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quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

PODER E AUTORIDADE, SEGUNDO JESUS CRISTO - Percival Puggina

Quem for eleito presidente da República indicará em 2023 dois novos ministros ao STF em substituição a Ricardo Lewandowski e a Rosa Weber.  
Não quero nem pensar no que faria Lula se a caneta das indicações lhe retornasse às mãos
O Supremo que emergiu da década petista é esse de que padecemos. Em 2018, o candidato da maioria de seus membros perdeu as eleições. Inconformado, tornou-se, o STF, um dos muitos centros de poder nacional cujos membros combatem ferozmente os objetos de seus próprios preconceitos e malquerenças.
 
Podemos divergir sobre o quanto isso afetou a vida institucional do país. Mas é inegável que o Supremo atraiu muito desagrado ao destruir a Lava Jato e, com ela, as esperanças de um Brasil passado a limpo
A contribuição do STF ao combate à criminalidade e à impunidade corresponde a algum algarismo bem menor do que zero, no que empata com o Congresso Nacional.

Parece oportuníssimo reproduzir aqui palavras de Jesus Cristo em Mateus 20:25-28. Não o faço por ser católico, mas por quanto há de sabedoria nestas poucas e raras palavras de Jesus objetivamente “políticas”.

"Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande seja o vosso servo; e quem no meio de vós quiser ser o primeiro seja vosso servo. Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir."

O princípio aqui enunciado proporciona a quem esteja investido de poder muito daquilo que os romanos chamavam “Auctoritas” e descrevia aquela ascendência inerente a certos indivíduos como efeito natural do bom exemplo, da sabedoria, da experiência e das virtudes.

De nada vale os senhores ministros reclamarem para si, em decorrência do poder a eles atribuído, o reconhecimento e a consideração que, na vida real, advêm da Auctoritas. Esta, por muitas razões, é mercadoria em falta, um passo fora dos salões onde, por dever de ofício, entram os rapapés e as cortesanias de praxe. Quanto tais louvações realmente valem daquilo que pesam nas falas à Corte?

Em excelente artigo de 2010, o padre e mestre português Dr. Anselmo Borges inflama-se ao referir aqueles que, no exercício de seu poder institucional, não cuidam de preservar a auctoritas
Fala sobre os maus pais e pergunta: o que acontece quando lhes faltam as condições morais necessárias para exercer e fazer crescer a dignidade dos filhos? 
Fala sobre os maus professores, observando que “quando os estudantes descobrem que um professor é incompetente, é melhor pôr-se a salvo”. 
Por fim, menciona aquelas personagens do mundo político a quem, por falta de qualificação intelectual, técnica ou moral, “à função de deputados ou ministros só resta o nome”.

  1. https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/anselmo-borges/potestas-e-auctoritas--1476678.html

A perda de referências dá causa a um desastre social no Brasil. Só não vê quem disso se beneficia.

 

terça-feira, 30 de novembro de 2021

A farsa das instituições - Revista Oeste

J. R. Guzzo

O que poderia estar mais longe das necessidades reais de alguém do que um aglomerado como o Senado Federal, por exemplo?  

As instituições brasileiras, essa nebulosa de altas entidades que mandam no Brasil e são consideradas tão essenciais para a sobrevivência dos brasileiros quanto o oxigênio e a água encanada, são um veneno. Não há nada, hoje em dia, que faça tão mal ao país quanto a soma de Congresso, STF, Judiciário em geral, Ministério Público, alta burocracia e, acima de tudo, a ordem constitucional em vigor. Não se trata de um mal que pertence ao mundo das ideias. Trata-se de forças presentes no mundo das coisas, e que operam de maneira francamente destrutiva contra o progresso, a distribuição de oportunidades e as formas mais elementares de justiça na sociedade brasileira
Sua conduta provoca prejuízo concreto, material e permanente para todos os cidadãos que não têm nenhum tipo de função pública — e naturalmente, como sempre ocorre quando uma conta tem de ser paga por todos os que estão sentados à mesa, o peso maior cai em cima dos que têm menos. As instituições são um desastre conceitual da classe média para cima. Dali para baixo elas são um câncer.
 
O mal causado pela operação desastrosa das instituições parece uma coisa distante o que poderia estar mais longe das necessidades reais de alguém do que um aglomerado como o Senado Federal, por exemplo? 
Fica em Brasília. Lida com assuntos incompreensíveis para o cidadão comum. 
É ocupado por 81 desconhecidos da população; foram eleitos, por força do voto obrigatório, mas há anos os eleitores já esqueceram os seus nomes. Pouca gente seria capaz de dizer quais as suas funções. Não há notícia de que tenha produzido, nunca, alguma coisa de útil
Mas são ectoplasmas como os senadores da República, justamente, que levam as instituições brasileiras a serem a palhaçada perversa que são. Junto com muitos outros, eles forçam a máquina do Estado a funcionar decisivamente contra o interesse público — e é aí que operam como inimigos diretos da população. Não ajudam em nada. Prejudicam em tudo.

Um Supremo com dez talvez dê menos prejuízo que um Supremo com onze

O Senado, obviamente, não é o único nem o principal fator de degeneração progressiva das instituições. Apenas, neste preciso momento, é o que mais tem chamado atenção sobre sua própria ruindade. O que estão fazendo ali é simplesmente um escândalo
O presidente da Comissão de Justiça do Senado, que tem a seu cargo examinar as nomeações para uma série de cargos públicos de primeira grandeza, decidiu não colocar em apreciação o nome indicado para a vaga existente no STF. Por quê? Porque ele não quis e pronto. 
Não deu nenhum motivo decente para a sua recusa, que vem de ódios em via de processamento e interesses materiais contrariados; apenas proibiu que o nome apresentado pelo presidente da República fosse apreciado pelos demais senadores. Agora, pelo que foi noticiado, desistiu desse desvario e se prepara, afinal, para fazer o que já deveria ter feito desde o começo. Mas durante quatro meses impôs impunemente a sua vontade pessoal ao Estado brasileiro, com a plena cumplicidade do presidente do Senado e em meio à apatia dos demais. Por conta disso, ficou parada uma porção de outras nomeações e atos administrativos; a máquina oficial, que já anda a passo de lesma, passou a se mexer mais devagar ainda.
Na prática, levando-se em conta a situação miserável que existe no topo do aparelho estatal, essa aberração poderia até estar tendo as suas vantagens. Um Supremo com dez talvez dê menos prejuízo que um Supremo com onze; é como time de futebol que tem jogador expulso e continua jogando tão mal quanto jogava com a equipe completa — mas não piora, o que já é alguma coisa. 
O mesmo se pode dizer dos outros cargos em aberto. Se não há ninguém numa cadeira qualquer, é menos um para fazer coisa ruim. Mas a malignidade desse episódio está na comprovação, à vista de todos, de que uma nulidade em estado integral, como é o caso do senador em questão, pode travar o funcionamento normal das preciosas instituições que estão aí. Para que serve este monumento todo à democracia, se qualquer zé-mané com carteirinha de alguma coisa pode parar a procissão na hora que bem entende? Basta o sujeito ter caído dentro desta ou daquela parte da engrenagem-matriz da máquina pública e pronto — o motor para de funcionar. O problema não é o efeito. É o tamanho do abuso.

Para piorar as coisas, o culpado pela desordem é um senador que vem de Roraima, um Estado que, com 650 mil habitantes, tem dentro do Senado exatamente o mesmo peso que São Paulo, com 46 milhões; democracia brasileira é isso. A insignificância do personagem apenas torna a situação toda ainda mais absurda. Não apenas um indivíduo sozinho, por decisão pessoal, pode colocar os demais oitenta senadores de joelhos e sabotar o funcionamento do Estado. Esse indivíduo, justo ele, é o retrato acabado do político de opereta — um tipo que bem poderia servir de inspiração para um daqueles quadros de Chico Anísio sobre a vida pública brasileira. Não faz nenhum nexo que exerça qualquer função que tenha um mínimo de relevância para o interesse comum. Pessoalmente é um zero — mas, pela ordem constitucional vigente, um personagem minúsculo como ele está autorizado a provocar um desastre de mil.

Instituições que funcionam desse jeito tornam inevitáveis as desgraças centrais do Brasil de hoje

Essa calamidade, como em geral acontece, não veio sem os seus enfeites. Numa particularidade que deixa a situação ainda mais parecida com o Brasil institucional dos nossos tempos, o tal senador está envolvido até o talo num grosseiro episódio de “rachadinha” seis funcionárias da sua equipe, paga integralmente com dinheiro dos impostos, receberam durante cinco anos salários por volta dos R$ 14.000 por mês, mas só viam uns 10% disso. O esquema rendeu 2 milhões. O presidente da “Comissão de Justiça” nem se deu ao trabalho de desmentir. Disse que a história era com o seu “chefe de gabinete” — e voltou a bloquear a nomeação para o STF. Como tem status de antibolsonarista e, por consequência, virou figura-chave para a democracia, desfruta de imunidades completas por parte da mídia; pode matar a mãe, e não vai sair quase nada no jornal. O assunto apareceu, sumiu e todo mundo engoliu a explicação do “chefe de gabinete”. Um dia desses, pelo andar do cortejo, o homem ainda vai acabar sendo aplaudido de pé. “Rachadinha” e instituições — tudo a ver.

Instituições que funcionam desse jeito tornam inevitáveis as desgraças centrais do Brasil de hoje — desvio em massa dos recursos públicos para interesses privados, concentração de renda, um país governado o tempo todo para os sócios, amigos e donos do Estado, falta de oportunidades, desigualdade, subdesenvolvimento direto na veia, injustiça, prêmio a quem está nos galhos mais altos da árvore estatal, punição permanente para o trabalho. A calamidade do Senado é o retrato de uma sociedade inviável.

Leia também “Quem governa esta droga?”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 25 de novembro de 2021

A prévia patética do PSDB - Foi humilhante - J. R Guzzo

O Estado de S. Paulo

Partido gastou um dinheirão dos fundos partidário e eleitoral [dinheiro público, seu, meu, nosso.] e não conseguiu montar uma eleição com 40 mil votantes. 

De todas as aberrações que falsificam a democracia brasileira, e transformam numa piada as grandiosas “instituições” formalmente previstas na Constituição, poucas se comparam aos partidos políticos. São 34 – ou seja, não são nada, porque não pode existir nem sinal de política séria com tanto partido assim. Multiplicam-se como ratos não por alguma questão de “diversidade”, mas porque recebem dinheiro vivo do pagador de impostos, através dos “fundos” partidário e eleitoral: R$ 1 bilhão esse ano, mais quase R$ 6 bilhões em 2022, por conta da eleição. (É uma PG: nos últimos 20 anos, essa fortuna dada de presente aos partidos aumentou em 1.000% –  isso mesmo: 1.000%). Anos atrás a ex-deputada Heloisa Helena chamou os partidos brasileiros de “gangues partidárias”. Não eram partidos políticos; eram quadrilhas. De lá para cá não surgiu definição melhor.)

Todo brasileiro capaz de ter alguma preocupação com política poderia fazer nesse momento a seguinte pergunta: como o PSDB quer governar o Brasil e seus 200 milhões de habitantes se não consegue organizar uma miserável prévia com menos de 50 mil votantes para escolher o seu candidato a presidente da República?

Passaram meses a fio tentando fazer essa prévia. Gastaram uma fortuna no sistema digital de votação – aliás, dinheiro saído diretamente do seu bolso, através das facilidades do “fundo eleitoral”, que pagou também pela formidável frota de jatinhos espalhada pelo aeroporto de Brasília durante as horas do evento. Levaram o dia inteiro tentando votar. No fim tudo o que conseguiram foi um grande zero: tiveram de desistir e suspender a prévia.

Não conseguiram fazer nem isso? Nem isso. As pessoas, simplesmente, não conseguiam votar; deu pau no aplicativo e ninguém soube consertar. Fim de conversa e da prévia. Com a recusa em encarar a realidade que vem mostrando há anos, os dirigentes do PSDB disseram que houve um “impasse”; os mais hipócritas disseram que foi uma “pausa”. O que houve, na verdade, foi uma calamidade – e uma humilhação em estado integral para o partido, a sua direção e os seus integrantes.

A prévia do PSDB não foi a pique por nenhuma alta razão de Estado. Foi a pique pela absoluta falta de capacidade da direção em cumprir o mínimo de seu dever técnico, político e moral. De duas uma: os votantes não conseguiram votar porque houve fraude ou, então, incompetência em estado extremo. Não há uma terceira hipótese.

A eleição do PSDB para escolher o seu candidato à Presidência já era uma piada: o partido tem 1,3 milhão de inscritos, e menos de 5% se interessaram em votar pela prévia. Mas não se conseguiu nem isso. Com o fiasco grosseiro do sistema digital, só conseguiram dobrar a aposta e o prejuízo.

O PSDB, que já foi um partido sério e chegou a comandar o Brasil por oito anos, é hoje uma ruína. Perdeu cinco eleições presidenciais seguidas 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018, quando conseguiu ficar com 4% dos votos. Vive no terror perpétuo de desagradar ao ex-presidente Lula e parecer “de direita”. O desastre da prévia, agora, mostra que o partido continua construindo, com o máximo de empenho, sua biografia de perdedor.

J. R. Guzzo, colunista  - O Estado de S. Paulo


quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Postulantes da 3ª via vão disputar quem ficará com o bronze

Alexandre Garcia

"Com 12 postulantes, a divisão torna a terceira via uma opção pulverizada, sem chance de ir para o segundo turno. Podem até tirar votos dos dois prováveis líderes, mas vão disputar entre si quem ficará com o bronze"  

Fiz a soma dos nomes que se oferecem ou são cogitados para a terceira via. São, no mínimo, 12. Uma dúzia de pretendentes querendo ser a opção para a dupla Bolsonaro e PT. Uso PT e não Lula, porque se sente que Lula ainda está assuntando. Conhecedor de eleições, Lula aprendeu a não confiar em pesquisas e deve estar atento à movimentação de Bolsonaro no Nordeste, sempre recebido com euforia pelo povo – isso sem falar nas ruas do 7 de Setembro. Imagino o trabalhão que Lula está tendo para decidir se indica alguém ou se vai encerrar sua biografia com mais uma eleição.
[não existe, nem existirá, dois líderes; BOLSONARO é o único líder = primeiro colocado
um dos outros, são doze os postulantes, ficará com o segundo lugar = o primeiro entre os últimos. O condenado petista não existe politicamente e sequer será candidato.
Tudo vai resultar em BOLSONARO = 1ª VIA e 1º LUGAR e o resto = 2ª via.]

Correndo por fora da polaridade eleitoral, numa raia que passaram a chamar de terceira via, gente com experiência em eleição, gente teimosa,ingênuos, há sonhadores, vaidosos, calculistas e até imediatistas, que se empolgam com a aparição súbita de seus nomes. Relacionei uma dúzia, mas pode até ser mais do que isso. Ciro, Moro, Datena, Mandetta, Doria, Rodrigo Pacheco, Eduardo Leite, Simone Tebet, Alessandro Vieira, Luiza Trajano, Gen Santos Cruz, Luiz Felipe D'Ávila. O problema é que se você for até a esquina e perguntar sobre esses nomes, a maioria será desconhecida do eleitor.[o problema é que somando os doze citados, o resultado será multiplicado por 0 = ZERO = NADA.]

Antes da última eleição presidencial, não vi, nesses anos tucanos e petistas, grandes reclamações de ideologia única -- estivemos sob governos de mais à esquerda ou menos à esquerda, sem queixas de pensamento único, orientação única. Pluralidade ideológica era só uma teoria quando se saudava a democracia de ideia única. Foi aparecer um candidato que acordou a maioria silenciosa que se tornou barulhenta das redes sociais, e com pouca voz na mídia em geral e se levantou a grita contra a polarização. A terceira via se apresenta como solução contra a polarização, como se na maior democracia do mundo, polarizada entre republicanos e democratas, isso fosse nocivo para o país que se tornou a maior potência do mundo elegendo seus presidentes sempre entre os mesmos dois partidos.

Há empenho de alguns órgãos da mídia e de entidades empresariais, em escolher seu preferido e apresentá-lo como a solução para um impasse entre Bolsonaro e o PT. Não sei se por ingenuidade, estão praticando o divide et impera, usado pelo imperador romano Cesar Augusto. Com 12 postulantes, a divisão torna a terceira via uma opção pulverizada, sem chance de ir para o segundo turno. Podem até tirar votos dos dois prováveis líderes, mas vão disputar entre si quem ficará com o bronze.

Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense


sábado, 21 de agosto de 2021

Ex-ministros da Justiça pedem rejeição da 'aventura' de Bolsonaro contra STF

[EX] Ministros da Justiça dos governos de FHC, Lula, Dilma Rousseff e Michel temer enviaram documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco [o prefixo EX é o suficiente para o manifesto ter valor = 3 x ZERO. Alguns dos signatários conseguem conviver com o esquecimento que os vitima; os outros fracassam na inevitável convivência, tentam  atrair holofotes - mais um fracasso - transformam o esquecimento em ostracismo.
Dificilmente, o presidente do Senado dará seguimento ao pedido - não encaminhar é direito que possui e, nas entrelinhas, deixou claro que o exercerá.
O efeito do manifesto dos EX é ZERO se somando a NADA.
Alguma demora haverá, mais por questão da necessária fundamentação de sua decisão.
A matéria não é complexa.O presidente Bolsonaro ao pedir o impeachment do ministro exerceu um direito de cidadão; o presidente do Senado, ao decidir pelo arquivamento, está exercendo um direito, uma competência que possui.]
Dez ex-ministros da Justiça dos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula (PT), Dilma Roussef (PT) e Michel Temer (MDB) enviaram um manifesto ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), defendendo que ele rejeite o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
 
Eles afirmam que não há sinal de crime de responsabilidade que justifique a abertura de um processo para destituição de Moraes do cargo e apontam a inépcia da ação de Bolsonaro. "Eventual seguimento do processo surtirá efeitos nocivos à estabilidade democrática, de vez que indicará a prevalência de retaliação a membro de nossa Corte Suprema gerando imensa insegurança no espírito de nossa sociedade e negativa repercussão internacional da imagem do Brasil", diz um trecho do documento.
 
Os ex-ministros classificam o pedido de impeachment como mero capricho do presidente e alertam para o risco de o Senado Federal se transformar em um instrumento de perseguição pessoal de Bolsonaro caso aceite o pedido. "Em face da evidente atipicidade da conduta e da tentativa de se instrumentalizar esta Casa do Legislativo, para tumultuar o regime democrático, é imperioso dar de plano fim a esta aventura jurídico-política", seguem os ex-ministros.
 
Assinam o texto Miguel Reale Jr., José Gregori, Aloysio Nunes, Celso Amorim, Jacques Wagner, José Eduardo Martins Cardoso, José Carlos Dias, Tarso Genro, Eugenio Aragão e Raul Jungmann.
 
 Política - Correio Braziliense

sábado, 13 de março de 2021

PSOL discute abdicar de candidatura própria e apoiar Lula em 2022

Desde de sua fundação, o PSOL lançou quatro candidatos à Presidência da República: Heloisa Helena em 2006, Plínio de Arruda Sampaio em 2010, Luciana Genro em 2014 e Guilherme Boulos em 2018, que teve o pior desempenho, com pouco mais de 600 mil votos. [os três primeiros, desapareceram e o Boulos, tentou ser prefeito paulistano e perdeu.Tentou também ser síndico de um condomínio que invadiu, e perdeu.]

Fundado em 2004 a partir de uma dissidência do PT, o PSOL, pela primeira vez, discute internamente a possibilidade de abrir mão de lançar uma candidatura própria ao Palácio do Planalto em 2022 para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve seus direitos políticos e elegibilidade restabelecidos após o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anular as condenações do petista na Lava Jato.
 
[a notícia, pelo seu conteúdo e pelo absurdo da manchete, está entre as que sequer merecem ser lida.
Mas, decidimos transcrevê-la - é uma prova do quanto sem noção é o tal do Psol. Um apoio tipo o do perda total e do condenado petista, dependendo de outros apoios (o apoio isolado do perda total e nada são a mesma coisa) pode até ser considerado.
Mas esse partido discute abdicar de sua candidatura para apoiar o petista - caso esses consiga ser candidato - não muda uma vírgula, no primeiro e segundo turno, continua:  apoio do Psol = 0 = ZERO.]

O apoio ao petista ainda sofre resistências, especialmente dos líderes da legenda que foram expulsos do PT, mas o debate ganha volume nas instâncias internas. O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, é cauteloso ao tratar do tema. “A presença do Lula no debate público reforça a luta da oposição contra o Bolsonaro, mas defendemos que essa discussão (sobre definição de candidaturas) seja travada no momento certo. Queremos criar um espaço formal para discutir a unidade com os partidos”, disse Medeiros ao Estadão.

Em caráter reservado, porém, lideranças do PSOL admitem que o partido nunca esteve tão perto de apoiar um nome do PT numa disputa presidencial – caso Lula concorra mesmo –, apesar da resistência da ala mais “radical” da sigla.

MSN - Notícias


domingo, 24 de janeiro de 2021

Impeachment de Bolsonaro? Temores e dúvidas sobre permanência do presidente - Folha de S. Paulo

Jânio de Freitas

Impeachment de Bolsonaro ganhou mais exposição agora do que em dois anos

O impeachment não apenas como solução, mas sobretudo como necessidade, avançou mais e ganhou mais exposição nos últimos dias do que nos dois anos de Bolsonaro até a tragédia pandêmica em Manaus. Temores e dúvidas esvaneceram em grande escala, pulverizados pela visão imaginada das mortes por asfixia à falta de oxigênio hospitalar, causada por incúria e suspeita indiferença do governo Bolsonaro. E, por horror ou por cautelas tardias, nem foram ainda relatadas, como devido, essas mortes em hospitais, casas, em fila para socorro.
[Que DEUS dê vida longa aos meus inimigos, para que eles assistam de pé a minha vitória! 
Frase, cuja autoria desconhecemos, caso não conste das anotações do capitão, deve ser memorizada e dita ao amanhecer e anoitecer da cada dia.
Esperando um terceiro turno que não ocorreu,um impeachment que não ocorrerá, resta aos inimigos do presidente Bolsonaro, aguardar que conclua seu segundo mandato e, caso não se candidate a um terceiro, saia da política.] 

Bolsonaro combate o avanço do impeachment, de início, com gigantesca atividade de corrupção política. É o velho compra-e-vende de deputados, agora para eleger o futuro presidente da Câmara, em fevereiro. Nessa operação encontram-se, ao lado de velhos embolsadores antes desprezados pelos militares, generais como Luiz Eduardo Ramos, na função de coordenador político e intermediário com os congressistas. Eleger um tipo como Arthur Lira é, para Bolsonaro, a melhor garantia de bloqueio ao impeachment na Câmara, o primeiro estágio. É a permanência comprada com dinheiro público de cargos ou verbas. Além da sempre patriótica caixinha empresarial.

Há, no entanto, destituições que só a custo muito alto, em variados males e mais ainda em vidas, poderiam aguardar o possível impeachment. Um desses é gritante. Seja qual for ainda a permanência do general Eduardo Pazuello como ministro da Saúde, por isso haverá muito mais vidas brasileiras em risco. Senão perdidas. A responsabilidade desse general pela tragédia em Manaus é inequívoca. Seu reconhecimento de que foi prevenido do então próximo esgotamento do oxigênio diz muito, mas não tudo. Além de advertências sobre o problema durante sua estada na cidade, dias antes do colapso hospitalar, a Força Nacional do SUS convocada pelo próprio general informou-o até da data de eclosão da tragédia — o oxigênio a zero.

Levantamento do repórter Vinicius Sassine, na Folha, [temos dificuldades de entender as razões de 'esquecerem' o governador do Amazonas! qual será o motivo???] permite constatar que relatórios e pedidos de providências, quase diários, informaram Pazuello desde ao menos uma semana antes do colapso total.

A fornecedora, White Martins, fez também sua advertência: a necessidade crescia além da capacidade de fornecimento imediato. Apesar disso, o secretário de Atenção Especializada em Saúde (!) do ministério, Luiz Otavio Franco Duarte, claro que um coronel, quis culpar e autuar a fornecedora. Era como se Pazuello e Bolsonaro [e o GOVERNADOR] de nada soubessem. Nenhuma providência em tempo de evitar as mortes terríveis e o desespero inapagável dos médicos, enfermeiros, atendentes.

Os casos de Covid-19 continuam crescentes no Amazonas, agora também no interior, onde não há sequer um leito de UTI. Pior, está previsto o agravamento da crise já nas próximas semanas e ao longo de fevereiro. Mas a precaução adotada por Pazuello é a nomeação de novo superintendente das ações do Ministério da Saúde no estado, Ricardo Loureiro. Coronel, naturalmente. Da infantaria, [a Rainha das Armas.]ordinário marche.

Não é menos comprometedor de Bolsonaro e do general Pazuello a recomendação, no site do ministério, de tratamento da Covid-19 com cloroquina. E seu uso em “tratamento precoce”, portanto, em “tratamento” do que ainda não é doença. Retirar o aplicativo no mesmo dia em que foi notícia de jornais é, claro, o reconhecimento da impropriedade do tratamento recomendado. Os efeitos dessa vigarice criminosa, porém, circulam por aí na companhia dos vírus inatacados. A saída do general Eduardo Pazuello é uma necessidade da vida. E é muito pouco pelo que ele deve em vidas.

A permanência de Pazuello será um desafio a mais de Bolsonaro ao Estado de Direito, às representações institucionais da Constituição e ao que reste de dignidade no país. Mas será também útil contribuição à onda que se forma. A poderosa entrevista do ex-ministro Carlos Ayres Britto à Folha, sendo ele uma das perdas do Supremo muito lastimadas, continua revertendo reservas ao impeachment e liberando vozes e escritos. É o lado ainda vivo do país, nestes tempos de duas epidemias letais.

Janio de Freitas, colunista - Folha de S. Paulo


quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Sem vacina e sem auxílio - Carlos Alberto Sardenberg

Campanhas de vacinação são nacionais, mas vá dizer isso aos moradores de São Paulo

O país se aproxima de um momento delicado e com expectativas contraditórias. De um lado, a pandemia está em clara aceleração, e isso pode piorar com as aglomerações de Natal e fim de ano. De outro, há a esperança da vacina, a solução universal. Essa situação se repete em diversos outros países, especialmente na Europa e nos Estados Unidos. E dificulta a tomada de decisões políticas e econômicas.

A segunda onda exige medidas restritivas — isolamento social — que alguns governos estão aplicando. Essas medidas, porém, são politicamente delicadas, neste momento que deveria ser de confraternização, e atrasam a recuperação econômica. Por isso, bancos centrais pelo mundo afora e instituições como o FMI alertam os governos: que tenham cuidado na retirada dos estímulos monetários e fiscais. Tradução: que mantenham os juros a zero e, na medida do possível, mantenham os pacotes de apoio às empresas e pessoas, isso incluindo gastos públicos.

A ideia é manter a sociedade organizada e funcionando enquanto se aplica a vacinação. Faz sentido, não é mesmo?
Como isso está no Brasil?
O Banco Central está fazendo sua parte: juros no chão, zero. Já o governo federal não é confiável. No nosso caso, o principal estímulo é o auxílio emergencial, que tem data marcada para terminar, no final deste mês. É óbvio que, em janeiro, nem a pandemia estará controlada, nem a economia estará funcionando bem. Nem em janeiro, nem nos meses seguintes.
 
E também, pelo jeito, não teremos tão já a vacinação em massa 
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que é mais barato e mais eficiente investir na vacina do que no auxílio emergencial.
 
Verdade.
Ocorre que só o governador João Dória investiu efetivamente na vacina. [até o presente momento a única coisa que o caixeiro viajante da Sinovac tem feito de concreto - falatório não adianta, não vacina e tentam vender sonhos e mentiras - é dizer que começa a vacina em tal data, que vai vacinar quem estiver no Estado, etc e tal. E o tempo sendo o senhor da razão, bem diz o ex-presidente Collor, ignora as promessas, os adiamentos do governador paulista e até este momento nada de coronavac - nem um frasquinho para mostrar em zoom na TV. 
O 'bolsodoria' - eleito governador devido o apoio recebido do presidente Bolsonaro - NADA FEZ efetivamente. O que fez foi agir como garoto propaganda da coronavac - sem grande êxito já que fazer marketing de um produto cuja qualidade mais constante é a inconstância em definir uma data em que solicitará seu registro e que em todo o mundo  é apoiado apenas na China e no gabinete de Doria. ] Outros governos pelo mundo afora se movimentam há meses para pegar um bom lugar na fila das vacinas. O presidente Bolsonaro não apenas despreza a vacina — ao dizer que não vai tomá-la. Seu ministro da Saúde simplesmente não sabe o que está fazendo. Ora uma vacina não serve, ora serve, não vai comprar a vacina do Doria, depois ameaça confiscar.

Isso nos deixa num dilema. Se sua eficácia for aprovada, a CoronaVac pode ser aplicada numa parte pequena da população. Doria diz que vai começar a aplicação por São Paulo e distribuir doses (que sobrarem) para outros estados e prefeituras. O ministro da Saúde diz que só o SUS pode vacinar — mas o SUS não tem as vacinas. [a competência legal para vacinar é do Programa Nacional de Imunização, federal e que antecede aos SUS.]

É verdade que campanhas de vacinação são nacionais, mas vá dizer isso aos moradores de São Paulo. Se o governo paulista e seu renomado Instituto Butantan alcançarem a vacina, registrada e aprovada, quem convencerá a sociedade paulista de que deve entregar tudo a um governo federal sabidamente ineficiente? [não cabe convencer a ninguém sobre a necessidade de cumprir e fazer cumprir a lei.] Por isso, a Anvisa, controlada por Bolsonaro, pode tentar atrasar a liberação da CoronaVac, o que será um escândalo mundial. As pessoas morrendo aos milhares, e a agência segura a vacina? [o ministro Gilmar Mendes tentou acusar o Exército Brasileiro de estar promovendo um genocídio. Recuou, pelo simples fato de que faltavam os mortos para comprovar o genocídio.

Sustentar o escândalo mundial não vai ser possível - faltarão  os milhares de mortos para serem apresentados.]

Ou seja, o Supremo Tribunal Federal que se prepare, Suas Excelências fariam bem se cancelassem férias. De outro lado, com as contas públicas destruídas e com a necessidade de começar a colocá-las em ordem, o problema que se apresenta, lembrando o comentário do presidente do BC, é dramático: não temos vacina em escala nacional, nem o governo tem o dinheiro para manter o auxílio emergencial. Claro que a culpa não é só de Bolsonaro. O estrago nas contas públicas foi cuidadosamente aplicado pelos governos do PT, especialmente o Lula 2 e Dilma 1 e 2.

Mas também está evidente que o governo Bolsonaro foi desastroso na questão da pandemia, pouco produtivo na política econômica e simplesmente trapaceiro ao demitir Moro e abandonar o programa de campanha de combate à corrupção e à velha política. Não apenas abandonou, como se juntou à turma da corrupção. E, mais ainda, promoveu o aparelhamento do Estado para proteger os malfeitos de sua família.A realidade social e política sempre se impõe. Ou seja, o governo federal vai correr atrás da vacina, vai acabar vacinando, mas no fim da fila mundial. Ou seja, a sociedade, as instituições têm que colocar mais pressão, pois a situação já seria difícil de ser conduzida por boas lideranças.[guerra civil? é a proposta?]  Com a turma de Bolsonaro, então....
 
 
Matéria publicada em o Globo Opinião, de 17 dezembro 2020 

Clique e leia  Bala no coronavírus Também do jornalista Carlos Alberto Sardenberg
 

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

O desmanche do PT - J.R. Guzzo

Desmanche do PT coincidiu com o desmanche do próprio Lula, condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato.

Pouco se ouviu falar do ex-presidente Lula depois de encerrado o primeiro turno das eleições municipais. Para dizer a verdade, também não tinha se ouvido muita coisa antes, durante a campanha. Não combina, nem um pouco, com o protocolo geral da ciência política brasileira dos últimos 40 anos, ou quase isso. Afinal, não se faz política neste país sem que Lula seja levado em consideração, como a peça-chave do jogo, em qualquer momento, situação ou perspectiva eleitoral.

Talvez o mais correto, hoje, seja mudar o tempo do verbo: não se fazia política sem Lula. Pelo jeito, como parecem indicar essas eleições, já estão começando a discutir a política do presente — e principalmente do futuro — sem que seja invocado o nome do ex-presidente do Brasil por dois mandatos e o grande chefe, sem a mínima contestação, daquele que foi um dos maiores partidos do país. Entre um momento e outro o seu PT foi entrando em colapso progressivo e a peça-chave deixou de ser chave.

O desmanche do PT coincidiu com o desmanche do próprio Lula – ou, mais exatamente, foi provocado pela fogueira que consumiu o ex-presidente com a sua condenação pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, e os 18 meses de cadeia que teve de puxar na Polícia Federal de Curitiba.

Um ano atrás, exatamente, Lula foi solto, mas politicamente foi como se continuasse tão anulado quanto estava durante o tempo em que ficou preso. O terremoto que iria abalar o Brasil com a sua prisão simplesmente não aconteceu; o máximo que se conseguiu foi juntar uma dúzia de “militantes” em torno da sede da PF para gritar “bom dia, presidente Lula” e outras ilusões do mesmo tipo.

De lá para cá, piorou. Lula já se colocou “à disposição” para, segundo sua análise da situação, “salvar o país do fascismo”, ou algo assim. Ninguém ligou. Recebeu votos de admiração de Luciano Huck, João Doria e banqueiros de investimento que se descobriram como “homens de esquerda” , mas isso não resolve a vida de ninguém. Enfim, nessas últimas eleições municipais, bateu no seu fundo do poço pós-Lava Jato.

O candidato do Partido dos Trabalhadores na cidade que tem o maior número de trabalhadores do país – São Paulo ficou em sexto lugar, junto com os concorrentes nanicos, no pior desempenho da sua história na capital. No restante do país, foi o mesmo cataclismo. Dos 630 prefeitos que o PT tinha em 2012, no auge de Lula, ficaram 179.

Poderá eleger mais um ou outro no segundo turno, mas isso não vai mudar absolutamente nada. O partido, que já ocupou as prefeituras de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, corre o risco de não eleger o prefeito de nenhuma das 27 capitais de estado. Aliás, só concorre em duas neste segundo turno — Recife e Vitória. Se perder, fica no zero.

Há um discreto silêncio em relação ao tema. Do mesmo jeito como não se fala alto em velório, parece falta de educação citar a calamitosa performance do PT e do seu comandante nas eleições municipais. Estão colhendo, como estabelecem as leis da natureza, exatamente aquilo que plantaram. O partido nunca se formou como um verdadeiro partido, embora tivesse todos os adereços das grandes organizações políticas.

Durante o tempo todo, faltou o essencial: a defesa de um conjunto de ideias, e não de um indivíduo — e a consequente capacidade de sobreviver à pessoa de seu líder. Sem Lula, o PT não é nada. Como não houve Lula nas eleições, não houve PT nos resultados.

J.R. Guzzo, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes

 

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Pandemia: até quando o povo e a economia aguentam?

 Vilma Gryzinski

Na primeira onda, havia um clima de medo diante do desconhecido; agora, mesmo entre os resignados, imperam a descrença e até o repúdio

E se as vacinas tiverem efeitos limitados? 
E se os mais prejudicados em seu ganha-pão não aceitarem resignadamente o que os novos confinamentos prenunciam? 
E se as economias nacionais não suportarem continuar a manter trabalhadores que não trabalham e empresas que não empreendem?

A semana nem chegou ao meio e a sucessão de más notícias na Europa já derrubou as bolsas, os ânimos e os planos de recuperação dos que escaparam dos estragos da primeira onda da pandemia. Os governantes que juraram nunca, jamais decretar de novo um confinamento tiveram que voltar atrás depois que o número de mortos, reduzidos a quase zero, voltou a entrar na casa das centenas por dia.

Como num jogo de dominó, foram tombando Espanha, França, Itália, Inglaterra, Alemanha. Todos tentando preservar as escolas, cujo fechamento se mostrou tão deletério para as crianças, ou dar alguma esperança de sobrevivência a setores tão devastados como o de bares e restaurantes. Deixá-los funcionar apenas até as 18 horas, como na Itália, não acalmou protestos de garçons, taxistas e oportunistas em geral. 

No mesmo país que, com todo seu poder de dramaticidade, a união nacional diante da peste foi orgulhosamente proclamada das sacadas em que se cantava ópera, o clima está mais para desunião. “Liberdade, liberdade, liberdade”, entoavam manifestantes em Milão, Turim e Nápoles, como na época do Ressurgimento, o movimento do século 19 que levou à unificação da Itália dividida. Também houve protestos na Espanha e na Alemanha, nessa de trabalhadores da “veranstaultungsbranche”, a indústria de eventos, uma das mais atingidas. 

A passividade temerosa dos primeiros meses da pandemia está menos unânime nessa nova fase de proibições. No início da crise, a oposição ao fechamento total partiu principalmente da direita libertária, afetada em seus fundamentos pela intervenção em massa nas atividades privadas. Agora, são as camadas mais prejudicadas pela paralisação que se manifestam.

Para qualquer lugar que se olhe, as perspectivas são negativas. “Vai ser pior dessa vez, com mais mortes”, disse ao Telegraph uma fonte com conhecimento dos prognósticos apresentados a Boris Johnson pelos especialistas que assessoram o governo britânico. “Foi essa a projeção apresentada ao primeiro-ministro, agora fortemente pressionado a impor um novo confinamento”. O cenário projetado é parecido com o do platô infernal que reinou no Brasil durante os meses em que as mortes estabilizaram-se num patamar alto e demoraram para começar a cair.

Na pior projeção, poderia haver 85 mil mortes, quase o dobro do atual total de 45 mil. Os prognósticos altamente negativos estão sendo vazados para convencer a opinião pública a aceitar restrições maiores ainda.

Boris Johnson, Emmanuel Macron e outros líderes europeus estão lidando com a possibilidade de que um confinamento total ou parcial em novembro possibilite um pequeno relaxamento no Natal, um respiro para não estragar totalmente as festas em família. Está difícil. A polícia britânica avisou que, embora não seja sua função, poderá registrar flagrantes de famílias que não obedeçam a regra proibindo que integrantes de domicílios diferentes se reúnam sob o mesmo teto  e cometam o grave crime de comemorar o Natal.

Os pequenos ditadores que moram no fundo de todas as instituições afloraram. No País de Gales, um dos quatro componentes do Reino Unido,  o governo mandou selar todas as gôndolas de supermercados que não tenham produtos de primeira necessidade. E o que são eles? É claro que o governo baixou uma diretiva definindo-os. Brinquedos e enfeites de Natal estão na lista dos proibidões, provavelmente feita por gente que não precisa administrar crianças presas em casa na época das festas de fim de ano.

Um desses burocratas tinha proibido, inicialmente, os tampões absorventes. Certamente não foi uma “pessoa que menstrua”,  a nova designação de mulher. 

Blog Mundialista Vilma Gryzinski, jornalista - Veja - leia MATÉRIA COMPLETA


terça-feira, 6 de outubro de 2020

O último a saber - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Na guerra do ‘desequilibrado’ com o ‘despreparado’, Bolsonaro esquece Guedes

O presidente Jair Bolsonaro desautoriza Paulo Guedes num dia e no outro também e ontem o ministro foi o último a saber do encontro do chefe e do general Luiz Eduardo Ramos com seus dois maiores inimigos, o deputado Rodrigo Maia e o ministro Rogério Marinho. Soube por uma foto em que só aparecia Maia. À vontade, íntimo da “casa”, o fotógrafo foi Marinho.

Guedes acusa Maia de boicotar as privatizações, Maia chama Guedes de “desequilibrado” e Guedes ataca Marinho como “despreparado”, por admitir publicamente furar o teto de gastos. Logo, a coisa está animada na cúpula do governo, com o presidente no meio de uma guerra entre o “desequilibrado” e o “despreparado”. Ou melhor, no centro.

O tema da reunião, informou-se, foi de onde tirar dinheiro para o Renda Cidadã, mas como assim? O ministro da Economia, dono da chave do cofre, não estava presente, não foi convidado, nem sequer foi comunicado. E chiou. Como anda com os erros à flor da pele, envolto em dúvidas e convivendo dia a dia com a insegurança da própria equipe, dá para imaginar que a chiadeira não foi lá das mais calmas e elegantes.

O Planalto e Bolsonaro tiveram um trabalhão para convencê-lo de que se tratava de um cafezinho inocente e que o presidente mantém inalterados tanto a defesa do teto de gastos quanto a confiança e apreço pelo seu Posto Ipiranga. Se o próprio Guedes tem lá suas dúvidas, certamente o mercado e a opinião pública não ficam atrás. Quando se pergunta no governo qual a diferença entre Sérgio Moro e Paulo Guedes, a resposta é uníssona: Moro, segundo eles, com replique nas redes bolsonaristas, foi “desleal”, “mau caráter”, uma “surpresa” [ruim, desagradável, intolerável]. enquanto Guedes não é nada disso e é praticamente indemissível. [A demissão de Guedes se impõe por várias razões, uma delas - obviamente, : não a única - a necessidade da governabilidade e do Brasil ter uma política econômica do Poder Executivo
Por enquanto o que temos, desde o dia em que o ex-Posto Ipiranga manifestou pela primeira vez sua obsessão com a CPMF, é uma política errática que com a pandemia e o esforço do deputado Maia em atrapalhar a governabilidade do Brasil, piora a cada dia.]

Na verdade, o que ministros diziam de Moro às vésperas da queda dele é o que dizem agora de Guedes: um pilar do governo; o presidente sabe a importância que ele tem; aliás, gosta muito dele, pessoalmente; a chance de ele sair é zero... Era zero com Moro e é zero com Guedes, mas só até a próxima curva. Paulo Guedes é teimoso e duro na queda, não vai engolir desaforo calado, como Moro, e depois sair atirando. Ele está guerreando pela sua posição a céu aberto, botando a boca no trombone e se esforçando para manter unida o que resta da equipe econômica, depois da “debandada” que lhe tirou os secretários da Receita, do Tesouro, das Privatizações e da Desburocratização. 

Só conseguiu salvar o da Fazenda, que recebeu “cartão vermelho” do presidente, mas se manteve – com o compromisso de boca fechada. Esse compromisso Bolsonaro não vai arrancar de Guedes. Ficando ou saindo, ele vai continuar sendo Guedes, sem papas na língua. O script continua como previsto: depois de perder uma atrás da outra no governo e passar a ser sistematicamente criticado no mercado e na mídia por falar muito e entregar pouco, Guedes sobe e desce, sobe e desce, numa montanha-russa. Como na queda de Moro, ministros e assessores penduram-se no telefone para jurar que Guedes está firme feito uma rocha, mas assim mesmo começa a bolsa de apostas para lhe suceder, que nem vale citar aqui, para não botar mais fogo no circo.

Mais do que nomes, aliás, tem-se uma certeza: não será nenhum nome óbvio. E por que essa certeza? Basta ver como foram as escolhas para Educação, Saúde e Supremo: Carlos Alberto Decotelli, Milton Ribeiro, Eduardo Pazuello e Kassio Nunes. Nomes fora de qualquer lista, soprados ao ouvido sensível do presidente, que leva a sério quem toma tubaína com ele e está cada vez mais se lixando para a gritaria de robôs bolsonaristas, ou chororô de derrotados. E não se assustem com um sucessor de Guedes do Centrão, ou apadrinhado pelo grupo. Sinto informar. Guedes ainda não perdeu, mas o Centrão já venceu!

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo


domingo, 4 de outubro de 2020

Teto? Que teto? - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Sem Guedes, tem de compensar a fuga ‘de cima’ comprando a turma ‘de baixo’. E o teto?

O que está em jogo no isolamento do ministro da Economia não é apenas a queda ou não de Paulo Guedes, um nome a mais ou a menos. A questão central, que preocupa e assusta, é a sobrevivência do último pilar da campanha do presidente Jair Bolsonaro: liberalismo e pragmatismo na economia. Ou seja: o que balança não é Guedes, é a política econômica. Do Bolsonaro de 2018, pouco sobra. [a honestidade de princípios torna imperativo lembrar que todos os projetos do Bolsonaro 2018 - da mesma forma que de todos os líderes mundiais - não contavam com uma pandemia em 2020. Ou tudo deve permanecer engessado? Nada fazer significa, considerando o mínimo, deixar milhões de desassistidos morrer à míngua = ótima publicidade a ser usada pelos inimigos do Brasil em 2022
Qual o sabor, o valor nutritivo de um prato de liberalismo?]. A promessa de combate à corrupção amarelou com a investida nos órgãos de investigação e apagou com a queda de Sérgio Moro. O embate contra a “velha política” foi-se com o abandono do PSL e das novas bancadas do Congresso, trocados na cara dura pelo Centrão e seus ícones.

[Sem Guedes as coisas vão melhorar - haverá um rumo, o país terá uma política econômica que tem a obsessão do ainda ministro,  pelo retorno da CPMF, como 'norte']

O que sobra? Sobra o compromisso com liberalismo, reformas, privatizações e desburocratização, que vai perdendo credibilidade com um Paulo Guedes claudicante, sem resultados e com os nervos à flor da pele. A sensação em Brasília e no mundo dos negócios é que, apesar do blábláblá, estourar o teto de gastos é questão de tempo. É isso, inclusive, que o fura-teto Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional e inimigo frontal de Guedes, já diz abertamente. Depois nega, mas obriga Guedes, com ar cansado, a lembrar: “Furar o teto para fazer política e ganhar a eleição é irresponsável com as futuras gerações, é mergulhar o Brasil no passado triste de inflação alta”. [pergunte a um faminto o que prefere: um prato de refeição por dia com inflação alta ou um copo com água por dia, e nada mais, com uma inflação suíça?

Um pouco do plano Marshall e um crescimento próximo ao chinês é bem melhor do que a estagflação = que infelizmente virá, socorrendo aos necessitados ou não. Se questiona demais ajudar os necessitados, os desassistidos, mas o silêncio é total quando se usa recursos públicos para financiar os estados e municípios, em sua maioria, com raríssimas exceções, vítimas da incúria e incompetência de governadores e prefeitos que tem os entes federativos que administram protegidos, pelo Governo federal, dos males econômicos advindos da pandemia. ]

A guerra pública de Guedes é, num dia, contra o deputado Rodrigo Maia e, no outro, com Rogério Marinho, mas Guedes sabe quem é o adversário real e o recado teve um alvo certo quando ele falou em furar o teto para “ganhar eleição”. Esse alvo se chama Jair Messias Bolsonaro, seu chefe. [o que em qualquer país do mundo, incluindo Inglaterra, Estados Unidos,  justificaria a demissão sumária do subalterno.]

O presidente está em campanha, exige um Bolsa Família para chamar de seu, insufla os fura-teto, fecha os olhos para os ataques de Marinho e dá ouvidos aos militares do Planalto que, de economia, entendem zero. Logo, o risco para Guedes e a política econômica liberal que elegeu Bolsonaro é o próprio Bolsonaro, que se aproveita de um dado da realidade: Guedes fala muito, mas entrega pouco e foi pego de jeito pela pandemia e a cambalhota na prioridade fiscal. Da campanha de 2018, sobram ainda a política externa centrada em Donald Trump, de futuro incerto; a pauta conservadora, que fez Bolsonaro refém de igrejas evangélicas multimilionárias; a visão destruidora do ambiente, que joga o mundo contra o Brasil; e a obsessão pelas armas, que derruba textos, portarias e decisões do Exército, deixando no ar a suspeita de estímulo a milícias.

Soa só ridículo, mas é perigoso, que setores evangélicos cobrem privilégios na Receita, interfiram em nomeações do governo e exijam que o futuro ministro do Supremo Kassio Marques faça uma profissão de fé no “conservadorismo”. E o que dizer do Meio Ambiente, onde as queimadas destroem e a boiada passa? Incêndios criminosos na Amazônia e Pantanal, cipoal jurídico contra a preservação de manguezais e restingas, desidratação de Ibama e ICMBio e a versão da “ganância internacional”.

Só falta recriar o MEC, já que, em quase dois anos de governo, educação e cultura andam juntos, sem rumo, prioridade e respeito. [MEC - Ministério da Educação e Cultura, denominação e sigla não são essenciais, mas no tempo em que o MEC     cuidava da Educação, que era tratada como prioridade, e a cultura ficava em um dos seus apêndices, assim como outros assuntos menores que não merecem atenção própria, a Educação era melhor no Brasil. 

Professores davam aulas e os alunos aprendiam. E a UNE - serve para que mesmo? - não se limitava a ganhar milhões emitindo carteirinhas - a MP que acabava com a mamata foi desprezada pelo Congresso.

A cultura, em minúsculas por merecimento, piora a cada dia. No passado, mesmo no advento da 'nova república' era bem melhor.

As manifestações culturais de agora se destacam por atentar contra a família, a moral, os bons costumes, à vida, os valores cristãos, nada produzindo que resulte em espetáculos, produções que de destaquem pelo que contém e transmitem. 

Um grupo que em tempos passados teria sido alijado, escarrado, execrado  pela própria sociedade, produziu uma blasfêmia no Natal passado e foi festejado].O foco do ministro Milton Ribeiro é (contra) a educação sexual, os gays e os “jovens sem fé”. Na Cultura, depois do vídeo nazista, [?]  agora a transferência da Fundação Palmares para o ex-almoxarifado da EBC, caindo aos pedaços. Logo, Bolsonaro deveria reafirmar, não só de boca para fora, seu compromisso com o liberalismo – que é o que lhe sobra. Bolsonarista raiz joga Guedes fora com a mesma ligeireza que jogou Moro, mas bolsonarista nos mercados, empresas, fundos investimentos e opinião pública pode atingir seu limite. Para compensar a fuga “de cima”, só comprando a turma “de baixo”. Teto? Que teto?

Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 20 de julho de 2020

Só operações de guerra evitarão o desmatamento da Amazônia - Sérgio Alves de Oliveira


Sem dúvida o fracasso   governamental “histórico” no combate ao desmatamento  da Amazônia  não mais pode ser tolerado.   

Pífios têm sido todos os resultados da fiscalização, identificação e penalização dos infratores. Os dados fornecidos pelos satélites artificiais “vigilantes” pouco mais servem do que para mostrar as enormes “clareiras” deixadas na mata.  E como esses desmatamentos quase sempre resultam de operações “clandestinas”,”às escondidas”, portanto sem autorização dos órgãos públicos competentes, é evidente que os verdadeiros e maiores responsáveis,os “mandantes” dessas operações, nunca participam diretamente dessas ações criminosas,”in loco”, e dificilmente poderão ser identificados por estarem “escondidos”, bem longe, no anonimato,nas cidades. Por isso uma coisa é certa: não são os “peões” que estão no mato derrubando as árvores os verdadeiros responsáveis. 

[A preservação da Amazônia tem que ser vista com cuidado e SEMPRE considerando os interesses superiores do BRASIL - que tem e deve manter, a qualquer custo, a SOBERANIA sobre a região.
Não podemos aceitar que países que desmataram seus territórios, que exploram petróleo no Ártico, que caçam baleias, imponham suas regras.
E a grita das ONGs tem que ser considerada com muitas ressalvas - a quase totalidade daquelas organizações defendem interesses dos seus patrocinadores.
O green peace não tem nenhum direito a dar pitacos nos assuntos internos do Brasil.
A ameaça que a imprensa tem divulgado, maximizando, de boicote a produtos brasileiros não merece ser considerada. As populações dos países 'boicotadores' não estão acostumadas a passar fome - são bem mais sensíveis do que os milhões de famintos do Brasil.] 

Mas na verdade a área dos desmatamentos tem uma área superficial muito extensa, o que dificulta o controle. Além disso, com absoluta certeza, esse “controle” não é “´para valer”. Sempre tem gente muito importante no meio, com força para dificultar a fiscalização,a identificação dos mandantes, e a penalização, geralmente multas irrisórias,se e quando ocorrem, não condizentes com o tamanho dos danos ambientais causados. Mas até hoje,pelo que se sabe, nenhum “figurão”, seja da política, seja da elite econômica, teria sido identificado, processado e condenado criminalmente por esses crimes.

Apesar de terem destacado o vice-Presidente da República,General Hamilton Mourão, com larga experiência na selva amazônica (Comando do Exército da Amazônia), os resultados não têm sido satisfatórios. As fotografias diárias dos satélites comprovam o desmatamento acelerado e ininterrupto,”apesar” do general !!!  A “grita” pelo mundo é geral. Também justa, se considerada a “saúde” do Planeta Terra. Mas, por outro lado, é uma “grita”, a “lá de fora”, na verdade sem muita “moral”.  Os estrangeiros, governantes e “ambientalistas” que criticam o desmatamento amazônico certamente também podem ser considerados responsáveis pelo fato das diversas gerações dos seus respectivos países não terem preservado  a contento as suas  florestas nativas nos seus próprios territórios, no passado.  Seriam dois pesos e duas medidas? Exigir tudo dos brasileiros?  E nada deles próprios?
Malgrado toda essa situação  esdrúxula, sem dúvida os brasileiros devem tomar a si a responsabilidade pela preservação da floresta amazônica,a “sua” principal floresta, e mesmo do mundo, primeiro no próprio interesse, e secundariamente no interesse dos outros países, portanto do próprio Planeta Terra.

Mas os métodos de controle empregados até hoje mostraram-se absolutamente ineficazes. As “gritarias” contra o desmatamento ilícito vêm  de todas as partes do  mundo. Mas não surtem os efeitos desejados. Gasta-se montanhas de dinheiro público para prevenir e combater os desmatamentos e o resultado é quase “zero”. Toda essa agressão à natureza  não estaria ocorrendo,em grande parte, pelo fato do  General Mourão, comandante   recém empossado para  essas operações preventivas e corretivas aos incêndios e desmatamento na Amazônia, adentrar na floresta  “desarmado”?    
                       
Ou será porque ninguém mais teme os generais desde o momento em que ministros  do Supremo Tribunal Federal espalharam a “pedagogia” da desmoralização dos generais? Em todo o caso, resta evidente que os problemas que afetam a Amazônia jamais serão solucionados com meras medidas “paliativas”, jurídicas, administrativas, políticas,fiscalizatórias, ou mesmo  policiais.E é exatamente essa a situação que está posta, com total frustração de resultados. As medidas a serem adotadas com urgência para que se reverta essa situação não podem continuar a ser de ordem “civil”. Devem ser predominantemente MILITARES. Os infratores das leis ambientais declararam GUERRA contra a natureza, e mesmo contra os brasileiros e os mais altos interesses do  Brasil ,e também contra todas  as autoridades encarregadas de preservá-la. E “guerra” não se responde com políticas, discursos, ou palavras. Responde-se com o uso de ARMAS.  Com o aparato  bélico condizente.

Se a Aeronáutica reservasse pelo menos 10% do combustível utilizado para “taxi aéreo” gratuito  dos políticos e autoridades públicas ,repassando essa “reserva” para os  Emb-314 “Super Tucano” da FAB “metralharem” os focos de desmatamento ilegal porventura detectados, sem dúvida  a destruição de meia dúzia desses “aparelhos”  teria a força necessária para inibir para sempre a continuidade do desmatamento ilegal da Amazônia, propiciando rapidamente  a recuperação da floresta. Os brasileiros e o resto mundo certamente aplaudiriam. ”Lero-lero”,como fazem, não resolve nada.

Afinal de contas, guerra não se responde com palavras. Ou com “flores”. Responde-se  com armas. Com “metralhadoras”, se necessário. E só com um pouquinho de vontade política, facilmente os instrumentos jurídicos adequados para enfrentamento dessa “guerra” poderiam ser editados. É claro que também os incêndios criminosos na Amazônia teriam que ser atingidos na resposta a essa “guerra”. Mas não há como “misturá-los” com os incêndios naturais,que  ocorrem em quase todas as florestas do mundo, independentemente da ação humana. Esse  já seria  um outro “departamento”.

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo