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quinta-feira, 2 de julho de 2020

Em guerra com Flamengo, Globo rescinde contrato de transmissão do Carioca - VEJA - Placar









Para transmitir seu jogo de forma independente, o Flamengo se baseou na Medida Provisória 984/2020, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e batizada nos corredores de Brasília como “MP do Flamengo”, devido à participação direta dos cartolas rubro-negros em sua elaboração.  A MP estabelece que os clubes mandantes detenham 100% dos direitos de transmissão de suas partidas. Antes, a lei previa um acordo entre os dois times para a venda do jogo. Como Flamengo e Globo não se acertaram para a transmissão do Carioca, pois o clube considerou insuficiente a quantia de cerca de 17 milhões de reais oferecida a ele e aos outros grandes do Estado, com a MP, a emissora perdeu o direito de vetar a transmissão de jogos em casa do clube.

A Globo, porém, mantém contrato com os outros 11 clubes, incluindo o Boavista, e, por isso, entrou com uma ação na Justiça alegando que um contrato em andamento não poderia ser quebrado. Decidiu, então, encerrar as transmissões do restante do Campeonato, incluindo os três jogos de hoje que encerram a quinta rodada da Taça Rio e que seriam exibidos no Sportv e no Premiere.
“A Globo entende que a Medida Provisória não poderia alterar um contrato celebrado antes de sua edição e protegido pela Constituição. Como a Federação de Futebol do Rio de Janeiro e os demais Clubes não foram capazes de garantir a exclusividade prevista no contrato, não restou à Globo outra alternativa além da rescisão e o encerramento das transmissões dos jogos do Carioca”, diz trecho do comunicado.
Confira a nota da Rede Globo:
A Globo anunciou hoje que não vai mais transmitir o Campeonato Carioca. A emissora rescindiu o contrato que mantinha com a Federação de Futebol do Rio de Janeiro e com os Clubes, mas manterá os pagamentos desta temporada.

No entendimento da Globo, o contrato foi violado ontem, quando a FlaTV exibiu ao vivo a partida entre Flamengo e Boavista. De acordo com o contrato, a Globo tinha exclusividade na transmissão dos jogos do Campeonato Carioca. A Federação e onze Clubes assinaram o compromisso. A exceção foi o Flamengo. Na ocasião da assinatura e por várias temporadas em que o contrato foi cumprido, a legislação brasileira previa que, para a transmissão de qualquer partida, era necessária a obtenção de direitos dos dois Clubes envolvidos. Legalmente, ninguém poderia transmitir os jogos do Flamengo no Carioca e só a Globo poderia transmitir os demais.


No dia 18 de junho, a Presidência da República editou a Medida Provisória 984, passando ao mandante dos jogos os direitos de transmissão. O Flamengo se baseou nessa MP para transmitir a sua partida ontem no Maracanã. A Globo entende que a Medida Provisória não poderia alterar um contrato celebrado antes de sua edição e protegido pela Constituição.

Como a Federação de Futebol do Rio de Janeiro e os demais Clubes não foram capazes de garantir a exclusividade prevista no contrato, não restou à Globo outra alternativa além da rescisão e o encerramento das transmissões dos jogos do Carioca – incluindo os três jogos de hoje que encerram a quinta rodada da Taça Rio e que seriam exibidos no Sportv e no Premiere.

A Globo é parceira e incentivadora do futebol brasileiro há muitas décadas e entende a importância do esporte para Clubes, jogadores, marcas e torcedores. Exatamente por isso, apesar da decisão de rescindir o contrato imediatamente, a Globo está disposta a fazer os pagamentos restantes desta temporada, em nome da sua parceria histórica com o futebol e da sua boa relação com as equipes. Mas acredita que o futebol só será capaz de vencer as inúmeras dificuldades com planejamento e segurança jurídica para aqueles que investem altas quantias nesse negócio tão importante para o Brasil e para os brasileiros.

Placar - VEJA




Pandemia Sem licitação é tentação. E aí vem o Covidão

Vozes - Alexandre Garcia

Incrível esse país, incrível esse Rio de Janeiro.Na terça-feira (30), o delegado titular da Delegacia de Polícia, Daniel Rosa, declarou que o grupo miliciano “Escritório do crime” não tem relação com o assassinato da vereadora Marielle Franco.

Os dois irmãos dirigentes do grupo, que antes eram suspeitos de cometer o crime, deixaram de ser investigados. O motivo é que no mesmo dia do assassinato da vereadora, eles estariam matando o empresário Marcelo Diotto da Mata há alguns quilômetros de distância, na Barra da Tijuca, por causa de máquinas caça-níquéis.


  LEIA TAMBÉM: Todos têm direito de espernear, mas está tarde para tentar um tapetão 

Aí vem o Covidão
A Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão em imóveis ligados ao governador do Amazonas, Wilson lima (PSC). Essa ação faz parte da Operação Sangria que apura desvios de recursos destinados ao combate da pandemia do coronavírus. A PF investiga possível superfaturamento na compra de respiradores para o estado.O governo é suspeito de fechar negócio sem licitação com uma empresa especializada em vinhos. Sem licitação é tentação, e aí vem o Covidão.

Agora a gente entende porque mostravam aquelas covas abertas e aquelas pilhas de caixão. Era para justificar medidas de emergência que abrissem a fiscalização, o controle e os limites. Em vez de gastar com alguns comprimidos baratos para prevenção e tratamento de forma fácil nos primeiros dias, resolveram nos assustar e nos trancar em casa para poderem fazer contratos milionários e hospitais de campanhas malfeitos.

Eu estou fazendo o acompanhamento entre os registros em cartório, que são os registros oficiais de mortes no Brasil. Descobri que do dia 16 de março até o dia 30 de junho morreram de doenças respiratórias - exceto Covid-19 - 85,3 mil. Segundo os cartórios, morreram de coronavírus 55 mil pessoas. Há um desequilíbrio no noticiário do vírus e de todas as doenças respiratórias, parece que para nos assustar e enfraquecer nossas defesas.

Onde a quarentena não foi necessária
No Uruguai não houve quarentena obrigatória, mas fecharam as escolas, universidades e shoppings, e os resultados foram excelentes. Por isso, os uruguaios são os únicos latinos americanos que podem entrar na Europa.

O despertar dos médicos
Eu vi um apelo de a médica Raíssa Soares, de Porto Seguro (BA), pedindo ao presidente que mande cargas de hidroxicloroquina porque ela está precisando. O Ministério Público está investigando porque esse medicamento está em falta.  Descobriu-se a crueldade que está sendo feita nos hospitais. Os médicos estão mandando os pacientes com sintomas de coronavírus para casa, assim, a doença acaba se agravando. Quando o vírus chega ao pulmão, a pessoa vai para a UTI e é entubada.

Isso é um crime a saúde pública. Alguns  médicos brasileiros já estão recomendando um protocolo excelente em toda parte. É só olhar os resultados de Brusque (SC) e de Porto Feliz (SP). 

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‘Qual o problema? Vão matar?’, diz mulher de Queiroz em mensagem apreendida pelo MP

Foragida da Justiça, Márcia reclamou das táticas de Fred Wassef, ex-defensor de Flávio Bolsonaro, e via família como ‘marionete’

 Em mensagens apreendidas pelo Ministério Público do Rio, a ex-assessora parlamentar Márcia Oliveira de Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz, reclamou das táticas impostas pelo advogado Frederick Wassef. Em novembro do ano passado, ela disse à advogada Ana Flávia Rigamonti, que trabalha com Wassef, que não queria mais viver como “marionete do Anjo”. “Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? Vão matar?”

As mensagens reforçam indícios de que, embora negue, Wassef atuava de forma efetiva na proteção e no abrigo a Queiroz e familiares. Segundo as investigações, “Anjo” é o codinome de Wassef, que defendeu o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no processo que apura o esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O advogado nega que o codinome seja uma referência a ele.

Márcia está foragida desde o dia 18, quando a Justiça do Rio determinou a prisão dela e de Queiroz. Ele foi detido em uma casa de Atibaia (SP) que funcionava como escritório de Wassef e enviado para o presídio Bangu 8. O advogado deixou a defesa do senador após a prisão do ex-assessor de Flávio. Nas conversas obtidas pelo MP, Márcia assume que poderia fugir caso tivesse a prisão decretada.
“A gente não pode mais viver sendo marionete do Anjo. ‘Ah, você tem que ficar aqui, tem que trazer a família’. Esquece, cara. Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? Vão matar? Ninguém vai matar ninguém. Se fosse pra matar, já tinham pego um filho meu aqui”, diz Márcia, em mensagem enviada a Flávia no fim do ano passado. O MP teve acesso ao material em dezembro, quando foram cumpridos mandados de busca em endereços ligados a Queiroz e um celular da ex-assessora foi apreendido.

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Aos poucos, enquanto as duas demonstravam incômodo com a situação, também começavam a questionar a eficácia da estratégia do defensor. “O Anjo tem ideias boas, sim, mas na prática a gente sabe que não é igual às mil maravilhas que ele fala”, comenta Ana Flávia. A advogada diz que havia conversado até com a mulher de Wassef na tentativa de frustrar a ideia de alugar uma casa para abrigar a família Queiroz em São Paulo.
Márcia revela, nos áudios, achar que o marido estava no “limite” e temia que o estado emocional dele prejudicasse o tratamento do câncer. Segundo a ex-assessora, Queiroz mantinha a compostura em Atibaia, mas, quando ia para o Rio, despejava toda a carga sobre ela. “Chega a ser insuportável a convivência com ele”, diz. “Estou vendo que ele está no limite dele”.

Em O Estado de S. Paulo - MATÉRIA COMPLETA


Sobrou até para São Miguel: racismo explícito na medalha - VEJA - Blog Mundialista

A representação figura na Ordem de São Miguel e São Jorge, uma honraria dada, quando foi criada, a militares britânicos no Mediterrâneo.
Daí os dois santos guerreiros. Com o tempo, passou a contemplar embaixadores e personalidades com atuação no exterior. A atriz Angelina Jolie foi uma delas, por sua campanha algo ambiciosa de acabar com o estupro como arma de guerra. O nobre objetivo ainda não foi alcançado, infelizmente. O revisionismo histórico que grassa nos Estados Unidos e na Inglaterra chegou rapidamente a São Miguel.

Um branco (o arcanjo) pisando num negro (o coisa ruim) evoca a estremecedora cena de George Floyd sendo sufocado sob o joelho do policial Derek Chauvin. Atenção: o Satã negro já havia sido substituído em 2011 por um mais claro, mas não atendeu o surto politicamente correto.
O governador-geral da Jamaica, um posto honorífico para marcar sua integração na Comunidade das Nações (o império britânico depois de deixar de ser império), já tinha tomado a posição pública de não usar mais a honraria, recebida em 2009 na tradicional cerimônia em que a rainha Elizabeth tocou seu ombro com uma espada. “Atendendo a manifestações de preocupação de cidadãos com a imagem na medalha e a rejeição global ao uso de objetos que normalizem a degradação de pessoas de cor”, justificou Patrick Allen.

Adianta dizer que é o maligno príncipe das trevas, não uma pessoa?
Claro que não. Michael Palin, o ex-Monthy Python, o legendário e iconoclasta grupo de humoristas, recebeu a versão nova e embranquecida da condecoração, mas só de saber como era a encarnação anterior já a torna “imprópria e ofensiva”, avisou.
Dezesseis mil pessoas apoiaram um abaixo-assinado pedindo que a medalha seja “redesenhada”.
São Miguel Arcanjo é tradicionalmente representado como um alado santo guerreiro, de espada na mão para vencer Satã. Este aparece como um ser animalesco ou com formas humanas com asas de dragão e rabo.  Se for totalmente eliminado, vai sobrar apenas São Jorge, o padroeiro da Inglaterra que apareceu na outra face da medalha, matando o dragão, outra situação complexa nos dias atuais. Disse famosamente Winston Churchill sob o viés esquerdista da tradicional rede pública de rádio e televisão:
“Se a BBC cobrisse a luta de São Jorge com o dragão, torceria pelo dragão”.
A polêmica da medalha, criada em 1818 pelo rei George IV (um dia, o filho de William e Kate será outro rei com este nome) coincidiu com os novos planos do príncipe Harry e sua mulher, Meghan, de construírem uma carreira de celebridades antenadas com questões contemporâneas.
“O racismo institucional não tem lugar na nossa sociedade e, no entanto, é endêmico”, disse o príncipe numa premiação à distância. O furor despertado nos Estados Unidos pela morte brutal de Floyd e ampliado para estátuas e instituições com nomes de “racistas” tem um equivalente igual, inclusive nos precedentes, na Inglaterra. Se há católicos que se exasperam com a “modernização” da Igreja defendida pelo papa Francisco, deveriam encontrar consolo na Igreja Anglicana. Exatamente igual à fé católica, exceto pela ruptura com o papa, com a vida monacal e com o celibato, a Igreja Anglicana segue o catecismo politicamente correto ao ponto da loucura.

Disse no começo de junho o arcebispo da Cantuária, Justin Welby, que estátuas e monumentos na sublime catedral gótica de Westminster, uma das tantas igrejas tomadas aos católicos quando Henrique VIII rompeu com Roma, está passando por uma revisão completa. “Algumas terão que ser tiradas”, antecipou.

MATÉRIA COMPLETA - Blog Mundialista - Vilma Gryzinski - VEJA


Alvo errado – Editorial - Folha de S. Paulo

Solução para desinformação nas redes não pode sacrificar privacidade de usuários

O projeto de combate às fake news aprovado pelo Senado na noite de terça (30) é mais uma tentativa desajeitada dos políticos brasileiros de fazer algo para enfrentar a praga da desinformação na internet. Resultado de discussões conduzidas de forma atropelada em meio à pandemia do novo coronavírus, a propositura nasceu com inúmeros vícios —e foi enviada à apreciação da Câmara dos Deputados com vários deles intocados.

Foram abandonadas algumas ideias esdrúxulas das primeiras versões, incluindo dispositivos que ameaçavam a liberdade de expressão, abriam caminho para censurar opiniões nas redes sociais e ofereciam proteção especial a políticos. Ainda assim, o texto final preservou mecanismos que põem em risco a livre circulação de ideias e a privacidade dos usuários da internet, sem criar instrumentos capazes de impedir o uso das redes por organizações criminosas e outros grupos que agem de má-fé.

No campo das boas intenções, o projeto prevê novos procedimentos a serem adotados por empresas como o Facebook e o Twitter antes de apagar conteúdos que violem os termos de uso das plataformas, garantindo aos usuários direito a contraditório.  Mas o capítulo sobre o assunto também estabelece de forma vaga obrigação de conceder direito de resposta dos ofendidos pelas publicações removidas, mesmo sem determinação judicial, deixando às empresas a definição de critérios.

Em tentativa de conter a propagação de notícias falsas por aplicativos de mensagens privadas, determina-se que os provedores dos serviços guardem informações sobre qualquer mensagem transmitida por mais de cinco usuários. O texto toma cautelas ao exigir ordem judicial para acesso às informações e restringir a três meses o tempo em que os dados poderiam ser guardados. Mesmo assim, a medida atingiria os usuários dos aplicativos de forma indiscriminada, criando risco de vazamento dos seus dados.

Penalidades previstas nas primeiras versões do projeto para os responsáveis por campanhas de distribuição de notícias falsas em massa, como as reveladas pela Folha durante a última campanha presidencial, ficaram pelo caminho. No mundo inteiro se discute a necessidade de regulação das plataformas dos gigantes da tecnologia que dominam a internet, e esse debate é bem-vindo no Brasil. Entretanto é preciso buscar alternativas que impeçam o sacrifício da liberdade de expressão e da privacidade dos cidadãos. A chegada do projeto de lei à Câmara cria oportunidade para que um debate mais aprofundado sobre o tema corrija equívocos e encontre soluções mais adequadas.

Editorial - Folha de S. Paulo


A Lava Jato é o alvo - William Waack

O Estado de S.Paulo

A força-tarefa terá de compartilhar seu principal ativo: informações sigilosas

A disputa no Ministério Público Federal sobre os dados coletados pela força-tarefa Lava Jato durante os últimos anos já é um clássico da intriga política, da luta pelo poder, do empenho em criar uma narrativa político-eleitoral e, principalmente, uma janela para entender muito do que aconteceu no Brasil nos últimos anos. E está só no começo.

É um clássico de intriga política pois a disputa é, no fundo, sobre quem tem o domínio de imenso arsenal de informações sigilosas obtidas por meio de quebras de sigilo, colaborações premiadas, escutas telefônicas e mais de mil inquéritos. O controle e o vazamento seletivo dessas informações com a cumplicidade de grandes grupos de comunicação – foram armas relevantes no período em que a Lava Jato foi o instrumento central para apear um grupo corrupto do poder, o que era comandado pelo PT.

É impossível entender a eleição de Jair Bolsonaro sem o fenômeno da Lava Jato e a amplitude do apoio político e popular que recebeu. Mas, uma vez derrotado o PT, a onda disruptiva espraiou-se e estilhaçou em seus vários componentes, nos quais aquele apelidado de “lavajatismo” (ou “vale qualquer coisa para pegar corruptos, danem-se os princípios legais”) perdeu muito de sua força. A aura de que “só Lava Jatos” mudam o País permanece, porém.  Este não é um juízo de valor (desculpem o cinismo), mas não há dúvidas de que o grupo ao redor da força-tarefa da Lava Jato desenvolveu um projeto de poder que, nas origens, nascia da convicção ideológica de que a sociedade brasileira é hipossuficiente – a saber, não consegue se defender sozinha dos abusos cometidos por agentes públicos (classe política) e setores privados (empresários gananciosos). Portanto, precisa de uma proteção “externa”, os integrantes do Ministério Público e da Lava Jato.

É por esse motivo que os expoentes da Lava Jato sempre entenderam sua missão como política em sentido amplo. Hoje, em boa medida também pela saída de Sérgio Moro do governo, consideram-se acuados, tolhidos e controlados por um governo que, intencionalmente ou não, ajudaram a eleger. Talvez não percebam que parte daquilo que qualificam como “interferência” na independência funcional de procuradores não é nada mais do que a reação política e institucional ao fato desses mesmos procuradores terem se organizado como núcleo político na acepção pura da palavra.

A questão não é apenas doutrinária ou teórica. Ela é prática e de enorme impacto, pois o material comprometedor juntado pela Lava Jato é um acervo que vai agora para as mãos de quem? A disputa não é de agora. Desde 2015 a PGR obtinha do então titular da 13.ª Vara de Curitiba, Sérgio Moro, o compartilhamento do material de centenas de inquéritos, alegando sua relevância para julgamentos no STF, entre outros.

Há uma guerra surda de versões nos bastidores, repletas de todo tipo de teoria conspiratória, de lado a lado. Os procuradores que se consideram pisoteados pela direção da PGR alegam que a nomeação de Augusto Aras foi uma “indicação política” de Bolsonaro para proteger o próprio clã familiar. Do outro lado, ouve-se que os procuradores ao redor do grupo de Curitiba estão apenas preocupados em ocultar o que fizeram de pior ao transgredir leis e princípios para perseguir corruptos (ou desafetos), e não passam de “sindicalistas” descontentes com a perda de poder interno (na escolha do PGR, por exemplo).

Neste momento da ácida disputa o que se verifica claramente é uma correção de rumo geral da política frente à Lava Jato, com Bolsonaro mais na posição de espectador (ficar quieto é o que mais lhe convém) do que no comando de decisões. Grande parte do mundo político e jurídico aplaude o empenho da direção da PGR em retomar o controle central de grupos e forças-tarefa como a da Lava Jato. Diante disso, já é possível dizer que a Lava Jato não será fator tão decisivo nas próximas eleições. O tabuleiro político é bem mais complicado do que xadrez jurídico no qual Sérgio Moro foi hábil jogador.


William Waack, jornalista - O Estado de S. Paulo





Forças Armadas, para que servem? - Míriam Leitão

O Globo

Forças Armadas acertam quando atuam como órgão de estado


O relato do que as Forças Armadas estão fazendo neste momento é interessante porque ilumina exatamente o seu papel no meio de uma pandemia num país continental, com gigantescos desafios. Sendo, como têm que ser, uma instituição do Estado, e não braço de um governo, tudo fica mais fácil de ver e de valorizar. Lá dentro se diz que é nisso que as tropas estão realmente pensando, no seu papel tradicional. Enquanto isso, manifestantes bolsonaristas fazem passeatas pedindo intervenção militar, e o próprio presidente fez constantes ameaças que alimentaram velhas dúvidas e temores. Certos fatos incendiaram ainda mais o debate, como o dia em que o ministro Azevedo sobrevoou com o presidente uma dessas manifestações que pediam o fechamento do Supremo.


Na época das Olimpíadas havia uma grande preocupação com o risco de atentados terroristas. Houve um investimento nas Forças Armadas em treinamento e qualificação para ações de defesa contra ameaças química, nuclear e radiológica. Isso ficou como um legado e foi usado agora no combate ao Covid-19. Militares fizeram mais de duas mil descontaminações de espaços públicos. E até por ser em áreas de muita população essas ações tiveram mais visibilidade. Estiveram em locais de mais difícil acesso, ilha de Marajó, por exemplo, para distribuir cestas básicas. Ao todo, em vários pontos do país, e até aldeias indígenas, em três meses distribuíram mais de meio milhão de cestas básicas. — Tem um programa que nasceu também na esteira dos Jogos Olímpicos, em que crianças carentes saíam da escola e iam no contraturno para os quartéis para a prática de esporte. Trinta mil crianças nesse programa. De uma hora para outra, as escolas fecharam, e eles não iam mais para o reforço escolar. Ficaram sem duas refeições. O dinheiro foi revertido em kit alimentação para a família dos jovens — conta um oficial.

Um programa entre CNI, Senai e hospitais, para consertar respiradores no Brasil inteiro, foi possível porque os aviões da FAB ou caminhões do Exército ficaram no leva e traz de equipamentos. Foram 1.500 respiradores consertados. Quando os restaurantes à beira das rodovias pararam, o país poderia ter tido um colapso logístico, porque os caminhoneiros não teriam onde se alimentar. Os militares fizeram pontos de parada e distribuição de quentinha para os motoristas.

Médicos militares foram deslocados para alguns hospitais com falta aguda de pessoal. Saíram, por exemplo, do Sul, que estava pouco afetado, para regiões de quase colapso como Macapá, São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga. Porque estiveram em várias frentes de combate o índice de contaminação de militares foi de 2%, considerado alto. Morreram 20 dos 7.500 contaminados, mas já estão recuperados 80%. — O militar mesmo está com pouco tempo para discussão política. Há pontos no país onde só nós conseguimos chegar com rapidez, uma ONG bem intencionada consegue ajudar, mas as Forças Armadas fazem em grande volume. Isso sem falar em todo o trabalho de sempre, de patrulhamento, de vigilância de fronteira — me disse um oficial.

A politização das Forças Armadas foi evitada durante 30 anos. O presidente Jair Bolsonaro, de forma deliberada, fez uma mistura entre seu governo e o poder que elas têm. Se os militares forem viabilizadores de um governo que estimula o conflito, e que está em crise, será, como tenho dito aqui, um risco para o país e para a própria instituição.

Míriam Leitão, jornalista - O Globo


SÓ UMA DEMOCRACIA DETURPADA PODERIA ELEGER SARNEY, COLLOR, ITAMAR, FHC, LULA, DILMA, E TEMER - Sérgio Alves de Oliveira

Vou correr para escrever e publicar logo esse texto antes que “Suas Excelências” aprovem o PL da “Censura” (PL 2630) e , em decorrência desse “crime” que estou cometendo, seja decretada a minha prisão, em homenagem à “liberdade constitucional de pensamento e sua expressão”.  Fico pasmo com a guerra deflagrada entre os apoiadores do Presidente Jair Bolsonaro e os seus opositores,cada qual reivindicando para si próprio a qualidade de “democrata”,excluindo o “concorrente” dessa condição.

Para os bolsonaristas, a oposição, predominantemente de esquerda, não passa de um bando de ladrões que destruíram o país; por seu turno, os seus opositores, da esquerda, denunciam o espírito “ditatorial” como principal marca do governo. Em suma, cada qual se julga mais “democrata” que o outro !!! [como o que não existe pode se considerar mais 'democrata'? não existe esquerda, não existe oposição ao presidente Bolsonaro. O que existe é a 'turma do mecanismo' que apavorada com a consolidação do Governo Bolsonaro, tentam se livrar do capitão.
Só que não conseguem encontrar o caminho e ficam em um 'arremedo' de oposição, mancomunada com a corja do perda total = pt.
O resto de oposição que existe no Brasil age de forma destrambelhada e só conseguem mostrar que apesar de agonizantes políticos, ainda respiram, quando o presidente Bolsonaro perde a calma - que não é abundante - e fornece 'munição' aos seus inimigos = inimigos do Brasil, da democracia e da liberdade.] 

Bolsonaro usa como argumento da sua “democracia” a vitória que teve no pleito eleitoral de outubro de 2018, derrotando o candidato de esquerda,Fernando Haddad. E a esquerda se julga ser só ela mesma a “democrata”, porque o governo federal estaria montado com muitos militares à sua volta, com isso insinuando que seria a reimplantação do Regime Militar de 1964. A verdade é que os dois lados reivindicam, concomitantemente, a titularidade de defensor da democracia.  Mas da mesma forma que a gente deve desconfiar daquele sujeito que em todas oportunidades que lhe surgem faz absoluta questão de sempre dizer bem alto que é “honesto”, quando na maioria dos casos é exatamente o contrário, com a democracia se dá o mesmo. Quanto mais o “cara” grita que é um democrata, provavelmente menos democrata ele será.

Há poucos dias tive a (in)felicidade de assistir o ridículo de uma enorme quadrilha de “esquerdopatas”,composta por autoridades e ex-autoridades públicas,políticos,artistas,”famosos”,e outros “bagulhos” mais, que não deixaram nenhuma “saudade” enquanto estiveram no ou ao lado do poder, defendendo uma “democracia”,que no frigir dos ovos se confunde com os seus próprios interesses, em grande parte “feridos” por perderem a “teta” governamental onde sempre mamaram e roubaram ,em 1º de janeiro de 2019.

Mas tenho para mim que nenhum desses dois grupos, situação, ou oposição, é verdadeiramente “democrata”,seja por contrariá-la, na prática,seja por não possuir a mínima noção do que seja a verdadeira democracia,embora possam preencher e se enquadrar nos falsos requisitos da sua definição previstos nas leis, nos manuais políticos, e nos “discursos” “democráticos”dos políticos delinquentes que dela fazem uma profissão permanente.

Uma verdadeira democracia pressupõe “qualidades democráticas” nos seus dois polos, primeiro no eleitorado, depois nos políticos concorrentes a algum cargo eletivo nos poderes executivo ou legislativo. Mas geralmente a “qualidade” dos políticos eleitos vai estar em estreita sintonia com a “qualidade” dos seus eleitores. Bons eleitores, escolhem bons políticos. Mas o contrário também acontece. E acontece muito. Particularmente no Brasil. Não fora isso, o povo brasileiro não teria sido “contemplado” com o “lixo” humano que o presidiu, de 1985 a 2018.

Nelson Rodrigues deixou uma frase que ficou imortalizada :”A maior desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas,que são a maioria da humanidade.”. Também o filósofo francês Joseph Marie de Maistre andou “garimpando” esse assunto, garantido que “o povo tem o governo que merece”. Não basta, por conseguinte, previsão na constituição e nas leis para configurar uma verdadeira democracia,a qual na prática só se mostra útil para o bem comum quando as duas partes nela envolvidas possuem “qualidades” democráticas.

O filósofo Aristóteles,da Antiga Grécia, desenhou bem essa situação. Em “Política”,ele classificou as formas de governo em duas grandes vertentes: as formas PURAS e as IMPURAS. Na primeira (PURAS),estariam a “Monarquia”(governo de um só),a “Aristocracia”(governo dos melhores),e a “Democracia”( (governo do povo) ; nas segundas (FORMAS IMPURAS),que respectivamente seriam as formas corrompidas das primeiras, estariam a “Tirania” (tipo ditadura),a “Oligarquia” (degeneração da oligarquia); e a “Demagogia”(corrupção da democracia).

Mais tarde o geógrafo e historiador também da Antiga Grécia, Políbio, manteve a classificação aristotélica,porém substituiu a “demagogia” pelo que ele chamou de OCLOCRACIA,com isso “ampliando” os vícios da democracia. Na oclocracia são chamados a fazer política exatamente a pior escória da sociedade. E parece não ser preciso ir muito longe para detectá-la “ao vivo”.

Sérgio Alves de Oliveira  - Advogado e Sociólogo



Eleições em novembro - Nas entrelinhas

“Bolsonaro não deu sinais de que pretende interferir diretamente nas eleições municipais, mas já pululam candidatos bolsonaristas de primeira hora”

A Câmara aprovou ontem, por 402 votos a favor e 90 contra, com quatro abstenções, a emenda constitucional que adia as eleições de 4 e 25 de outubro para 15 e 25 de novembro, em primeiro e segundo turnos, respectivamente. A proposta foi articulada com êxito pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, e os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Houve resistência por parte do Centrão, principalmente do PL, com 41 deputados, cujo líder na Câmara, Wellington Roberto (PB), comandou a oposição à mudança. O texto volta ao Senado para promulgação.
[mais uma vez o 'operoso', 'competente' e 'patriota' Congresso Nacional, um aglomerado de políticos, que em sua maioria estão mais interessados nos interesses pessoais e partidários - vide que o presidente do Senado recorreu à Justiça para impedir que os bilhões dos Fundos Partidário e Eleitoral fossem utilizados no combate à Covid-19 - esquecem que o Brasil precisa economizar e perdem uma preciosa oportunidade de adiar as eleições para 2022 e assim, acabando com um desperdício de eleições a cada dois anos - optando por eleições a cada quatro anos, as combalidas finanças públicas realizariam economia suficiente para pagar auxilio emergencial aos brasileiros, eleitores, extremamente necessitados, até o final de 2020.]

O adiamento das eleições era pedra cantada, em razão da pandemia da covid-19. Além do risco de contaminação dos eleitores nas seções eleitorais, existe a dificuldade criada pela situação sanitária do país para preparação do pleito por parte da Justiça eleitoral. O mais importante na discussão sobre o adiamento foi evitar a prorrogação de mandatos de prefeitos e vereadores, como alguns defendiam, inclusive, com propostas de coincidência do pleito com as eleições gerais de 2022. Esse risco foi afastado, embora o texto aprovado tenha um gatilho que permite ao Congresso, caso um município ou estado não apresente condições sanitárias para realizar as eleições em novembro, editar um decreto legislativo designando novas datas para a realização do pleito, tendo como data-limite o dia 27 de dezembro de 2020. A proposta original atribuía essa prerrogativa ao TSE, mas foi modificada.

Com isso, as regras do jogo para as eleições municipais estão finalmente definidas: o prazo de registro das candidaturas foi adiado de 15 de agosto para 26 de setembro; os partidos escolherão seus candidatos entre 31 de agosto e 16 de setembro, por meio virtual. No embalo, a legislação que proibia propaganda institucional das prefeituras no período de 90 dias anteriores ao pleito foi alterada. Atos e campanhas destinadas à luta contra a pandemia do coronavírus poderão ser feitos, mas sob rigorosa fiscalização da Justiça eleitoral, para evitar abusos.
A propaganda eleitoral começa apenas depois de 26 de setembro. Até lá, quem pedir voto antecipadamente ou gastar muito dinheiro em redes sociais corre o risco de ter a candidatura impugnada ou até mesmo ter o mandato cassado, se eleito, por campanha antecipada ou abuso de poder econômico, respectivamente. Expressões como “peço seu apoio”, “conte comigo”, “me dê um voto de confiança” e outras, nas redes sociais, podem servir de prova contra os candidatos.

Cenários
Serão eleições atípicas, por causa da pandemia. Teoricamente, os prefeitos que se candidatarem à reeleição terão a avaliação de sua gestão impactada pela pandemia, talvez mais até do que suas realizações anteriores. Levam a vantagem, porém, de que a campanha terá muito pouco corpo a corpo, o que em eleições municipais era decisivo, principalmente nas cidades de médio e pequeno portes. Mas os que não podem se reeleger e pretendem fazer o sucessor, em contrapartida, terão as mesmas dificuldades com seus candidatos. Além disso, com o fim das coligações proporcionais, haverá maior número de candidatos.

Mesmo nas grandes cidades, que influenciam os destinos da política nacional, como São Paulo, não se sabe ao certo qual será o grau de “nacionalização” da disputa eleitoral. De certa forma, a politização do combate à pandemia protagonizada pelo presidente Jair Bolsonaro é uma realidade, bem como o impacto da ajuda emergencial do governo de R$ 600 (que terão um total de cinco parcelas), principalmente nas periferias dos grandes centros e municípios do sertão. Quanto mais profundo o grotão, maior esse impacto.

O presidente Jair Bolsonaro ainda não deu sinais de que pretende interferir diretamente nas eleições municipais, mas já pululam candidatos que se dizem bolsonaristas de primeira hora. Nas eleições passadas, também não tinha candidatos, com exceção dos filhos Eduardo, em São Paulo, e Flávio, no Rio de Janeiro, e alguns poucos aliados, mas eles apareceram durante a campanha e surfaram a onda da sua eleição, nas disputas de vagas nas assembleias legislativas, na Câmara e no Senado, além de governos estaduais. O nanico PSL, por exemplo, emergiu com a segunda bancada da Câmara; novatos na política se elegeram até a governador, como Wilson Witzel, no Rio de Janeiro. As pesquisas de imagem com resultados negativos para Bolsonaro, por causa da pandemia, podem pôr em xeque essa vinculação, mas isso, ainda, é apenas uma especulação.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


Não há Palestina com Benjamin Netanyahu - O Globo

Guga Chacra


Constatação

A Palestina será o que Benjamin Netanyahu quiser. Se o primeiro-ministro de Israel quiser anexar a Cisjordânia, nenhuma pressão externa ou interna o impedirá. Se optar por não anexar, será porque calculou ser melhor esperar vislumbrando vantagens. O premier é um dos maiores vencedores da história política mundial. Conseguiu arquitetar o Oriente Médio dos seus sonhos. Não será diferente agora.

Netanyahu queria isolar o Irã. Conseguiu. 
Netanyahu queria que os EUA se retirassem do acordo nuclear firmado pelas grandes potências e o regime de Teerã. Conseguiu. 
Netanyahu queria que os EUA transferissem a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém. Conseguiu. 
Netanyahu queria que o presidente Donald Trump reconhecesse as Colinas do Golã, uma região síria ocupada por Israel, como território israelense. Conseguiu. 
Netanyahu queria se aproximar das nações árabes do Golfo Pérsico. Conseguiu.

Netanyahu conseguiu destruir sucessivamente todos os seus rivais políticos à esquerda e à direita. A lista é longa: Ehud Barak, Ehud Olmert, Tzipi Livni, Avigdor Lieberman, Yair Lapid, Naftali Bennet. O último, Benny Gantz, virou seu aliado e refém. Netanyahu está no poder há 11 anos seguidos. Conseguiu permanecer no cargo mesmo indiciado por corrupção. Sou crítico de Netanyahu. Discordo de suas posições em muitos temas de política interna israelense, assim como em política internacional. Mas, diferentemente de Donald Trump e Jair Bolsonaro, o premier israelense é genial, habilidoso e imbatível. Alguns dirão que sua performance no combate à Covid-19 foi decepcionante. Sem dúvida, os resultados ficaram aquém do esperado, longe de se compararem aos da premier da Nova Zelândia, Jacinda Ardern. Mas, ainda assim, não dá para comparar com os desempenhos catastróficos e vergonhosos dos presidentes brasileiro e americano. Além disso, o líder israelense não é negacionista e anticiência.

No caso da anexação da Cisjordânia, sabemos que na prática muda pouco. Já existe uma ocupação com a presença de mais de 100 assentamentos, onde vivem 400 mil colonos israelenses, sem falar na presença militar. Isso sem contar as outras centenas de milhares que vivem em Jerusalém Oriental, reivindicada pelos palestinos como parte de um futuro Estado. Os palestinos já enfrentam há décadas obstáculos para circular entre cidades como Nablus e Ramallah. A Autoridade Nacional Palestina não é um governo. Trata-se de uma administração burocrática, corrupta e com poderes restritos, sendo dependente de Israel e dos EUA. O grupo terrorista Hamas, por sua vez, opera pouco na Cisjordânia. Seu poder se concentra na Faixa de Gaza, onde exerce uma ditadura extremista e miliciana, ao mesmo tempo em que israelenses e egípcios mantêm um cerco ao território, onde sobrevivem 1,8 milhão de palestinos.

Civil palestino, armado com estilingue, enfrenta aviões caça da Força Aérea de Israel em um combate desproporcional

O sonho legítimo de um Estado palestino acabou, com anexação ou sem anexação. Com Joe Biden ou com Trump no poder em Washington. Com Mahmoud Abbas ou com Marwan Barghouti em Ramallah. O que interessa é Netanyahu, enquanto ele estiver no poder. E o líder israelense nunca quis o estabelecimento da Palestina. No máximo, uns bantustões em porções da Cisjordânia, sem soberania nacional e, óbvio, sem concessão de cidadania israelense aos palestinos. [Netanyahu, além de levar o exército israelense a agir de forma covarde, quando ataca civis palestinos desarmados, usa os civis palestinos como forma de se livras dos problemas internos que afetam seu governo.]

Guga Chacra, colunista - O Globo




A falta que faz uma boa direita - Carlos Alberto Sardenberg

A Procuradoria Geral da República, sob o comando de Augusto Aras, já não esconde, nem disfarça: está em campanha para liquidar a Lava Jato, o conjunto de forças-tarefas organizadas em Curitiba, São Paulo e Rio. O argumento, alinhado em documento do vice procurador Humberto Jaques de Medeiros, não chega a dizer que essas forças são ilegais, mas é isso mesmo que se quer dizer. Ou seja, que a Lava Jato se tornou uma espécie de monstro fora de controle da cúpula do Ministério Público Federal. E que não é mais eficiente.

Nenhum argumento resiste. Comecemos pela eficiência: em apenas seis anos, a operação instaurou 1,6 mil processos nas três instâncias do Judiciário, firmou 298 acordos de colaboração premiada, dois quais 183 homologados pelo Supremo Tribunal Federal. Aliás , há 71 inquéritos no STF oriundos da Lava Jato, com 126 denunciados. Esse combate à corrupção se fez com os métodos mais modernos do mundo – tanto que 12 países da América Latina montaram suas próprias operações com base em fatos apurados pela parte brasileira. Grandes empresas brasileiras, como a Odebrecht, levadas por Lula, espalharam a corrupção mundo afora. A Lava Jato foi atrás e apanhou gente mundo afora. E trouxe de volta para o Brasil bilhões de reais que haviam sido roubados do contribuinte.

Eis o ponto. A Lava Jato inovou na investigação, sempre coordenada, envolvendo Ministério Público, Polícia Federal, Receita Federal,  o Coaf (que já conseguiram abafar)  e outros órgãos. Utilizou instrumentos contemporâneos, como a delação premiada, e introduziu novas interpretações jurídicas. Tudo isso permitiu caracterizar e punir os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha entre governantes, políticos e empresários. A operação não apanhou alguns casos de corrupção. O “direito penal de Curitiba” descobriu e apanhou um monstruoso assalto ao Estado que vinha sendo praticado há muitos e muitos anos. Lembra-se do “rouba, mas faz”? O outro direito penal, o velho, o da corte brasiliense, simplesmente não viu nada disso. Onde o velho direito, chamado garantista, via “simples caixa dois”, uma simples infração eleitoral, o novo descobriu lavagem de dinheiro – movimento, aliás, que começou a mudança.

A confirmação das sentenças em todas as instâncias desmonta o argumento de que a Lava Jato opera de forma ilegal. O velho direito – aqui incluídos advogados, magistrados, políticos e empresários acostumados a viver do dinheiro públicofez o possível para absolver Lula. O máximo que conseguiu foi tirá-lo da cadeia derrubando, de forma vergonhosa, a prisão em segunda instância. Agora, o ataque à Lava Jato é mais incisivo, pois parte de um governo que alardeava ter levado a Lava Jato para Brasília, dando um superministério a Sérgio Moro, para ampliar o combate à corrupção e à velha política. Moro está fora, a velha política está de volta, o presidente, incapaz de governar, só pensa em se livrar (e os filhos) de um passado suspeito perto das milícias do Rio.

Já escrevi aqui que um dos problemas da política brasileira é a falta de uma boa direita. Quando a sociedade, de algum modo, se inclinava para uma agenda conservadora/liberal, deu Collor. Depois dos anos do PT, com um Lula moderado no primeiro mandato, antes de cair na ampliação do Estado – para dar cargo e dinheiro aos correligionários –  a sociedade de novo se inclinou para a direita. E deu o capitão do Rio das Pedras. A agenda anticorrupção já era. A agenda de Paulo Guedes está funcionando só na cabeça de Paulo Guedes. Sim, a pandemia tornou necessário o aumento brutal do gasto público aliás, feito com baixa eficiência – mas a questão é que não se vê a preparação para a volta da agenda reformista. Saímos da velha e corrupta esquerda, do capitalismo de amigos, para cair em algo que nem se pode chamar de velha direita. É uma súcia.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista 

Coluna publicada em O Globo - Economia 2 de julho de 2020

quarta-feira, 1 de julho de 2020

“Meritocracia” - Nas entrelinhas

“Bolsonaro nunca quis um educador reconhecido, mas alguém que pudesse confrontar ideologicamente a oposição nas universidades e demais órgãos da Educação”


Em absoluto descrédito, por ter fraudado o próprio currículo, o ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, entregou a carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro, antes mesmo de tomar posse oficialmente. Foi uma saída até honrosa, depois de idas e vindas do Palácio do Planalto e tentativas de justificar o injustificável por parte de Decotelli. Jair Bolsonaro havia anunciado o seu nome como uma espécie de contraponto à passagem histriônica e turbulenta de Abraham Weintraub pelo cargo. Parecia um reposicionamento estratégico na pasta, substituindo a ideologia na escolha do ministro por uma suposta meritocracia. O problema é que o currículo do ministro era fake.

Bolsonaro chegou a publicar uma carta nas redes sociais elogiando a capacidade do ministro; na noite de segunda-feira, porém, já havia se convencido de que era preciso voltar atrás. Desde a indicação de Decotelli, a cada dia surgia uma nova informação desmoralizadora, de alguma instituição acadêmica, desmentindo os títulos que constavam no seu currículo Lattes. Três desmentidos foram demolidores: a denúncia de plágio na dissertação de mestrado da Fundação Getúlio Vargas (FGV); a declaração da Universidade de Rosário desmentindo um título de doutorado na Argentina, que não teria obtido; e o pós-doutorado na Alemanha, não realizado. Trocando em miúdos, o professor não era sabichão, era apenas sabido.

É óbvio que a situação é desmoralizante também para Bolsonaro e os serviços de inteligência do governo, a Agência Brasileira de Informações (Abin), que falhou na checagem do nome, e o “serviço particular” do presidente da República, que pode até ter atuado com sinal trocado, indicando ou referendando a indicação de Decotelli. O vício de origem do problema, porém, é o conceito adotado por Bolsonaro para a Educação. Ele nunca quis um educador reconhecido no mundo acadêmico, sempre buscou alguém que pudesse confrontar ideologicamente a oposição nas universidades e demais órgãos do Ministério da Educação. A opção Decotelli, supostamente para “despolitizar” o Ministério da Educação, foi embasada por uma “visão tecnocrática” dos militares do Palácio do Planalto: já que Weintraub perdeu a batalha política na sociedade, optou-se por levar a disputa para o terreno da gestão. Deu errado.

Bolsonaro examina, agora, a possibilidade de nomear Anderson Ribeiro Correia, reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), renomada instituição militar de ensino, cargo para o qual foi escolhido em lista tríplice pelo Comando da Aeronáutica, entre 11 candidatos, após rigorosa seleção. Por três anos, o atual reitor do ITA havia exercido a Pró-Reitoria de Extensão e Cooperação. Para conquistar o posto, apresentou cinco propostas de trabalho: 
melhorar o relacionamento institucional com a FAB e com a sociedade; modernizar o ensino de engenharia; 
fortalecer a pós-graduação e a pesquisa em conjunto com a graduação; modernizar a gestão; 
e oferecer mais resultados à sociedade.

[Mais uma vezes ousamos recomendar ao presidente Bolsonaro: "Presidente, se manifeste sempre via porta-voz;
Evite apresentar declarações e entrevistas de corredor - só atrapalham.

O senhor causa tanto pavor à 'turma do mecanismo'  que se fala e está certo, é espancado na fala e o seu acerto é minimizado, escondido,  e estando errado ocorre o espancamento e a maximização na divulgação do erro.

Ibaneis, agora, que está sendo forçado pelas circunstâncias, a reconhecer que está perdido no combate à pandemia, indiretamente reconhece o acerto do presidente Bolsonaro quando declarou que a Covid-19 era uma 'gripezinha'."

Ibaneis declarou: "Vai lotar nada. Vamos tratar [a Covid-19] como uma gripe, como isso deveria ter sido tratado desde o início". Fonte: G 1.]

Ou seja, uma metodologia impessoal e meritocrática completamente diferente da adotada por Bolsonaro para formar sua equipe. Correia é graduado em engenharia civil pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mestre em engenharia de infraestrutura aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e concluiu doutorado em engenharia de transportes pela University of Calgary, no Canadá. É membro do Conselho de Administração da Organização Brasileira para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Controle do Espaço Aéreo (CTCEA); do Comitê Transportation Research Board — USA; e do Conselho Deliberativo da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes (Anpet).

Negaciosismo
Passando de pato a pandemia, o Brasil deve ultrapassar as 60 mil mortes por coronavírus hoje. Ontem, eram 58.927, de um total de 1,383 milhão de casos confirmados. De acordo com um monitoramento da universidade norte-americana Johns Hopkins, o mundo já tem mais de 19 milhões de infectados e 500 mil mortos, sendo que o Brasil é responsável por 11% das mortes ocorridas no planeta. Esse indicador está fazendo com que as autoridades sanitárias de todo o mundo voltem os olhos para o Brasil. Os brasileiros, por exemplo, já não podem mais viajar para a Europa.


A comissária de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, que, por duas vezes, presidiu o Chile, criticou o negacionismo do governo Bolsonaro e incluiu o Brasil entre os países que não lidam bem com as consequências sociais da pandemia da covid-19. “Na Belarus, Brasil, Burundi, Nicarágua, Tanzânia e nos Estados Unidos — entre outros —, estou preocupada com declarações que negam a realidade do contágio viral e pela crescente polarização em temas-chave, que pode intensificar a severidade da pandemia por torpedear esforços para conter o surto e fortalecer os sistemas de saúde”, afirmou.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


"Há provas de que podemos derrotar o vírus"

Alexandre Garcia

''A hidroxicloroquina está faltando nesta guerra. A ciência brasileira tem a fórmula da vitória sobre o vírus e seus aliados''




O governador do DF decretou estado de calamidade pública na capital do país, e criticou a conduta dos governos de São Paulo e Rio, pelas portas abertas ao exterior em fevereiro. Na sexta-feira, um grupo de médicos havia se queixado ao Ministério Público por não encontrar na rede pública a medicação para tratar nos primeiros sintomas, e evitar que a doença evolua. Por toda parte parece haver boicote politizado contra hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina. Acabo de tomar a segunda dose preventiva de ivermectina, já que moro em Brasília e sou grupo de risco, pela idade. Na live pelo meu canal de Youtube, o timaço de médicos recomenda a prevenção e o tratamento precoce, sem esperar o exame, porque o vírus é rápido.

2h25 em 45 min, por temas. Live Tratamento Precoce Salva Vidas com Alexandre Garcia
Alexandre Garcia, jornalista Dra. Nise Yamaguchi, Imunologista Dr. Antony Wong, Toxicologista Dra. cariana Petri, Otorrino Dra. Luciana Cruz, Anestesiologista Dr. Roberto Zeballos, Imunologista Dr. Cassio Prado, Prefeito de Porto Feliz e Cirurgião Dra. Alexandra Mesquita, Cardiologista

Há provas de que podemos derrotar o vírus. O governador do Pará, Hélder Barbalho, teve a sensatez de curvar-se diante dos resultados. Belém estava em colapso; as pessoas morrendo em casa, no carro indo para o hospital, diante das portas fechadas de hospitais superlotados, quando veio a intervenção salvadora de um protocolo brasileiro. Foi milagre de Belém. A curva despencou, mostrando o êxito do tratamento. Os burocratas de Genebra já devem ter recebido essas notícias. O que estava sendo devastador foi transformado pelo protocolo salvador.

O prefeito de Porto Feliz, o médico Cássio Prado, começou em fins de março e aplicou 1.500 kits em quem estava nos primeiros sintomas. Ninguém evoluiu para internação. As 4.500 pessoas que tiveram contato com os infectados, receberam ivermectina e ninguém adoeceu. Num teste, 290 moradores de um quarteirão inteiro receberam ivermectina. Os que ficam em alojamentos também. Nenhum deles foi afetado pelo coronavírus. Os quase 600 profissionais de saúde do município receberam a fórmula de profilaxia; os únicos que tiveram covid-19 foram dois médicos, que recusaram cloroquina. Até hoje houve três mortes, em casos adiantados, sem tratamento precoce.


O Brasil pode vencer a covid-19 com a ciência aprendida no chão do hospital, do ambulatório, de casa, sem laboratórios de primeiro mundo, sem publicações em revistas especializadas, sem esperar que uma vacina chegue. A vida exige urgência. A medicação é barata, testada e segura. É criminoso assustar as pessoas para que não se tratem. A hidroxicloroquina está faltando nesta guerra. Com a prevenção, como em Porto Feliz, não haveria covidões de milhões de reais em contratos sem licitação. A ciência brasileira tem a fórmula da vitória sobre o vírus e seus aliados
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Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense