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terça-feira, 7 de julho de 2020

Saúde do presidente atleta está posta à prova - Blog do Noblat

A República pode entrar em quarentena  

Faz sentido falar na suposta versão de Bolsonaro paz e amor se ele insiste no propósito de expor a maior quantidade possível de brasileiros à morte e à contaminação pelo coronavírus? Quem sabe como ele reagiria se descobrisse ser mais uma vítima da doença? 
Mudaria de posição? 
Ou continuaria da mesma forma?
Foto: (Arte/G1)

"Estou bem, estou normal. Em comparação a ontem [segunda], estou muito bem. Estou até com vontade de fazer uma caminhada, mas não vou fazê-lo por recomendação médica, mas eu estou muito bem", afirmou.

[o presidente concedeu entrevista à TV Brasil e a duas emissoras de TV convidadas, ocasião em que informou:
- seu exame deu positivo para covid-19;
- ontem, dia 6, se sentiu indisposto, cores no corpo e febre de 38º; 
- por volta das 17h de ontem, ingeriu um comprimido de hidroxicloroquina e um de azitromicina, procedimento que repetiu hoje às 5h;
- por volta da meia noite acordou e já se sentia bem.

Bolsonaro foi dormir febril e um pouco ofegante, segundo um ministro que esteve com ele no Palácio do Planalto. À sua chegada ao Palácio da Alvorada, desceu do carro para cumprimentar um bando pequeno de devotos. Usava máscara. E parecia um tanto cansado de encenar o mesmo número duas vezes por dia. É fato que o cercadinho onde os devotos costumam se reunir deixou de ser o mesmo de há duas semanas. Pouca gente tem aparecido. O entusiasmo arrefeceu. Isso se reflete também na Vila Planalto, encravada entre os dois palácios. Hotéis e pousadas que abrigavam bolsonaristas em trânsito estão às moscas.

Um dos devotos queixou-se a Bolsonaro de um problema da administração pública de Brasília. Bolsonaro respondeu: “Isso não é comigo, é com o governador”. Outro sugeriu uma reza coletiva capaz de curar todos os males – Bolsonaro esquivou-se. Disse que era refém da vontade dos seus agentes de segurança. Nunca foi.

Bolsonaro já estava sob o efeito de cloroquina que tomou depois de ter feito mais um exame para saber do que padece. De março para cá, é o quarto exame. A República, ansiosa, aguarda o resultado que deverá ser divulgado nesta manhã. Se o vírus pegou Bolsonaro, o Planalto e o Alvorada entrarão em quarentena. [o isolamento faz parte do protocolo do Planalto e busca impedir que terceiros sejam infectados.
O que vai deixar os inimigos do presidente Bolsonaro chateados será a recuperação total da sua saúde ocorrer apenas com cloroquina e azitromicina.
Será excepcional e comprovará mais uma vez o acerto do presidente - afinal, se o remédio não for eficaz, ele tem tudo para sofrer complicações, tem mais de 65 anos = gruo de risco.]  Mas não só. E a embaixada americana onde Bolsonaro almoçou no último sábado? 
O embaixador Todd Chapman, famoso pelo chapéu de vaqueiro que usa até para conceder entrevistas, abraçou e foi abraçado por Bolsonaro. Um dia antes, um grupo de empresários paulistas almoçou com Bolsonaro e apertou suas mãos.

O mais recente ato de Bolsonaro diretamente ligado ao combate à pandemia foi o de vetar o uso obrigatório de máscaras em presídios. Pouco lhe importa que 5.022 presos, até ontem, tenham contraído a doença, e que 63 morreram. Nem que apenas um terço dos agentes penitenciários tenha recebido máscaras e luvas. [O isolamento dos presos já favorece o controle de eventuais contaminações.
Manter as visitas suspensa, além de ser um meio eficiente para evitar contaminação dos presos, será obtido o bônus de reduzir o ingresso nos presídios de celulares, drogas e outros silicitos - as visitas são a causa principal do ingresso de objetos proibidos em presídios.
O cuidado com a contaminação dos agentes penitenciários, que precisam circular entre os presídios e o mundo exterior, já está sendo devidamente atendido.]

Com as visitas aos presos suspensas, os agentes se tornaram os maiores propagadores do vírus porque somente eles entram e saem das penitenciárias. Podem contaminar os presos, ou contaminados por eles, contaminarem seus familiares. E daí? Daí que todos estão sujeitos a morrer um dia, segundo Bolsonaro

O presidente que se vangloria de sua saúde de atleta está posto à prova. Boa sorte! 
[As bênçãos de DEUS e a boa sorte acompanharão o presidente - para o BEM dele e do Brasil.]

Blog do Noblat - Veja - Ricardo Noblat, jornalista


O Juizado da Verdade Suprema - Guilherme Fiuza

Revista Oeste

Fake news é o que “a gente” quiser que seja

Esse negócio aí de fake news, você é contra ou a favor?
— Contra, claro.
— Por quê?
— Ué, porque sou contra a mentira. Qual seria a dúvida?
— Não, nenhuma. É que não é bem isso.
— Não é bem isso o quê?
— Esse negócio de mentira.
— Como assim? Mentir agora é relativo?
— Depende.
— Depende de quê?! Você enlouqueceu?
— Depende da fake news. Vou te explicar.

— Por favor.
Por exemplo: a eleição presidencial foi decidida por uma fraude de WhatsApp?
— Claro que não.
— E você leu notícias dizendo que a eleição foi maculada por disparos de WhatsApp?
— Li.
— E você viu algum desses checadores de fatos decretando que isso aí era fake news?
— Não.
— Então não era.
— Não era o quê?
— Fake news. Se os checadores não disseram que era fake news, não era fake news.
— Aonde você quer chegar?
— Já cheguei. Estou te provando que nem sempre mentira é fake news.
— Então o que é fake news?
— Está preparado para ouvir a verdade?
— Sempre.

— Então lá vai: fake news é o que a gente quiser que seja.
— A gente, quem?
— A gente que denuncia fake news.
— Tá meio confuso, isso. Dá um exemplo.
— Sabe o Supremo Tribunal Federal?
— E como sei.
— Pois é. Eles botam a polícia pra pegar jornalista, invadir casa de deputado, enfim, tocam o terror dizendo que estão combatendo fake news, né?
— Impressionante, não tinha me dado conta. E quais são as fake news que eles estão denunciando?
— Bobo.
— Qué isso? Olha o respeito!
— Desculpa. Eu quis dizer distraído.
— Tá certo. Ando meio distraído mesmo. Essa quarentena tá…
— Olha o foco. Estamos falando de fake news.
— Isso, obrigado. A denúncia do STF. Continua.
— Já terminei. O STF prende e arrebenta dizendo que é alvo de fake news. E ainda fala que tá defendendo a democracia. Aí não precisa explicar nada, é só sair amordaçando.

— Desculpe a minha distração… Ninguém reclama disso? Ninguém diz que é contra a lei?
— Só o povão da internet. Mas você não tá tão distraído assim: esse é um bom ponto e já está sendo resolvido.
— Como?
— Com uma nova lei. Pra ninguém mais poder dizer que é contra a lei.
— Interessante. E o que vai dizer essa lei?
— Basicamente isso que eu já te disse.
— O quê?
— Que fake news é o que a gente quiser que seja.
— Isso vai virar lei, é?
— Já tá virando. O Senado fez a parte dele. Foi uma coisa linda. Até os tucanos apoiaram.
— O pessoal do FHC apoiou a mordaça?
— Se você usar essa palavra mais uma vez, eu te acuso de fake news e mando o STF invadir a sua casa.

— Calma, desculpe. Foi só uma brincadeira. Entendi perfeitamente que criar um juizado da verdade suprema não é amordaçar ninguém. É só convidar as pessoas a pararem de se meter a besta e só falarem o que é certo, não é isso?
Exatamente! Quem não falar coisa errada não vai ter problema.
— Perfeito. Só não entende quem não quer. Até eu que ando meio distraído entendi. Posso te fazer só mais duas perguntas?
— Se for pergunta certa, sim. Se for pergunta errada, não.
— Já tá no clima da nova lei, né?
— Tem que exercitar.
— Sem dúvida. Então aqui vai a primeira pergunta certa: a gente pode contar com a Câmara dos Deputados pra aprovar essa lei tão importante para a democracia brasileira?
Gostei do “a gente”. Seja bem-vindo ao clube da verdade soberana. Sim, contamos com a Câmara para prestar esse serviço ao clube… digo, ao povo. Os deputados podem ter a certeza de que, se aprovarem a lei proibindo o eleitorado de dizer coisa errada, só vai ser eleito político certo. Isto é, os que aprovaram a lei. É dando que se recebe.
— Sensacional.
E a outra pergunta?
— Essa é mais simples. Você vai ter influência na escolha dos checadores da verdade?
— Sim.
— É que eu tenho um sobrinho muito bom…
— O que ele faz? Neste momento tá em casa.
— Home office?
— Não. Home home, mesmo. Mas de vez em quando ele sai. De máscara.
— Pra evitar o contágio, faz muito bem.
— Não. Pra jogar pedra em vidraça. Ele luta contra o fascismo por um mundo melhor.
— Bom perfil. Com certeza o seu sobrinho saberá o que é fake news.
— Que bom! É isso mesmo, ele vive na internet mandando as pessoas calarem a boca.
— Então pode dizer a ele que vai continuar fazendo isso, só que com um ótimo salário.
— Oba! Muito obrigado! E viva as fake news! Quer dizer… morte às fake news! Desculpe…
— Relaxa. Dá no mesmo.

Guilherme Fiuza,  jornalista - Revista Oeste


domingo, 14 de junho de 2020

A Constituição como inimiga - Editorial - O Estado de S. Paulo

No devaneio ditatorial que os camisas pardas bolsonaristas acalentam, não há verdade senão aquela “revelada” por seu líder.

Impressiona a quantidade de vezes que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) tiveram que explicar ao presidente Jair Bolsonaro aspectos básicos da Constituição - aquela mesma que ele jurou respeitar ao tomar posse, mas que, dia e noite, trata de desvirtuar. Na hipótese de que seja apenas ignorância, é espantoso que um político que passou três décadas no Congresso e hoje é a autoridade executiva máxima da República demonstre desconhecimento tão profundo do texto constitucional.

O presidente, por exemplo, já declarou que qualquer dos Poderes” pode “pedir às Forças Armadas que intervenham para restabelecer a ordem no Brasil”. 
Fazia referência ao artigo 142 da Constituição, que, na exótica interpretação de Bolsonaro, lhe permitiria convocar as Forças Armadas para intervir em crises e também para atuar como uma espécie de “Poder Moderador” quando há conflito entre Poderes.
"Constituição Federal
CAPÍTULO II
DAS FORÇAS ARMADAS
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas.
[a Lei Complementar nº 97, foi elaborada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República para atender ao determinado no parágrafo primeiro do artigo 142 da Constituição Federal.
Foi promulgada durante o governo FHC que nunca foi considerado antidemocrático ea LC nunca teve sua constitucionalidade contestada.]
..."
"LEI COMPLEMENTAR Nº 97, DE 9 DE JUNHO DE 1999

..........
Dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas.


      Art. 1o As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
       Parágrafo único. Sem comprometimento de sua destinação constitucional, cabe também às Forças Armadas o cumprimento das atribuições subsidiárias explicitadas nesta Lei Complementar.

............
CAPÍTULO V
DO EMPREGO
        Art. 15. O emprego das Forças Armadas na defesa da Pátria e na garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação em operações de paz, é de responsabilidade do Presidente da República, que determinará ao Ministro de Estado da Defesa a ativação de órgãos operacionais, observada a seguinte forma de subordinação:
.........
§ 1o Compete ao Presidente da República a decisão do emprego das Forças Armadas, por iniciativa própria ou em atendimento a pedido manifestado por quaisquer dos poderes constitucionais, por intermédio dos Presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados.
        § 2o A atuação das Forças Armadas, na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas em ato do Presidente da República, após esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da Constituição Federal.
        § 3o Consideram-se esgotados os instrumentos relacionados no art. 144 da Constituição Federal quando, em determinado momento, forem eles formalmente reconhecidos pelo respectivo Chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual como indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão constitucional."                    
O presidente repetiu em diversas ocasiões essa interpretação mesmo tendo sido alertado por especialistas e magistrados de que se tratava de uma leitura estapafúrdia da Constituição. Isso enseja uma outra hipótese: a de que Bolsonaro sabe muito bem o que está fazendo, ou seja, trata de confundir a opinião pública e, em meio a um “debate” constitucional sem sentido, dar verniz de legitimidade a seus propósitos autoritários. Ao mesmo tempo, tenta enredar as Forças Armadas em seu projeto de poder, com o objetivo óbvio de intimidar os opositores.

É por esse motivo que são tão importantes manifestações cristalinas como a do presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, a propósito da absurda interpretação bolsonarista sobre o papel das Forças Armadas. “As Forças Armadas sabem muito bem que o artigo 142 não lhes dá (qualidade) de Poder Moderador. Tenho certeza de que as Forças Armadas são instituições de Estado que servem ao povo brasileiro, não são instituições de governo”, disse o ministro Toffoli. 

[Salvo improvável engano, três ministros do STF se manifestaram sobre o assunto - em situações diferentes, dias distintos, sendo que nenhuma delas foi confirmada pelo plenário da Suprema Corte.
Os autores das manifestações foram:   Dias Toffoli, o ministro Barroso,  e o ministro Fux - este autor da manifestação mais recente e por ele submetida ao Pleno da Corte Suprema.]

Sendo o Supremo o intérprete final da Constituição, pode-se dizer que o caso está encerrado, mas tudo indica que Bolsonaro insistirá em sua exegese ardilosa do artigo 142. Afinal, seu objetivo é fazer suas mentiras se transformarem em verdades apenas pelo mecanismo da repetição incessante, a despeito - e muitas vezes à revelia - da realidade. O presidente usa essa estratégia tipicamente totalitária ao insistir também que “o Supremo Tribunal Federal decidiu que governadores e prefeitos é que são responsáveis por essa política (de impor a quarentena contra a pandemia de covid-19), inclusive isolamento”, razão pela qual ele diz que não pode ser responsabilizado nem pelas mortes nem pela crise. “Não queiram colocar no meu colo”, disse Bolsonaro, numa frase que já se tornou padrão em um governo que não assume responsabilidade por nada.

Parece inútil explicar ao presidente, como já se fez diversas vezes, que em nenhum momento o Supremo atribuiu a Estados e municípios competência exclusiva para lidar com a pandemia. O STF, ao contrário, decidiu que União, Estados e municípios têm “competência concorrente” - isto é, todos os entes da Federação têm de agir para enfrentar a crise, em seus diversos aspectos, “preservada a atribuição de cada esfera de governo”.

O que Bolsonaro queria, na verdade, era ter poder para ordenar a Estados e municípios que ignorassem a pandemia e mantivessem a economia em funcionamento, atropelando não apenas as recomendações sanitárias, mas principalmente o princípio federativo gravado na Constituição. Como teve seu intento autoritário mais uma vez frustrado pelo Supremo, tratou de investir na versão fantasiosa segundo a qual é o Judiciário que o impede de tomar as medidas necessárias para o que o País “volte à normalidade”.

No devaneio ditatorial que os camisas pardas bolsonaristas acalentam, não há verdade senão aquela “revelada” por seu líder. Não à toa, já houve até um ministro de Bolsonaro que demandou a prisão de ministros do Supremo, já que estes ousaram contestar a “verdade” do chefe confrontando-a com a Constituição. Assim, na sua busca por um inimigo objetivo, que todo movimento totalitário requer, o bolsonarismo já encontrou o seu: é a própria Constituição, que reflete não a vontade de seu líder, mas o esforço coletivo de construção de um regime genuinamente democrático.

Editorial - O Estado de S. Paulo



 

sábado, 6 de junho de 2020

"Generais viram que proposta é a guerra civil", diz Gabeira

Para Gabeira, ação do presidente sugere o espectro de uma guerra civil ou um golpe de Estado

Um ano atrás, o jornalista Fernando Gabeira tinha críticas ao presidente Jair Bolsonaro, mas avaliava que as instituições eram suficientes para contê-lo, como expressou em junho de 2019 em entrevista ao Estadão, onde é colunista. Não pensa mais assim. A pregação em favor de armar a população, seus movimentos para atrair as Forças Armadas e sua aproximação das polícias militares foram decisivos para o jornalista mudar de ideia. 

[aos desavisados:
por favor, não confundam entrevista com profecia.]

  Para ele, a ação do presidente sugere o espectro de uma guerra civil ou um golpe de Estado, sem, necessariamente, participação direta das Forças."Muito possivelmente ele pode estar articulando um golpe usando polícias militares e neutralizando as Forças Armadas", disse Gabeira, em nova conversa com o Estadão, anteontem.

Há quase um ano, o senhor fez críticas ao governo Bolsonaro, mas se mostrou confiante nas instituições. Recentemente, o senhor passou a defender que os brasileiros se mobilizem para barrar um possível golpe do presidente. O que aconteceu?
O primeiro aspecto da minha confiança eram os contrapesos democráticos, que estavam baseados no Congresso e no Supremo. Esses contrapesos continuam tentando fazer frente a esse processo. Mas há sobre eles, hoje, uma carga muito intensa, a partir do bolsonarismo. As manifestações foram claramente dirigidas ao fechamento do Congresso e do Supremo. Então, o que alterou é que Bolsonaro não está aceitando muito bem a presença desses contrapesos, pelo contrário, está tentando neutralizar alguns deles. Esse é um fato. Outro é a relação com as Forças Armadas, que sempre (desde a redemocratização) tiveram, aparentemente, um papel democrático, e funcionaram. E as Forças Armadas foram muito envolvidas pelo Bolsonaro. Não só pelo trabalho orçamentário, mas pela visão da reforma da Previdência dos militares, pela entrada de 3 mil militares no governo, entende? E sobretudo agora pela aliança que fizeram na Saúde. 
Praticamente, (as Forças) estão atraindo, participando ou partilhando uma política que pode trazer para elas uma repercussão nefasta. Então, isso tudo alterou muito o quadro.

Recentemente, algum fato acelerou a mudança de opinião?
Aquela reunião (de 22 de abril) apresentou fatos alarmantes. O mais importante foi a defesa pelo Bolsonaro do uso de armas. Se você lembrar a campanha, Bolsonaro tinha como proposta de armamento da população a necessidade de se defender da violência urbana. Mas naquela reunião ficou evidente que ele tem uma visão de armas para a expressão da sua visão política.
A pessoa armada teria condições de se expressar politicamente através das armas. Inclusive, sugeriu que isso fosse feito contra a quarentena. Quatro generais do Exército estavam presentes e não moveram uma palha, nem houve expressão de surpresa. Isso é absolutamente novo: os generais ouvindo a ideia de armar a população para a sua expressão política, sem terem algum tipo de reação.

Na campanha de 2018, muita gente dizia "Bolsonaro só fala essas coisas horríveis para ganhar voto". Ou: "Ele já pensou assim, não pensa mais..."
Bolsonaro, na Câmara dos Deputados, tinha um tática de popularização. Ele utilizava vários temas, como direitos humanos, como a questão das mulheres, da homossexualidade...

(....)

Quando começou o governo, havia expectativa de que os militares seriam um fator moderador dos impulsos do Bolsonaro.
Olha, aconteceu o seguinte: ao invés de os militares se tornarem moderadores do Bolsonaro, ele se tornou um fator de radicalização dos militares. O general Augusto Heleno tem se tornado um radical, cada vez maior, dentro do governo. É claro que, no caso dele, pesou aquela prisão, na Espanha, de um oficial (na verdade, o sargento Manoel Silva Rodrigues) da Aeronáutica com cocaína. E ele, como o homem do GSI, foi considerado responsável pelo furo de segurança pelo Carlos Bolsonaro. Depois disso ele ficou assustado e começou a se unir a este grupo ideológico. Outros generais, por exemplo, o Braga Netto (chefe da Casa Civil) tem até uma capacidade de organização boa, mas não tem condições de segurar o Bolsonaro.

Da mesma maneira, o (vice-presidente Hamilton) Mourão não tem esse papel. O Mourão sempre foi considerado pelos próximos ao Bolsonaro como um adversário em potencial. Então, ele se recolheu. O general (Luiz Eduardo) Ramos (chefe da Secretaria de Governo), que deu entrevista dizendo que são todos democratas e que é uma ofensa às Forças Armadas pensar que elas podem estar sendo cúmplices de um golpe, ele também é o cara que está fazendo a política do Bolsonaro. Então, esses generais viram que a proposta do Bolsonaro é a guerra civil. Eles sabem muito bem que Bolsonaro é um homem que ganha as eleições e denuncia as eleições como fraudadas. Então, com as armas na mão, o que vai querer fazer? Vai querer se rebelar. Eles sabem disso.

O que explica a reação de Bolsonaro à pandemia?
O Bolsonaro pensa muito curto. Ele pensou: 'O que isso pode fazer comigo? O que isso pode representar para o meu governo? Então, uma crise econômica, o desemprego, vão atrapalhar minha gestão. Então, vou negar essa epidemia'. Ele negou a epidemia porque achava que era contrária a ele.

Como o senhor avalia a participação de Bolsonaro nas manifestações que pedem o fechamento do Supremo e do Congresso?
Qualquer democrata, diante de uma manifestação desse tipo, passa longe. Ele (Bolsonaro) vai lá saudar os manifestantes. Meio que demonstra, com isso, que tem uma simpatia pela causa deles. Ele tem alguma simpatia pela causa do fechamento do Congresso e do fechamento do Supremo.

Bolsonaro pode ser levado a respeitar as leis?
Acho que é evidente agora que Bolsonaro está querendo armar o povo para uma expressão política, para que o povo tome uma posição política que eles querem. Está querendo criar milícias armadas. E um homem que quer armar parte da população está preparando uma guerra civil. Naquele momento, ficou bastante claro para mim qual é o desígnio dele, qual é a posição. Então, acho que tem que trabalhar para, ou neutralizá-lo visando ir até 2022, ou afastá-lo antes disso.

Aqui, MATÉRIA COMPLETA

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




domingo, 31 de maio de 2020

Aras em xeque - Merval Pereira

O Globo

 A semântica de Bolsonaro

Aras tenta sair das cordas com retórica 

O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, tenta sair das cordas com retórica, não com atos. Disse, afinal, em nota que “sente desconforto” com a citação de seu nome para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal. O sujeito oculto da frase é o presidente Bolsonaro, que, inábil no seu açodamento, vem tornando pública sua proposta de “compensação” a Aras.
Na verdade, desconforto é o sentimento generalizado entre seus pares, e a opinião pública o identifica como o “Procurador-Geral de Bolsonaro”, conforme a pichação que acordou ontem na sede do Ministério Público em Brasília. Ele é a peça-chave nos dois inquéritos que correm no STF envolvendo o presidente Bolsonaro, um sobre a interferência na Polícia Federal, e outro das fake news. Se Aras decidir pedir o arquivamento, não haverá denúncia, a não ser que o embate entre Executivo e Judiciário esteja tão radicalizado que, no caso das fake news, por exemplo, um dos ministros atacados, ou vários, entrem com uma “ação penal privada subsidiária da pública”, contestando a decisão do Procurador-Geral. Mas as provas não se perderão. Serão enviadas para a primeira instância, no caso dos que não têm foro privilegiados. E aos tribunais superiores, no caso de deputados estaduais e federais.

Certamente pela complacência de Aras, o presidente Bolsonaro se sinta tão à vontade para atacar os ministros do Supremo. Continua fustigando em especial o ministro Alexandre de Moraes, republicando nas redes sociais algumas de suas declarações anteriores, como se evidenciassem contradições do pensamento do relator do inquérito das fake news sobre as liberdades individuais. Mais uma vez temos um problema de semântica, comum aos bolsonaristas radicalizados, e frequente no presidente. Quando Moraes fala em debate de ideias e liberdade de expressão, não está se referindo a mensagens de suas milícias digitais pregando o fechamento do Congresso e do Supremo, ameaçando de morte juízes e políticos que consideram inimigos, e defendendo intervenção militar.

Bolsonaro diz que quer armar o povo para defender a democracia, e dá como exemplo a reação armada contra ordens judiciais que proíbem pessoas de frequentar as praias no tempo de quarentena. Diz que respeita o sistema judicial, mas exorta seus seguidores a não obedecer “ordens absurdas”. Se diz a favor da liberdade de imprensa, mas instiga seus militantes na porta do Alvorada a atacarem a imprensa profissional. E o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), General Augusto Heleno, o máximo que consegue propor é que os jornalistas finjam que não estão escutando as ofensas.  

 O que realmente incomoda o presidente é a possibilidade de sair de um dos inquéritos, especialmente o das fake news, uma impugnação de sua eleição, ou no STF ou, mais provável, do Tribunal Superior Eleitoral. O ministro Og Fernandes, relator dos casos de impugnação da chapa por irregularidades na campanha eleitoral no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já faz consulta para decidir se agrega as provas do inquérito de fake news do Supremo ao processo que corre no TSE. O prazo da quebra de sigilo estabelecido pelo ministro Alexandre de Moraes pega a campanha presidencial, o que pode trazer provas que se agreguem ao processo de impulsionamento ilegal de mensagens, com o financiamento das milícias digitais, a mídia que Bolsonaro tem a seu favor, conforme admitiu o próprio. Esses atos falhos, por sinal, vão surgindo à medida que a situação foge ao controle.

Ontem o assessor especial da presidência, Filipe Martins, acusado de fazer parte do “gabinete do ódio”, entregou-se ao responder a críticas no Twitter com uma série de compartilhamentos de mensagens idênticas, revelando ter uma multidão de robôs a seu dispor.   

Merval Pereira, colunista - O Globo


domingo, 17 de maio de 2020

Não é só o vírus que mata. A fome também - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo 

Quarentena


Vai faltar comida na mesa do brasileiro se atividade econômica não for retomada. - BigStock

Estou percebendo que a gente vai ter a quarentena mais extensa do planeta nesta pandemia, porque continua uma campanha que pensa que atividade econômica mata. Mas a fome também mata.  É preciso resolver as duas situações, o vírus e a fome. A atividade econômica garante o funcionamento da UTI dos hospitais. É bom pensar nesses dois lados.

Mas do jeito que as coisas vão, a gente vai continuar com a curva que não se achata até o fim do ano.
Já estão prevendo uma recessão de 7%. Eu pergunto até quando vamos ter empresas falindo ou sem dinheiro para pagar a folha de pagamento?

LEIA TAMBÉM: Suplente de Flávio Bolsonaro diz que senador foi avisado de operação que mirou Queiroz

[o mais fantástico é a isenção e falta de motivação do suplente em acusar o senador.] 

Será que estão pensando nisso? As mortes que estão acontecendo a gente sabe e todos estão tomando as medidas cabíveis de usar máscara e lavar a mão com sabão. Mas o vírus não pode nos impedir de trabalhar.  Faz alguns meses que a China voltou as atividades normais, a Europa está flexibilizando o isolamento social e os Estados Unidos também, mas aqui no Brasil há campanhas férreas para manter as pessoas em casa.

Leia também:    O “mundo depois de amanhã” das empresas: as soluções emergenciais que vieram para ficar

A abertura da atividade econômica não elimina os cuidados contra o coronavírus. A gente pode adotar cuidados inteligentes para poder retomar as atividades que podem ser retomadas.  Não estou falando de cinema ou outros locais de aglomeração. Nós temos que manter uma certa distância na rua e nos proteger lavando as mãos e usando máscara para não provocar uma superlotação em hospitais.

Resultado negativo
Divulgaram os três exames de Covid-19 que o presidente Jair Bolsonaro fez e os resultados foram negativos. Fizeram muito barulho acerca do assunto. Eu não sei o que significaria se tivesse dado positivo. O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, mandou que o exame fosse revelado. Tudo bem, Bolsonaro é um homem público e por isso a privacidade dele é relativa. A saúde dele é de importância para o país, é uma questão de Estado. [a saúde do presidente é importante para o país, mas a divulgação do resultado dos seus exames em nada influi na manutenção de sua saúde.]

Ficou comprovado que Bolsonaro não contraiu a doença, embora estivesse no mesmo avião vindo de Nova Iorque em que diversos membros da comitiva estavam contaminados com o vírus.

Mídia versus presidente
O que é mais agressivo: o vírus em si, a corrupção que está se aproveitando da Covid-19 ou os militantes que não aceitam o resultado da eleição e que estão galopando em cima do vírus para ver se tiram o presidente da República do cargo? Em uma pesquisa recém-divulgada pela Confederação Nacional dos Transportes, dentre os que confiam pouco ou não confiam nas notícias estão 73,7% dos entrevistados, ou seja, somente 26,3% dos entrevistados confiam.

Já os que acham que o governo é ótimo ou bom são 32%. Então, o governo está melhor do que os jornalistas, segundo essa pesquisa. Mas é exatamente isso que a gente está vendo, parece que a mídia está sendo a oposição do governo já que a oposição real é fraca.
Mídia versus presidente. Nós temos que saber de que lado está o povo e a pesquisa está mostrando. Até na mídia tem dois lados: o jornalismo e o comercial. O último está arrancando os cabelos porque o faturamento está despencando e fica difícil arcar com a folha de pagamento.

Se continuar essa longa e destruidora quarentena, nós vamos voltar para o mapa da fome, isso segundo o Banco Mundial e a ONU. Tem gente que não pode viver sem renda. É com a renda do dia a dia que a família sobrevive.

Restabelecer a verdade
Tomara que divulguem a fita dessa reunião ministerial porque o ministro general Ramos está furioso com a deturpação das notícias. Ele disse que em nenhum momento aconteceu o que foi divulgado. O presidente cobrou relatórios de inteligência de todos os ministérios porque eles são relatórios estratégicos. Mas essa história de proteger os filhos de Bolsonaro no Rio não é verdade. Tem um filho dele, o senador Flávio Bolsonaro, que está sendo investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e não pela Polícia Federal do estado. A PF não dá segurança para a família do presidente. A segurança da família do presidente é feita pelo Gabinete da Segurança Institucional, antigo Gabinete Militar. A lei determina que é necessário haver segurança para o presidente e para a sua família.

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes -  Gazeta do Povo




quinta-feira, 16 de abril de 2020

Uma desgraça raramente vem sozinha. É assim com o coronavírus - J. R. Guzzo

Gazeta do Povo

Uma desgraça, conforme nos ensina a sabedoria popular, raramente vem sozinha. No caso do coronavírus, mais uma vez não veio. Junto com a Covid-19 temos direito, no Brasil, a demonstrações quase diárias de agressão às liberdades públicaspraticadas por 27 governadores, 5.500 prefeitos e dezenas de milhares de fiscais, com a cumplicidade geral do Poder Judiciário.

Teremos corrupção maciça do Oiapoque ao Chuí, com a suspensão da exigência de se fazer concorrência pública em contratos dos governos – a epidemia só existe até agora em 1.000 municípios, mas cerca de 2.000 já decretaram “estado de calamidade pública”, o que lhes permitirá fazer tudo o que você imagina. Temos a transformação de uma doença, e do seu possível tratamento, em questão abertamente política: até na química se formou uma divisão entre “direita”, que é pró cloroquina, e “esquerda”, que é contra.


Leia também:  Acabar com a quarentena agora é melhor ou pior para a economia? O que dizem os especialistas

Um dos piores aspectos dessa onda de desgraças suplementares – é difícil dizer qual é realmente o pior – é a agonia em que vive hoje no Brasil a virtude da tolerância. Não se admite, de jeito nenhum, que haja pessoas com pensamentos diferentes dos seus em relação ao problema; não se aceita que outras pessoas tenham ideias que você não goste. A coisa ocorre nos dois grandes “lados” que se formaram, em termos gerais, quanto ao combate da epidemia – os que defendem o máximo rigor no isolamento das pessoas (“não saia da casa”), e os que defendem um abrandamento nas regras de controle do contágio e uma retomada mais rápida da produção e do trabalho. Os primeiros são, para não ficar encompridando conversa, contra o governo federal. Os segundos são a favor – ou simplesmente não aceitam a paralisia do país e de suas vidas.

A turma do “confinamento social”, até o momento, está levando vantagem clara, na maior parte do mundo político, das elites “pensantes” e da mídia, nessa competição para mostrar quem é mais intolerante. É proibido, aí, achar que há alguma alternativa para o isolamento radical – ou é isso ou é a calamidade. Não é permitido questionar os números de casos e de mortes divulgados diariamente; não a sua exatidão aritmética, mas a recusa dos divulgadores em fazer relações e comparações com outros números e outros aspectos da realidade. Não se admite a cogitação de que haja qualquer medicamento capaz de ajudar no combate à doença; enquanto não houver uma vacina, a única medida possível é a quarentena sem prazo de duração. [o fim da quarentena está vinculado à chegada do pico da pandemia, que é adiado em 15 dias a cada semana.]

O cidadão que imagina ter o direito de não concordar com qualquer dessas coisas é acusado, logo de cara, de ser “a favor da morte”. É um crápula que prefere o “lucro” à “vida”; acha que “a economia” é mais importante que “o ser humano”. Isso só para começar. Para continuar, pode ser acusado de “genocídio”. Com certeza vai ser excomungado como “bolsonarista” e “vendido ao governo” – além de fascista, inimigo do estado de direito e a favor da “volta dos militares”.

Tem pé ou cabeça uma coisa dessas? Não tem nem uma e nem outra, claro. Mas é assim que ficou. Da próxima vez que o Imperial College de Londres disser que o Brasil “pode” chegar a mais de 600.000 mortos, ou que a ex-presidente Dilma Rousseff prever até 1 milhão de mortes”, é melhor ficar quieto. Quem achar que talvez não seja bem assim vai ser denunciado, na hora, como inimigo do povo brasileiro.

J. R. Guzzo, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


A troca do virabrequim - Nas entrelinhas

“A decisão de afastar Mandetta já está tomada, o problema de Bolsonaro é montar uma nova equipe para tocar o Ministério da Saúde sem paralisá-lo”

É jogo jogado: o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, será demitido pelo presidente Jair Bolsonaro tão logo tenha quem o substitua. Político hábil, ontem, o ministro assumiu as divergências com o presidente da República e disse que está pronto para passar o cargo, quando seu substituto for anunciado, sem prejuízo para o funcionamento do SUS durante a troca de equipe. Jogou água na “fritura” a que vinha sendo submetido no Palácio do Planalto e pôs uma saia justa em Bolsonaro, que será responsabilizado por tudo o que der errado se a política de isolamento social for abandonada pelo governo. 
[mais uma recorrência - que, se tratando de doença se torna aceitável:
- o João Doria, eleito graças ao BOLSOdoria, é o campeão na implantação do isolamento e comparando os resultados paulista, infelizmente, se conclui que aquele estado é líder absoluto no Brasil em índice de letalidade.
Brasília, cujo governador andou copiando ideias do Doria, infelizmente, está com o índice de letalidade entre os maiores do país - e também de crescimento de casos confirmados.
Pelo tema da matéria vale ter presente que de 'insubstituíveis, os cemitérios estão cheios'.]

A decisão de afastar Mandetta já está tomada, o problema de Bolsonaro é montar uma nova equipe para tocar o Ministério da Saúde. Alguns nomes já foram sondados e não aceitaram o cargo. Chegou-se a especular com a possibilidade de o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo, assumir o comando da Saúde, mas essa hipótese foi rechaçada por ele próprio. Gabbardo anunciou que sairá junto com Mandetta, pois não pretende “jogar no lixo” 40 anos de trabalho como funcionário do Ministério da Saúde. Gaúcho, Gabbardo foi secretário de Saúde de Osmar Terra na Prefeitura de Santa Rosa (RS), são amigos de longa data.

Quem quase deixou a equipe foi o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, que chegou a pedir demissão do cargo, mas foi demovido por Mandetta. A crise na equipe se instalou depois da entrevista de terça-feira, quando o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, fez um discurso duro, sinalizando alinhamento absoluto da equipe ministerial com a decisão do presidente Jair Bolsonaro de flexibilizar o distanciamento social e focar a atenção do governo na retomada da economia.

Mandetta não confrontou Onyx, o que foi interpretado como um recuo por sua equipe, principalmente Wanderson, que é o principal estrategista do combate à epidemia. Também houve muito assédio ao secretário-executivo. Gabbardo é uma espécie de “virabrequim” da engrenagem do Sistema Unificado de Saúde. No motor de um automóvel, o virabrequim é responsável por receber as forças dos pistões e transformá-las em torque. Por ser muito exigido e estar em contato com partes muito quentes do veículo, ele precisa ser forte e robusto. Se não estiver em bom estado, o carro enguiça.

Substituir Gabbardo sem paralisar o ministério é como trocar o virabrequim com o carro em movimento. Ele centraliza todas as operações do ministério e faz a ponte com o comitê de gerenciamento da epidemia coordenado pelo ministro da Casa Civil, general Braga Netto. Entretanto, Mandetta disse que todos vão colaborar com a transição e ninguém deixará o barco à deriva em meio à tempestade. A epidemia já matou 1.736 pessoas, com 28.320 casos confirmados até ontem.

Quarentena
Em meio à crise no governo, os demais poderes estão em pleno funcionamento. Por decisão unânime, o Supremo Tribunal Federal (STF), em videoconferência com nove ministros presentes, reconheceu a competência dos governos estaduais e municipais para determinar regras de isolamento, quarentena e restrição de transporte e trânsito em rodovias em razão da Covid-19. Por maioria, também entendeu que governadores e prefeitos têm legitimidade para definir quais são as chamadas atividades essenciais, aquelas que não ficam paralisadas durante a epidemia do coronavírus.


Os ministros julgaram uma ação do PDT contra medida provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro com o objetivo de concentrar no governo federal o poder de editar uma norma geral sobre os temas. A MP alterou uma lei de fevereiro, que previa quais ações poderiam ser tomadas durante a crise gerada pela pandemia. O ministro Marco Aurélio Mello, relator do caso, havia concedido liminar (decisão provisória) em março para reforçar que tanto União quanto estados e municípios têm competência para legislar sobre medidas de saúde. [convenhamos que reconhecer competência concorrente aos três entes federativos é semear, semear e/ou adubar, a INSEGURANÇA JURÍDICA que leva à judicialização da matéria.]

Também por videoconferência, o Senado aprovou em primeiro turno, por 58 votos a 21, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria o chamado Orçamento de Guerra, destinado, exclusivamente, a ações de combate à Covid-19. Entretanto, o texto retornará à Câmara, porque o relator no Senado, Antonio Anastasia (PSD-MG), modificou alguns pontos da matéria aprovada pelos deputados. O objetivo da PEC é separar do Orçamento-Geral da União os gastos emergenciais para conter os danos causados pelo coronavírus no Brasil, para não gerar impacto fiscal em um momento de desaceleração da economia.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


quarta-feira, 15 de abril de 2020

Corte salarial para políticos e Isolamento total não existe - Gazeta do Povo

Cristina Graeml

Corte no salário de políticos e servidores públicos. 

Sugestão para combater a crise econômica pós-pandemia já está circulando na internet.

 Isolamento total não existe
A pandemia de coronavírus e a consequente necessidade de isolamento social para evitar o contágio nos fez ver que tipo de serviços precisam realmente ser feitos de forma presencial. São muitos! E aí eu queria chamar a atenção para a hipocrisia do discurso do isolamento total, o que, por óbvio, é impossível de se fazer.

Quem está tentando meter política nessa história, dizendo que determinado governante está mais certo que o outro, porque determinou antes que todo mundo ficasse em casa, ou quem arroga pra si a virtude do altruísmo enquanto há uma massa ignorante e irresponsável indo pra rua e dando sobrevida ao vírus, precisa cair na real, porque além de vazias essas narrativas acabam jogando a culpa sobre inocentes que estão dando doses imensas de sacrifício para tentar preservar um pouco de sanidade no meio dessa loucura toda.

Serviços essenciais
É lógico que há serviços mais essenciais que outros. Todos hão de concordar que, num primeiro momento, atender a um doente é mais urgente que vender produtos no comércio. Por essa lógica atendimento médico é mais essencial que fabricar computadores ou celulares, por exemplo. Mas passado algum tempo vai faltar computadores e celulares para quem quer adquirir um novo equipamento ou substituir um antigo, com problema. E até médicos podem vir a ter dificuldades para trabalhar sem telefone e computador, prejudicando o atendimento em clínicas e hospitais, certo?

Então, em época de ânimos exaltados e discursos erroneamente interpretados, prefiro falar em serviços essencialmente presenciais, que nesse momento exigem que parte considerável das pessoas continue saindo de casa para trabalhar. A lista é enorme: serviços médicos, de enfermagem, farmácia, de limpeza (e aí é imprescindível incluir os lixeiros, que raramente são lembrados), serviços de segurança, de transportes e todos aqueles relacionados à gigantesca cadeia de fornecimento de alimentos.

Começa com o agricultor. Ele às vezes trabalha em família, então, em tese, teria como respeitar o isolamento social até o momento de fazer a entrega do que planta e colhe. Mas muitos agricultores são empregados em grandes propriedades produtoras e seguem saindo de casa todo dia para trabalhar.  Tem também o pessoal que ensaca ou encaixota os produtos colhidos no campo para levar para as indústrias de processamento de alimentos ou direto para os estabelecimentos comerciais. Tem a turma que transporta, seja de kombi, caminhão, trem, barco, até de navio, no caso das exportações. E aqui entram na ista também os funcionários de portos e aeroportos, dos postos de combustíveis.

Não esqueçamos de todas as fábricas que processam alimentos, dos supermercados, das mercearias... E quando a gente fala de mercados e vendas, é preciso incluir, além do pessoal de atendimento direto ao cliente (como açougueiros, atendentes de padaria e os caixas) também os estoquistas, a equipe administrativa, os faxineiros, os seguranças. É muita gente.

Recriminar quem sai de casa é covardia
Diante dessa lista imensa de serviços essencialmente presenciais me surpreende ver pessoas que podem trabalhar sem sair de casa (e devem continuar fazendo isso) horrorizadas com estatísticas de que em tal cidade ou estado “só” 60% ou 50 e poucos por cento da população estão respeitando a quarentena.

Não é para se horrorizar. É motivo de comemoração. Um país do tamanho do Brasil conseguir quase que de uma hora para a outra que metade das pessoas não saia de casa é um grande feito! Isso ajuda a conter o ritmo de contaminação do vírus que, todos já sabemos, é altamente contagioso. E mantém atendimento a doentes, além do abastecimento para os hospitais e as casas de quem está em quarentena.

Há um ponto perigoso no discurso esnobista do horror aos que saem de casa, nessa onda que varreu as redes sociais e os grupos de WhatsApp, de que nós, que respeitamos a quarentena, somos conscientes, porque estamos confinados, abrimos mão da nossa liberdade de ir e vir enquanto um bando de irresponsáveis está nas ruas espalhando o vírus.

Alimentar essa discussão é espalhar ódio a quem precisa sair de casa para buscar o sustento da sua família e esquecer dos que sequer têm escolha, porque fazem parte daquela lista de trabalhadores essenciais.
Então se há "só" 60% ou 50 e poucos por cento que ficam em casa, esses precisam é agradecer aos 40 e poucos por cento da população que seguem saindo para trabalhar todo dia, apesar de não contribuírem para que a estatística de "respeito à quarentena” pareça melhor. Infelizmente são eles os mais vulneráveis à contaminação e, sim, os maiores responsáveis pela transmissão do vírus, porque estão na linha de frente do atendimento aos doentes e aos clientes.

Você já parou para pensar que a curva do contágio continua aumentando, porque eles estão se contaminando e levando o vírus para as próprias casas, contaminando também suas próprias famílias? Não á toa a Organização Mundial de Saúde (OMS) explicou recentemente que o fato de a curva de contágio continuar crescendo em boa parte dos países, apesar de o mundo inteiro estar fazendo quarentena, tem a ver com isso: o contágio está se dando dentro das casas.  Sim! Não fiquemos horrorizados. É o curso normal de qualquer ciclo de contágio. Pessoas saem para trabalhar, voltam para casa com o vírus ainda sem ter sintomas, contaminam suas famílias e, só depois, descobrem que estão doentes. Passados mais uns dias é o marido ou a esposa ou os filhos que adoecem.

A gente precisa entender isso para parar com o debate bobo de que só o isolamento total pode conter a pandemia, porque isso não vai acontecer. E não é sensato nem honesto ficar criticando quem não faz quarentena, achando que todo mundo se enquadra na condição de trabalhar em casa, porque as realidades são muito diferentes até mesmo da nossa casa, para o vizinho de muro ou de andarQuem está na sacada ou na janela batendo panela e gritando para criticar ou apoiar presidente, ministro, governador, quem quer que seja, por terem defendido os que precisam trabalhar ou mandado os desobedientes sossegarem o facho, deveria olhar para o térreo e lembrar que ali na portaria do prédio tem um funcionário que todo dia vai e volta de casa para o trabalho, pega ônibus, metrô, se expõe ao risco de contrair coronavírus, de levar o inimigo invisível pra dentro da própria casa, e isso só pra garantir que outros fiquem seguros com a família.

E não venham me dizer que estou apoiando o presidente ou apoiando Doria, Witzel, Caiado, Maia, quem quer que seja. Ou o Mandetta ou o Tedros da OMS! Quero apenas abrir os olhos para o ridículo que é, nesse momento, politizar o isolamento social sem perceber que, ao fazer isso, querendo atingir o grupo que pensa o contrário, joga-se uma carga de culpa sobre trabalhadores inocentes.
Está mais do que na hora de a gente olhar para o jeito italiano ou espanhol de lidar com a quarentena, que é ir para janela cantar, aplaudir e levar algum conforto a quem está trabalhando, do que ficar praticando o esporte nacional preferido que é berrar no vazio e espalhar ódio, incompreensão e mais medo.

Cristina Graeml, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo



quarta-feira, 8 de abril de 2020

‘Você vai matar o pessoal de fome’, disse Bolsonaro para Mandetta - Veja - Brasil

Na manhã desta quarta-feira, 8, Bolsonaro terá uma reunião com Mandetta no Palácio do Planalto. O cargo do ministro da Saúde está por um fio. Nos últimos dias, o presidente deu o aval para o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania e candidato a assumir o posto de Mandetta, para conduzir a interlocução do Palácio do Planalto com uma equipe de médicos renomados e companhias do setor. O parlamentar chegou a dizer para alguns empresários e governadores que o ministro da Saúde poderia ser demitido a qualquer momento. Bolsonaro também tem tido contato permanente com o diretor-geral da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, que tem reportado os avanços dos estudos do uso da hidroxicloroquina para o tratamento do coronavírus.

A insatisfação de Bolsonaro com Mandetta é anterior ao coronavírus. O presidente estava decidido a trocar o seu subordinado, porque vinha recebendo diversas acusações. Uma delas dizia que o ministro estava utilizando a estrutura da pasta para impulsionar a sua campanha à prefeitura de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Além disso, circulavam entre os assessores de Bolsonaro um vídeo com denúncias que sugeriam, sem qualquer prova, um negócio escuso no ministério da Saúde relacionado ao desenvolvimento de um software para a implantação do programa de telemedicina. Essas acusações voltaram a ser compartilhadas entre bolsonaristas nos últimos dias.
No domingo passado, o presidente ameaçou demitir Mandetta. “(De) algumas pessoas do meu governo, algo subiu à cabeça deles. Estão se achando demais. Eram pessoas normais, mas, de repente, viraram estrelas, falam pelos cotovelos, tem provocações. A hora D não chegou ainda, não. Vai chegar a hora deles, porque a minha caneta funciona”, disse Bolsonaro a um grupo de religiosos em frente ao Palácio da Alvorada. “Não tenho medo de usar a caneta nem pavor. E ela ver usada para o bem do Brasil”, afirmou.

Um dia depois desse recado, a queda de Mandetta começou a ser especulada em Brasília – e ganhou força com as movimentações de Osmar Terra para assumir a pasta. Pressionado pelas redes sociais, por empresários e lideranças políticas, a tinta da caneta de Bolsonaro falhou. O presidente decidiu recuar para evitar uma defecção maior de seus apoiadores.

Brasil - VEJA, Matéria Completa




quinta-feira, 2 de abril de 2020

Coronavírus - CORONA E COROA - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo

De certa forma, estamos no lucro: índice de acidentes de trânsito despenca

Nasci em 1940. Sou, portanto, um coroa entrando no nível mais alto do grupo de risco, no ano do meu 80º aniversário. Já estou em casa há duas semanas, e muito feliz, porque a casa da gente é o melhor lugar do mundo. Ligo-me ao mundo exterior pelas modernidades digitais de informação e pelo jornal impresso que me chega pela manhã.

Pelo telefone, recebo as preocupações dos amigos, que me parecem muito assustados. Queixam-se de suores, taquicardia, falta de apetite; pensam que o mundo vai acabar, que todos vamos morrer de Covid-19. Parece que estão num mundo diferente do meu. 
Concluo que estão permitindo que os assustem. 
Neste artigo eu mostro por que devemos ter cuidados e, ainda, temos que agradecer a quem permite que fiquemos em casa protegidos. 


De certa forma, estamos no lucro: índice de acidentes de trânsito despenca.  Você acreditaria se eu dissesse que a gente está ganhando em números de mortes no Brasil? Pois estamos. Com essa história de quarentena, os acidentes de trânsito despencaram, assim como os homicídios.  Com todos trabalhando em casa, há menos fluxo no trânsito e menos oportunidade de haver um acidente com morte. Talvez saiamos dessa aprendendo que muitas atividades podem ser feitas em casa com maior produtividade e rapidez.

Outro fator importante é que as pessoas não estão indo para o bar e enchendo a cara de álcool e, por isso, não estão brigando até a morte. É bom pensarmos nisso.

Agentes de saúde
Nós precisamos pensar na proteção dos agentes de saúde. Estamos muito mal protegidos. Os médicos da Coreia do Sul, por exemplo, estão vestidos como se fossem astronautas, e os nossos médicos só usam luvas e máscara.

Aqui em Brasília, um médico já foi parar na UTI por conta do coronavírus; ele já teve alta. Além do vírus, ele também era obeso.
" Agora, pense nos enfermeiros e no pessoal da zeladoria. Como eles fazem ao chegar em casa? Antes de entrar, passam por um chuveiro desinfetante? Deveriam encontrar uma forma de alojar essas pessoas para que elas não tenham que voltar para casa e infectar os familiares."

As mortes por coronavírus até domingo (29) eram 114 em um mês. Essa é a quantidade de mortos no trânsito em um dia. Então, de certa forma, estamos tendo lucro. 

Carreatas
Em muitas cidades do Brasil, houve carreatas pedindo a volta do trabalho e o fim da quarentena. O presidente Bolsonaro foi para Ceilândia, Taguatinga e Sobradinho para conversar com as pessoas. As pessoas com quem Bolsonaro conversou eram autônomos e estavam na rua para tentar vender mercadoria. Eles precisam trabalhar para poder comer no dia seguinte.

O presidente nunca ouviu tanto a conjugação do verbo trabalhar. Existem pessoas querendo voltar ao trabalho. É preciso que elas trabalhem, mas com muito cuidado.

'Gripezinha' em Brasília
A primeira morte de Covid-19 em Brasília foi a da secretária do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CNSS). Além do coronavírus, ela tinha obesidade mórbida, diabetes, hipertensão não tratada e era fumante. Veio a 'gripezinha' e a derrubou. Quase todos os casos são de pessoas que já têm alguma doença prévia, e são elas que precisam ser altamente protegidas. O vírus não vai parar até não infectar todo mundo.

Cuidados são necessários, mas também é preciso tomar providências para que a economia não pare. A China não vai indenizar nenhum país por ter espalhado esse vírus para o mundo inteiro.  A minha família tem uma loja, no Rio Grande do Sul, que vende bolos. Eles não pararam a produção, estão entregando bolo em casa ou para os carros que param na frente da loja.

Eu vejo que as lojas estão funcionando com entregadores. Aliás, os entregadores estão trabalhando e nós estamos em casa na boa, dependendo deles. Você acha que eles estão protegidos? 
E nós não podemos nos proteger?
É um desafio para todos nós essa situação, mas tem gente criando soluções para continuar trabalhando. Eu tenho certeza que nós vamos encontrar o caminho e vamos vencer.

Veja Também: O que é o Orçamento de Guerra e qual sua importância no combate ao coronavírus

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo



[sobre a importância do 'orçamento de guerra' no combate ao coronavírus, podemos dizer que é praticamente nenhuma  - exige uma PEC e até ser aprovada a pandemia tem passado.
Algum efeito imediato ele tem para o Maia e Alcolumbre fazer politicagem - de pouco valor, já que em 2022 com o Brasil em processo de recuperação econômica, sob o comando do presidente Bolsonaro, tal orçamento sequer será lembrado.

Destacamos um pequeno trecho da matéria:
"Após ser cobrado quanto à efetivação do pagamento do auxílio de R$ 600 aos trabalhadores informais em entrevista coletiva na terça-feira (31), o ministro da Economia, Paulo Guedes, rebateu a crítica com um desafio ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ): “se Maia aprovar em 24 horas uma PEC de emergência, o dinheiro sai em 24 horas”.

Maia, buscando simular uma resposta ao desafio do ministro, colocou em tramitação uma proposta na própria terça. Só que como é habitual, a previsão agora é para a próxima semana.]