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segunda-feira, 25 de julho de 2022

A maior arma de guerra de todos os tempos foi colocada em ação - Daniel Lopez



Gazeta do Povo

Geopolítica da escassez

A Nova Ordem Mundial está trazendo velhas estratégias de conquista e dominação

 Será que Putin irá cumprir sua promessa de não interromper o fornecimento de grãos para a Europa? -  Foto: AP

A pirâmide de Maslow nos ensina que há uma hierarquia das necessidades humanas. 
Há aquelas que são, em tese, dispensáveis, uma vez que meramente mentais (autorrealização e estima) ou de natureza social (amigos, família etc). Entretanto, na base da pirâmide, estão as necessidades indispensáveis, inevitáveis, sem as quais não se vive: questões fisiológicas como água, comida, sono e repouso.  
E se um líder fosse capaz de utilizar esses elementos como arma de guerra? “Se não fizerem o que eu quero, então não comem?”. Obviamente, isso já foi praticado por tiranos durante a história. 
Contudo, hoje essa prática atingiu uma dimensão sem precedentes. Imagine você cortar o fornecimento de comida e energia para um continente inteiro? É algo assustador, mas real. O continente é a Europa, e o fornecedor é a Rússia.

Julgamento no STF sobre terço de férias pode gerar dívida bilionária para empresas

Uma matéria recente da BBC inglesa mostrou que imagens de satélite revelaram que alguns dos maiores produtores de trigo no mundo estão com suas plantações em péssimas condições, como é o caso da Ucrânia, da Índia e dos Estados Unidos. Contudo, o levantamento também mostrou que, por outro lago, 2 países estão com plantações cada vez mais robustas: Rússia e China
A matéria não coloca o Brasil neste levantamento, mas imagino que nosso cultivo esteja em condições razoáveis.
 
O problema disso tudo é que o cenário coloca uma situação muito tenebrosa para o continente europeu e para os países em desenvolvimento. 
O perigo de uma escassez global de alimentos começa a ganhar contornos mais sinistros e realistas. 
Instituições como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, o Banco de Compensações Internacionais e a própria Casa Brancaalertaram para uma iminente fome mundial. E parece que a Europa será a grande prejudicada, com a possibilidade de a Rússia utilizar o fornecimento de energia e comida como ferramentas geopolíticas.
 
Um cenário de estagflação, condições climáticas adversas e interrupções das cadeias globais de suprimentos criaram o contexto perfeito para o caos. 
 E a Rússia está aproveitando cada centímetro dessa crise para fazer valer sua vontade. 
Moscou está vendendo mais petróleo e comodities do que nunca, e hoje detém, junto com a China, as culturas básicas mais prósperas do planeta. Isso dá a Putin uma vantagem geopolítica imensa, uma vez que a Europa e os EUA estão vendo sua produção de comodities, sua indústria e sua segurança energética serem dilapidadas em alta velocidade.

O Kremlin tem afirmado que não irá cortar o fornecimento de grãos para a Europa. Mas eles também haviam dito que não cortariam o suprimento de energia para os europeus. Entretanto, esta semana, o gasoduto Nord Stream 1 foi fechado por tempo indeterminado. Conclusão: além do petróleo e do gás, agora as nações orientais podem utilizar, também, os alimentos como arma contra as nações da OTAN.

É um cenário tenebroso, que pode, inclusive, ser ainda mais avassalador para as nações menos favorecidas. O caos pode gerar aumento considerável da fome, da pobreza e da criminalidade. 
O Brasil, entretanto, tem o potencial de garantir a segurança energética para a Europa e a segurança alimentar para o mundo. Fazendo isso, diminuiria o controle de Rússia e China sobre as nações ocidentais.
 
A pergunta que fica é: será que entraremos numa rota de colisão com Moscou e Pequim, tentando nos impedir de ajudar as nações em suas crises energética e alimentícia? [o Brasil tem que colocar seus interesses acima dos de qualquer outros países, que hoje se consideram donos do mundo. 
O Brasil já integra o BRICS, enquanto por parte da EUA e Europa recebe ora ameaças ora afagos (até internacionalizar a Amazônia o francês já ameaçou.]
Ou os BRICS seguirão mais unidos do que nunca, aproveitando o cenário adverso para fazer avançar, em conjunto, seus planos geopolíticos? Aguardemos.

 Daniel Lopez, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 22 de maio de 2022

Ficção à venda - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Quem decidiu que Lula é ladrão não foram os seus adversários. Foi a Justiça brasileira. [e a mesma Justiça não modificou o que decidiu; apenas, considerando filigranas jurídicas, decidiu  descondená-lo, sem inocentá-lo.]

Certas coisas, como se sabe há muito tempo, não devem ser ditas em certos lugares; a recomendação clássica, aí, é não se falar de corda em casa de enforcado. Em outros casos o problema não é o lugar onde se diz isso ou aquilo – é quem diz o quê. Certas pessoas, assim, não deveriam nunca falar de certos assuntos. O ex-presidente Lula, por exemplo, nunca deveria falar em “corrupção”. Ele nãotalvez um outro, qualquer outro, mas ele não. É duro, porque candidato a presidente do Brasil tem sempre de chamar o adversário de “ladrão”. Na verdade, isso é praticamente a única coisa compreensível que sabem dizer numa campanha eleitoral. Fazer o quê? Corrupção, no caso da campanha de Lula, é assunto proibido.

Como poderia ser diferente, se o seu próprio candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin, disse que ele quer ser presidente de novo para “voltar à cena do crime”? 
Alckmin acha que entre hoje e o momento em que falou isso Lula se transformou num santo homem. 
Mas falta combinar com os eleitores – quantos brasileiros estariam dispostos a acreditar nesse milagre da transformação da água em vinho? Isso será visto em outubro, mas até lá o candidato da esquerda nacional terá de resolver o seu problema com a ladroagem – e como não pode deletar os fatos que fizeram os seus oito anos de governo os mais corruptos de toda a história da República, o melhor que tem a fazer é se fingir de morto e não tocar no assunto.

‘Cadê a terceira via?’, pergunta tucano diante do ‘varal da polarização


Realidades são realidades. Quem decidiu que Lula é ladrão não foram os seus adversários. Foi a Justiça brasileira, que o condenou pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove magistrados diferentes. Mais que tudo, há o fato, também impossível de se negar, de que os corruptores confessaram publicamente a sua culpa, assinaram acordos de delação e, principalmente, devolveram uma parte do dinheiro roubado.  
O que mais seria preciso, em qualquer lugar do mundo, como prova material de roubalheira? 
Por acaso as empreiteiras condenadas e outros piratas devolveram o dinheiro sem ter feito nada de errado – só para agradar o promotor Deltan Dallagnol e o juiz Sérgio Moro?
 
Lula, porém, insiste em falar em corrupção. Quer vender a ficção de que foi “inocentado” pela Justiça quando a canetada que anulou seus processos não diz uma sílaba sobre culpa ou sobre provas
Quer, até, receber uma “indenização” do seu acusador – e está mortalmente ressentido com o fato de que ele recebeu em poucos dias mais de R$ 750 mil em doações espontâneas para pagar as despesas que o processo trouxer. Quer, enfim, o papel de “homem injustiçado”. A conferir.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 

domingo, 6 de março de 2022

Cessar-fogo fracassa pela segunda vez e civis ficam presos em cidade ucraniana sem água, luz e aquecimento

O Globo

Separatistas pró-Rússia e Guarda Nacional da Ucrânia acusam-se mutuamente de não estabelecer corredor humanitário em Mariupol, alvo de frequentes ataques russos

A segunda tentativa de retirar os habitantes de Mariupol, um porto estratégico no Sudeste da Ucrânia cercado pelas tropas russas, foi interrompida neste domingo, informou a Câmara Municipal da cidade. A decisão foi tomada após separatistas pró-Rússia e a Guarda Nacional da Ucrânia acusaram-se mutuamente de não obedecer o cessar-fogo temporário para estabelecimento de um corredor humanitário na região."É extremamente perigoso retirar as pessoas em tais condições", disse o conselho da cidade em um comunicado online.

A televisão Ukraine 24 mostrou um combatente do Regimento Azov da Guarda Nacional que disse que as forças russas e pró-russas que cercaram a cidade portuária de cerca de 400 mil continuaram bombardeando as áreas que deveriam ser seguras.Já a agência de notícias Interfax citou um funcionário do governo separatista de Donetsk que acusou as forças ucranianas de não observar o cessar-fogo limitado. Ainda segundo a autoridade separatista, apenas cerca de 300 pessoas deixaram a cidade. [Fácil perceber que cada lado acusa o outro. Se for considerado que no raciocínio desorientado do Zelenski quanto maior a tragédia, mais chances ele tem ficar presidente do que sobrar da Ucrânia, não é dificil concluir de qual lado está a verdade.]

Mais cedo, a Câmara Municipal de Mariupol anunciou uma operação para retirada das mais de 200 mil pessoas que ainda restavam na cidade às margens do Mar de Azov, que há seis dias convive com bombardeios constantes e falta de água, luz, comida e aquecimento na cidade.

Um plano semelhante teve que ser abandonado neste sábado, depois que o primeiro cessar-fogo temporário anunciado pela Rússia também fracassou. A cidade havia providenciado 50 ônibus para auxiliar na força-tarefa, mas depois de menos de duas horas, autoridades locais acusaram o Exército russo de começar a bombardear áreas residenciais novamente, bloqueando os civis que começavam a fugir. A Rússia disse mais tarde que foram as forças ucranianas que romperam o cessar-fogo.

A trégua temporária era válida para os corredores de acesso às cidades de Mariupol e Volnovakha, na região separatista de Donetsk. Segundo um porta-voz russo, porém, "batalhões nacionalistas" usaram a pausa nos combates para "se reagrupar e reforçar posições". Antes disso, autoridades ucranianas também disseram ter verificado informações de que os soldados russos planejavam usar o cessar-fogo temporário para avançar em direção a Mariupol.

Situação crítica
A situação em Mariupol está ficando “imprópria para a vida humana”, de acordo com os moradores, que têm dormido em abrigos antiaéreos para escapar dos bombardeios quase constantes das forças russas há seis dias. O fornecimento de alimentos, água, energia e aquecimento também foi cortado, segundo as autoridades ucranianas. — Eles [os russos] estão trabalhando metodicamente para garantir que a cidade seja bloqueada — disse o prefeito Vadym Boichenko à Reuters em uma videochamada do porão onde sua equipe está temporariamente sediada. — Eles nem nos dão a oportunidade de contar os feridos e mortos porque o bombardeio não para.

Os ataques russos à cidade litorânea destruíram metade do comboio de ônibus que a equipe de Boichenko havia preparado para a evacuação no sábado, disse ele. — Eles mentiram para nós, além disso, no momento em que as pessoas estavam tentando sair para ir para esses corredores, o bombardeio começou novamente — afirmou, descrevendo o medo e a raiva dos moradores por terem que fugir de volta para os abrigos.
[nosso comentário: o Blog Prontidão Total é um blog pequeno - dois leitores = ninguém e todo mundo - que não propaga fake news; comenta fatos, não versões - que os líderes mundiais que apoiam, COM DISCURSOS, a Ucrânia - gostariam que fossem FATOS.
Após oitiva de nosso time de 'especialistas' - estão sobrando,já que a covid-19, desmoralizou a profissão, ficou fácil contratá-los - entendemos  que os países liderados pelos apoiadores de palanque e/ou de mesas redondas virtuais, vão limitar seu apoio à Ucrânia só aos discursos e sanções econômicas cujo efeito não é rápido.
 
Uma das características da Rússia é a de não desistir dos seus objetivos - Napoleão e Hitler provaram essa linha de conduta e perderam. Assim, só resta a Ucrânia depor o Zelenski - outro bravo combatente, eficiente no uso de palavras e apelos por ajuda que sabe não vai receber = por vários motivos, alguns logísticos e outros mais, um deles por não interessar aos países que apoiam os ucranianos cutucar uma potência nuclear = despachá-lo para um país de sua escolha (por favor, não o remetam  para o Brasil) cessar todas atividades militares,  sentar na mesa de negociações com a Rússia, e procurar obter o máximo de concessões, aceitando o que for oferecido.
Infelizmente, este é o único caminho que resta para a Ucrânia preservar a vida dos seus cidadãos.]

Desde que iniciou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, a Rússia vem negando que tenha civis como alvo. Mas, para Moscou, a captura de Mariupol seria um prêmio — uma ligação estratégica entre os territórios separatistas apoiados pelo governo russo ao norte e a rota terrestre para a Península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
A Rússia chama suas ações na Ucrânia de "operação especial" que, segundo ela, não foi projetada para ocupar território, mas para desmilitarizar e "desnazificar o país vizinho..

As Nações Unidas preveem que o número de refugiados pelo conflito suba a 1,5 milhão neste domingo. Ainda segundo a ONU, a guerra já deixou ao menos 351 civis mortos e 707 feridos, fazendo a ressalva de que os números devem ser "consideravelmente mais altos"
 
Mundo - O Globo/agências internacionais 
 

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

A natureza das ameaças na Amazônia*

A partir da aproximação entre Brasil e Argentina, no início dos anos 1980, boa parte das preocupações militares se voltaram para a Amazônia. Dois motivos podem ser apontados para o fato de a região amazônica passar a ser uma prioridade estratégica, cada um  relacionado a uma natureza distinta:

a) preocupações de ordem geopolítica, relativas ao aumento da pressão internacional sobre os países amazônicos – revestidas de uma narrativa ecológica (ambiental), mas percebida pelos militares como uma forma de cobiça sobre os recursos naturais daquela região; e

b) preocupações de ordem securitária, no tocante à presença de grupos armados junto à fronteira, especialmente com a Colômbia, e o risco de transbordamento para o Brasil.

O ataque ao Destacamento do Exército Brasileiro situado no rio Traíra, ocorrido em 1991, envolvendo grupos armados colombianos teria sido um sinal importante para a mudança da natureza das ameaças na região.

A simbiose entre grupos armados e o crime organizado, impulsionada pela utilização de rios que cortam a bacia amazônica para o narcotráfico internacional, tornou essa ameaça ainda mais relevante.

Portanto, coexistem na região amazônica ameaças de naturezas distintas. A primeira – geopolítica – está relacionada ao jogo de interesses entre as nações, à manutenção da soberania e à função precípua de qualquer força armada: a garantia da integridade territorial do Estado Nacional.

No caso específico da Amazônia, diz respeito ao controle e à gestão soberana de seus recursos naturais em meio à cobiça de grandes potências.

A segunda securitária – diz respeito à soberania doméstica e à ameaça de surgimento, naquele espaço, de “zonas cinzentas”, em que o Estado teria dificuldades de aplicar de forma efetiva o monopólio da violência legítima, abrindo espaço para a proliferação de ilícitos de toda ordem e, o que é mais grave, para o aparecimento de poderes paralelos no tecido social.

Abordaremos agora cada uma dessas ameaças buscando definir uma tipologia adequada e as estratégias que se fazem necessárias para enfrentar cada um desses desafios.

Do ponto de vista das ameaças geopolíticas, é inegável que a Amazônia será sempre uma preocupação, haja vista a abundância de recursos naturais presentes na região (água, diversidade de flora e fauna, minerais raros etc) que conferem ao seu território um caráter estratégico.

A incerteza sobre esse tipo de ameaça diz respeito à forma como ela se processará: se pela expropriação territorial ou pela negação territorial. Usaremos uma simples alegoria para simplificar nosso argumento. o primeiro tipo de ameaça, relacionada à cobiça internacional sobre nossos recursos, denominaremos de “grande garimpo”: um território cobiçado por interesses exógenos do qual buscam extrair recursos estratégicos.

A outra ameaça seria uma “nova Antártida”; ou seja, o estabelecimento de uma governança global sobre a região limitando (ou até impedindo) a gestão soberana sobre aquele território. Utilizando-se de uma narrativa “lícita” de proteção dos bens comuns globais, a sociedade internacional “negaria” propostas de desenvolvimento da região, a fim de “preservá-la a futuras gerações”.

Sabe-se que, por trás da “defesa do bem comum”, residem interesses do mercado internacional de commodities que buscariam, em um primeiro momento, “demonizar” a imagem de produtos agropecuários brasileiros, com o objetivo de (re)conquistar mercado e, em um segundo momento, criar obstáculos para a gestão soberana de espaços nacionais por meio de ações de “neutralização territorial”, como a criação de áreas ecológicas de preservação ambiental com gestão internacional – direta ou indireta.

Portanto, de acordo com essa tipologia, há, entre as preocupações de natureza geopolítica, dois tipos de ameaças:
a) a expropriação territorial (cobiça internacional sobre os nossos recursos naturais) e
b) a neutralização territorial (pressão internacional para a preservação ambiental na região e o uso dessa narrativa para causar prejuízos competitivos aos produtos agropecuários brasileiros no comércio internacional).

As características internacionais apontam que, sem negar a primeira, as maiores pressões tendem a ocorrer em relação à segunda. Para enfrentá-la, faz-se necessário um conjunto de estratégias do Estado que, além de capacidades militares, envolvem mais atenção socioeconômica e ambiental àquela região.

Quanto às ameaças securitárias, dizem respeito ao desafio de manter a soberania doméstica sobre o vasto território amazônico. Está relacionada ao risco de “anomia territorial”, realidade historicamente mais presente a partir das últimas décadas, com a ampliação do crime organizado na região.

São preocupações oriundas menos de ameaças militares stricto sensu e mais de problemas advindos da própria fragilidade do império da lei e  do alto grau de violência social presente na região.

Tais vulnerabilidades têm, notadamente, origem na carência de presença do Estado e/ou na degradação funcional (prover serviços básicos à população) e territorial de sua função pública (exercer o império da lei), conjugadas à criminalidade transnacional presente no espaço interfronteiriço pan-amazônico.

Com relação às estratégias a serem adotadas pelo Estado para fazer frente a essa situação, gostaríamos de salientar dois aspectos que consideramos cruciais: um de ordem geopolítica e outro de caráter militar.

O primeiro diz respeito à necessidade de compreendermos que a Amazônia brasileira faz parte de uma região complexa que compartilha, entre os países da região, muitos de seus problemas. Não há como encontrar estratégias eficazes de forma isolada na região.


  1ª Bda Inf Sl - Operação Amazõnia 2021 - adestramento do EB no ambiete amazônico

Dificilmente um problema de segurança naquela região será resolvido com medidas exclusivas de um país. Se já compartilhamos os problemas, temos também que compartilhar as soluções. Isso serve tanto para as questões geopolíticas quanto securitárias.

Podemos enxergar a
Pan-Amazônia como um “prédio” em busca de um “condomínio”. Essa é a lógica que está por trás da assinatura, em 1978, do Tratado de Cooperação Amazônico, que, apesar de ter se transformado em Organização em 1995, tem sido negligenciado pelos países da região nas últimas décadas.

Apesar de fazer parte do rol de temas originais, parece claro, hoje, o papel central que a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) pode vir a exercer como arranjo institucional necessário para coordenar políticas regionais nos campos da defesa e da segurança. Isso tem ganhado mais relevância nos últimos anos com a desidratação dos arranjos regionais anteriores, como, por exemplo, o Conselho de Defesa Sul-americano (CDS/UNASUL). Na falta de um arranjo regional que possa coordenar políticas que extrapolam as fronteiras nacionais, a OTCA figura como um instrumento legítimo e adequado.

Além disso, a OTCA continua sendo o melhor antídoto para coibir uma espécie de “manobra da internacionalização”, na medida em que reserva aos países “condôminos” a responsabilidade exclusiva pelo destino da região. Não devemos perder de vista que o debate central quando do estabelecimento do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA) dizia respeito à manutenção soberana dos países amazônicos.

Do ponto de vista militar, é notória a relevância que a Amazônia tem alcançado nas últimas décadas, desde a criação do Projeto Calha Norte (PCN), lançado em 1985, que visava a intensificar a presença militar, além de melhorar as infraestruturas viária e energética na região, culminando com a transferência de unidades militares oriundas do centro-sul do País e o aumento do efetivo militar na Amazônia.

Não obstante a importância histórica em estar presente na região, contribuindo para a “vivificação” regional, ganha relevância cada vez mais o “fazer-se presente”, por meio do desenvolvimento da capacidade de vigilância remota e de mobilidade.

Isso para atender à própria dimensão territorial que possui aspectos continentais
, mas principalmente para se adequar à natureza das novas ameaças: se, em séculos anteriores, uma das principais funções das pequenas unidades militares dispostas nas fronteiras amazônicas era a de marcar a presença da “bandeira nacional” e servir de núcleo de povoamento, hoje a natureza das ameaças, sejam elas geopolíticas ou securitárias, nos impõem repensar os modelos de presença.

Nesse sentido, gostaríamos de encerrar chamando atenção para o alerta que o professor Tassio Franchi, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, faz em relação às missões cumpridas pelos nossos pelotões de fronteira diante da ousadia de grupos criminosos presentes naquela região, no artigo “À sombra do Rio Traíra: incidentes nas fronteiras do Amazonas”, publicado na Revista do Clube Militar, nr 478 (julho-setembro 2020).

Segundo ele, as organizações militares de fronteira enfrentarão, nas próximas décadas, grupos ligados às atividades ilícitas mais armados e, consequentemente, mais ousados. Nesse sentido, atenção especial deve ser dada à estrutura e ao preparo das frações de fronteira, por meio do incremento de tecnologia, inteligência e operações interagências, para fazer frente à natureza securitária das ameaças que ali se apresentam.

 


Leia também:  

Comando Militar da Amazônia (CMA) - Exercícios inseridos no contexto da Operação Amazônia [Link]

 DefesaNet


Sobre o autor:  Cel QCO Oscar Medeiros Filho - É Bacharel e Licenciado em Geografia (UFMS, 1995). Possui mestrado em Geografia Humana (USP, 2005) e doutorado em Ciência Política (USP, 2010) e estágio de pós-doutorado em Relações Internacionais (UnB, 2018). Foi professor na EsPCEx, AMAN e Instituto Meira Mattos (ECEME). Atualmente é Coordenador de Pesquisas do Centro de Estudos Estratégicos do Exército e Professor de Relações Internacionais do Uniceub.
 

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Já os trabalhadores são obrigados a se aglomerar no transporte coletivo... os bandidos não!

Presos obrigados a ficar nus e aglomerados; diretor foi afastado

Diretor foi afastado do cargo; Sejusp alega que imagens são de intervenção após os detentos colocarem fogo em colchões [a regra tem que ser: queimou colchões, no mínimo seis meses dormindo no cimento duro.]

O Ministério Público vai investigar a atuação de agentes penitenciários e as condições da penitenciária de Formiga, no Centro-Oeste de Minas. Imagens de detentos nus aglomerados no pátio repercutiram nas redes sociais. O procedimento investigatório foi instaurado nesta quinta-feira (11/11) pelo promotor Ângelo Anelise, a pedido do Centro Operacional de Direitos Humanos. [quanto o MP e esse pessoal dos direitos humanos (dos MANOS) vão entender que cadeia não é hotel; bandido tem que ter medo, pavor mesmo, da cadeia. Eles não se preocupam com os direitos humanos das pessoas que  assassinam, roubam, estupram e outros crimes.]

A denúncia foi feita por associações de defesa dos direitos humanos e também por familiares após o recebimento de fotos. Ainda não se sabe como elas vazaram. As imagens começaram a ser compartilhadas na terça-feira (9/11) e ganharam repercussão ao longo do dia de hoje.

Os detentos aparecem aglomerados e nus no pátio da penitenciária de Formiga - (crédito: Reprodução/Redes sociais) [essas visitas do GIR ou equivalentes, devem ocorrer com mais frequência, são didáticas e acalmam os presos.]

As fotos que circulam na internet são relativas a um procedimento realizado no dia 22 de outubro. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) disse que se trata de operação de retirada de presos e pertences das celas. Ela teria ocorrido após movimento de subversão da ordem.

O Grupamento de Intervenção Rápida (GIR) da Polícia Penal foi acionado após queima de pedaços de colchões.

O Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) informou que um procedimento interno já foi instaurado para apurar a motivação da realização das imagens e a veiculação. “O Depen-MG ressalta que não compactua com qualquer desvio de conduta dos seus servidores e que todas as denúncias são apuradas, respeitando a ampla defesa e o contraditório”, afirmou em nota.

O diretor-regional de Polícia Penal da 7ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), Sérgio Evaristo de Souza, assumiu interinamente a direção da unidade prisional, substituindo o diretor-geral Ronaldo Antônio Gomides, que foi afastado do cargo. Gomides aparece em uma das imagens que viralizaram, com camisa rosa, atrás da equipe de intervenção.

Água e alimentos
O Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e das Medidas Educativas do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (GMF/TJMG) visitou a Penitenciária de Formiga no dia 20 de outubro deste ano, das 9h até por volta das 14h, dois dias antes do ocorrido. O grupo está cumprindo uma agenda de visitas a unidades prisionais de médio e grande porte em Minas Gerais.  "São visitas para verificar as condições de abrigo e de custódia das pessoas que estão cumprindo pena nesses estabelecimentos", informou, em nota, o TJMG. A Penitenciária de Formiga integra o quadro de unidades reconhecidas como de nível 3 e 4 (maiores).


Os detentos teriam colocado fogo em colchões antes se serem levados para o pátio (foto: Reprodução/Redes sociais)


Durante a visita, o GMF se deparou com várias situações, que foram devidamente formalizadas em um relatório. "Foram encontradas, na vistoria, alguns contextos muito preocupantes, principalmente em relação a fornecimento de água e de alimentação. São aspectos relacionados à custódia dos presos em circunstâncias que preocupam o grupo, por questões humanitárias", relatou.

O relatório será encaminhado ao Departamento Penitenciário (Depen) e à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, para as providências devidas.

Portal Gerais - Correio Braziliense


sábado, 11 de setembro de 2021

E AGORA, SUSPENDE-SE A DITADURA PREVENTIVA?

Fernão Lara Mesquita, em o Vespeiro

Com que, então, fica oficialmente revogada, por escrito, solene e incondicionalmente, a "conspiração para o golpe militar" de Jair Bolsonaro. Constata-se, com os olhos de ver, que o cordeiro está "sujando a água" abaixo do ponto onde bebe o lobo. 
Já não há motivo algum que justifique os poderes não previstos na constituição que o Supremo Tribunal Federal se auto-atribuiu.
Nenhum "temor pelas nossas liberdades futuras" explica mais a suspensão das nossas liberdades presentes. Os direitos e garantias democráticos que a Constituição garante aos brasileiros de todas as preferências e de todas as linhas de pensamento devem ser prontamente restabelecidos.

Devolva-se já a liberdade aos que foram presos por crime de pensamento ou palavra!  Há base muito mais sólida na constituição para isso do que a que têm usado os nossos guardiões da democracia para soltar, não apenas os condenados por atos criminosos de colarinho branco mas também os bilionários culpados por crimes de sangue em série, como é o caso do segundo chefão do PCC devolvido anteontem às ruas.

Nada, rigorosamente nada mais, "ameaça" a nossa democracia. É chato mas é verdade!

Suspenda-se imediatamente a censura! Desative-se o algoritmo chinês com que o ministro Alexandre de Moraes vasculha vigilante as redes sociais! Restitua-se a palavra a quem a teve cassada! A remuneração a quem o público escolheu pagar para ouvir!

Tortura, nunca mais!

A hora é de considerar a indenização das vitimas punidas e abusadas pela ditadura preventiva e o banimento da vida publica dos "torturadores" da CPI/DOI-CODI que humilhou, ofendeu e prendeu inocentes por "superfaturamentos" que nunca aconteceram em compras de vacinas que jamais se concretizaram.

O Supremo Tribunal Federal pode voltar à sua função, que se resume estrita e constitucionalmente, a avaliar que leis combinam ou não com os limites da Constituição. Pode, o nosso tribunal sempre alerta, devolver aos legisladores eleitos pelos brasileiros o poder exclusivo de legislar legitimamente em seu nome e aos executivos eleitos as prerrogativas que a Lei Maior lhes garante.

A imprensa-turba terá de conformar-se com sua decepção e voltar a cobrir o que acontece em vez [narrar o] do que gostaria que acontecesse.  
Em defesa da democracia deve passar a pedir a cabeça dos ditadores que há e não dos ditadores que gostaria que houvesse. 
Ou então, enfiar em algum buraco toda aquela narrativa dos anos-de-chumbo onde era exatamente disso que ela se queixava.

O Vespeiro - publicação original


sexta-feira, 21 de maio de 2021

Sim, chegaram ao ridículo de atacar a vitamina D para atingir Bolsonaro! - Gazeta do Povo

Se Bolsonaro disser que beber água e tomar sol faz bem a saúde, amanhã tem uma matéria de 8 minutos no Fantástico sobre câncer de pele e vão encontrar alguém que morreu porque bebeu muita água. Eu fiz esse comentário um tempo atrás, e eis que hoje me deparo com essa reportagem em destaque na Folha de SP:  
 Vitamina D não é um medicamento, para começo de conversa. Todos sabem da importância de vitamina D com sol para o sistema imunológico. Como a imprensa conseguiu "problematizar" algo tão banal? Essa turma acha que o povo fora da bolha não percebe o truque?

Já o Estadão escreveu um editorial hoje contra o presidente, mais um, alegando que Bolsonaro não é nem liberal nem conservador, mas reacionário. Eis um trecho:  Poucas vezes na história brasileira as instituições foram tão vilipendiadas por um presidente da República. Poucas vezes um chefe de Estado foi tão indiferente às leis e à Constituição, considerando-se frequentemente acima delas. Poucas vezes um governante desprezou tanto o diálogo político, demonizando a oposição e menosprezando partidos. E poucas vezes um presidente transgrediu de forma tão desabrida os valores morais comuns da sociedade, especialmente ao rejeitar a responsabilidade por seus atos e omissões e ao ofender e ameaçar quem o contesta.

Poucas vezes na história brasileira um presidente foi tão vilipendiado pela imprensa. O STF rasga a Constituição, mas a mídia passa pano e prefere atacar Bolsonaro?   
O presidente que hoje é acusado de estar com o centrão é ao mesmo tempo acusado de ignorar o diálogo político, a articulação com o Congresso? 
Bolsonaro é chamado de genocida, mas é ele que demoniza a oposição? Temos até deputado bolsonarista preso, mas é o presidente que ameaça quem o contesta? 
O Estadão não é liberal nem conservador. É só antibolsonarista. Como quase toda a imprensa, vale notar. O papelão dos militantes disfarçados de jornalistas durante esse governo não será esquecido, e é o que faz com que a credibilidade da mídia vá para o limbo de vez. A cobertura dessa CPI circense, que transformou até Renan Calheiros em bastião da ética, é a maior prova disso: virou puro palanque eleitoral contra Bolsonaro.
 
A ala ideológica da imprensa queria ver o ex-ministro Ernesto Araújo sendo fritado  e queria que o então chanceler fosse um capacho da ditadura comunista chinesa. Esses militantes comunistas não suportam quem não se mostra subserviente ao regime chinês. Ou não é ideologia, e sim grana.
 
Aliás, passou da hora de seguir o dinheiro para encontrar quem emite opinião com claro conflito de interesse quando o assunto envolve a China.  
Não é razoável tanta subserviência que mais parece assessoria de imprensa do regime ditatorial comunista chinês, que lá na China persegue jornalistas independentes!
 
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES 
 

quarta-feira, 10 de março de 2021

Paredão falso no STF - O Globo

Vera Magalhães

Na segunda-feira, a expectativa era de que a coalizão de governadores e a intervenção branca do Congresso no Plano Nacional de Imunização poderiam suprimir poderes para a dupla Bolsonaro-Pazuello sabotar o país e dar algum rumo para o Titanic desgovernado no qual estamos enfiados rumando céleres para 3.000 mortes diárias por covid-19. Mas o Supremo Tribunal Federal decidiu que havia coisas mais urgentes para tratar.[coalizão de governadores? isso existe legalmente ou é mais uma associação de nadas a procura de nada?]

Do nada, o ministro Edson Fachin acordou de um sono de quatro anos em que é o relator da Lava-Jato na Corte e, alarmado, constatou: a 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba não era, vejam só, o foro adequado para julgar o ex-presidente Lula. Foi tudo um lamentável engano, pelo qual ele infelizmente ficou preso, aliás em Curitiba, por 580 dias. Com o voto do próprio Fachin, esse distraído. Metade das 46 páginas da decisão extemporânea do ministro é gasta para ele explicar o inexplicável: por que agora? 
 
E qual a extensão de sua decisão? Ele não diz. Talvez ainda não saiba.
Diante do inesperado, o ministro Gilmar Mendes resolveu abrir sua gaveta, espanar o pó e tirar de lá o HC da defesa de Lula que arguia a suspeição de Moro. O mesmo que Fachin esperava que fosse parar no triturador de papel diante da sua decisão. 
Não só não foi como ele ameaça ficar isolado na Segunda Turma, uma vez que até a ministra Cármen Lúcia dá sinais de que votará com Gilmar, contra Moro. Por que Fachin se expõe a tanto desgaste? Qual o cálculo de que anéis poderiam ser dados e dedos poupados com essa lambança?

E Gilmar Mendes, que nesta terça-feira repetiu a performance indignada de sempre contra a Lava-Jato, por que então aguardou mais de um ano com esse HC em seu gabinete? Se de um dia para outro já tinha um voto tão sólido e volumoso? Nada para de pé na conduta do STF, em ziguezague há cinco anos na Lava-Jato, ao sabor não do Direito, mas das circunstâncias políticas.  Ou não foi o mesmo Gilmar que concedeu liminar para sustar a nomeação do mesmo Lula para a Casa Civil como forma de — vejam só! — escapar da jurisdição do mesmo Moro, lá em 2016? Sim, sua mudança foi sendo gradativa ao longo dos anos, e veio antes da Vaza Jato. Mas a demora em trazer o caso da suspeição de Moro à Turma evidencia um cálculo político e colabora para que agora, no momento dramático da pandemia, em que o país deveria estar focado, com o STF, com tudo, em exigir vacinas do governo federal, [sugerimos que eventual exigência de vacinas ao Governo Federal, seja  acompanhada de documento indicando onde comprar as exigidas] estejamos acompanhando esse BBB de palavrório inalcançável e personagens pouco carismáticos.

Aproveitando que estávamos todos brincando de juristas e traçando cenários para o ainda distante 2022 a partir do advento do Lula livre, Bolsonaro emplacou duas de suas cheerleaders mais negacionistas, Bia Kicis e Carla Zambelli, em comissões importantes da Câmara.[lembramos sempre: vão se acostumando, aceitem, e tenham em conta que o presidente Bolsonaro ainda não começou a governar - a pandemia indo embora, a economia voltando a crescer, revitalizada - ele conseguirá remover os obstáculos a que faça um Governo  favorável aos Brasil e aos brasileiros.]

A mesma Câmara que ainda discutia na noite de terça um auxílio emergencial que já deveria ter voltado a ser pago, pois no mundo real, esse cuja existência o Supremo preferiu começar a semana sublimando, tem gente morrendo de fome ou de falta de leito em hospital. Uma situação sinistra à qual chegamos por inépcia absurda e criminosa dos Poderes. À mais alta Corte do país numa democracia cabe assegurar a segurança jurídica e ter a última palavra para garantir que os demais Poderes não exorbitem suas atribuições e respeitem a Constituição.[pergunta inocente e feita por milhões de brasileiros: e quando a Supremo Corte exorbita suas atribuições, impõe o autoritarismo, o eu posso, eu faço, não devo explicações a ninguém.... como ficamos?]

Ao exibir ao país suas entranhas e suas vaidades, seu casuísmo com casos sérios que dizem respeito ao nosso passado e ao nosso futuro, suas Excelências jogam água no moinho dos golpistas que clamam contra o Judiciário e se fragilizam para cobrar do Executivo suas obrigações no enfrentamento da pandemia. ["cobrar do Executivo"? Cabe ressaltar que no inicio da pandemia,  decisão do STF  atribuiu aos governadores e prefeitos o protagonismo das ações de combate à covid-19, decisão que foi mantida com a prorrogação, dia 5 deste mês,   da norma que dá prioridade aos governadores e prefeitos no combate à pandemia. A norma emanada do STF deixa claro que o presidente Bolsonaro não pode interferir em decisões estaduais sobre isolamento, quarentena, restrição à locomoção, uso de máscaras, exames, testes, coletas, vacinação, investigação epidemiológica, tratamentos, requisição de bens e serviços e todo processo de sepultamento.
Cobrar de quem não podia interferir  e continua impedido? 
afinal se é uma prorrogação, continua valendo o que já valia... 
Também foi proibido ao Governo Federal requisitar agulhas, seringas e material correlato ao estado paulista, por ter tais materiais sido pagos com recursos daquele estado.] Que deveria ser a única preocupação de todas as autoridades, mas não é.
 
Vera Magalhães, colunista - O Globo

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Não haverá surpresa em 2022, se durar harmonia entre governo e Congresso - Alexandre Garcia

''Os dois antecessores contribuem para que se tenha a sensação de mudança da água para o vinho, nestes primeiros dias de nova administração na Câmara e no Senado''

Nesses quase 45 anos de Brasília, cobrindo 23 escolhas de presidentes da Câmara e do Senado, não lembro de ter visto uma eleição que trouxesse tanta perspectiva de mudança, incluindo peso na próxima eleição presidencial. Os dois antecessores contribuem para que se tenha a sensação de mudança da água para o vinho, nestes primeiros dias de nova administração na Câmara e no Senado. Com a pandemia e o país à espera de soluções legislativas urgentes, Maia e Alcolumbre, nesses meses de campanha para permanecerem na presidência, só viam os próprios interesses. Pacheco e Lira mostram o oposto.

Como num toque de mágica, matérias importantes recebem um levanta-te e anda! O radicalismo de Maia é substituído pela diplomacia de Pacheco e o diálogo de Lira. Juntos, assumem compromisso com o país e exorcizam a disputa por vaidades. Sobretudo, põem em prática a harmonia entre Poderes, conversam sem restrições com ministros e com o chefe do Executivo.

Levanta-se a autonomia do Banco Central que dormitava na Câmara e é tratada com urgência; 
as reformas administrativa e tributária são religadas; 
no quadragésimo-primeiro dia do ano, vai se instalar a Comissão Mista do Orçamento de 2021 — incrível descaso movido pela sede de poder. 
Acerta-se com o Executivo um rol de prioridades
garantem-se mudanças legais que sejam necessárias para atender a mais gastos sociais com a pandemia. [ocorre o esperado e desejado por milhões de brasileiros e brasileiras (estão excluídos, felizmente, os inimigos do Brasil = adeptos do quanto pior, melhor). Lira cuida dos assuntos da Câmara, Pacheco presidente o Senado da República e Bolsonaro começa a encontrar espaço para governar. Quando os interesses do Brasil - Brasil acima de todos, DEUS acima de tudo - tornar necessário os três se encontram e conversarão sobre temas de interesse para a nossa Pátria Amada.]

A maioria parlamentar reencontrou-se na eleição em que os vencedores fizeram mais do que o dobro de votos do segundo colocado.  
Na Câmara, o placar sepulta a esperança dos derrotados em 2018 de buscarem o tapetão do impeachment. Os resultados de 1º de fevereiro de 2021 já se projetam para 2 de outubro de 2022.  
Percebendo o rumo dos acontecimentos, Doria convida Maia para o PSDB, mas FHC reconhece que o resultado na Câmara é um adeus à ideia de evitar reeleição; Lula se apressa e indica Haddad de novo, e a esquerda se divide, pois também tem Ciro e Boulos. Se a harmonia produtiva entre Legislativo e Executivo durar 20 meses, não haverá surpresa em 2022.
 
Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Democracia de redoma - Alexandre Garcia

A palavra final da eleição americana ficou para os representantes do povo que se reúnem no Capitólio nesta quarta-feira (6), Dia de Reis, da Epifania, que quer dizer manifestação. Um dia assim evoca a vontade de falar sobre democracia.

Com tudo o que aconteceu com o voto do povo, temperado com manifestações racistas pelas ruas, voltou, entre analistas mais jovens, a tese de que os Estados Unidos estão em decadência. Se fossem da minha geração estariam com a sensação de déjà vu. Nos anos 60, enquanto corria solto o napalm no Vietname, a tese preferida era a de que os americanos são “os romanos do século XX", prestes a assistirem à queda do império.

As novas gerações, influenciadas por seus professores gramscistas, foram ensinadas a pensar que o estado age em nome do povo e que, portanto, todo poder emana do estado, que age pelo bem do povo. Essa falácia não deu certo nos 70 anos de poderes divinos do estado soviético. Isso não é democracia.

A democracia, ao contrário, põe o estado a seu serviço. Ainda não se encontrou sistema com menos defeitos. Como a mão invisível do mercado, a democracia tem um regente invisível, chamado de vontade popular, que corrige as desafinações da orquestra e faz voltar a harmonia.  Todo poder emana do povo é melhor que todo poder emana do estado. O maior bem da democracia é a Liberdade. [ no Brasil a liberdade está sendo tirada de algumas pessoas, a pretexto de preservar a democracia - nosso entendimento é de ser mais adequado, que se grafe: 'a pretexto de preservar uma interpretação de democracia'.]  Quem não preza a sua liberdade, quem está habituado a esperar pelo estado para reger a sua vida, ainda não se preparou para viver a democracia.

Aqui no Brasil em todo discurso nos três poderes, está a palavra democracia, pronunciada com a mesma frequência com que um sedento usa a palavra água.   
Mas como podem ouvir a vontade do povo os que vivem isolados dele? Os que evitam ir à praia, à padaria, ao restaurante, ao shopping, porque temem as vaias do povo. 
Se estão isolados com seus iguais nas suas redomas, já não seria a hora de se perguntarem por que o povo os xinga?
 
Alexandre Garcia, jornalista - Correio Braziliense
 
 

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Teste de popularidade - As pesquisas das ruas mostram a real popularidade de Bolsonaro


Alexandre Garcia

Na última eleição, em 2018, as pesquisas erraram feio em muitos estados importantes, tanto para governador quanto para senador. Eles não vão me  enganar pela segunda vez, como fizeram na primeira. Eu prefiro confiar no que eu vejo no dia a dia. Como aconteceu na sexta-feira (16), quando Bolsonaro parou a Via Dutra. Ele seguia para a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). A cada 20 veículos, 19 saudavam o presidente. 

Essa é a melhor pesquisa.
O presidente falou em seu discurso para os cadetes que eles serão os guardiões da liberdade. Ele citou várias vezes a liberdade, um dos bens mais preciosos de uma democracia. As nossas liberdades são atingidas quando invadem nossa propriedade, quando o direito de ir e vir é dificultado ou quando tentam tirar nossa liberdade de expressão. Precisamos estar sempre alertas, senão viramos uma Venezuela ou uma Cuba.

Bolsonaro saiu da Aman e foi a São José dos Campos para embarcar no avião. Durante o percurso passou por Caçapava (SP), lá entrou em uma das padarias mais tradicionais do município. Também em Caçapava, o presidente cortou o cabelo em um salão de beleza que tinha sido inaugurado naquele mesmo dia. A dona do salão, Edna Santos, havia feito um post na rede social avisando da inauguração e Bolsonaro marcou hora. É outra forma de checar a popularidade. É o que resta quando Congresso e STF indicam que o crime compensa?
Como nós ficamos, enquanto origem do poder, quando a deputada Flordelis (PSD-RJ) mata o próprio marido e continua no cargo? Ou quando o ex-vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR), desvia dinheiro e continua no cargo?

Ou até quando o ministro Marco Aurélio Mello solta um traficante e continua integrando o STF? [a supremacia é tão absoluta que sequer é cogitada ser realizada uma investigação?
Como ficamos nós mandantes, contribuintes e eleitores? 
O que vocês pensam a respeito disso? Eu faço essa pergunta.

A ignorância incendiária contra o governo Bolsonaro

Algumas autoridades do governo encolhem-se porque fatos são deturpados. Como aconteceu com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) recentemente. Não dá para haver esse encolhimento por parte do órgão. O fato é mais forte que o barulho que estão fazendo.

O órgão ia adquirir um agente retardador de fogo e a compra foi suspensa. Isso porque a narrativa do noticiário foi a de que estudos de 2018, do Ibama, apontaram para o risco de contaminação de solo, água e de alimentos na região atingida pelo agente químico. Mas se você pesquisar nas redes sociais é possível ver que o fire limit é usado em diversos países para acabar com incêndios e, consequentemente, salvar propriedades, animais e vidas. O produto é usado há muito tempo.

O domínio ideológico nas universidades precisa acabar
As listas tríplices para a escolha de reitores estão sendo enviadas.
Mas estão contestando, no STF, essa lei que é de 1992. O que não aconteceu nas últimas décadas, quando houve um domínio ideológico sobre as universidades federais. De acordo com o pedido feito, seriam enviados três candidatos, mas o indicado precisaria ser o mais bem avaliado pelas pessoas que fizeram a lista. Essa lista foi usada para aparelhar as universidades por mais de 20 anos.

Os conselhos universitários estão manipulando a lista tríplice, que deveria sair de uma escolha de comum acordo das partes envolvidas. Tem alguns casos que foram parar na Justiça, entre eles, o da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Essa é outra questão que precisamos ficar atentos. Porque esse domínio ideológico sobre universidades precisa acabar. Essas instituições deveriam priorizar o ensino e não a catequese ideológica.

Alexandre Garcia, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes


terça-feira, 24 de março de 2020

A Escolha de Sofia - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

O Brasil hoje: se correr, o bicho covid-19 pega; se ficar, o bicho da recessão come

O mundo todo e o Brasil, particularmente, vivem um dilema típico de “A Escolha de Sofia”. Aprofundar o isolamento e a paralisação de estados, cidades, empresas, empregos e pessoas, em nome da saúde e da vida? Ou mitigar o combate radical ao coronavírus para tentar preservar empresas e empregos, em nome da economia?
Na prática, uma guerra da área sanitária com parte de governantes, empresários e economistas. De um lado, governadores que trabalham diretamente com o Ministério da Saúde e os especialistas no setor; de outro, o presidente Jair Bolsonaro, o Ministério da Economia e aliados.

Em tese, todos têm razão. A prioridade absoluta neste momento é trabalhadores, funcionários, autônomos e diaristas em casa para interromper a transmissão do vírus maldito. A prioridade de hoje, porém, não pode desconsiderar a de amanhã: a pandemia acaba e as vítimas não serão só os mortos e contaminados, mas todos que produzem, vendem, trabalham. O horizonte é de terra arrasada, com recessão, quebradeira de empresas e lojas, 40 milhões de desempregados, na previsão de um grupo de empresários.

Como sempre, em todas as crises, dificuldades e momentos, as maiores vítimas todos nós sabemos quem são e serão: velhos, homens, mulheres e crianças da tal da “base da pirâmide”. Passado o momento em que os infectados e mortos eram recém-chegados da Ásia e da Europa, ou por eles foram contaminados, a expectativa, que dá um tremor no corpo e um frio na coluna, é que o vírus chegue às favelas, cortiços, às imensas áreas sem água, sabão, muito menos álcool gel.

São milhões com imunidade baixa, higiene precária, compreensão da situação equivalente ao (mínimo) grau de educação. Logo, serão os alvos fáceis de um vírus oportunista e letal. São os moradores de rua, os que vendem água, milho ou qualquer coisa por aí, os diaristas que só recebem (e comem) quando trabalham e, entre eles, os informais, que crescem freneticamente e sem amparo legal. Eles vão morrer mais com o vírus e vão sofrer mais no pós-vírus. Se correrem, o bicho covid-19 pega; se ficarem, o bicho da recessão come.

O novo coronavírus chegou para valer em todas as unidades da Federação, decretando calamidade pública, prenunciando colapso da saúde e crescendo na velocidade do exemplo mais dramático, a Itália. E tudo isso na pior hora. Um dos líderes mundiais em desigualdade social, o Brasil convive com falta de estado e bolsões de miséria absoluta em todas as suas regiões. E vem de dois anos de recessão, de mais dois “crescendo” 1,3% e desperdiçou 2019 com PIB de 1,1%. Mais: a questão fiscal é o maior obstáculo da economia.

De onde tirar a montanha de dinheiro que o País precisa para salvar vidas, tratar doentes, preservar setores mais atingidos, empregos, milhões de famílias sem renda? O governo tem anunciado medidas, como flexibilização das regras trabalhistas e de pagamento de dívidas e vales de R$ 200,00 para informais e os mais miseráveis entre os miseráveis. Mas, num País populoso como o nosso, significa que a conta é altíssima para os cofres públicos, mas o valor que chega à mesa das famílias é irrisório. Tudo deprimente, apavorante.

A luz no fim do túnel só virá, primeiro, com o máximo rigor contra a transmissão do vírus e, depois, com união, patriotismo, solidariedade, as disputas políticas de lado, o presidente acordando para a realidade e uma certa elite esquecendo, por ora, a eterna ganância e a velha arrogância. Aliás, uma pergunta: como os bancos vão entrar nessa onda? Governos de esquerda, centro e direita vêm e vão e esse é o setor que mais lucra. É hora de retribuir, porque se trata de questão de vida e morte. Das pessoas e da economia. [os bancos são os que mais e sempre ganham;
Até quando todos perdem,  eles encontram uma forma de ganhar.
Clique aqui e comprove o empenho do Banco Central em que os bancos continuem ganhando.] 

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo