Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador capitão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador capitão. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 4 de maio de 2021

Ninguém derruba a popularidade do Capitão? - Veja

Matheus Leitão

Pelos dados do Paraná Pesquisa, Bolsonaro continua em primeiro lugar em São Paulo, apesar de todos os erros na gestão da saúde

A nova pesquisa realizada pelo instituto Paraná Pesquisas, que mostra o presidente Jair Bolsonaro liderando a eleição presidencial para 2022 no estado de São Paulo, é mais um banho de água fria para a oposição. Terminada de ser apurada no último 1º de maio, ou seja no último sábado, a pesquisa mostra que, até o momento, ninguém, nem nenhum fato negativo  – e olha que são tantos – derruba a popularidade do capitão.

Se a disputa fosse hoje, Bolsonaro apareceria com uma vantagem em relação ao ex-presidente Lula de nove pontos. Em relação a Sérgio Moro, João Doria e Ciro Gomes, seria de assombrosos 26 pontos. Além disso, está 27 à frente de Luciano Huck. Como a coluna mostrou, com a entrada de Lula na disputa, uma candidatura de centro, que surgia como opção após as eleições municipais, perdeu força.

Mesmo sendo de conhecimento público que o eleitor paulista é bastante conservador, outros nomes neste espectro politico de direita já poderiam ter capturado o eleitorado de Bolsonaro. A resiliência do presidente no estado mais populoso do país, chave para qualquer eleição para o Planalto, é uma notícia que anima Bolsonaro e seus aliados no Congresso nesta segunda, 3, em Brasília.

Especialmente porque o governo faz uma desastrosa gestão da Saúde na pandemia, o que já deveria ter carimbado mais na imagem do presidente, e pela crise econômica sem precedentes, que costuma derrubar rapidamente a aprovação de um governante. Bolsonaro fez inúmeras barbaridades na pandemia, sendo contra as medidas da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas a principal delas foi a de boicotar a compra das vacinas, o que atrapalhou de forma inegável o país, além de colocar em risco a vida de milhares de pessoas. Ao falar que quem tomasse a vacina viraria jacaré, Bolsonaro atrasou ainda mais a imunização do país.

Mas uma coisa é preciso dizer. Politicamente, quem tem criado couro de jacaré nos últimos anos é o presidente. Mesmo sendo um negacionista da vacina. Bolsonaro é o jacaré da política brasileira.

 Blog do Matheus Leitão, jornalista - Revista Veja

 

sexta-feira, 2 de abril de 2021

E UMA INTERVENÇÃO "MEIA SOLA", DISPENSANDO BOLSONARO E DANDO POSSE A MOURÃO? SérgioAlves de Oliveira

É absolutamente certo que os motivos de Bolsonaro não ter acionado o comando previsto no artigo 142 da Constituição não é por ele ser um “democrata”, ou lhe faltar coragem bastante para fazê-lo. Encurralado como ele está por todos os lados, inclusive por aquele que ele recentemente tanto influenciou para eleger Presidente da Câmara Federal, a única explicação plausível para esse não-uso do citado artigo da constituição estaria na receptividade absolutamente nula das Forças Armadas em aderir à “sua” causa (pessoal).

Três motivos saltam aos olhos para essa receptividade nula da “intervenção”, pelos militares,se porventura fosse pretendida pelo “capitão” para salvar-se à frente do Governo, apesar do Presidente acumular a função de “chefe supremo das FA”, por força da Constituição.  O primeiro e talvez mais importante motivo da não adesão das Forças Armadas a algum plano de medida excepcional decretado pelo Presidente, embora previstos na constituição, como o Estado de Sítio, de Defesa, ou a própria “intervenção” (art.142 da CF),certamente reside na “oposição” ao Presidente no seio das próprias Três Forças, que longe está do prestígio e do apoio recebidos durante a campanha da sua eleição.

No meio militar (das FA), Bolsonaro só teve desgaste, apesar do jogo de “ping-pong” que tem feito com os generais e outros oficiais superiores de alto prestígio nas Forças Armadas, convidados a compor o Governo,e logo a seguir “defenestrados” . Por isso,de tantos que foram os generais nomeados para altos cargos do governo,inclusive de ministros,e em seguida demitidos,por qualquer “chilique” do Presidente, não vai demorar e não sobrará um só general que não tenha participado do “rodízio” governamental. E nenhum governo jamais conseguirá funcionar bem com tantas e tão frequentes mudanças.

Uma outra questão que necessariamente deve ser levada em conta é a pergunta até que ponto as Forças Armadas não teriam TAMBÉM sido “aparelhadas” pela esquerda, enquanto governou, no período compreendido entre 1985 (a partir da posse de José Sarney) e 1º de janeiro de 2019 (posse de Bolsonaro). Isso significa que quase a totalidade dos generais que ainda estão no serviço ativo foram promovidos nos governos de esquerda durante cerca de 35 anos. Por tal motivo, todos os generais, sem exceção, da “geração 64” não são mais forças “vivas” e participantes da ativa das Forças Armadas de 2021. E seria evidentemente uma ingenuidade sem tamanho supor que só tivessem prevalecido os próprios regulamentos e regimentos militares nas promoções dos militares, e que os aspectos “ideológicos” não tivessem sido levados em consideração nas suas promoções. E o ambicioso projeto de “perpetuação” da esquerda no poder não teria influenciado nas promoções militares?

Ora, na verdade seria um verdadeiro “atentado” contra a lógica imaginar que as Forças Armadas tivessem sido as únicas organizações públicas livres do aparelhamento do Estado e de todas as suas instituições,  inclusive da Constituição e das leis escritas durante todo esse tempo em que dominaram. Na área do ensino, em particular,estabeleceram em leis a “estabilidade” de dirigentes do ensino publico,inclusive dos reitores de universidades,que ninguém consegue mais “mexer”, a não ser por nova constituição e leis, quase impossíveis de conseguir em vista do “aparelhamento” (esquerdista) das próprias Casas Legislativas. Bolsonaro sentiu esse aparelhamento na própria carne como ninguém mais. E por isso não está conseguindo governar.

Por fim seria outra grandiosa ingenuidade supor que a questão da “hierarquia militar” não tivesse nada a ver com algumas restrições culturais dos militares de patente mais elevada em relação a seus “inferiores”. O fenômeno é da própria natureza humana. Assim como um pai jamais admitirá ser mandado por um filho, também um general terá restrições em ser comandado por um “capitão”, por uma mera decisão política escrita na constituição, apesar do “capitãoacumular as funções de Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas.

Todos estão enxergando claro que alguma coisa deve ser feita com urgência. Mas “fora” da política. E com ou sem amparo constitucional. A sociedade brasileira está em pânico e pedindo socorro.  Mas a própria Constituição indica uma boa saída. E uma saída “constitucional”. Plenamente legal, portanto. Valendo-se da sua condição de “guardiã” da Pátria,como expressamente previsto no artigo 142 da CF, as Forças Armadas podem, por moto próprio, independente do seu “Comandante Supremo”,”detonar ” esse dispositivo constitucional, fazendo todas as reformas necessárias e urgentes, assumindo provisória e excepcionalmente a condição de “Poder Constituinte Originário”, em nome e representação da soberania do Povo, prevista no artigo 1º da CF, submetendo tais atos, logo a seguir,a “referendo” eleitoral". [a solução das Forças Armadas agirem por moto próprio, se apoia na teoria do 'dono do fuzil' e sequer pode ser chamada de Revolução, intervenção, etc. É simplesmente GOLPE.]

Mas tudo indica,pelas diversas razões acima apontadas, que o atual Vice-Presidente da República,General Hamilton Mourão,em assumindo a Presidência, teria melhores condições e mesmo “autoridade”, legal,moral, e mesmo “militar”, de acabar com essa confusão reinante e colocar o Brasil nos trilhos da paz, da ordem, do respeito à hierarquia,da prosperidade e,fundamentalmente,da justiça social. E aí reside a intervenção e a democracia “meia sola” a que me referi. Mourão também foi eleito pelo povo e deve assumir no afastamento do Presidente. Como foi feito,aliás,com o afastamento do então Presidente Jânio Quadros, por renúncia,e a posse do “Vice”,João Goulart,em 1961.

Mas entre Bolsonaro e o Povo Brasileiro, só posso optar pelo segundo !!!  E lá no “fundo”,os malditos projetos da esquerda e de Bolsonaro são absolutamente idênticos : “Eu, em primeiro lugar; depois o povo”.

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Representação truncada - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

A vida dos cidadãos não é levada em conta. A sociedade clama por mudanças [e a sociedade -  no caso, quase 60.000.000 de brasileiros e brasileiras) fez sua parte: elegeu Presidente da República, JAIR MESSIAS BOLSONARO - que até agora não teve oportunidade de governar: surgiu a pandemia, ainda em curso mas  indo embora, e antes da pandemia e até agora teve a oposição cerrada da turma dos inimigos do Brasil =  a soma dos: arautos do pessimismo + inimigos do Brasil + inimigos do presidente + os contra a Pátria Amada, + adeptos do 'quanto pior, melhor'.  
A soma de todos esses resíduos, sujeiras, tem impedido mudanças, mas aos poucos a corja do mecanismo e do establishment começa a desmoronar e as mudanças ocorrerão.
Por falar em desmoronar, o projeto mirabolante e alucinante do ainda governador paulista, Joãozinho Doria, está afundando de vez. Fez um auê danado com a vacina, iludiu milhões de brasileiros incautos (a maioria eleitor da esquerda), disseminou duas fake news:
- vacina em abundância, disponível para qualquer brasileiro que se deslocasse ao estado paulista;
- que os brasileiros não estavam todos vacinados devido Bolsonaro ser contra.
MENTIRA. Fosse ele um apoiador do capitão, estaria preso, sendo processado por... o crime  cometido é um detalhe que pode ser apresentado depois.]

A pandemia invadiu a vida das pessoas de forma nunca vista, introduzindo a doença e o medo da morte no seio de cada família. Diante de tão aterrorizante realidade, a população vê os países mais avançados se vacinando e abrindo caminho para o futuro, enquanto os responsáveis pelo governo federal se comprazem com malabarismos da pior qualidade, num cenário que, não fosse trágico, seria cômico. Os discursos são tão disparatados e anacrônicos que sua mera listagem, além de longa, seria enfadonha.

Em todo caso, da “gripezinha” à luta contra a vacina “chinesa”, passando pelo dito “tratamento precoce”, uma espécie de poção mágica para incautos, o espetáculo oferecido à Nação é de completa irresponsabilidade. Pessoas adoecendo e morrendo, e a única preocupação dos políticos parece ser a eleição presidencial de 2022. E até lá quantos padecerão? [E, como ficam os vacinados? e os meio vacinados? 
se passar o prazo de validade da primeira dose e não for aplicada a segunda. Que acontecerá?  
A validade da primeira dose da genérica chinesa é contada em dias e a do imunizante da Fiocruz, exige a segunda dose só 12 semanas após a primeira.
Temos que ter atenção com os números para que não sejam manipulados: a soma dos que tomaram a primeira dose, com a dos que receberem a segunda dose, mais os que estão (agora) recebendo a primeira dose não pode ser superior ao total de doses disponibilizadas (agora). E as doses da Fiocruz não podem servir de segunda dose para os que receberam a primeira da Coronavac.]

A crise fiscal se avoluma, os gastos não são cortados, os privilegiados de sempre guardam os seus benefícios e os estamentos estatais defendem os “seus” direitos – aliás, só os deles. Enquanto isso, o País definha economicamente, com alto desemprego, milhões na miséria, à beira da sobrevivência, e a expectativa de vida cai. [estranho... conseguiram com estudos de no máximo dois anos concluírem que a expectativa de vida do brasileiro está em  queda?] O atual governo foi eleito com uma agenda liberal, que, dizia-se, seria conduzida com rigor. No primeiro ano de mandato, nada foi feito, salvo uma reforma da Previdência amplamente preparada pelo governo anterior. No segundo ano, a desculpa foi a pandemia, contra a qual nada foi levado a cabo. E neste começo do terceiro volta o palavrório usual com a reforma da economia e do Estado.

Curiosamente, temos uma situação paradoxal, pois a esquerda retoma a luta contra o “neoliberalismo”, contra a responsabilidade fiscal, sem que liberalismo nem contenção de gastos se tenham realizado. [a esquerda está seguindo a regra de que a pretensão punitiva pode ser exercida antes do delito ser praticado - desde que a vítima da punição seja um apoiador do capitão.
Afinal temos cidadãos encarcerados há anos, sem julgamento, usando apenas o recurso da prisão preventiva sem prazo de validade = pena de prisão com características de perpétua = se sabe a data do começo mas a data do término é desconhecida -   nos remete aos tempos do Stalin, do Mao.
Temos casos em que é politicamente correto (sempre o maldito politicamente correto = esquecem que se é politico não pode ser correto) manter o preso o acusado de um crime. O justo, correto, até democrático, seria julgar o acusado = só que em um julgamento ele seria absolvido - não existem provas que sustentem a acusação. Então mantém o acusado preso, alegando suposto envolvimento em outros crimes e por aí vai.] O pior serviço do atual governo consiste em ter matado a ideia liberal sem que ela tenha sequer existido praticamente.

Os partidos e os políticos, por sua vez, em vez de vocalizarem os anseios da sociedade, estão mais preocupados com suas brigas intestinas, como se estas fossem o mais importante problema da República. Talvez o sejam em sua conotação negativa, ao expressarem o desmonte da representação política. A sociedade não se reconhece em seus representantes. É como se os parlamentares e os partidos vivessem num mundo à parte, só deles, povoado por emendas, cargos e interesses particulares dos mais diferentes tipos, dotados de vida própria. A vida dos cidadãos não é levada em consideração, enquanto esses seres inanimados guardam toda a sua vitalidade. Raras, infelizmente, são as exceções.

As disputas pela presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, com suas intrigas e traições, exibiram uma cena parlamentar e partidária desconectada da realidade. O governo procurou eleger os seus e desestruturar as oposições, os parlamentares negociavam individualmente ou coletivamente os seus votos, enquanto o País seguia à deriva. A sociedade, alarmada, observou um processo longínquo, distante dos seus afazeres cotidianos de sobrevivência e de luta pela vida. Há um crescente estranhamento entre a sociedade e a sua representação, tendo como resultado o enfraquecimento das instituições representativas.

A democracia vive na medida em que suas instituições sejam fortes. [a democracia está em declínio - menos de 10% da população mundial vivem em regime de democracia plena. Cabe a pergunta: a rejeição um regime de governo não indica a necessidade de mudança? do regime? ou da forma como é praticado?] a No momento em que os parlamentares e os eleitos em geral, no Executivo e no Legislativo, apresentam, sem nenhum pudor, o jogo do “toma lá dá cá”, sem que dele se siga nenhum projeto ou realização coletiva, numa espécie de tributo que o vício poderia pagar à virtude, ocorre a debacle da representação política. A política esgotar-se-ia nessa negociação, à qual se seguiriam outras, num jogo sem fim.

Os partidos perdem o seu valor, o seu significado. A sociedade não se vê naqueles que deveriam ser os seus representantes. A “velha política”, tão abominada nas últimas eleições presidenciais, bandeira do então candidato Bolsonaro, é agora conduzida por “novos” e “velhos” políticos, incluídos militares que se apresentavam como avessos a tais práticas. A contradição é manifesta.

Se o divórcio entre a representação política e a sociedade se acentua, se a política renuncia a valores morais e a noções de bem coletivo, se instituições e estamentos do Estado não tornam viável o bem público, se os interesses mais comezinhos tomam a cena pública, o caminho está aberto para soluções demagógicas e autoritárias. Se os partidos e as instituições nada valem, líderes procurarão estabelecer contato direto com uma sociedade aflita e desamparada.

Cria-se um caldo de cultura propício à emergência de “salvadores” da pátria, daqueles mesmos que tudo fazem para corroer e desestruturar a democracia. O discurso passa a ser sem mediações entre o líder e a sociedade, vendendo qualquer narrativa, contanto que ela pegue, suscitando a adesão, por mais mentirosa que seja. E aí de nada adianta dizer que foi o resultado das urnas, pois eleições sozinhas, sem instituições democráticas, podem ser também a via para o autoritarismo. 

Denis Lerrer Rosenfield, denisrosenfield@terra.com.br  - Professor de filosofia - O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Na marca do pênalti - Fernando Gabeira

In Blog

Bolsonaro fez parte de um seleto grupo de estadistas que negaram a pandemia. Em seguida, foi o único no mundo, ressalta o jornal “Le Figaro”, que se colocou negativamente diante da vacinação. Ele foi escolhido como o pior corrupto do ano, pelo Organized Crime and Corruption Reporting Project. Coisa de comunistas? Os escolhidos anteriormente foram Putin, Maduro e Duterte.

[a pandemia, com as BÊNÇÃOS DIVINAS, vai passar ainda no inicio de 2021 - é só cessar os efeitos de alguns excessos praticados por incautos.
Cessando a pandemia, quer os inimigos do Brasil gostem ou não,  o presidente da República Federativa do Brasil, JAIR MESSIAS BOLSONARO, vai conseguir governar - missão que lhe foi concedida por quase 60.000.000 de brasileiros.
 
Voltará com suas pautas de campanha, incluindo sem limitar,  a de COSTUMES, de SEGURANÇA e todas serão aprovadas e implantadas. Algumas, com destaque para a de COSTUMES, precisam de ajustes, até mesmo endurecimento, pela deterioração sofrida.
Serão NOVOS e BONS TEMPOS, o que nos leva a perguntar
- Que nos importa a opinião de um jornal francês (não nos importam nem as ameaças feitas pelo presidente francês de internacionalizar a Amazônia - se tentar, vai perder)?
- Que valor tem uma organização de gringos  considerar o presidente Bolsonaro o pior corrupto do ano?  
Estranho,  o PIOR = a principio se pensa em ser o pior por ser o mais corrupto; só que no caso não vale tal pensamento, já que acusaram o presidente de quase tudo e mais alguma coisa, mas quanto a ser corrupto nada existe - tanto que tentam jogar a pecha de corruptos sobre os filhos do presidente para então associar = só que são CPFs diferentes.]

Bolsonaro chegou ao fim de 2020 com 24 pedidos de impeachment acumulados na gaveta. Alguns comentaristas acham que ele zombou da tortura em Dilma Rousseff para desviar a atenção de seu fracasso diante da pandemia. Mas é uma tática estúpida. Não se disfarça a morte com cheiro de morte, muito menos se esconde a desumanidade contra muitos, concentrando-a numa só pessoa.

O conjunto de declarações de Bolsonaro está registrado. Uma pandemia com quase 200 mil mortos não desaparece na história como um relâmpago no céu. [também não desaparece a comprovação farta de que o Governo Federal foi afastado do comando, da linha de frente das ações de combate ao coronavírus, sendo dado o protagonismo aos governadores e prefeitos.]  Ele contribuiu para que uma parte do povo brasileiro desafiasse o perigo da pandemia e colocasse em risco a própria vida e a dos outros.

Bolsonaro ignorou os apelos para que o Estado protegesse as populações indígenas. Por duas vezes, o STF devolveu ao governo a lição de casa que não consegue realizar: um plano eficaz para protegê-las. No governo, Bolsonaro aumentou a destruição da Amazônia, queimou um terço do Pantanal, e o Cerrado perdeu 13 % de sua vegetação. No seu prontuário, não pesam apenas vidas humanas, mas espécies animais, plantas, enfim, todos os componentes da riqueza do Brasil.

Sua política arruína as chances de nos apresentarmos como uma potência ambiental, atraindo energias, capitais, poderosos governos, todos ansiosos por trabalhar conosco numa nova etapa da luta mundial pela sobrevivência das novas gerações. Numa das suas últimas lives, Bolsonaro afirmou que não seria retirado da Presidência sem um motivo justo. Ninguém faria isso. Mas a situação muda de figura quando se consideram 200 mil mortes diante de um governo negacionista. Se isso não for um motivo justo para milhares de famílias que perderam seus entes queridos, o que será? [a primeira providência que decide o que é um motivo justo - no caso um crime de responsabilidade, devidamente comprovado - são os votos de 342 deputados favoráveis a que seja aberto um processo de impeachment. 
341 votos não autorizam sequer que a sessão para apreciar o pedido de impeachment seja aberta.]

O auxílio emergencial aprovado pelo Congresso atenuou o impacto da posição inicial na imagem de Bolsonaro. A má vontade com a vacina atualizou sua culpa. O general Pazuello tem responsabilidade, mas obedece a Bolsonaro. Só é formalmente um Sancho Pança. Sancho seguia Dom Quixote, um símbolo permanente da humanidade. Assim mesmo, era capaz de alertar: olha mestre, olha o que senhor está falando.

Juntos, capitão e general arrastaram as Forças Armadas para uma política que nega sua proximidade com a ciência, lança dúvida sobre sua capacidade e chega a nos fazer duvidar dos critérios que levam alguém ao generalato. [um pouco de prudência ao lançar dúvidas sobre, ou acusar, nossas Forças Armadas, é aconselhável. 

Acusações ou dúvidas, sem amparo em fatos, costumam causar constrangimento. Recentemente o Exército Brasileiro foi acusado de estar promovendo um genocídio = o autor da acusação teve que recuar quando percebeu que faltavam os mortos.]

A aventura da hidroxicloroquina, justificada pelo Exército como um conforto à população assustada, é um argumento religioso. Remédios são feitos para curar.  A pandemia revelou o abismo da desigualdade social. Entramos em 2021 sem resposta para milhares de pessoas necessitadas. Não só estamos longe de um contrato social, mas sendo cada vez mais empurrados para a barbárie.

Bolsonaro é a barbárie de que o capitalismo escapou no século passado, com a ajuda da social-democracia e de políticas sociais. E de que a globalização procura escapar, no século XXI, com as diretivas de governança sustentável e socialmente responsável. No seu governo, vigora a tese de que o homem é o lobo do homem, de que os fortes sobrevivem de armas na mão. Não há chances de construir um país com essas ideias. A esperança em 2021 passa por nos livrarmos desse pesadelo, em condições ainda difíceis de movimento e contato físico.

Quando os valores humanos são negados tão radicalmente por um líder e seus fiéis que riem da tortura, é fácil compreender que a luta não é apenas por um país, mas pela sobrevivência da espécie. No Brasil, a humanidade está em jogo. Muitos já compreendem, mesmo vivendo fora daqui, o potencial destrutivo dessa ameaça.

Blog do Gabeira - Fernando Gabeira, jornalista - O Globo 

Artigo publicado no jornal O Globo em 04/01/2020

 

domingo, 15 de novembro de 2020

O recado dos generais para o capitão - Blog Matheus Leitão

Matheus Leitão - Veja

Pujol e Mourão mostram que as Forças Armadas podem recuar do apoio que deram a Bolsonaro

O aniversário de Jair Bolsonaro é somente em março, mas parece que o inferno astral dele já chegou. Nos últimos dias, o presidente viu seu filho Zero Um ser denunciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa, e agora passou e receber puxões de orelha não só de um, mas de dois generais do seu governo.

[a insatisfação com a inexistência de um terceiro turno e  a manutenção em alta da popularidade do presidente Bolsonaro  = o que torna grande suas chances de reeleição em 2022 = é de tal ordem que até  frases proferidas pelo General Mourão e outras pinçadas de uma Nota conjunta do Ministério da Defesa e dos Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, passam a ter força de 'puxões de orelha'. 
É notório pacífico que as Forças Armadas - e mesmo órgãos públicos civis -  não podem, nem devem se envolver com política. Política é para os políticos.
Surpresa maior é a frase final da presente matéria: "...Seria a instituição mais bem avaliada do país dizendo “ele não”... . "Ele não" não significa opinião, manifestação, política; mas, "Ele, sim" seria, para dizer o mínimo,  uma interferência indevida das FF AA na política, ou mesmo um crime.]

A questão do filho é um agravante político forte, assim como o afastamento da caserna. Após muitos militares compactuarem desde 2018 com a política nos quartéis, resolveram agora tirar os quartéis da política. O comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, afirmou que os militares não querem “fazer parte” da política governamental, nem querem que a política “entre” nos quartéis.

O movimento parece orquestrado nas Forças Armadas, já que o vice-presidente, Hamilton Mourão, que, ao contrário de Pujol, é da reserva, afirmou concordar com o colega de farda e sentenciou: “a política não pode entrar dentro do quartel”. O vice de Bolsonaro ainda completou dizendo que a politização dos militares atrapalha a hierarquia e a disciplina dentro das Forças Armadas.

Ora, sabemos disso e concordamos. Há muitos anos. E que bom que Mourão resolveu colocar ordem na casa. Sua voz ainda tem muita força entre os generais da ativa. Mas foi o Exército que resolveu voltar à política em 2018 quando o então comandante das tropas, general Villas Boas, politizou os quartéis nas eleições.

O próprio Mourão não ficou atrás e deu várias declarações polêmicas durante o governo Dilma. Com isso, conseguiu o seu tíquete para a chapa vitoriosa ao lado de Bolsonaro. É bom que esteja repetindo o posicionamento contra a politização dos quartéis, mas nem sempre o vice-presidente se posicionou assim.

O único que sempre teve o comportamento exemplar, uma exceção, é o comandante do Exército. Pujol desagradou o presidente da República ao cumprimentá-lo com cotovelo em cerimônia militar no mês de abril. Enquanto o presidente minimizava a pandemia, o comandante do Exército a definiu como a missão mais importante da sua geração.

Este espaço já apontou que Bolsonaro faz uma aposta arriscada ao se isolar de forma tão radical mirando 2022. É que as condições excepcionais de 2018, que o elegeram, podem não se repetir no próximo pleito. Agora, perder o apoio da caserna deverá ser um agravante dos mais definidores, caso esse comportamento de Pujol e Mourão ocorra de forma reiterada até as eleições. Seria a instituição mais bem avaliada do país dizendo “ele não”.

Blog Matheus Leitão, jornalista - VEJA


quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Ganha uma viagem à Pensilvânia quem souber que cartas o presidente tem - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

Bolsonaro deve mostrar seu jogo

Os males do governo Bolsonaro são muita briga e poucos objetivos. Talvez nem se possa dizer que o presidente embaralha as cartas; ele as rasga     

Às segundas, quartas e sextas, o ministro Paulo Guedes briga com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Às terças, quintas e sábados, fazem as pazes. Todo dia, Guedes briga com Rogério Marinho, seu colega do Desenvolvimento Regional. Insatisfeito com as brigas que arrumou, Ricardo Salles, do Meio Ambiente, insulta o chefe da Secretaria de Governo, general da reserva Luiz Eduardo Ramos. Do alto de sua erudição, num discurso em que se disse poeta e falou até em grego, o chanceler Ernesto Araújo disse ao mundo que “o Brasil hoje fala em liberdade através do mundo, se isso faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária”. (Se o Brasil virou um pária, isso nada tem a ver com o discurso da liberdade.) Bolsonaro, o maestro dessa banda de música, briga com governadores, vacinas e colaboradores.

Faz tempo, diante da anarquia do fim do governo de João Figueiredo, o general Golbery do Couto e Silva dizia que uma pessoa pode ir para a rodoviária parando em todos os guichês, pedindo um desconto na passagem. Podia até conseguir, mas não podia deixar de dizer para onde queria ir. Olhando o mesmo quadro, Tancredo Neves queixava-se: “Ninguém joga só embaralhando. Tem que dar carta a alguém, e o Figueiredo não está dando carta alguma. Está com todas na mão”. (O tempo mostrou que o general não tinha mais carta, e Tancredo foi eleito presidente em 1985.)

Ganha uma viagem à Pensilvânia quem souber que cartas Bolsonaro tem. Talvez nem se possa dizer que embaralha as cartas. Ele as rasga. Rasgou Gustavo Bebianno, Sergio Moro, Santos Cruz e Luiz Henrique Mandetta. Marcou a do general Eduardo Pazuello. Admita-se que o capitão tem o objetivo de se reeleger, com o apoio do Centrão e dos auxílios emergenciais. [admita-se, até por uma questão de justiça e verdade, que o capitão não criou a pandemia, que impôs a necessidade dos auxílios emergenciais.] Para isso, precisaria que a eleição presidencial viesse rapidinho. Ela não virá, quem está a caminho é uma insegurança econômica bafejada pelo desequilíbrio fiscal. Com o emagrecimento da mística eleitoral que acompanhou sua vitória de 2018, resta-lhe a fidelidade do Centrão. Se ele pudesse, deveria marcar um jantar com Dilma Rousseff, ela acreditou nessa fidelidade.

Muita briga e poucos objetivos, os males do governo Bolsonaro são. Quem sabe onde foi parar aquele programa Pró-Brasil? Era pó e ao pó reverteu. Durante seu governo, o país foi infelicitado por uma pandemia que matou mais de 160 mil pessoas. Não foi ele quem trouxe o coronavírus, mas, em oito meses de angústia, dele não partiu uma só ação ou fala que contribuísse para a boa ordem sanitária. Ressalvem-se a rapidez e o alcance dos R$ 600 mensais que tiraram milhões de pessoas do caminho da fome. Essas medidas, contudo, não deram eficácia à cloroquina no combate à “gripezinha”.

Amanhã completam-se 116 anos da criação, no Rio de Janeiro, da Liga contra a Vacina Obrigatória. Pelo andar da carruagem, Bolsonaro quer liderar um movimento parecido. Em 1904, muita gente boa, como Rui Barbosa, combatia a vacinação contra a varíola, que naquele ano mataria quatro mil pessoas na cidade. Em 1980 a Organização Mundial da Saúde certificou a erradicação da doença. No governo de Rodrigues Alves, o Brasil andou para a frente.

Folha de S. Paulo - Jornal O Globo - Elio Gaspari, jornalista


quinta-feira, 8 de outubro de 2020

O acordão do capitão - O Globo

 Bernardo Mello Franco 

Num domingo de abril, o presidente Jair Bolsonaro foi à porta do Quartel-General do Exército, subiu na caçamba de uma caminhonete e estimulou seguidores que bradavam por “intervenção militar” e AI-5. “Nós não queremos negociar nada! Nós queremos ação pelo Brasil!”, vociferou.

[Pessoal! um comentário, talvez uma sugestão ou mesmo um alerta: A nefasta indicação efetuada pelo presidente Bolsonaro para o cargo de ministro do STF, desagradou a muitos, talvez milhões, especialmente os bolsonaristas de raiz - entre quais, com orgulho nos incluímos, tanto na condição de bolsonarista raiz quanto no desagrado pela indicação.

Não sentimos necessidade de radicalização - o presidente ao indicar Kassio Marques exerceu uma legítima competência constitucional do seu cargo, nos cabendo apenas alertá-lo. Optamos por expressar as inconveniências da indicação e esperar que o presidente mude de pensamento (algo pouco provável, porém, possível) e anule a indicação. Só que é necessário se ter presente que milhões podem ter votado no CAPITÃO  na expectativa de um comportamento mais coerente com sua condição anterior ao seu ingresso na política - oficial do Exército Brasileiro. A carreira militar exige além dos dois pilares, insubstituíveis, Disciplina e Hierarquia, mais firmeza nas decisões (firmeza, que não é substituível por teimosia) menos flexibilidade e mais fundamentação nos recuos e ter  condutas típicas de um militar, de um oficial do glorioso Exército Brasileiro.  

Acontece que muitos esqueceram, ou não atentaram, que estavam votando em um CAPITÃO para exercer um CARGO POLÍTICO - Presidente da República Federativa do Brasil, condição que exige um comportamento muito diferente do que é comum a um militar. Não queremos dizer que seja um comportamento não digno, não firme, mas que precisa ter flexibilidade, jogo de cintura e o CAPITÃO está adaptado a se portar, agir, como político, o que muitas vezes o deixa desprestigiado junto aos seus eleitores. Mas, votamos em um militar para exercer um cargo político e temos que ser flexíveis, nos adaptando a certas posturas, certas negociações (atenção! negociatas não serão aceitas) certos acordos que o cargo exercido exige.

Devemos considerar que o presidente Bolsonaro tem sofrido uma oposição cerrada, um boicote, no limite uma sabotagem, que exige 'jogo de cintura'. Os próprios inimigos do presidente   = inimigos do Brasil, turma do mecanismo, e assemelhados - sabem dessa limitação presidencial e vão tentar forçar a barra = vale tudo para derrubar o capitão. NÃO CONSEGUIRÃO].

Menos de seis meses depois, Bolsonaro toma café com Rodrigo Maia, almoça com o centrão e janta com Gilmar Mendes. No último domingo, ele foi à casa de Dias Toffoli comer pizza e assistir a um jogo do Palmeiras. A imagem dos dois abraçados, como amigos que se reencontram para torcer pelo mesmo time, é um retrato dos novos tempos em Brasília. O extremista que prometia romper com o establishment passou a dançar conforme a velha música. A indicação de Kassio Marques ao Supremo faz parte da metamorfose. O presidente consultou Gilmar e Toffoli, inimigos jurados da Lava-Jato, antes de oficializar a escolha do futuro ministro.

Eles não são os únicos a festejar o indicado. “Para além das diferenças que nós temos, ele (Bolsonaro) pode deixar um grande legado para o Brasil, que é o desmonte desse estado policialesco que tomou conta do nosso país”, celebrou o senador Renan Calheiros. À CNN Brasil, ele listou outras medidas que agradaram à classe política: o desmantelamento do Coaf, a demissão de Sergio Moro, a nomeação de Augusto Aras.

Os elogios de Renan produziram um curto-circuito no bolsonarismo raiz. Chamado de traidor, o capitão tenta contornar as críticas. “Eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo”, gracejou ontem, no Planalto.

É ilusão pensar que o exercício do poder moderou Bolsonaro. Estamos diante de um acordão, que o uniu a políticos que demonizava. A turma quer blindagem e sossego, mercadorias que Gilmar sempre soube entregar. A fantasia da conciliação pode ser rasgada a qualquer momento: basta que o capitão se sinta seguro para chutar os aliados de conveniência. Enquanto essa hora não chega, todos celebram a paz com brindes de tubaína.

Bernardo Mello Franco, jornalista - O Globo



quarta-feira, 22 de julho de 2020

Cidadão, não! Militar! - O Estado de S.Paulo

Bolsonaro transforma militares em casta ainda mais privilegiada

“É proibido militar estar na política? Não!” Jair Bolsonaro tem incontáveis defeitos, mas a dissimulação não é um deles. Poucos políticos são tão transparentes em suas intenções, seus propósitos e suas cismas. Não vou falar aqui em ideias, porque é uma categoria mais difícil de discernir na “obra” do presidente. Bolsonaro não faz questão de disfarçar que quer pisar no acelerador do processo de militarização do seu governo. Começou a mover o barco nessa direção já no ano passado, e enfunou as velas de vez em 2020.
Levantamento do Tribunal de Contas da União apontou o espantoso contingente de 6.157 militares, da ativa e da reserva, em cargos civis no governo, sendo 2.643 em cargos comissionados. Trata-se de um aumento de 108,22% de 2016 para cá. Diante dessa evidência incontestável não adianta os militares engrossarem a voz e baterem o coturno no chão quando são chamados a assumir responsabilidades pelas políticas de Estado determinadas pelo “capitão”.

[o que desanima os opositores do 'capitão, inimigos, define melhor,  é que aos poucos os militares vão consolidando suas posições = por competência.
Aos que não sabem, ou preferem esquecer, Pandiá Calógeras, engenheiro civil, foi um excelente ministro da Guerra no governo Epitácio Pessoa.]

A militarização do governo é um movimento combinado com outros que o bolsonarismo vem empreendendo nos últimos meses, como o aumento da influência política sobre as polícias militares – a ponto de, hoje, haver em muitos Estados comando paralelo ao dos governadores. [Nos tempos que as coisas funcionavam no Brasil - e bem - inclusive, sem limitar - o cargo de secretário da Segurança Pública, nos estados, era ocupado por um oficial das Forças Armadas,  reserva remunerada, normalmente, oficial general com duas estrelas -  Também está em linha com a ideia do presidente, gritada em alto e bom som na dantesca reunião ministerial de 22 de abril, de “escancarar” a questão do armamento para a população, afrouxando limites, regras e fiscalização sobre a posse e o porte de armas e o acesso à munição.

Tudo isso coaduna com a visão de governabilidade na qual Bolsonaro de fato acredita, que é diversa dessa que ele vem tentando implementar ao chamar o Centrão para a festa antes restrita aos fardados e aos ideológicos. Uma governabilidade em que o presidente é louvado por adoradores fanatizados pelas redes sociais, promove a guerra cultural permanente como forma de manter vivo o fantasma do “comunismo” contra o qual seria o único remédio e que é amparada, na retaguarda, por esse estafe militar cada vez mais numeroso e incumbido de funções primordiais.

Com um general da ativa à frente da Saúde os militares não poderão se queixar se forem corresponsabilizados pelas atitudes inconsequentes do presidente durante a pandemia, do lobby da cloroquina – transformado por pressão dele em protocolo da pasta! – à incitação ao descumprimento do isolamento social. Da mesma maneira, ao colocar o vice-presidente (e general) Hamilton Mourão como tutor do ministro Ricardo Salles e responsável pelo pepino da situação da Amazônia, Bolsonaro joga no colo das Forças Armadas a cobrança internacional, que se dá por meio de países, organismos multilaterais e, cada vez mais, empresas e importadores dos produtos brasileiros, pela absoluta falta de uma política ambiental que atenda aos princípios mínimos do que a economia global exige.

O Estado de S. Paulo - Política - Vera Magalhães



terça-feira, 30 de junho de 2020

Governo espera ‘recado’ de Alexandre de Moraes no TSE

Integrantes da ala jurídica do governo aguardam ansiosamente a abertura da sessão plenária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na próxima terça-feira, 30, para avaliar se surtiram efeito os recentes acenos de pacificação feitos pelo Executivo ao Judiciário. Ministros e advogados ligados ao presidente Jair Bolsonaro acreditam que o ministro Alexandre de Moraes deve mandar “recados” ao governo ao retomar o julgamento de uma ação de investigação judicial eleitoral que pede a cassação da chapa Bolsonaro-Hamilton Mourão.

Na terça, o TSE voltará a analisar um processo em que os ex-candidatos Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL) acusam o então candidato Bolsonaro de ter se beneficiado da invasão de uma página eletrônica de críticos do hoje presidente. A página originalmente se chamava “Mulheres unidas contra Bolsonaro”, após a invasão foi renomeada para “Mulheres com Bolsonaro 17” e passou a publicar elogios ao capitão reformado. O julgamento deste caso foi paralisado por um pedido de vista de Alexandre de Moraes quando o placar no TSE estava em três votos a dois para reabrir a apuração contra Bolsonaro. Embora a ação tenda a ser arquivada no futuro, a iniciativa de Alexandre de Moraes de interromper o julgamento para analisar melhor o caso foi interpretada por bolsonaristas como um primeiro recado do magistrado – o de que estão em suas mãos processos que, ao final, podem complicar muito a vida do presidente.

Depois do desgaste de ministros militares junto a magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF), para tentar reconstruir a relação entre o governo e o Judiciário foram escalados os ministros da área jurídica, como André Mendonça (Justiça), Jorge Oliveira (Secretaria-geral) e José Levi do Amaral (Advocacia-geral da União) para conversas privadas com Moraes. Com a devolução da vista e a retomada do julgamento no TSE, bolsonaristas querem ver agora se as conversas do trio de ministros ajudaram na distensão entre o juiz e o governo federal.

Nas últimas semanas, ministros têm tentado desfazer a interpretação corrente, em boa parte estimulada pelos generais que ocupam assento no Palácio do Planalto – Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) – de que há uma conspirata em curso para enfraquecer politicamente o presidente, capitaneada pelo governador de São Paulo, João Dória (PSDB), pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM) e por Alexandre de Moraes. Moraes havia se tornado o pivô de uma crise entre o Palácio do Planalto e o Supremo ao proferir decisões consideradas afrontosas por militares e pelo governo, como uma liminar para barrar o indicado de Bolsonaro para a chefia da Polícia Federal e a ordem para fazer buscas e quebrar sigilos de apoiadores do presidente suspeitos de atuar em um esquema de propagação de ofensas e fake news contra autoridades. [ muito provavelmente, decisões que confrontem diretamente chefes dos Poderes Executivo e Legislativo, serão proferidas de forma monocrática.
O ministro Marco Aurélio, que não se destaca pela propensão a exercer o papel de bombeiro, demonstrou - ao propor um projeto de mudança no RISTF, estabelecendo que decisões que contrariem frontalmente o Chefe de um dos outros dois Poderes, não devem ser monocráticas - o caráter constrangedor da decisão monocrática do ministro do STF contra o presidente Bolsonaro.
O ministro decano do STF também mudou um pouco o tom ao prestar explicações por escrito sobre o seu despacho que deixou a impressão de determinar eventual apreensão do telefone celular do presidente Bolsonaro - dar explicações não é do feitio do ministro decano.]

O ministro tem nas mãos a sensível investigação que mira bolsonaristas e que, sigilosa, avança sobre empresários aliados do presidente. Uma decisão específica de Alexandre de Moraes acendeu o sinal de alerta no governo: a determinação de quebra de sigilo de empresários bolsonaristas englobando o período da campanha eleitoral de 2018. A eventual descoberta de que, mais do que propagar fake news, pode ter havido financiamento ilegal na disputa que levou Bolsonaro à Presidência seria explosiva para o governo.

Política - VEJA - Laryssa Borges


terça-feira, 23 de junho de 2020

O “crime” de Sérgio Moro: ter a dignidade que outros não tiveram - Sérgio Alves de Oliveira

Sem dúvida o juiz brasileiro que mais se dedicou ao combate à corrupção em todos os tempos foi Sérgio Moro, então juiz titular da 10ª Vara Federal de Curitiba, concentrando, por prevenção de juízo,a maioria dos processos criminais provenientes da chamada Operação Lava Jato, desencadeada pela Polícia e Ministério Público federais. Com seu incansável trabalho contra a corrupção, levado a efeito no período governado pelo PT/MDB, de 2003 a 2018, certamente esse juiz se constituiu, mesmo que indiretamente, no maior “cabo eleitoral” da campanha presidencial do “capitão” Jair Bolsonaro, que se autodeclarava o opositor Nº 1 do PT/MDB, e que acabou vencendo o pleito eleitoral de outubro de 2018,com boa margem de vantagem. É por isso que em grande parte Bolsonaro deve a sua eleição a Sérgio Moro.

[O excelente desempenho do ex-juiz Moro não pode ser olvidado, apesar de falhas por ele cometidas não foram ofuscadas por aquele comportamento.
- não tinha, ou perdeu, o senso, a noção, de disciplina.
Ao se tornar ministro de um Presidente da República, qualquer cidadão deve ter presente, que integra uma orquestra da qual o maestro é o Presidente.
Caso não concorde com a regência, particularmente, procure o maestro e explique.
Se este concordar com seus argumentos, os ajustes serão feitos e tudo segue em frente.
Não concordando, resta ao músico, aceitar e se adequar ou pedir para sair.
- Moro tentou dar uma de Mandetta, adaptar o presidente da República ao seu conceito de certo e errado, de pode não pode, impondo limites ao comando presidencial - se o presidente manda no ministro, podendo demiti-lo, óbvio que manda em subordinado ao ministro.
- a segunda falha, não a última, foi de sair 'cuspindo no prato que comeu'.
Quanto ao seu alegado capital de votos, se ele conseguir não se queimar politicamente, esperamos que ele enfrente o presidente Bolsonaro em 2002, Não vencerá e talvez nem vá para o segundo turno.]

Apostando na boa imagem do Juiz Moro perante a opinião pública, “independente” do PT,nada mais natural que acabasse surgindo um convite para que Moro integrasse o Governo de Bolsonaro, assumindo o cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública, o que se consumou, visto que esse seria um nome que só teria a “somar”,com grande prestígio popular do homem que teve a coragem de condenar e mandar para as grades o “deus” da esquerda ,o ex-Presidente Lula da Silva, que mais tarde, dentro daqueles “esquemões” que correm no STF, acabou sendo solto pelos juízes “apadrinhados” do seu partido, o PT, e outros que aderiram. Olhando nos pormenores a atual composição do Supremo,a gente fica até em dúvida se o Ministro “.....” , segundo o jurista Saulo Ramos, prestes a se aposentar, seria o “decano” do STF, ou o decano seria a “cara” própria desse tribunal.

Embora se compreenda perfeitamente a ambição natural do Juiz Moro de finalizar a sua magnífica carreira na magistratura como Ministro do STF - e duvido que não seja a meta de qualquer outro juiz- deveria ele estar consciente que nesse ambiente ele jamais se sentiria muito à vontade, confortável, visto as evidentes objeções que antecipadamente já surgiram ao seu nome nesse “covil”, onde ele passaria a ser um “peixe-fora-d’água”, e seria forçado a fazer “política”, não mais “justiça”, como ele estava acostumado.

Mas a gestão de Moro no Ministério acabou sendo sabotada e boicotada. Os projetos contra a corrupção que teve a iniciativa acabaram virando em leis “pró-corrupção”. E o Presidente Bolsonaro, tentando “salvar” o seu Governo, cedeu totalmente à sua oposição política no Congresso, formada pelos políticos “lacaios” da esquerda e do “centrão”,”atropelando” todo o trabalho moralizador de Moro.

Essa desculpa “esfarrapada” que Moro teria “traído” o Governo, ou o Presidente Bolsonaro,é pura conversa para boi dormir. Bolsonaro forçou o pedido de demissão de Moro,não respeitando a promessa de dar-lhe autonomia no combate à corrupção. A “gota d’água” deu-se com a demissão do Diretor da Polícia Federal,que Moro considerava o homem “chave” na sua proposta de combate ao crime na política.

Portanto, na “guerra” entre Moro e a corrupção ,esta representada pela esquerda e pelo “centrão”, Bolsonaro ,no caso como “juiz”,decidiu pela vitória da corrupção,traindo não só Sérgio Moro,como também os seus “babacas” (inclusive “jo”) 57 milhões de eleitores. Portanto não foi Moro quem traiu Bolsonaro, como assegura tanto a mídia da esquerda/centrão ,quanto a mídia “bolsonarista” (de fidelidade canina). Foi Bolsonaro quem traiu Moro, depois de usá-lo para fins eleitorais, e depois jogá-lo fora , como absorvente feminino usado. Portanto, o “pedido de demissão” de Moro ,na verdade uma demissão,foi planejado,conduzido ,nos mínimos detalhes, destinado à uma pessoa de caráter, algo cada vez mais raro na política. Mas o que tem sido realmente lamentável e insuportável é o tratamento absolutamente desrespeitoso e tendencioso dado por certa mídia e políticos que “comeram e viraram o cocho” de Sérgio Moro.

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo 



quarta-feira, 10 de junho de 2020

Vem aí o Bolsa Capitão - O Globo


Por Bernardo Mello Franco


MAQUIAGEM ELEITOREIRA

Antes de sonhar com o Planalto, Jair Bolsonaro era um crítico feroz do Bolsa Família. Em 2011, ele disse que o programa serviria para transformar “pobres coitados” e “ignorantes” em “eleitores de cabresto”. “Não interessa ao PT fazer com que o povo tenha cultura, emprego, trabalho, porque vai perder esse curral eleitoral”, pontificou. Segundo o então deputado, transferir renda aos mais pobres significava empurrar o país para o comunismo. Seria preciso “colocar um fim” ao programa antes que o Brasil virasse uma “ditadura do proletariado”. Os microfones da Câmara aceitam tudo, mas o Muro de Berlim já estava no chão desde 1989. 

Leia também: O deboche de Paulo Guedes

Ao subir a rampa, o capitão mudou o discurso. Passou a se dizer um defensor do Bolsa Família, embora seu governo tenha recriado a fila do benefício. Agora ele pretende rebatizar o programa. O novo nome será Renda Brasil, confirmou ontem o ministro Paulo Guedes. A mudança tem um objetivo claro: Bolsonaro quer se apropriar de uma vitrine associada à oposição. Ele poderia fazer isso se melhorasse o programa e ampliasse o número de beneficiários. Preferiu o caminho fácil da maquiagem eleitoreira.

[as palavras do então então deputado Bolsonaro  foram e continuam sendo certas e adequadas.
A solução é ajudar os necessitados, mas ao mesmo tempo desenvolver políticas que propiciem aos 'eleitores de cabresto' oportunidade de sair da dependência. Propiciar tal oportunidade é uma das razões que tornam imperativa a reeleição do presidente Bolsonaro em 2022.
Qual o motivo da necessidade? o Presidente Bolsonaro precisa de mais um mandato para governar e propiciar a libertação dos eleitores de cabresto.
O atual mandato - conferido por quase 60.000.000 de eleitores - se tornou insuficiente devido o fato de em 2019 não pôde governar - o Poder Executivo sofreu boicote sistemático de um dos Poderes irmão, ato sempre convalidado pelo outro irmão.
Em 2020, a pandemia desmontou qualquer perspectiva  de governar - brutal recessão com queda geral do PIB mundial, incerteza quanto ao fim da covid-19 (a bilionária OMS em um dia emite uma recomendação e no seguinte revoga. Os especialistas a cada dez dias adiam a data do inicio do achatamento da curva.)
O ministro Guedes, apesar das restrições a algumas ideias que defende,  agiu com dignidade: teve a coragem de reconhecer que pobres não faziam parte do seu cotidiano - o importante é que agora integram seu dia a dia, o que resultará em melhoras para eles (nós)  e para o Brasil.

O presidente Bolsonaro sofre marcação tão cerrada, que é o único chefe de Estado que até seus exames de saúde não estão protegidos por sigilo.
Se realizar um exame de fezes - cocô na linguagem dele - e não divulgar o resultado aos quatro ventos, algum paladino de nenhuma causa vai ao Supremo e o presidente será compelido a divulgar os resultados.]

Os últimos meses ensinaram ao governo que socorrer os pobres não é só uma ação humanitária. Graças ao auxílio emergencial de R$ 600, Bolsonaro recuperou popularidade na base da pirâmide social. Isso compensou parte de sua queda na classe média, irritada com o descaso federal pela pandemia. Guedes revelou que o coronavírus teve outra utilidade. “Aprendemos que havia 38 milhões de brasileiros invisíveis”, disse, referindo-se às pessoas que se cadastraram para receber o auxílio. Aos 70 anos, o economista parece ter descoberto a existência dos pobres. Mesmo assim, o governo ainda é traído por seus instintos.

Na quinta passada, o Ministério da Economia transferiu R$ 83,9 milhões do Bolsa Família para a Secretaria de Comunicação. A verba social seria torrada em propaganda. Ontem a pasta foi obrigada a voltar atrás. Não pelo absurdo da ideia, mas para evitar problemas com o Ministério Público e o TCU.

 Bernardo Mello Franco, colunista - O Globo

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Os generais e o capitão - O Globo

sábado, 25 de abril de 2020

A saída do ex-juiz - Demissão de Moro: Sai o ministro, entra o candidato - O Globo

Bernardo Mello Franco

Sai o ministro, entra o candidato à Presidência em 2022.





As palavras antecipam uma mudança no papel do ex-juiz da Lava-Jato. 

O presidente Jair Bolsonaro já desconfiava que o ex-ministro tentaria enfrentá-lo nas urnas. Agora ele pode ter certeza disso. A questão é saber como ele fará para se manter em evidência sem a vitrine do ministério e sem a sonhada vaga no Supremo Tribunal Federal. [e sem conseguir provar as acusações que fez contra o presidente Bolsonaro.] 

Daqui para a frente, o ex-juiz e o capitão devem disputar eleitores no campo conservador, onde Moro ainda é visto como símbolo do combate à corrupção. Parlamentares da bancada da bala e do PSL, antigo partido de Bolsonaro, já indicaram que ficarão do lado do agora ex-ministro.

[Presidente Bolsonaro, com as bençãos de DEUS,  o senhor vence mais esta batalha, com a qual seus inimigos - também inimigos do Brasil, tentam lhe vencer.

Nunca aceitaram que o senhor se tornasse presidente da República.
Lembre-se que no dia de sua vitória, quando emocionado se expressou para o povo, deram ao seu pronunciamento uma conotação negativa - até de vingança contra os derrotados.

A esta altura investigações contra Queiroz e seus filhos já estavam em curso - continuam e até agora NADA foi provado.

Após sua posse, além das críticas aos seus menores deslizes - quase sempre causados pela sua inexperiência com a liturgia do cargo - mantiveram o fogo cerrado sobre seus familiares e tentaram tolher sua autonomia.
Ainda hoje continuam esperando que as investigações em curso contra seus familiares, por suposta prática de supostos crimes que tentam associar a uma suposta participação do senhor - só que a Polícia Federal não fabrica provas e sim quando elas existem e são encontradas a PF as apresenta - o que até o momento não ocorreu, já que não se encontra o que não existe.

Tentaram usar a pandemia,  em combinação com a falação do então ministro palanqueiro, para derrubá-lo. NÃO CONSEGUIRAM.

Agora tentam usar a ambição de um ex-juiz e ex-ministro que, quando juiz, realizou grandes ações no combate à corrupção, mas agora se tornou seu adversário, para destruir o senhor. NÃO CONSEGUIRÃO.

Na pior das hipóteses, para que eventual pedido de impeachment que o deputado Maia acolha, cause danos ao senhor eles precisam de 342 votos = dizendo de outra forma,  342 parlamentares presentes e todos votando, em uníssono, contra o Senhor. 171 votos favoráveis ao denunciado,  já arquivam o pedido.] 

O lançamento informal da candidatura não é o único golpe de Moro em Bolsonaro. Ao acusar o presidente de tentar interferir em investigações da Polícia Federal, o ex-juiz narrou práticas que configuram crime de responsabilidade. Isso abre uma nova frente para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito e para a apresentação de pedidos de impeachment contra Bolsonaro.

No pronunciamento, Moro deixou claro que tem munição guardada. Ele sugeriu que fará novas revelações em "outra ocasião".

Bernardo M. Franco, colunista - O Globo