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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

A esquerda ama odiar - Revista Oeste

 Augusto Nunes

O negacionismo autoritário é camuflado por declarações de amor à vacina 

Bandeira do movimento Lula Livre, criado quando o ex-presidente foi condenado, em 2017, a mais de nove anos de prisão | Foto: Helissa Grundemann/Shutterstock
Bandeira do movimento Lula Livre, criado quando o ex-presidente foi condenado, em 2017, a mais de nove anos de prisão -  Foto: Helissa Grundemann/Shutterstock
 

O PT não sabe sorrir, nunca soube. Já no primeiro comício da vitória, o partido mostrou que festejar o próprio triunfo lhe dá muito menos prazer do que comemorar a derrota dos outros com insultos, provocações e pancadarias. Em vez de alegrar-se com o número de eleitores que votaram nos candidatos petistas, os militantes acham mais prazeroso contabilizar e, se possível, identificar os que não seguiram a estrela vermelha: são inimigos a castigar ou destruir. A prevalência da carranca sobre o sorriso foi oficializada no momento em que o chefe supremo do PT dividiu o Brasil em duas tribos: “nós” (os devotos da seita que tem em Lula seu único deus) e “eles” (os que não abdicaram da sensatez). Conforme as circunstâncias, o Mestre comunica a seus discípulos que o nome mudou. “Eles” viraram “golpistas” nos meses que precederam o impeachment de Dilma Rousseff, foram rebaixados a “fascistas” com a ascensão de Jair Bolsonaro e, depois da chegada ao país do vírus chinês, tornaram-se “inimigos da ciência”, “terraplanistas” e “negacionistas”.

O passaporte sanitário que documentava a aplicação de três doses de vacina não impediu que uma militante do PT, quarentona recente, fosse surpreendida pela covid-19. Inconformada com os dez dias de quarentena, caprichou num longo palavrório que batizou de “desabafo”. Examinado com atenção, revela com a precisão de tomografia computadorizada um cérebro petista atormentado pela pandemia. 
O vírus responsável pela doença sequer é mencionado. 
Como Lula ensinou, todas as mortes causadas pelo coronavírus devem ser debitadas na conta do presidente genocida, líder dessa sub-raça que “nega a ciência falando contra a vacina”. É bom que se calem, adverte a confinada involuntária, para logo ressalvar em mau português: “Desinformação não é liberdade de expressão”. Assim, os negacionistas devem suspender imediatamente conversas que ofendem a ciência e desperdiçar esse tempo tratando de assuntos menos letais. Futebol, por exemplo. Ou estética. Ou astrologia. “Você pode dar sua opinião sem matar ninguém”, lembra o desabafo. E que fique em casa quem não tomou vacina, conclui a lição, porque o vírus precisa de corpos não imunizados circulando por aí para ganhar força e gerar novas variantes.

Por odiar o convívio dos contrários, todo esquerdista brasileiro é surdo a vozes dissonantes. Por desprezar poços de certezas, sobretudo quando sonham com o assassinato dos direitos individuais e das liberdades democráticas, insisto em ver as coisas como as coisas são e a contar o caso como o caso foi. Em obediência a Lula, seus esforçados devotos qualificam de “inimigos da vacina” milhões de brasileiros que, na infância, recorreram a imunizantes para livrar-se de poliomielite, catapora, sarampo ou caxumba — e, ao longo de 2021, tomaram vacinas contra a covid-19. É o meu caso. Fui vacinado com duas doses da CoronaVac e uma da Pfizer. E afirmo que sofre de negacionismo — e negacionismo delirante — quem nega a existência de dúvidas a esclarecer, enigmas a desvendar, interrogações a desfazer. 

Criada no curtíssimo período de um ano, a vacina contra a covid-19 configura uma façanha e tanto. Mas só cretinos fundamentais não conseguem enxergar nesses imunizantes algo ainda na primeira infância e, por isso mesmo, em processo de aperfeiçoamento.
 
Os loucos por lockdowns acabam de decepcionar-se com o estudo que comprovou a ineficácia dos isolamentos radicais
Logo ficarão desolados com as respostas exigidas por outras perguntas muito oportunas. Uma delas: vacinas concebidas para combater o vírus original e suas primeiras variantes são capazes de deter o avanço da Ômicron? 
O desabafo sugere que a militante em quarentena ignora que também os totalmente vacinados podem transmitir a doença e ser infectados. Assim, não deveria descartar a hipótese de ter sido contaminada num encontro de adoradores de vacinas, todos providos de passaportes sanitários, usando máscaras e atentos a medidas de distanciamento social. Além de entusiasmados com a epidemia de autoritarismo gerada pelo Supremo Tribunal Federal na sessão que entregou o comando do combate à pandemia a governadores e prefeitos
As táticas de guerra ficaram mais confusas com a permanência no front dos ministros do STF, e desandaram de vez com a entrada em cena de promotores de Justiça e juízes de primeira instância. Só ficou fora o presidente Jair Bolsonaro, a quem coube apenas arranjar a dinheirama que financiou também as bandalheiras do Covidão.
 
Lula jura que, se estivesse na Presidência da República, salvaria o país com a reprise do medonho modelo concebido pela tirania que tanto admira. “A China só conseguiu combater o coronavírus com a rapidez que ela combateu porque tem um partido forte, porque tem um Estado forte, tem pulso, voz de comando”, desmanchou-se em afagos o ex-presidente num vídeo divulgado em junho de 2021. “Eles tomam decisões que as pessoas cumprem, coisa que nós não temos aqui.” 
Com o ex-presidiário no Palácio do Planalto, a direção da guerra provavelmente seria entregue ao ex-ministro Carlos Gabas, maior autoridade do PT no campo da saúde. No posto de secretário-geral do Consórcio do Nordeste, ele administra o combate à pandemia naquela região. Investigações de uma CPI instaurada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte confirmaram que Gabas é um incapaz capaz de tudo.

Quem acredita nesse monumento ao negacionismo está obrigado a crer que Lula foi a única vestal incorruptível no mais populoso bordel da história

Governar é escolher, e Lula escolhe sozinho. Presidente por oito anos, não recorreu a conselheiros para escalar ministros, presidentes das estatais mais lucrativas, parceiros no Congresso, empreiteiros felizes com obras federais e, no Exterior, ricaços generosos e um punhado de amigos bem mais rentáveis que o milhão sonhado por Roberto Carlos. Antes e depois da temporada no poder, escolheu dirigentes do PT, candidatos do partido a governos estaduais, prefeituras ou Câmaras Municipais, patrocinadores de palestras.  
Ficou rico sem manchar a imagem de alma viva mais pura do Brasil, talvez do mundo, venerada pela esquerda negacionista, convencida desde sempre de que Lula é o mais injustiçado dos inocentes. Bandidos são o ex-juiz Sergio Moro e os integrantes da Operação Lava Jato.
 
Para sustentar esse monumento ao negacionismo, costurou-se o enredo que mataria de inveja um Gabriel García Márquez. 
 Em 2014, o juiz Sergio Moro descobriu que, se impedisse a volta de Lula ao poder, um deputado federal que ninguém conhecia seria eleito presidente da República e o transformaria em ministro da Justiça. Ambicioso, o magistrado matriculou-se num curso da CIA que ensina a montar conspirações envolvendo o Ministério Público e a Polícia Federal. Voltou dos Estados Unidos pronto para liderar uma operação que, fingindo investigar doleiros, devassou bandalheiras consumadas por empreiteiros que prestavam serviços à Petrobras e diretores da estatal. 
 
A evolução da trama incorporou delações premiadas, bilhões de dólares devolvidos à empresa saqueada, quadrilheiros de altíssima linhagem acordados às 6 da manhã e transferidos para a gaiola antes que Lula fosse instalado na cadeia em Curitiba
O Petrolão foi uma farsa, recitam os negacionistas do PT.  
O tríplex no Guarujá nunca foi dele, os 111 fins de semana no sítio em Atibaia só atestam a beleza da amizade verdadeira, acrescentam os devotos mais fervorosos. 
E o Mensalão? Nunca existiu.

Quem acredita nesse monumento ao negacionismo de esquerda está obrigado a crer que Lula foi a única vestal incorruptível no mais populoso e diversificado bordel da história. Entre os figurões da Era Lula-Dilma que amargaram temporadas na cadeia estão um presidente do Banco do Brasil, um ex-presidente e três diretores da Petrobras, um ex-presidente dos Correios, um ex-presidente da Eletronuclear, um ex-presidente da Valec, um ex-presidente e um ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, três ex-presidentes do PT, três tesoureiros do PT, um ex-líder da bancada do partido no Senado e um ex-líder da bancada na Câmara dos Deputados. A fila de petistas lembrados com orgulho pela população carcerária é enriquecida pelos ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu, além de parceiros como os ex-governadores Sérgio Cabral e Pezão. E é, merecidamente, puxada por Lula.

Aos negacionistas vocacionais somam-se os estrábicos por opção. É o caso do ex-governador Geraldo Alckmin
Na campanha presidencial de 2006, ele viu em Lula um corrupto. 
Em 2018, viu um delinquente ansioso por voltar ao local do crime. 
Só agora apareceu-lhe o estadista de quem queria ser vice desde criancinha. 
Sujeito a surtos de vigarice amnésica, o dono do PT esqueceu que achava o antigo adversário “um político fraco demais para governar qualquer coisa” e descobriu “um governante que sempre mereceu respeito”. 
O que milhões de brasileiros precisam enxergar é o perigo estacionado a um palmo do nariz: um Lula candidato a presidente, na imagem perfeita de Millôr Fernandes, é o túnel no fim da luz.

Leia também “O confisco da liberdade”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste

 

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

O governo tem que facilitar, e não complicar

Levantamento feito pela Agência Nacional de Petróleo em postos de combustíveis no Brasil inteiro encontrou uma diferença de quase R$ 3 no litro do álcool hidratado entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Um posto do Rio Grande do Sul está vendendo o álcool a R$ 7,80 o litro. E, em São Paulo, o preço médio nem é o preço mais baixo - o preço médio é R$ 4,90. A maior parte das refinarias de álcool estão em São Paulo. Mas quase, praticamente R$ 3, porque esse é o preço médio em São Paulo. E está mais baixo em São Paulo por que?  
Consequência de uma medida provisória do governo autorizando a venda direta da refinaria para o posto. 
Não precisa fazer uma viagem até a distribuidora, para depois voltar para o posto. Pode vender para qualquer bandeira. Liberação é isso: o governo tem que abrir, facilitar, e não prender, amarrar, complicar para ficar tudo mais caro. Para fazer passeio por aí.
 
Na semana antes do Natal, o preço caiu muito, na maior parte dos estados. Em 19 estados o preço do litro do álcool caiu. Em Mato Grosso, chegou a cair 15% - ao passo que, no Rio Grande do Sul, esse preço em média é R$ 7, enquanto a média em São Paulo é R$ 4,90. Só para a gente registrar, comparar, na hora de abastecer. Tem muita gente, eu já ouvi muito motorista se queixar de que está vindo pela BR-101, por Santa Catarina, indo em direção ao Rio Grande do Sul, e abastece antes de entrar na divisa do Rio Grande do Sul.  
Porque no Rio Grande do Sul o imposto estadual é mais alto do que em Santa Catarina, e o preço do combustível fica mais caro, qualquer combustível.


Chuvas e inundações

Bahia sofrendo com chuvas, e também Minas Gerais, outros estados. Muita chuva neste verão. 
E o presidente Bolsonaro assinou uma medida provisória criando um crédito extraordinário de R$ 200 milhões para refazer estradas destruídas pelas chuvas, pelas inundações 
R$ 80 milhões para estradas baianas. 
Mas também vai para estradas do Pará, de São Paulo, de Minas Gerais e do Amazonas. Há mais de 20 mortos e mais de 30 mil desabrigados só na Bahia. É uma grande tragédia numa época em que a gente costuma festejar o Natal e o fim de ano.


A vitória de Alex

Quem está festejando também é o jogador que começou no Grêmio, o Alex dos Santos Gonçalves, que estava enrolado na Indonésia, não podia sair, estava sem o passaporte.                                                          E o governo brasileiro entrou nessa dando apoio diplomático e jurídico ao atleta. E o clube em que ele jogava, unilateralmente, violou o contrato reduzindo o salário dele em 75%. Aí ele se queixou para a FIFA, e a FIFA puniu o clube e mandou o clube pagar as diferenças.                                  O clube ficou furioso e retaliou, dando uma queixa na polícia, dizendo que ele já estava com o visto de trabalho vencido na Indonésia, por isso estava em situação irregular e a situação ficou difícil para ele voltar para o Brasil em festas de fim de ano, para se reunir com a família.

O governo brasileiro entrou nessa, conseguiu a liberação dele também, e ontem eu vi um tweet do presidente Bolsonaro e do ministro de Relações Exteriores, o ministro França, anunciando que ele havia passado na alfândega, na migração em Jacarta. Estava em um voo da Emirates para Dubai, ia fazer escala em Dubai, de lá iria para São Paulo, e de São Paulo ia voltar para Porto Alegre onde ele começou a carreira esportiva.

 Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Ela é contra estupradores em presídios femininos. Transfóbica, claro! - Gazeta do Povo

Madeleine Lacsko

Patrulha Identitária - Entenda como a patrulha da lacração transforma até defesa de estuprador em bandeira contra transfobia.

J. K. Rowling: a autora de Harry Potter - acusada de transfobia

Na patrulha identitária deve ter alguma norma que obrigue a dedicar um momento do dia a perseguir a escritora J. K. Rowling. Agora, ela já está fora de um especial sobre a obra dela própria na HBO no Ano Novo. Mas ainda não é o suficiente. Depois de incentivos à invasão da casa da escritora, vamos a mais um round de assédio. Agora o problema é errar o artigo ao falar com o estuprador x estupradxr.

Pelo menos no Reino Unido ainda se permite que jornalista faça pergunta. Ian Collins pergunta à ativista se ela considera que não é um estupro masculino aquele cometido por uma pessoa que tem pênis. Ela desconversa. J. K. Rowling disse que mulheres trans são estupradoras? Não, mas também não importa. A patrulha não ouve quem é de fora da patrulha, apenas cria estereótipos
Quem disse que mulheres trans são estupradoras foi a polícia da Escócia. Foi tomada a decisão de fichar como mulher e mandar para o sistema prisional feminino o estuprador x estupradxr que se autodeclarar mulher no momento da prisão. Não precisa ter feito transição, cirurgia nem mudado o documento. Quem conta?

O governo da Escócia está enfrentando uma oposição ferrenha dos movimentos feministas, mas alega que não quer dificultar a vida de quem já tem disforia de gênero. Para quê exigir exame médico, laudo, atendimentos ou documento se a pessoa cometer um crime e for presa? Vamos desburocratizar, né? A ideia é adotar o parâmetro do tuiteiro médio da patrulha identitária brasileira. Tem de acertar o artigo que a pessoa estiver a fim de ser chamada no momento da prisão.

O absurdo da situação vira uma distorção ainda mais distópica nas mãos da patrulha identitária. 
A coisa mais sensacional de debater com a seita woke tupiniquim é essa apropriação cultural dos métodos de Paulo Salim Maluf. 
Minha entrada para o jornalismo político, aos 19 anos de idade, depois de madrugadas sangrentas no jornalismo policial paulistano foi graças a ele. Ou melhor, foi graças a uma briga com ele exatamente por esta técnica de debate usada agora pela militância lacrativa.

A patrulha identitária malufou. Não importa o que aconteça ou o que alguém tenha falado, eles respondem o que quiserem. Você diz: "um estuprador não pode ir para a prisão feminina só porque disse na hora da prisão que é mulher". Resposta: "transfobia dizer que só mulheres trans estupram e não são estupradas". Lembra quando eu perguntava: "prefeito Paulo Maluf, e sobre as acusações de corrupção?". Resposta: "Sabe quem construiu a avenida Jacu Pêssego? Paulo Maluf!". Desde que Lula malufou começou essa palhaçada.

Quando eu vejo esse tipo de militância, sempre fico em dúvida. Pode ser um roteirista da Tatá Werneck fazendo teste de piada em rede social. Pode ser também roteirista da Praça é Nossa, vai que vão fazer uma nova velha surda, né? Mas aparentemente era isso mesmo. E experimente questionar quem disse que só mulher trans estupra ou quem disse que mulher trans não é estuprada. Cancelamento imediato por transfobia.

O argumento é que precisam invadir a casa da escritora J. K. Rowling e ela não pode mais ter o nome mencionado na própria obra porque fez uma manifestação altamente ofensiva às mulheres trans. Ela tuitou um artigo falando do absurdo de aceitar que qualquer estuprador simplesmente diga que é mulher, sem nenhuma prova de que seja trans ou esteja se consultando sobre, e vá imediatamente para o sistema prisional feminino.

A patrulha tenta fazer parecer que o problema é estigmatizar as mulheres trans que estejam sendo presas por estupro. Mas e se ela estuprar outra mulher na cadeia? Dane-se, não tem santa ali. Direitos Humanos para humanos direitos. Malufaram com força mesmo. Mas a questão não é essa, é que estamos lidando com estupradores, um tipo de bandido que nem a lei do cão tolera. Se ele tiver a oportunidade de declarar que é mulher e ir para uma cela feminina, vai usar. E já está usando na Inglaterra e no País de Gales.

Entre 2012 e 2018, 436 estupradores estupradorxs com genitália masculina declararam ser mulheres na Inglaterra e País de Gales. A maioria só descobriu que era mulher depois da prisão por estupro. Vejam só que coisa, como um baque mexe com todo o psicológico da pessoa, né? Foi prender que reavaliou toda a vida e descobriu até que era mulher. E esse processo deve ser um aprendizado bem intenso porque corre no boca-a-boca.

A população transexual carcerária no Reino Unido é muito pequena. Pego uma estatística de Inglaterra e Reino de Gales de 2016 a 2017, quando já se podia simplesmente declarar ser mulher e ir para o presídio feminino mesmo com corpo de homem. Havia mais de 85 mil presos e, em 2016, 70 trans. Em 2017 o número saltou para 125. O último dado, de 2019, é de 436. Deve ser a quebra de tabus sexuais que tem feito tanto preso se assumir trans, né?

E qual o percentual de crimes sexuais na população carcerária? Houve uma explosão desse tipo de crime no Reino Unido em 2019, checando a 1 em cada 8 presos. Estamos falando em 12,5% da população carcerária. E quando falamos da população carcerária que se declarou trans? Mais de 60% por crimes sexuais. Será que tem estuprador se aproveitando da brecha na legislação e inventando que é trans? Imagina, um estuprador jamais faria uma coisa tão cruel e ofensiva.

A discussão no Reino Unido ocorre porque a Escócia vai ter de decidir como lidar na prática com criminoso cruel que se aproveita do que tiver de brecha e não tem limite ético. Na Inglaterra e País de Gales já se verificou que muitos desses simplesmente declaram-se mulheres sem o menor constrangimento após a prisão. Há casos de quem realmente decidiu fazer uma transição de sexo e nem assim parou de estuprar, como Karen White, que foi condenada à prisão perpétua.

Bom, mas danem-se essas coisas todas que aconteceram, dados, fatos, gente real que sofreu de verdade. Eu é que sou insensível e não penso no drama da mulher trans que será levada ao presídio masculino porque sou branca e privilegiada. É verdade mesmo que sou insensível. Uma das frases preferidas do meu filho até os 5 anos de idade era: "desiste, minha mãe não se comove". Avalia como eu fico comovida com cancelamento de lacrador. Mas, como não posso desver, divido com vocês.

Um dos maiores mistérios da criação para mim é a autoestima do homem medíocre. Gostaria de um dia chegar a esse nível espiritual em que eu falo a maior estupidez e realmente acredito que foi uma mega sacada só para os mais intelectuais. O mais interessante da história toda é que danem-se as mulheres estupradas, o estupro foi minimizado e estamos diante da proliferação de esquerdomacho dando palestrinha feminista para mulher. 

Enquanto houver otário, malandro não morre de fome.

Como a realidade pouco importa, a turma já está dizendo que no Brasil é com autoidentificação e nunca deu encrenca. Que o CNJ já decidiu pela autoidentificação. Que nem precisa de trans para estuprar porque o carcereiro já estupra. Enfim, haja tempo livre para a turminha da lacração. Aqui houve sim uma decisão do CNJ - não do Legislativo, como seria preferencial [preferencial, e mesmo obrigatório, usual, etc, já que segundo dizem o Brasil vive em um 'estado democrático de direito', tal condição faz com que impere um costume: o Congresso Legisla.] mas é bem diferente do sistema britânico. Tem gente que odeia lacrador. Eu gosto, é bem divertido. O que não pode é levar a sério.

Madeleine Lacsko, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 12 de dezembro de 2021

Pode invadir: Conceito de ‘função social’ não é licença para ‘A’ ocupar terra de ‘B’. A Justiça acha que é - O Estado de S.Paulo

J. R. Guzzo

A lei brasileira proíbe a invasão de terras, com todas as suas letras, artigos e parágrafos; até agora, em 132 anos de República, ainda não apareceu nenhum jurista que tenha sido capaz de descobrir uma exceção, mesmos nos confins mais remotos da legislação, que permita a alguém invadir alguma terra que não lhe pertence e ficar ali de boa, com direito a não ser incomodado. Pode ser área rural. Pode ser área urbana. Não faz diferença: é proibido invadir. 
A Constituição estabelece que no Brasil existe a propriedade privada e que o Estado tem a obrigação de proteger a sua existência; não há nenhuma dúvida quanto a isso. Também não há dúvida que é um direito constitucional do cidadão receber essa proteção. 
 
Saiba mais sobre direitos básicos barrados pelo STF: Na pandemia, direitos básicos foram barrados por decisões do STF
 
A conversa deveria acabar aí. É onde acaba em qualquer país que tenha uma democracia minimamente séria e bem-sucedida, destas que o Brasil civilizado, intelectual e temente às instituições tanto admira. Deveria, mas não acaba; na verdade, é aí que começa. A Constituição, no artigo 5, garante o direito à propriedade privada, mas a Justiça brasileira não está de acordo com essa regra.  
Está sempre ansiosa em se enrolar na bandeira da “função social” da propriedade para decidir em favor da primeira invasão que lhe passar pela frente. É hipocrisia em estado puro. O conceito de “função social”, pela lógica mais elementar, apenas adverte que a propriedade individual não pode causar prejuízo ao interesse comum – não é uma licença para “A” invadir a terra de “B”. A Justiça acha que é.
Por que uma área ocupada pelos “movimentos sociais” como o dos “Sem Terra”, e coisa parecida, cumpriria a sua função social melhor do que ela é cumprida na situação em que estava antes produzindo alimento, gerando emprego, criando renda e pagando imposto? 
Ninguém está interessado em responder isso. Invadir propriedade alheia, segundo a visão corrente no Brasil de hoje, é “justo”. Pronto: o invasor, pelo fato de invadir, passa a ter razão. O proprietário, pelo fato de ter uma escritura, passa a ser o delinquente. 

Invadir propriedade alheia, segundo a visão corrente no Brasil de hoje, é 'justo'. Foto: Epitacio Pessoa/ESTADÃO

A última exibição oficial dessa aberração acaba de ser fornecida pelo Supremo Tribunal Federal. As ordens judiciais de despejo contra invasões sim, ainda há juízes que reconhecem o direito de propriedade no Brasil ficam suspensas até o mês de março. A desculpa é a “pandemia”. Até março, segundo o STF, há pandemia, e havendo pandemia não se pode cumprir a lei. Não tem pé nem cabeça, é claro. Mas quem fez o pedido foi o PSOL pediu e correu para o abraço. Aí não é preciso explicar mais nada, certo? [o Boulos é um  individuo que comanda invasores de propriedades e o candidato do 'psol' escalado para perder sempre; o individuo em questão manda seus comparsas invadirem propriedades urbanas, passam a residir nelas e a pagar aluguel, tipo taxa de ocupação, para ele: Guilherme Boulos.]

Saiba mais sobre o MST:  Reforma agrária finalmente anda, mas agricultores denunciam que o MST é contra

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Manifestações - No 7 de setembro, imagens derrubam as narrativas - VOZES

Alexandre Garcia

Mais um 7 de Setembro. A comemoração oficial, em Brasília, foi diante do Palácio Alvorada com hasteamento da bandeira. Depois, no decorrer do dia, vieram as manifestações pedindo liberdade, pedindo que o Supremo, em especial um ministro do Supremo, cesse as restrições às liberdades, às garantias e direitos fundamentaiscomo o direito de ir e vir, o direito de opinião e, sobretudo, à liberdade de expressão e o veto à censura, previstos todos na Constituição.

O presidente Jair Bolsonaro, tanto em Brasília quanto na Avenida Paulista (em São Paulo), disse, com o testemunho da multidão, que a partir de agora não serão mais cumpridas ordens que estejam fora da Constituição. Aliás é dever dele, é obrigação dele porque ele jurou no dia da posse cumprir, manter e defender a Constituição – juramento previsto no artigo 78 da mesma que, se ele não cumprir, pode levá-lo a um impeachment.

É uma questão para o Supremo e o ministro Alexandre de Moraes considerar: humildade para reconhecer os problemas desse inquérito do fim do mundo - como chamou o ex-ministro da Corte Marco Aurélio Mello. O Supremo está esticando a corda. Está reagindo à crítica desconhecendo que ele é um poder da República e que todo poder da República (em democracias) está sujeito a crítica. Se houver ameaças - ameaças realmente concretas, que não sejam só saliva - elas têm que ser enquadradas (se tiver injúria, calúnia, difamação, tem código penal para isso) e não ficar sujeitas ao arbítrio de um inquérito em que o próprio ofendido é quem julga, investiga e manda prender.

Ainda nesta terça, um americano que veio ao Brasil para a Conferência de Ação Política Conservadora (Cpac), ex-assessor do presidente Donald Trump, foi detido no aeroporto de Brasília para prestar depoimento. Segundo notícias ele participou de manifestações antidemocráticas no Brasil. Como assim? Ele chegou faz dois, três dias. E nesses últimos dias não houve nenhuma manifestação antidemocrática no Brasil. Houve lá atrás: queimaram a bandeira nacional, quebraram agência bancária, jogaram pedra na polícia, quebraram ponto de ônibus, tocaram fogo em estátua, mas ele não estava aqui naquele momento. Estranho isso.

Público nas manifestações: a grande discussão.
Aqui vem a palavra do experiente narrador esportivo Milton Neves: “uma lição antiga do jornalismo é: não brigue com a imagem”. E eu acrescento, quem brigar com a imagem vai perder credibilidade e credibilidade a gente leva anos para recuperar quando perde. Fica feio dizer uma coisa sobre a Avenida Paulista quando a imagem está mostrando outra. Falar sobre Copacabana e a imagem mostra outra coisa, Esplanada dos Ministérios, a imagem mostra outra coisa.

Vale do Anhangabaú (em São Paulo), Torre de Tevê (em Brasília), Centro do Rio de Janeiro - pontos de concentração de manifestações contrárias ao governo nesta terça. Dizer uma coisa e a imagem está mostrando outra. Fica muito feio e tem gente que jogou pá de cal na credibilidade nesta terça. Uma pena.

Veja Também:  Bolsonaro diz que ato é “ultimato a todos da Praça dos Três Poderes”

 A mentira do "fique em casa"
Outra questão a ser relatada é, como disse o jornalista Cláudio Humberto, a mentira da violência.
Pregaram no noticiário que haveria violência para assustar as pessoas, para que ficassem em casa. É o mesmo "fique em casa" do "fecha seu emprego", "perca seu emprego", "toque a sua empresa na falência" que se viu na pandemia, a mesma coisa. E o que se viu não foi nada disso. Foi uma manifestação ordeira, pacífica, patriótica, pela liberdade, sem bandeiras partidárias e que serve de exemplo.

Tomara que no ano que vem, nos 200 anos na Independência, a gente possa repetir uma grande festa cívica, do povo brasileiro, de fortalecimento da democracia, pedindo que todos, sem exceção, cumpram a Constituição brasileira - já que todos sabemos ler, temos acesso à Constituição pelas redes sociais e sabemos muito bem quando há gente que a desrespeita.

Alexandre Garcia, colunista


sábado, 21 de agosto de 2021

O EXTRAORDINÁRIO PODER DOS OMISSOS - Percival Puggina

A frase de Shannon Adler vale por uma sirene de alerta. Diz ele: “Frequentemente, aquilo que as pessoas não dizem, ou deixam de lado, conta a verdadeira história”.

E eu acrescento: Quantos de nossos males seriam evitados se não comprássemos por dois vinténs de sossego os dissabores de amanhã!

A omissão dos conservadores e liberais favoreceu, nas últimas décadas, a condução do Brasil por maus caminhos, em más companhias. Se é verdade que fizemos nossa autodescoberta em 2018, não é menos verdade que quando acordamos da euforia inerente àquela vitória, a soberania popular jazia entre quatro velas no artigo primeiro da nossa Constituição. Voltamos a ser a galinha dos ovos de ouro no poleiro daqueles que decidem nosso destino e regem nossas liberdades. O mudo consentimento dos omissos permite a migração do poder real da República para mãos impróprias.

Atente, pois. Se alguém lhe jogar por cima etiquetas ofensivas e frases feitas; se disser que “um outro mundo é possível”, que o problema de Cuba é o “terrível bloqueio ianque”, que a ideologia de gênero é uma imposição da vida moderna e uma necessidade das crianças, que as drogas devem ser liberadas, que “interrupção da gravidez” é direito da mulher, que os cristãos devem ficar de boca fechada para que só eles falem porque o Estado é laico, que a pobreza é causada pela riqueza, que a polarização faz mal à política, saiba: aí está alguém animado por mentalidade revolucionária. 

Alguém que fará qualquer coisa pelo poder e que, no poder, agirá por dentro e por fora da ordem para destruí-la, pondo em curso o projeto revolucionário. Saiba mais: essa pessoa não quer melhorar o mundo, como eu e você queremos. Ela quer destruir a civilização e os valores que buscamos preservar. O Brasil, para elas, é apenas um dos espaços geográficos dessa disputa. Por isso, rejeitam o patriotismo, a bandeira e o Sete de Setembro.

Nossos valores, nossos apreço à liberdade, nossa rejeição à tirania e aos totalitarismos os contraria.  
Nós, de fato, preferimos a ordem à desordem e à anarquia. Respeitamos a justiça e o devido processo, o Estado de Direito e a Democracia. Rejeitamos revoluções e abusos de autoridade. Sabemos que a prisão dos criminosos liberta os cidadãos
Não investimos contra os bens alheios e exigimos que a propriedade privada seja respeitada. 
Consideramos que o Estado existe para a pessoa humana e não a pessoa humana para o Estado. Sabemos que a instituição familiar é importante, deve ser preservada e constituir objeto de atenção. Queremos um Estado eficiente nas tarefas que lhe correspondem, não intrometido na vida privada. 
Entre nós, mesmo os ateus reconhecem o valor da moral judaico-cristã, apreciam os fundamentos da civilização Ocidental e estão longe de considerar o Cristianismo como um mal que deva ser extirpado dos corações e das mentes.
As forças que exercem de modo efetivo o poder nacional, em proporção a cada dia mais evidente, rejeitam esse inteiro pacote, sem acordo possível. Querem a posse integral dos meios para dirigi-los a fins opostos. Abandonam os cidadãos à sanha dos bandidos porque lhes convêm o aumento da criminalidade e a insegurança. 
Põem em curso as agendas identitárias, não porque se interessem pelas pessoas concretas, mas porque toda trincheira e toda fratura aberta na sociedade serve ao projeto.  
Defendem a liberação das drogas, não porque considerem isso melhor do que a proibição, mas porque a drogadição abala os valores das comunidades. 
Hasteiam a bandeira dos Direitos Humanos de cabeça para baixo porque as únicas agressões a direitos humanos que os mobilizam são as que, de algum modo, atingem militantes do seu projeto.

Não tenho a menor condição de compor um cenário nacional para os próximos sessenta dias. Só sei que ele, muito provavelmente, será como os omissos permitirem que seja, antes de porem a culpa em alguém.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Militares divulgam novo manifesto contra ministro do Supremo - O Estado de S. Paulo

Um grupo de militares divulgou no sábado, dia 13, um novo manifesto contra o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). O documento foi publicado  em meio a mais uma crise entre o governo de Jair Bolsonaro e o Supremo, após o ministro Luiz Fux condeder liminar, afirmando que não cabe às Forças Armadas exercer Poder Moderador na República.

FAB
Manifesto reuniu 52 assinaturas de coronéis e brigadeiros da FAB; militares das 3 Forças subscreveram Foto: Cabo Feitosa/Força Aérea Brasileira
"A missão institucional das Forças Armadas na defesa da Pátria, na garantia dos poderes constitucionais e na garantia da lei e da ordem não acomoda o exercício de poder moderador entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário", escreveu o ministro.  Em resposta, o presidente Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas que "As FFAA (Forças Armadas) do Brasil não cumprem ordens absurdas, como p. ex. a tomada de Poder. Também não aceitam tentativas de tomada de Poder por outro Poder da República, ao arrepio das Leis, ou por conta de julgamentos políticos."

O novo manifesto foi  uma iniciativa de dois coronéis da Força Aérea Brasileira e recebeu a assinatura de 52 integrantes da Aeronáutica, 16 da Marinha e dez do Exército – todos da reserva. Também assinam o documento 30 civis e um oficial da PM do Rio. Entre os signatários estão 12 brigadeiros, cinco almirantes e três generais. [podemos considerar 20 oficiais generais - todos são oficiais generais, muda apenas a denominação, peculiar à Força singular a qual pertencem]
O documento  (leia íntegra abaixo) afirma que "ninguém entra nas Forças Armadas por apadrinhamentoou  atinge postos na carreira por ter "um palavreado enfadonho, supérfluo, verboso, ardiloso, como um bolodório de doutor de faculdade".  "Nenhum militar recorre à subjetividade  ao enunciar ao subordinado a missão que lhe cabe executar , se for necessário, com o sacrifício da própria vida".  
O documento segue, afirmando ao magistrado que "nenhum militar deixa de fazer de seu corpo uma trincheira em defesa da Pátria e da Bandeira”. E, por fim, diz:  "Nenhum militar atinge o generalato se não merecer o reconhecimento dos seus chefes, o respeito de seus pares e a admiração dos seus subordinados".

O decano do Supremo é o relator do inquérito sobre as supostas interferências políticas do presidente Bolsonaro na Polícia Federal que, segundo o relato feito pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, levaram à demissão de Maurício Valeixo da direção da PF. A reação dos militares contra o ministro começou depois que Mello disse que generais do Planalto que deveriam depor como testemunhas no caso poderiam ser conduzidos "debaixo de vara" se fosse necessário.
Depois desse episódio, Celso de Mello foi novamente criticado pelos militares por submeter à Procuradoria-Geral da República o pedido de apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro. O pedido acabou arquivado depois de o procurador-geral Augusto Aras declarar que a medida era desnecessária. A irritação de militares com o decano, no entanto, permaneceu.

Leia o manifesto na íntegra:
Ao Sr. José Celso de Mello Filho.
Ninguém ingressa nas Forças Armadas por apadrinhamento. 
Nenhum Militar galga todos os postos da carreira, porque fez uso de um palavreado enfadonho, supérfluo, verboso, ardiloso, como um bolodório de doutor de faculdade.
Nenhum Militar recorre à subjetividade, ao enunciar ao subordinado a missão que lhe cabe executar, se necessário for, com o sacrifício da própria vida.
Nenhum Militar deixa de fazer do seu corpo uma trincheira em defesa da Pátria e da Bandeira.
Nenhum Militar é comissionado para cumprir missão importante, se não estiver preparado para levá-la a bom termo.
Nenhum Militar tergiversa, nem se omite, nem atinge o generalato e, nele, o posto mais elevado, se não merecer o reconhecimento dos seus chefes, o respeito dos seus pares e a admiração dos seus subordinados.
E, principalmente, nenhum Militar, quando lhe é exigido decidir matéria relevante, o faz de tal modo que mereça ser chamado, por quem o indicou, de general de merda.

Rio de janeiro, 13 de junho de 2020

[seguem dezenas de assinaturas.
Saber mais, inclusive sobre uso de termos inadequados,  clique aqui.]

Notícias - O Estado de S.Paulo

quarta-feira, 10 de junho de 2020

"Será que pensar dói?" - Coluna do Alexandre Garcia

Correio Braziliense


''Pode-se xingar o presidente todos os dias, inclusive ameaçá-lo, e fazer o mesmo com os presidentes da Câmara e do Senado, mas não se permite fazer isso com juízes do Supremo''

Domingo, em São Paulo, quando um grupo de mais de 500 pessoas no Largo do Batata se dispersou, alguns foram pacificamente para casa, outros foram quebrar vidros do Bradesco e do Itaú. Na Avenida Paulista, um grupo diferente se manifestava, uns com bandeiras nacionais, outros com cartazes pedindo fechamento do Supremo e do Congresso. Em Copacabana, umas 200 pessoas de um lado e de outro, se manifestavam, falando em democracia e antifascismo. No Centro do Rio, outro grupo levava barras de ferro, coquetéis molotov e facas. [os quebradores de vidros e portadores de barras de ferro, molotov e facas são das quadrilhas da esquerda, incluindo membros de gangues também conhecidas como 'torcidas organizadas'.]

“Esquecemo-nos, muito frequentemente, não só de que ‘há sempre um fundo de bondade nas coisas más’, mas muito geralmente também, de que há um fundo de verdade nas coisas falsas” –– palavras do filósofo Herbert Spencer (in Primeiros Princípios), em brilhante tradução de Irapuan Costa Junior, ex-governador de Goiás. Parecia assim em manifestações ocorridas em cidades brasileiras, no domingo –– não se poderia dividir manifestantes em democratas e fascistas. Aliás, democracia e fascismo provavelmente não encontrariam padrões por estas bandas.

Havia pessoas defendendo a democracia com a maior boa fé, sem se dar conta de que já estamos numa democracia, à nossa moda. Pode-se xingar o presidente todos os dias, inclusive ameaçá-lo, e fazer o mesmo com os presidentes da Câmara e do Senado, mas não se permite fazer isso com juízes do Supremo. [qual o fundamento de ministros do Supremo - pessoas e não a instituição  - receberem tratamento diferenciado? afinal, integram o órgão máximo de um dos Poderes, enquanto os outros presidem a Câmara e o Senado, órgãos máximos do Poder Legislativo, e o presidente preside, na condição de Presidente da República, à Nação = atribuição do Poder Executivo e lá está por ter recebido nas eleições 2018, quase 60.000.000 de votos.]  Também havia pessoas, com a maior boa-fé, pedindo intervenção militar. Havia pessoas autointituladas antifascistas e havia pessoas se expressando como anticomunistas. Todos exercendo o direito democrático e constitucional de liberdade de opinião, de expressão e de manifestação.

O que está fora da lei é armar-se para agredir quem pensa diferente, ou se preparar para incendiar ou sair quebrando. A linguagem da violência é falada por quem carece dos argumentos da razão. E a Constituição só garante direito de reunião sem armas. Num lado e no outro das manifestações há um fundo de verdade e coisas falsas, num lado e noutro há supostas boas intenções a justificar coisas más e ilegais. Em Curitiba, rasgaram a Bandeira, talvez sonhando com o Navio Negreiro, de Castro Alves (mas que bandeira é essa? […] antes te houvessem roto na batalha, que servires a um povo de mortalha!). Mentes que bailam em ideais revolucionários, embriagadas em rótulos que, repetidos, se tornam verdade, mesmo sem ter fatos que justifiquem o carimbo. E mentes que sonham com as armas para calar e impor. Repetem processos de Lênin e Goebbels. Nada de novo. Será que pensar dói?

Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

A liturgia da Presidência - Nas entrelinhas

“O comportamento presidencial é regulamentado pela Lei 1.079 de 1950, que classifica como crime de responsabilidade agir de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro” 


O presidente Jair Bolsonaro ultrapassou todos os limites do decoro ao agredir de forma misógina a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, com insinuações sexuais, ao questionar suas apurações sobre o disparo em massa de mensagens na campanha eleitoral. Bolsonaro vem fazendo sucessivos ataques à imprensa e aos jornalistas quando sai do Palácio da Alvorada, sempre que alguém lhe faz uma pergunta incômoda.
“Olha, a jornalista da Folha, tem mais um vídeo dela aí. Eu não vou falar aqui porque tem senhora do meu lado. Ela falando eu sou a ‘tatata’ do PT. Tá certo? E o depoimento do Hans River, foi no final de 2018 para o Ministério Público, ele diz do assédio da jornalista em cima dele. Ela queria um furo. Ela queria dar um furo (pausa, pessoas riem) a qualquer preço contra mim. Lá em 2018, ele já dizia que eles chegavam perguntando ‘o Bolsonaro pagou para você divulgar informações por Whatsapp?”, disse o presidente da República.

Hans River do Nascimento, ex-funcionário da empresa de marketing digital Yacows, segundo reportagem de autoria de Patrícia, teria participado de esquema de disparo de mensagens por meio da rede social durante as eleições. Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Congresso Nacional, que apura a disseminação de conteúdo falso na internet, Hans River disse que Patrícia “se insinuou” para ele para tentar obter informações sobre disparos de mensagens, o que a jornalista desmente veementemente.

No início da tarde, ao deixar o Palácio da Alvorada após uma reunião com ministros, Bolsonaro voltou a tocar no assunto: “Alguém da ‘Folha de S.Paulo’ aí? Eu agredi sexualmente uma repórter hoje? Parabéns à mídia, aí. Não quero conversa. Parabéns à mídia. Eu agredi, cometi uma violência sexual contra uma repórter hoje?” As declarações de Bolsonaro geraram protestos generalizados e repercutiram no Congresso. A postura de Bolsonaro causa incômodos, inclusive no Palácio do Planalto, pois seu comportamento foge completamente à liturgia do cargo que ocupa.

Quebra de decoro
O cerimonial da Presidência é rigoroso. A coordenação e supervisão das solenidades realizadas no Palácio do Planalto são da Secretaria de Coordenação e Acompanhamento de Assuntos Militares, vinculada ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ou seja, subordinada ao general Augusto Heleno. Antes, era tarefa de diplomatas cedidos pelo Itamaraty e treinados para isso. Os eventos mais formais realizados na Presidência são o hasteamento e arriação da bandeira, a entrega de cartas credenciais a embaixadores, a passagem de guarda e a recepção a chefes de Estado. Nas solenidades de caráter administrativo, o cerimonial obedece normas de um decreto de 1972, ainda em vigor, aprovado durante o governo Garrastazu Médici, com 94 artigos. Tudo é previsto rigorosamente, até mesmo nos funerais.


O decoro presidencial, porém, é regulamentado pela Lei 1.079 de 1950, que classifica como “crime de responsabilidade” agir de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo. É um crime contra a probidade da administração e serve como fundamento para o impeachment presidencial. 
[crime de responsabilidade - deixamos de lado a questão de uma possível ofensa à honra ou à dignidade,já que os 'acusadores' e 'juízes' do presidente Bolsonaro pretendem acertá-li por uma possível quebra de decoro.
- o gesto da famosa 'banana', considerado por muitos chulo (em alguns jornais se percebe que aquele gesto é mais chulo do que uma sessão de 'golden shower' em área pública no carnaval de rua - talfou pouco para a manifestação do presidente Bolsonaro,  em 2019, criticando aquela prática fosse considerada quebra de decoro cometida pelo presidente.

Vá lá,  que pelo conceito de chulo nos anos 50, fosse um gesto pornográfico, ofensivo. Afinal, um deputado foi acusado de 'quebra de decoro' por aparecer em público de ceroulas.
Pietro Maria Bardi, presidente do MAPS por 45 anos, foi processado por indignado com algumas pichações no muses, escreveu 'm ....' .
Nos tempos atuais, dar uma banana para alguém é um gesto inocente - vivemos em um Brasil em que aulas sobre sexo para crianças é algo aceitável, até estimulado. Beijo não convencional,  em revistas HQ, destinadas ao público infanto-juvenil,  é coisa comum. 
Vamos deixar a banana de lado e falar sobre as insinuações sexuais contra a jornalista. 

Ao que consta o autor da afirmação, Hans River  - provavelmente mentirosa, de qualquer forma inadequada, porém, com alguma credibilidade por ter sido proferida por um depoente que estava sob juramento, compromisso  de dizer a verdade, toda a verdade, nada mais que a verdade - portanto, ciente de que sua afirmação, se comprovada a falsidade, além de configurar crime de calúnia é também falso testemunho.

O presidente Bolsonaro limitou-se a comentar uma notícia corrente e fazer um jogo de palavras.
Quanto à pergunta  'eu agredi sexualmente uma jornalista hoje?', foi uma pergunta genérica, nada indicando se referir à jornalista Patricia Mello.No máximo, pode aproveitado o contexto e sustentar que a destinatária era uma jornalista da Folha. Não tem o menor sentido uma acusação de 'quebra de decoro', ou algo do tipo e não terá repercussão no exterior.]
Por isso mesmo, Bolsonaro precisa tomar mais cuidado com o que fala, pois crimes de responsabilidade são julgados politicamente, pelo Congresso, geralmente quando um presidente vai mal das pernas e a situação do país fica caótica. O beabá do impeachment começa pela indagação sobre o exercício do poder presidencial e os limites institucionais a ele existentes. Quando esses limites são ultrapassados a ponto de ameaçar a integridade das instituições, a quebra de decoro ganha relevo como crime de responsabilidade.


Cada vez mais, Bolsonaro age como um populista no poder. Isso começa a ter reflexos negativos para a economia, queima o filme do Brasil na cena mundial e gera desconforto para as elites. A maioria da população não apoia atitudes grosseiras e desrespeitosas do presidente da República. Obviamente, setores mais radicalizados e identificados com a truculência e a violência aplaudem Bolsonaro. As grosserias de Bolsonaro só contribuem para dividir o país, minar nossa coesão nacional e deseducar a população, depois do esforço de dezenas de gerações para construir uma nação.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense

 

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Sai o juiz de juiz de futebol, entra o juiz de manifestação política

Essa subespécie jornalística morrerá sem compreender que praças, ruas e avenidas são do povo, que delas se apossa quando está em jogo o destino da nação

Sempre muito inventivo, o jornalismo brasileiro nem esperou o sumiço do juiz de juiz de futebol reduzido a espécie em extinção com a chegada do VAR para colocar em campo a figura do juiz de manifestação política. A novidade estreou em 15 de maio, quando esses magistrados de araque viram atos de protesto exemplarmente democráticos nas manifestações amparadas numa mentira: adversários do governo fingiram enxergar um corte de 30% no orçamento do Ministério da Educação onde havia o contingenciamento de 30% das chamadas verbas discricionárias, expressão que identifica despesas não obrigatórias, e saíram às ruas para combater o inimigo imaginário.

Além de desfraldarem uma bandeira falsificada, parte dos manifestantes exigiu aos berros a imediata soltura do presidiário Lula, num evidente desafio ao Poder Judiciário, que já o condenou em terceira instância, e também exigiu que o Congresso rejeite a reforma da Previdência. Mas os juízes de manifestação não viram, nesse caso, nenhuma forma de pressão sobre o Poder Legislativo. A brandura com que foram tratados os atos do dia 15 não se estendeu às manifestações deste domingo, 26 de maio.  Os jornalistas que agora decidem o que pode e o que não pode proibiram liminarmente a realização de atos públicos que lhes pareceram nocivos à democracia. Consideraram ilegítima e injustificável uma mobilização convocada, na versão encampada pela turma toda, pelo presidente da República, com o propósito de apressar o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. 

De nada adiantaram declarações de Bolsonaro condenando enfaticamente palavras de ordem hostis às instituições e reiterando que não havia convocado manifestação alguma.  Os juízes também desdenharam das provas e evidências de que multidões sairiam às ruas para que o Congresso aprove sem delongas a reforma da Previdência e, sobretudo, apresse a tramitação da Lei Anticrime concebida pela equipe do ministro Sergio Moro. Foi o que se viu neste domingo. Mas os juízes continuaram enxergando por trás dos fatos (e acima da verdade) as impressões digitais de Bolsonaro e um desejo oculto dos participantes do evento: o que aqueles liberticidas queriam era mesmo liquidar o Estado Democrático de Direito.

Somadas, a absolvição dos protestos do dia 15 e a condenação dos atos do dia 26 escancaram as marcas de nascença dessa brasileirice amalucada. Só um juiz de manifestação consegue ver e ouvir o que é invisível e inaudível para brasileiros comuns. Só um juiz de manifestação adivinha quando se deve dar as caras nas ruas ou ficar em casa. Só um juiz de manifestação consegue distinguir uma palavra de ordem aceitável de uma grave ofensa às instituições. Só um juiz de manifestação consegue descobrir se uma bandeira deve ser desfraldada ou arriada, porque só essa espécie de sumidade sabe prever as consequências de um ato público sobre os oscilantes humores der Rodrigo Maia ou do Centrão.

Jornalistas compõem uma categoria profissional historicamente deformada pela sensação de superioridade intelectual. Mas nunca houve nada mais arrogante que um juiz de manifestação. O consolo é que essa excentricidade será logo enterrada na vala comum dos doutores em tudo que, vistos de perto, são especialistas em nada. Morrerão sem compreender que, como a praça, também as ruas e as avenidas são do povo, que delas se apossa sempre que está em perigo o destino da nação.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

A menor inflação de janeiro desde o Plano Real





Há um sinal evidente de que a inflação começa o ano sob controle, o que é muito importante para as famílias e para as empresas

Historicamente, janeiro costuma apresentar inflação mais alta do que em dezembro, o que se repetiu neste ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou elevação de preços de 0,30% no período compreendido entre 13/12/2018 e 15/1/2019, ante deflação de 0,16% em dezembro.  Ainda mais importante é que a alta observada no IPCA-15 foi a menor para o mês desde a implantação do Plano Real, em 1994. É um sinal evidente de que a inflação começa o ano sob controle, o que é muito importante para as famílias e para as empresas.

O resultado foi bem recebido pelos especialistas. “Não percebo fatores de risco no horizonte inflacionário”, afirmou Leonardo França Costa, economista da Rosenberg Associados. A alta de 0,87% no item alimentação e bebidas foi a principal responsável pela variação do IPCA-15, mas não deve ser vista como sinal de alerta para o que ocorrerá com a inflação deste ano, segundo o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. A alimentação no domicílio foi pressionada pelos preços das frutas (+6,52%), das carnes (+1,72%), da cebola (+17,50%) e da batata inglesa (+11,27%). A evolução dos preços de alimentos nos próximos meses dependerá de fatores fora do controle, como o clima, e das safras, em relação às quais as perspectivas são

Para os próximos meses, o maior fator de aumento de preços deverá ser o consumo das famílias, mas este só provocará mais inflação em caso de aquecimento mais forte da atividade. E este não é, por ora, o cenário mais previsível, pois a retomada da economia vem ocorrendo em ritmo lento, insuficiente para agravar as pressões inflacionárias. O resultado foi bem recebido pelos especialistas. “Não percebo fatores de risco no horizonte inflacionário”, afirmou Leonardo França Costa, economista da Rosenberg Associados. A alta de 0,87% no item alimentação e bebidas foi a principal responsável pela variação do IPCA-15, mas não deve ser vista como sinal de alerta para o que ocorrerá com a inflação deste ano, segundo o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.

Em 12 meses, o IPCA-15 avançou 3,77%, ligeiramente abaixo dos 3,86% registrados em dezembro de 2018. As estimativas para a inflação oficial deste ano continuam favoráveis, apontando para cerca de 4% ao ano, indicador compatível com o regime de metas.  Para os próximos meses, o maior fator de aumento de preços deverá ser o consumo das famílias, mas este só provocará mais inflação em caso de aquecimento mais forte da atividade. E este não é, por ora, o cenário mais previsível, pois a retomada da economia vem ocorrendo em ritmo lento, insuficiente para agravar as pressões inflacionárias.

O Estado de S. Paulo