas hostes digitais gire em torno de um combate contra a vacina. Não se discute a saúde, mas os meios de propagação da morte. [Apesar do grande respeito que temos pelo ilustre articulista (respeito devido por suas inúmeras qualidades) sentimos a necessidade de apresentar, com as devidas vênias, alguns comentários e atualizações: -  a pandemia está em processo de queda - acentuada e constante.

A ciência pouco fez, até o presente momento - talvez por se tratar de uma doença nova, desconhecida - para o efetivo combate à covid-19. As medidas de isolamento e distanciamento sociais, adotadas por prefeitos e governadores, tiveram eficácia discutível - de todas a única que se sustenta e tem eficácia é o uso da máscara.

Tudo indica que a redução de casos de infectados e de mortes é consequência do esforço gigantesco, heróico, dos profissionais de saúde e do surgimento natural da 'imunidade de rebanho'.] 

Os exemplos são inúmeros deste teatro da doença e de sua aceleração, o Brasil ostentando um dos maiores índices de mortandade por milhão de habitantes. Um campeonato mundial que deveria ser motivo de vergonha, não de júbilo. Tudo está invertido, como se a perversão dos valores devesse ser a regra. A cloroquina é talvez o mais aberrante, graças à propaganda utilizada, quando é um medicamento, para esses fins, comprovadamente inútil, ineficaz. Na escassez de recursos, no entanto, milhões foram gastos por simples ordem presidencial, com o apoio de Donald Trump, que fez uma “doação” ao Brasil. Signo de “amizade”, dizia-se, quando é, na verdade, exposição de falta de consideração. O que não serve lá foi enviado para cá. Desculpem a expressão, fomos tratados como uma república bananeira.

O recente episódio da vacina Sinovac-Butantan é mais um desta ópera-bufa, que está se tornando trágica. O presidente Bolsonaro, por ato arbitrário, decide sem nenhum fundamento não comprar a vacina “chinesa”, por esta supostamente contrariar não se sabe bem lá o quê, senão o seu interesse pessoal. [1 - existe alguma vacina chinesa, ou de qualquer nacionalidade, para imunizar contra à covid-19? 2 - se existe, tal imunizante foi devidamente testado tendo sua segurança e eficácia devidamente comprovada? 3 - tem disponibilidade imediata para aplicação?] Vacinas são imunizações contra doenças importantes para o bem da população, não devem, de forma alguma, ser objeto de disputa política. Politizar a vacina significa menosprezar os brasileiros. Não há vacina chinesa, não há vacina do Doria, não há vacina do Bolsonaro, mas um potente instrumento de combate à doença. [é aceitável que um governador de Estado assuma papel de divulgador, coordenador de marketing, embaixador chinês, para divulgar um produto comercial e que ainda está em fase de testes?] Se nome deveria receber, seria o dos cientistas que a descobriram. O resto é pura demagogia.

Acontece que o bolsonarismo, enquanto ideologia, introduziu a (falsa) discussão sobre a vacina num contexto de teoria da conspiração, seja contra os “chineses”, seja contra o governador de São Paulo. Tornar os chineses objeto de opróbrio, como se fosse o inimigo, atenta contra o bom senso e os interesses nacionais. A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil e deve ser tratada com todo o respeito e reconhecimento que essa posição lhe confere. Os chineses são os maiores importadores do agronegócio e investidores no País. Do ponto de vista dos nossos interesses, a posição presidencial pode estar causando um sério prejuízo. Além do mais, se esse desprezo pela China fosse coerente, o bolsonarismo deveria estar advogando pelo não uso de tênis, roupas, computadores e utensílios eletrônicos, cuja boa parte dos componentes é lá produzida. [os produtos destacados não oferecem risco direto à saúde de milhões de brasileiros; quanto à chamada 'vacina chinesa', não pode ser considerada segura, eficaz e benéfica a saúde dos futuros vacinados, enquanto não forem concluídos todos os testes e protocolos.] Deveriam abandonar a comunicação digital e as redes sociais. Ganhariam em credibilidade. E o País agradeceria.

Ainda quanto ao agronegócio, por boas e más razões a imagem do País no estrangeiro é péssima. Boas razões: a comunicação social é muito ruim e a política do ataque só nos tem prejudicado.[o agronegócio se comunica e se divulga por conta própria - diferente da vacina contra o coronavírus, ainda em estudo - que necessita de um governador de estado para divulgá-la.]  Más razões: muitas ONGs e países estrangeiros querem prejudicar o Brasil, reduzindo a competitividade do setor e favorecendo grandes empresas e grupos estrangeiros. Acontece que a percepção é que conduz negócios e protagonismo político. Imaginem, agora, se a imagem de não combate à covid-19 no Brasil vier acoplada a uma imagem ambiental ruim? A confluência dessas duas imagens pode trazer graves prejuízos às exportações brasileiras e aos investimentos no País.

Quanto ao governador João Doria, está simplesmente fazendo o trabalho dele à frente de um Estado pujante, industrializado e inovador na área científica. [é trabalho de um governador divulgar produto estrangeiro - medicamento ainda em estudo, sem segurança e eficácia cientificamente comprovadas?] Se isso lhe propiciar dividendos políticos, direito dele, por estar colaborando diretamente para a saúde dos paulistas e dos brasileiros. Ademais, a atitude do presidente Bolsonaro pode estar causando imenso prejuízo ao seu candidato à Prefeitura paulistana, Celso Russomanno, que pode ficar indiretamente com a pecha de ser contra a vacina, contra a saúde dos paulistanos. Defende ele os habitantes de sua cidade ou as diatribes do presidente? A vida ou a morte?

A ideologia bolsonarista não se caracteriza apenas por seus traços autoritários, mas também pela arbitrariedade. Não necessariamente um presidente autoritário ou um tirano faz um mau governo. Xenofonte, na Grécia, já ensinava que tiranos podem governar segundo noções de bem, até mesmo para sua permanência no poder e pelo reconhecimento dos súditos. O problema do autoritarismo é que resvala facilmente para o arbítrio, não podendo o governante ser substituído em eleições. Ora, os atos do presidente estão mostrando, nesta luta contra a vacina, um traço fundamentalmente arbitrário, para além de autoritário.

Denis Lerrer Rosenfield - Filósofo e professor - Blog do Noblat - Revista VEJA 


Na politização da pandemia, vermífugo nitazoxamida é a polêmica da vez

 Correio Braziliense

Uso do antiparasitário nitazoxamida contra a covid-19 tem apoio de grupo de médicos, mas desperta ceticismo na comunidade científica

Os esforços no combate ao novo coronavírus dividem-se com a polarização ideológica. Vacinas com potencial latente têm a credibilidade questionada devido à origem, num cenário de embate político entre os articuladores dos imunizantes. Na politização da pandemia, entram não só as vacinas, mas medicamentos e discussões de tratamento. Substituindo o debate em torno da cloroquina, a figura da vez é o antiparasitário nitazoxanida, apresentado pelo governo federal como remédio eficaz contra a covid-19. O anúncio foi interpretado como uma forma de tirar dos holofotes a “vacina chinesa do Doria”, como se refere o presidente Jair Bolsonaro ao imunizante chinês CoronaVac, e despertou uma onda de expectativa, com certo ceticismo, na comunidade científica. [sem nenhum viés ideológico, destacamos que tanto a Coronavac, quanto qualquer outra vacina - são muitas em diversas fases de testes - não apresentam garantia de que são SEGURAS - não apresentam risco aos seres humanos - e possuem EFICÁCIA comprovada - garantindo alto índice de proteção contra à covid-19.
O vermífugo nitazoxamida, pode até não ter - ainda - sua eficácia comprovada, porém apresenta a 'vantagem' de seu uso - pelas características inerentes aos vermífugos - não ser prejudicial a saúde humana.]
Em coletiva na última semana, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) afirmou que o vermífugo cujo nome comercial é Annita, é eficaz no tratamento da covid-19. De acordo com a pesquisadora responsável pelo estudo clínico do MCTI, Patrícia Rocco, doutora e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi aplicada a metodologia randomizada, quando se controlam dois grupos em situações semelhantes, em que um recebe a dose da substância avaliada e o outro, não. Nesse caso, nem o médico nem o paciente sabiam quem estava recebendo a medicação e quem estava recebendo o efeito placebo, método chamado duplo-cego. “A nitazoxanida, em comparação com o placebo, acarretou, ao final da terapia, redução significativa da carga viral em um maior número de pacientes”, disse Rocco. Foram administrados nitazoxanida 500mg ou placebo três vezes ao dia, durante cinco dias, em 1,5 mil voluntários diagnosticados com covid-19, ainda no início da manifestação dos sintomas.
[uma curiosidade: o  governador de São Paulo adotou  em relação à vacina chinesa uma postura de embaixador da China, representante comercial - usando de forma clara recursos públicos e a influência do cargo público que ocupa para ações de marketing em relação à coronavac.
Nos parece que tais ações deveriam ser realizadas pela Embaixada da China ou por representante comercial dos chineses.]

No entanto, não houve nenhum detalhamento dos resultados, inclusive sendo usada, para ilustrar a apresentação, uma imagem simbólica e genérica, disponível na internet, de um gráfico em queda. A justificativa para não apresentar os dados foi a de que o estudo ainda seria divulgado em uma revista internacional, o que exigia o embargo das informações até a publicação. Doutora em microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), Natalia Pasternak ressalta que é difícil debater o tema sem os dados do estudo, atitude incomum no meio científico. “A publicação dos dados preliminares é incentivada pelas melhores instituições e revistas científicas. Isso tem sido, inclusive, encorajado durante a pandemia, para que a comunidade científica conheça os dados mesmo que eles não tenham passado ainda pela revisão de seus pares”, ressalta.

A infectologista Joana D’Arc Gonçalves ressalta que o Nitazoxanida é semelhante a outros tipos de antiparasitários que apresentam bons resultados in vitro, mas não possuem a mesma eficácia na análise in vivo. “Ainda é cedo para se falar sobre a eficácia desse antiparasitário e ver quais os benefícios que ele vai trazer. Algumas metodologias de análises no caso da covid são complexas. Por exemplo: se eu falo que o remédio diminuiu a carga viral do paciente, os métodos que temos para poder mensurar isso são controversos, pois o teste de diagnóstico RT-PCR tem uma sensibilidade que vai variar com o tempo e com a técnica”, justifica a médica. “Temos que ter cuidado para não gerar uma expectativa muito alta em relação ao tratamento, porque isso leva a uma corrida desesperada das pessoas e os fármacos chegam a faltar”, pontua.

A apresentação do MCTIC com a  falta de dados publicados é vista, ainda, como uma estratégia política para tirar dos holofotes o anúncio dos resultados da vacina CoronaVac, que ocorria no mesmo momento da coletiva sobre a nitazoxanida. “Agora, Bolsonaro pede provas científicas (para debater a vacina), mas, ao que parece, já se esqueceu da cloroquina”, critica o médico e doutor em saúde pública Flávio Goulart, referindo-se à defesa do presidente da República ao uso do medicamento no tratamento da covid-19, mesmo sem estudos que comprovem a eficácia. [são inúmeros os casos de pessoas que se curaram da covid-19, sem internação e sem sequelas, com o uso de azitromicina + cloroquina + ivermectina =  recuperação rápida, sem necessidade de internação e sem sequelas.

Nos casos que conhecemos, os três medicamentos foram devidamente prescritos por médico.]  Para ele, o anúncio do ministro Marcos Pontes vem como uma nova ação publicitária de mais um remédio sem comprovação contra a doença.

Quem também critica o viés ideológico por trás da apresentação do MCTIC é o diretor científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) no DF, José David Urbaez. “Isso não é uma pesquisa, é a construção de uma narrativa. Uma pesquisa para ser avaliada apresenta resultados, tabelas, estatísticas, informações de diferentes estratos segundo idade, procedência, as comorbidades dos voluntários do estudo, isso é discutir pesquisa. O que o ministério fez não tem nada a ver com discutir um tratamento”, afirma.


Defesa
O Ministério da Ciência e Tecnologia
não foi o único a conduzir análises sobre os efeitos do nitazoxanida em pacientes com covid-19. Em Volta Redonda (RJ), um grupo independente de médicos realiza um estudo clínico que administra a droga, já nos primeiros sintomas da doença, em pessoas de grupos de risco. “A minha conduta clínica em Volta Redonda (RJ) não tem relação com o governo federal, mas os dados informados pelo ministério estão em linha com aquilo que observamos”, explica o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e infectologista Edimilson Migowski, que lidera o estudo.

No município fluminense, 415 pacientes leves e de grupos de risco foram tratados precocemente com nitazoxanida e, até o momento, o levantamento indicou que a droga foi capaz de frear o agravamento da doença e todos estão bem, sem internação, intercorrência ou óbito. “Temos dados clínicos muito sugestivos que o tratamento precoce é seguro e eficaz para salvar vidas. Junto minha experiência prática com a de médicos que já trataram da mesma forma. Mais de mil pessoas foram salvas, inclusive pacientes de elevadíssimo risco, como renais crônicos, passando por hemodiálise”, defende Migowski, que há mais de 10 anos estuda os efeitos positivos deste princípio ativo, no Brasil.

“O medicamento foi, inicialmente, licenciado para tratamento de vermes, parasitose intestinal, mas mostrou uma ação antiviral bem interessante. Inclusive consta na bula que ele pega rotavírus, norovírus e adenovírus. Uma pesquisa que fiz em 2010 mostrava uma ação também na emissão da replicação do vírus da dengue e da febre amarela. Vários outros estudos foram publicados, mostrando que pega, também, Hepatite B e C, influenza, zika, chikungunya, ebola, HIV. Apesar de não ser o melhor produto para tratar algumas dessas doenças, para algumas viroses tem se mostrado bastante eficaz”, afirma Migowski.

Correio Braziliense