Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Bélgica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Bélgica. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Einsten explica - Nas Entrelinhas

A única relação mecânica entre os resultados das eleições de hoje e as próximas é a seguinte: a campanha eleitoral de 2022 já começou

A teoria da relatividade de Alberto Einstein revolucionou o século passado, estando mais ostensivamente presente no nosso cotidiano do que outra de suas descobertas, o efeito fotoelétrico, que possibilitou o desenvolvimento da bomba atômica, aplicação que nunca passou por sua cabeça. Einstein sempre foi um pacifista. Empregada duas vezes, pelos Estados Unidos, em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, a bomba continua sendo um espectro da política mundial. A Coreia do Norte e Israel, por exemplo, sociedades militarizadas, são temidos porque têm a bomba.
 
No Brasil, durante o regime militar, a Marinha e a Aeronáutica desenvolveram secretamente um programa nuclear paralelo, cujo objetivo era dominar a tecnologia e produzir uma bomba atômica. Cerca de 700 militares e técnicos civis foram enviados pelo governo para estudar na França, na Inglaterra, na Alemanha e nos Estados Unidos, em 1979, o que resultou na formação de 55 doutores, 396 mestres e 252 especialistas em segurança de reatores, materiais nucleares, ampliação de técnicas nucleares, infra-estrutura de pesquisa e desenvolvimento, além de recursos humanos.
 
O presidente José Sarney, quando assumiu o poder, mandou encerrar o programa. Já havia até um buraco de grande profundidade na Serra do Cachimbo, construído pela Aeronáutica, para testar a bomba. Após o Brasil assinar o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, restou do projeto o programa do submarino nuclear da Marinha. [o projeto do submarino nuclear da Marinha não envolve armas nucleares,  contempla apenas a propulsão nuclear.]  Isso possibilitou uma mudança da água para o vinho nas relações com os nossos vizinhos, principalmente a Argentina. [atualização: o 'buraco' da Serra do Cachimbo foi fechado por ordem do presidente Collor, que assim cometeu um dos maiores erros do seu governo. Armas nucleares representam um excelente meio de dissuasão - inclusive para aqueles que pensam em internacionalizar a Amazônia.]Quando o presidente Jair Bolsonaro fala em “pólvora” como fator determinante de nossa independência — e sinaliza que o Brasil será o último a reconhecer a eleição do presidente Joe Biden e somos o único país a votar com Donald Trump contra a Organização Mundial de Saúde(OMS) na Organização das Nações Unidas (ONU) —, penso com os meus botões: “Será o Benedito?” 
Se pudesse, com certeza, Bolsonaro voltaria no tempo.
 
Felizmente, a teoria da relatividade tem aplicações muito mais úteis para a sociedade. O GPS, por exemplo, utiliza mecanismos advindos da relatividade para determinar com alta precisão as posições na Terra. Os celulares dependem de 24 satélites em órbita ao redor da Terra para determinar a nossa localização. Se não fosse a relatividade, por exemplo, não seria possível a existência do Uber e do iFood, que são a salvação da lavoura para muita gente nesta pandemia. A fórmula mágica de EinstenE(energia) = m(massa)c2(velocidade da luz elevada ao quadrado) — é necessária para calcular as distâncias e fazer correções, porque os satélites percorrem a órbita da Terra a uma velocidade de 14 mil km/h. É menor do que a velocidade da luz (cerca de 300 mil km/s), mesmo assim, a fórmula possibilita os cálculos necessários.
 
Eleições
O tempo também é relativo na política, tanto como num parque de diversões meia hora antes de fechar. Passa diferentemente para o avô que brinca com a netinha, o jovem apaixonado que espera a namorada e o pipoqueiro metódico, que confere o faturamento e arruma sua carrocinha. Os militares britânicos têm uma teoria interessante sobre isso: “a sombra do futuro”, uma sacada dos seus estudos de estado-maior sobre a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), uma guerra de posições. Os soldados ingleses e alemães se confraternizaram no Natal de 1914, na cidade de Ypres, na Bélgica. Mas não foi só isso, também houve cooperação tácita em outros momento ao longo dos front, quando se atirava no mesmo lugar já conhecido da trincheira inimiga. A “sombra de futuro” dos soldados, que queriam sobreviver e voltar à vida civil, era maior do que a dos seus generais.
 
A “sombra de futuro” dos que serão eleitos hoje —como os que o foram no primeiro turno — é maior do que a de deputados estaduais e federais, senadores no sexto ano de mandato e governadores, além, é claro, a do presidente Jair Bolsonaro. A única relação mecânica entre os resultados das eleições municipais e as próximas é a seguinte: a campanha eleitoral de 2022 já começou. No mais, tudo é relativo, inclusive os efeito da derrota dos aliados do presidente Jair Bolsonaro, que tem a maioria dos prefeitos eleitos na dependência de financiamentos e outros recursos federais, inclusive os dos partidos de oposição.
 
É possível inferir das eleições municipais algumas tendências para 2022, do tipo “a extrema-direita foi isolada”, “o centro recuperou suas posições”, “o PT está renascendo das cinzas”, “surge uma nova esquerda”, “a reeleição de Bolsonaro está em risco”, “existe menos espaço para aventureiros”. Essas tendências, porém, podem se afirmar ou não, dependendo da real situação da economia, da superação da crise sanitária com a chegada das vacinas e das entregas administrativas a partir do terceiro ano de mandato de Bolsonaro. Obviamente, o tempo — o recurso mais escasso de seu mandato [por isso o presidente Bolsonaro precisa de um segundo mandato, quiçá um terceiro.]— vai passar mais rápido para o governo do que para a oposição; para os eleitores descontentes, porém, será uma eternidade. Einstein explica.
 
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense
 

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

O melhor presente de Natal: vacina pronta, testada, em produção - Vilma Gryzinski

Mundialista - VEJA

Os pesquisadores “pulam de alegria”, as bolsas bombam e o mundo comemora os bons resultados da vacina da Pfizer, pronta para ser distribuída

Ela não vai ser a única, mas tem chances de ser a primeira, se for descontada a vacina russa, até agora com pouco sucesso no mercado. A vacina da Pfizer usa uma nova tecnologia para dar “uma pancada dupla” no vírus da Covid-19, ativando  simultaneamente anticorpos e as células de defesa do organismo, segundo descreveu o chefe de pesquisas do laboratório, o sueco Mikael Dolsten.

A imunização demanda duas doses e não sai barata. Em julho, o governo americano “encomendou” 100 milhões de doses da vacina, ainda em fase inicial de testes, por 1,95 bilhão de dólares. Ou seja, 19,50 dólares cada.  Depois do acordo, a Pfizer começou a produção da vacina num laboratório em Puurs, na Bélgica. Todas as grandes farmacêuticas estão usado o mesmo método de fabricação simultânea aos testes, para acelerar os processos.

A Grã-Bretanha também já reservou 40 milhões de doses da vacina da Pfizer, sendo a primeira leva de 10 milhões antes do fim do ano. A explosão de otimismo, medida, entre outros índices, pela reação das bolsas, foi tamanha que o primeiro-ministro Boris Johnson, um dos vários políticos cujo destino está atrelado à pandemia, precisou lembrar dos “obstáculos” ainda no caminho da aprovação final.

 A perspectiva de que o horrível ano de 2020 termine com uma vacina começando a chegar na época de Natal, como nos filmes, desafia qualquer advertência de cautela.

A parte principal do anúncio da Pfizer, que desenvolveu a vacina em conjunto com o laboratório alemão de biotecnologia BioNTech, é que os testes indicaram 90% de eficácia sete dias depois da segunda dose. Vacinas com até 70% ou menos de eficácia já são consideradas factíveis num caso como a pandemia que matou até agora 1,25 milhão de pessoas.

O resultado da vacina da Pfizer vem da primeira análise dos testes com 43 538 participantes. A metade recebeu placebo. O processo de imunização demora ao todo 28 dias. “Hoje é um grande dia para a ciência e para a humanidade”, comemorou o presidente da Pfizer, Albert Bourla. Nascido numa família judia de Tessalônica, na Grécia, ele começou como veterinário, e estava exultante, obviamente, com a boa notícia.

É sempre recomendável que as expectativas otimistas não ultrapassem os dados da realidade. Mas  se a perspectiva de que a imunização em massa seja alcançada já no começo do segundo semestre do ano que vem tirou os cientistas dia Pfizer do sério e deixou os envolvidos “pulando de alegria”, segundo Mikael Dolsten, o resto da humanidade também tem o direito a sonhar com um presentão de Natal.

Blog Mundialista -  Vilma Gryzinski - VEJA

 

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Novas batalhas de Itararé - Fernando Gabeira

In Blog

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Não existe vírus grátis - Nas Entrelinhas

A fatura chegou primeiro para os desempregados e trabalhadores “por conta própria”, que dependem do auxílio emergencial do governo; mas virá para todos, à prestação

Desculpe-me o trocadilho, mas tem tudo a ver com a velha frase dos bares norte-americanos que nas décadas de 1930 e 1940 ofereciam a refeição para quem pagasse a bebida. Ficou mundialmente famosa porque intitulou um dos livros do economista liberal Milton Friedman, guru do ministro da Economia, Paulo Guedes. A lembrança não tem nenhuma relação direta com suas frases de efeito, até porque, ele tem evitado declarações polêmicas, mas, com o artigo publicado, ontem, pela economista Mônica de Bolle no jornal O Estado de S. Paulo, a propósito dos custos econômicos do negacionismo de Donald Trump em relação à pandemia. Os custos políticos podem inviabilizar a reeleição dele.

Segundo os economistas norte-americanos David Cutler e Lady Summers, citados no artigo, a queda do PIB norte-americano deve chegar a US$ 16 trilhões até outubro do próximo ano, ou seja, 90% do PIB, se a pandemia for controlada até lá. Nos cálculos dos dois economistas, foram incluídos os indicadores econômicos, como o aumento dos pedidos de seguro desemprego, mas, também, estimativas relativas aos prejuízos causados pela liquidação de vidas humanas, ou seja, de força de trabalho geradora de riqueza. [a realidade mostrada nesse parágrafo, isenta o governo Bolsonaro por qualquer responsabilidade de eventual desastre econômico no ano 2020 = incluindo, sem limitar a esperada queda do PIB.]

O Brasil não tem indicadores que possibilitem esse tipo de cálculo, mas tem estatísticas que podem servir de referência para um razoável balanço de perdas e danos. Pesquisadora do Peterson Institute for International Economics e professora da Sais/Johns Hopkins University, Mônica De Bolle destaca que o nosso Sistema Único de Saúde (SUS), posto à prova pela pandemia, pode nos dar uma noção, por exemplo, de quanto será preciso investir na Saúde em razão das sequelas da covid-19 nas pessoas que se recuperaram da doença. Como a população está envelhecendo, a pandemia também agrava, por falta de tratamento, as doenças associadas à idade — diabetes, câncer, cardiopatias —, que se somam àquelas que são consideradas endêmicas, como tuberculose, dengue, hanseníase, malária e Aids, que já pressionavam o sistema de saúde.

Crediário
O número de casos graves com longas internações é sete vezes maior do que o de óbitos; 30% dos que sobreviveram apresentam sequelas. Projetam-se 350 mil pessoas nessa situação, a grande maioria dependente do SUS. Com mais de 150 mil mortos, Mônica de Bolle estima que o custo econômico da pandemia no Brasil, por baixo, pode chegar a R$ 9 bilhões, sem considerar as mortes prematuras, ou seja, dos jovens que não faziam parte da população de risco. Coincidentemente, ontem, num evento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o presidente Jair Bolsonaro disse que a pandemia da covid-19 no Brasil foi superestimada. Bolsonaro insiste que o vírus e o desemprego devem ser tratados de igual maneira, simultaneamente. [Bolsonaro é presidente do Brasil e de todos os brasileiros, o que torna imperativo que sempre considere o Brasil no todo e tenha sempre presente evitar a frase: sobreviveu à covid-19,mar morreu de fome.] 

O Brasil é o 2º país com mais mortes por covid-19. Só os Estados Unidos têm mais vítimas: 220.694. Até o final da tarde de ontem, eram 150.998 óbitos de brasileiros causados pela doença. Segundo o Ministério da Saúde, 5.113.628 pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus no país, 10.220 a mais nas últimas 24 horas. O número de mortes, felizmente, está caindo: foram 309.

Aproximadamente 4,5 milhões de pessoas se recuperaram da doença até o momento. Outras 436 mil estão em acompanhamento. São 713 vítimas a cada milhão de habitantes, o que coloca o Brasil na 3ª posição de letalidade da pandemia no ranking mundial. O Peru é o país onde a covid-19 mais mata em relação ao número de habitantes (1.008 pessoas para cada milhão), o segundo é a Bélgica (880 pessoas). [percebe-se que a letalidade da pandemia ignora a capacidade econômica dos países: Peru x Bélgica ?

Falando sobre letalidade da covid-19 no Brasil, surge a necessidade de destacar uma informação:

Se consultarmos o site do Registro Civil, que tem fé pública, constatamos que, no ano passado, no Brasil, no mesmo período, morreram de pneumonia 139.906 pessoas e, neste ano, 140.957 da covid-19. Não houve histeria por causa da pneumonia no ano passado. Seria medo de uma doença desconhecida? ]

As advertências de Mônica de Bolle são importantes porque as pesquisas de popularidade do presidente Jair Bolsonaro, com a recuperação de seu prestígio, reforçam o discurso negacionista oficial, robustecido pelo fato de que o pior já passou e a redução das taxas de contaminação permite que a política de isolamento social seja flexibilizada, como está sendo, na maioria das cidades. A fatura do vírus chegou primeiro para os desempregados e trabalhadores “por conta própria”, que perderam sua fonte de renda e dependem do auxílio emergencial do governo. A ideia de uma recuperação econômica rápida, acalentada pelo ministro Paulo Guedes, porém, não tem sustentação técnica. A conta está chegando para os demais à prestação.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


sábado, 5 de setembro de 2020

Autorizar o plantio de maconha? Brasil não precisa disso

Alexandre Garcia

Projeto no Congresso quer autorizar plantação de maconha no Brasil.



O preço do gás pode cair pela metade. E essa é também uma excelente notícia para as indústrias, porque assim é possível competir com os mercados da Europa e Estados Unidos, onde o gás custa um terço do preço do que é cobrado no Brasil. A Câmara dos Deputados aprovou o marco do gás na terça-feira (1º), que seguiu agora para análise do Senado. O projeto busca destravar investimentos nos próximos anos, acabando com o monopólio da Petrobras.

Isso vai facilitar e melhorar a distribuição do produto e baratear o preço para o consumidor final. No Brasil tem muito gás, inclusive guardado nos poços do pré-sal que não têm mais petróleo.

Plantação de maconha
Sobre o projeto que circula lá no Congresso, o deputado Osmar Terra (MDB-RS) alerta que não é preciso autorizar a plantação da maconha no Brasil para que sejam produzidos remédios que usam o canabidiol. Esses medicamentos são usados principalmente para crianças com epilepsia.

Já existe um laboratório de Toledo (PR) autorizado pela Anvisa a produzir o ativo no país. Em breve, eles irão produzir o canabidiol sintético não será preciso sequer a extração do ativo da planta. O canabidiol não é alucinógeno, não vicia e não afeta a sinapse.

Golpes contra idosos
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, foi ao Palácio do Planalto anunciar o novo projeto da pasta para proteger os idosos de golpes financeiros pela internet.
O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isaac Sidney, afirmou que as instituições bancárias gastam R$ 2 bilhões ao ano para ressarcir idosos vítimas de golpes. Ele também falou que a incidência desse tipo de crime aumentou cerca de 60% durante a pandemia.

A quarta-feira (2) foi praticamente um “dia do idoso”. Foram destinados R$ 160 milhões para mais de 3 mil instituições que abrigam permanentemente brasileiros da terceira idade.
Além disso, a violência doméstica também cresceu. A ministra Damares contou que descobriu que existem idosos sendo chicoteados, amarrados na cama, ameaçados com maçarico, sofrendo violência sexual, agressões físicas, uma barbaridade.

Witzel afastado por 6 meses
O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça confirmaram o afastamento de Wilson Witzel. Agora o destino do governador está nas mãos da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Ele foi afastado do cargo por seis meses por decisão do plenário do STJ.

STF compra armas
Apesar do STF ser avesso às pessoas terem direito a defesa da família e propriedade, a Corte está comprando 45 pistolas calibre ponto 45 com dois carregadores por R$ 170 mil. Ou seja, para defender os ministros do Supremo é preciso o uso de armas. O cidadão, não.

De novo o PIB
Tem gente vibrando que a queda do PIB brasileiro no segundo trimestre deste ano foi de “só” de 9,7%, mas isso é coisa do passado. Nossa economia já está se recuperando. 
A nossa queda foi parecida com a da Alemanha e menor que a do Canadá, Reino Unido, Espanha, França, Itália, Bélgica e Áustria. O Brasil encolheu, mas não está tão feio assim.

Confira aqui

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


segunda-feira, 11 de maio de 2020

O partido da imprensa - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino - Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.



A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) encaminhou pedido de impeachment de Jair Bolsonaro ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, nesta quarta-feira, 6. O texto alega prática de crimes de responsabilidade e atentados à saúde pública no combate ao novo coronavírus.


Segundo o texto, ao incitar militares contra os poderes constituídos, “Bolsonaro, inequivocamente, incitou a desobediência à lei e infração à disciplina, que, em se tratando de servidores públicos militares, é mais exigida nos termos da ordem jurídica”, afirma o documento. A conduta contrária às recomendações sanitárias a órgãos competentes da saúde, objeto de diversos pedidos de impeachment do presidente, também são colocados no pedido como passível de crime de responsabilidade.

É perfeitamente legítimo condenar o presidente por tais condutas, mas daí a pedir impeachment vai uma longa distância! [lembrete: quem o condena estará manifestando sua opinião sobre a conduta do presidente, fazendo o mesmo que o presidente: expressando opinião.] O corporativismo sindical da mídia tem viés ideológico claro, de esquerda, e torce contra o atual governo desde o primeiro dia, eis o fato.
Os militantes disfarçados de jornalistas não gostam de admitir que odeiam a direita, e pretendem insistir na farsa de imparcialidade e foco "científico" nos fatos, sem qualquer preconceito. Mas qualquer um fora da bolha ri dessa premissa.  Os fenômenos Trump e Bolsonaro, em parte, são justamente uma reação a esse escancarado viés da mídia mainstream. Ambos os presidentes adoram detonar as fábricas de Fake News, e seu público vai ao delírio com isso. Por que será?
Talvez por conta de manchetes sensacionalistas como esta:

Só o lockdown salva? 
Diz a Fiocruz? 
Então como explicar aquilo que deixou o governador democrata de Nova York "chocado", a imensa maioria de hospitalizados estarem em casa?
Uma parte da mídia é totalmente torcedora, partidária e faz campanha contra o presidente Bolsonaro. Para tanto, não se importam em manietar os dados, distorcer a realidade até que ela se encaixe em sua narrativa. Eis um exemplo, do mesmo site sensacionalista:

No conteúdo, eis o que temos: "O Brasil tornou-se o sexto país com mais  mortes registradas por Covid-19, ultrapassando a Bélgica. É a volta da Belíndia: uma mistura dos mortos da Bélgica com um governo pária". Isso é análise? É serio que o site comparou números absolutos do Brasil (população de 210 milhões) com a Bélgica (população de 11 milhões)?! Fez como o MBL, aquele movimento de "liberais" que preferem tucanos a Paulo Guedes?!

Isso não é jornalismo sério. Isso não é análise. É campanha partidária e ideológica contra o governo. E o público percebe o truque. O que só aumenta a quantidade de defensores de Bolsonaro, não por morrerem de amores pelo presidente, mas por detestarem esse jogo sujo de parte da mídia.

Rodrigo Constantino, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


quinta-feira, 9 de abril de 2020

Tentativa e erro – Editorial - Folha de S. Paulo

Sem estudos, países tateiam na intensidade das restrições contra o coronavírus

Ainda não se dispõe de resposta auspiciosa para os que perguntam quando o pesadelo da pandemia do coronavírus estará superado e a vida voltará ao normal.  Países que pareciam estar lidando bem com a crise, mantendo a curva epidemiológica sob relativo controle sem sacrificar demais a circulação de pessoas e a economia, como Singapura, Japão e Suécia, já se preocupam com as estatísticas mais recentes e anunciam medidas de restrição mais drásticas.

A própria China, que começa a relaxar o cerco sobre as áreas mais atingidas, age com extrema cautela. O receio é que o vírus volte a ter transmissão sustentada, dando início a um segundo surto epidêmico. Os europeus Áustria, Dinamarca, Noruega, República Tcheca e Bélgica previram retomadas graduais de atividades após a Páscoa, e a Eslováquia reabriu parte do comércio. Mesmo nessas nações, cujos sistemas de saúde não ficaram sobrecarregados, a cautela predomina.
Não é simples conter uma pandemia. A melhor forma de fazê-lo consiste em desenvolver uma vacina, e alguns dos melhores cientistas do mundo trabalham nisso. Não há garantia, porém, de que conseguirão achá-la rapidamente e produzi-la em escala comercial.

Sem isso, epidemias de grande porte tendem a só acabar depois que determinada parcela da população já tiver sido infectada e desenvolvido imunidade contra o patógeno. À medida que a proporção de imunes aumenta, diminui a probabilidade de uma pessoa infectada encontrar uma suscetível para transmitir-lhe a doença. A certa altura, chega-se à chamada imunidade de rebanho. Não sabemos, porém, quando a teremos.  Faltam bons estudos epidemiológicos sobre o Sars-CoV-2. A quantidade de pessoas que um doente típico infecta —a informação mais importante a ser obtida— foi inicialmente estimada em algo entre 1,4 e 3,9, mas trabalhos mais recentes sugerem números mais elevados.

Também se desconhece a proporção de pacientes assintomáticos para cada infectado que identificamos. Se elevada, como sugeriu um modelo de pesquisadores da Universidade Oxford, a distância para a imunidade de rebanho cai.  A boa notícia é que estão em curso trabalhos que prometem oferecer algumas dessas respostas, indispensáveis para um bom planejamento tanto das necessidades hospitalares como de um eventual relaxamento das restrições.  Alguns desses estudos, como o conduzido em Heinsberg, na Alemanha, devem trazer resultados preliminares já nos próximos dias.  Até o devido conhecimento, resta aos governos de todo o mundo guiarem-se por prudência e flexibilidade para rever orientações a partir da experiência acumulada.

Editorial  - Folha de S. Paulo




sexta-feira, 7 de junho de 2019

Depoimento de Najila: delegacia paralisada, atraso e a única fã de Neymar - Empresário, amigo de Neymar é investigado por tráfico internacional

A modelo entrou na delegacia com uma blusa em cima de sua cabeça, impedindo fotógrafos e cinegrafistas de fazerem registros


Com 50 minutos de atraso, Najila Trindade Mendes de Souza chegou à Delegacia da Mulher de Santo Amaro, na manhã de sexta-feira, 7, para depor sobre o caso Neymar (na reportagem de capa da semana, confira detalhes da história). Ela entrou com uma blusa em cima de sua cabeça, impedindo fotógrafos e cinegrafistas de fazerem registros. Um circo midiático se forma na porta da delegacia, com 65 jornalistas de TVs, rádios, sites e jornais. Sete homens do Grupo de Operações Especiais fazem um cordão de isolamento na entrada do local, o que atrapalha outras mulheres de serem atendidas normalmente.

Duas mulheres e uma criança chegaram ao local para prestar queixa, mas foram orientadas a retornar no dia seguinte porque hoje, por causa do depoimento de Najila, os trâmites demorariam mais.  Uma única fã de Neymar apareceu à porta da delegacia segurando uma camiseta da seleção brasileira.

Empresário, amigo de Neymar é investigado por tráfico internacional

Dono de três empresas da Baixada Santista que frequentava o círculo social do jogador de futebol está preso sob suspeita de intermediar carga de cocaína


O vasto círculo social de Neymar, com amigos para tudo, os “parças”, agora inclui um acusado de tráfico internacional. O empresário Bruno Lamego Alves exibia nas redes sociais a sua proximidade com o jogador em viagens por Paris, em jogos da seleção e em duas festas de aniversário do craque — tanto na mais badalada como na reservada aos mais íntimos. Em um vídeo no Instagram de dezembro de 2018, ele aparece rindo ao levar um chute de Neymar como “castigo” por ter perdido no truco. Em 28 de maio, Alves foi surpreendido pela Polícia Federal batendo à sua porta. Foi preso por ter intermediado supostamente um carregamento de 760 quilos de cocaína que seria enviado à Bélgica pelo Porto de Santos.

A PF já está acostumada a flagrar contêineres repleto de drogas no porto, o maior da América Latina — só em 2019, já foram apreendidas mais de 10 toneladas. Mas o esquema que Alves é suspeito de ter montado chamou atenção pela engenhosidade. VEJA teve acesso a parte do inquérito. O documento relata que o empresário procurou, no início de 2017, uma grande produtora de milho do Paraná para exportar fubá para a Europa. Teria se passado por um holandês chamado Robert Nuur, representante de uma importadora gigante dos Países Baixos conhecida por comercializar café e cacau da América do Sul.

A proposta era sedutora — introduzir o então desconhecido fubá no mercado europeu —, e os executivos da empresa brasileira não parecem ter percebido as inconsistências do negócio. A carga deveria ser escoada por Santos e não pelos portos paranaenses, que ficavam bem mais perto; não houve contrato de câmbio e a estufagem do contêiner ficaria a encargo da importadora, o que não é comum conforme os padrões internacionais.

O holandês fajuto ainda pagou tudo segundo o combinado, 88 000 reais em nove depósitos em caixas eletrônicos. Antes de chegar ao porto, o caminhão que levava a mercadoria fez uma parada no Guarujá para encher o contêiner – ali a droga foi colocada entre os sacos de farelo de milho. No terminal portuário, a carga passou pelos scanners. Ao ver as imagens, os fiscais da Receita Federal desconfiaram do arranjo dos sacos, abriram o contêiner e acharam a droga.

A PF chegou a Alves porque os e-mails enviados à empresa de milho vieram do seu celular. Ele disse aos agentes que foi vítima de uma armadilha, montada por um estrangeiro que se chamava, de fato, Nuur. Em sua justificativa, contou que o gringo lhe deu a senha do próprio e-mail para entrar em contato com a exportadora, pois não sabia falar português. A PF não acreditou na sua versão. “Ele não conseguiu comprovar o encontro nem indicar quem era essa pessoa fictícia que teria o contratado para fazer o negócio. Ele inventou essas histórias e os e-mails eram falsos. Na verdade, ele era o Nuur”, disse a delegada Fabiana Lopes, responsável pelo caso.
As malas com 760 quilos de cocaína encontradas entre os sacos de fubá de milho (Receita Federal/.)

A Justiça viu indícios para mantê-lo preso preventivamente na Penitenciária 1 de São Vicente (SP). “A princípio, existem sérios indicativos da participação de Bruno Alves em organização criminosa voltada ao tráfico transfronteiriço de entorpecentes”, escreveu o juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5ª Vara Federal de Santos (SP).
A defesa de Lamego afirmou que ele trabalha há pelos menos 20 anos no ramo de comércio exterior – ele é sócio de três empresas, uma de importação e exportação, outra de consultoria logística e de um bar no Guarujá (SP) -, e frisou que ele não tem nenhum antecedente criminal. “O seu dia a dia é procurar pessoas que têm interesse em exportar e importar. Foi o que ele fez. A investigação foi iniciada em 2017 e, nesse tempo, não acharam nada de errado contra ele. Foi uma decisão absurda”, disse o advogado Ricardo Ponzetto. Ele entrou com um pedido de habeas corpus no Tribunal Regional da 3ª Região e espera uma decisão favorável até a próxima semana.

Após a prisão, as fotos nas redes sociais de Lamego, que também incluem outro esportista famoso, o surfista Gabriel Medina, foram apagadas. O advogado considera que elas são em parte a razão da prisão. “Meu cliente tem uma vida social intensa com personalidades. A prisão ocorreu para constrangê-lo. Isso é um ingrediente bombástico para dar repercussão”.
Na edição da semana, leia reportagem completa sobre a denúncia de estupro que pode arranhar por completo a imagem de Neymar.



sábado, 20 de abril de 2019

A onda marrom na Europa

O triste é perceber que os partidos de esquerda carecem de propostas


As democracias e os valores democráticos estariam em crise terminal? Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, em livro recente, aventuraram-se a apresentar uma reflexão sobre como as democracias morrem. Ora, há poucas décadas, sobretudo depois da desagregação do socialismo soviético, em 1991, a democracia parecia destinada a ser o ponto de chegada da história mundial. O que teria acontecido? A ascensão do autoritarismo, sob diversas formas, de direita e de esquerda, desenvolve-se em diferentes contextos e, em cada região ou país, suscita interpretações próprias. Seria ousado propor uma explicação geral para o fenômeno.
Consideremos, porém, o caso da Europa, em particular, onde é visível a popularidade do autoritarismo de direita. Na Polônia, na Hungria e na Eslováquia, governos direitistas dão as cartas. Na Itália e na Áustria, forças extremadas de direita, em coligação, acedem ao governo. Na França, há anos, ela só tem sido vencida por votos de uma ampla e informal frente democrática.
Até mesmo em sociedades do “bem-estar social”, como Inglaterra, Holanda, Bélgica, Suíça, Dinamarca e Suécia, a tentação autoritária de direita aparece com força. É o caso também da Alemanha, onde, nas últimas eleições, ingressou no Parlamento um partido de extrema-direita, embora minoritário. Seria razoável igualar estas tendências a uma nova “onda marrom” (cor do uniforme usado pelas SA, os Sturmabteilung, milícias nazistas dos anos 1930)? Um renascimento do nazifascismo sob novas formas? Enquanto se trava o debate conceitual, seria importante considerar alguns aspectos relevantes.

Comecemos pelo fato de que as propostas ultraconservadoras, mesmo depois da II Guerra Mundial, permaneceram vivas e bem vivas na Europa. No ocidente do continente, a Guerra Fria impediu políticas sérias de desnazificação. Na Europa oriental, as mal chamadas “democracias populares” existiam em virtude da ocupação das tropas soviéticas. Assim, ideias e movimentos de extrema-direita ficaram fermentando, à espera e à espreita de circunstâncias propícias. Estas desenharam-se com a subversão radical de valores introduzida pela grande revolução informática, desde os anos 1960. Da organização da economia às instituições políticas, da configuração das classes sociais aos valores culturais, um verdadeiro terremoto aconteceu, abalando certezas, instaurando o medo. Grandes contingentes populacionais passaram a ter dificuldade em se encontrar num mundo que mudava numa velocidade imprevisível. Desamparados pelos partidos tradicionais — de direita e de esquerda —e pelas instituições vigentes, tenderam a encontrar em discursos simplistas respostas para seus anseios e angústias.
O processo acirrou-se com a crise econômico-financeira iniciada em 2008. Pagaram pelos custos da superação do desastre os trabalhadores e os assalariados em geral. Pagaram com desemprego, subemprego, salários aviltados e serviços públicos degradados. Já os capitais financeiros, responsáveis diretos pela crise, receberam subsídios, estímulos, proteção e cobertura dos respectivos governos. Aprofundou-se o quadro de desespero, amargura e ressentimento. Caldo de cultura favorável aos demagogos direitistas.

Por outro lado, os imigrantes, que haviam desempenhado papel vital no desenvolvimento econômico dos anos 1950-1960, assimilados pela prosperidade europeia, passaram a ser percebidos com hostilidade, gerando uma espécie de “pânico identitário” (expressão de Daniel Bensaid, citado por Michel Lowy em recente artigo), um outro poderoso nutriente das direitas.
 
O triste é perceber que os partidos de esquerda carecem de propostas. [felizmente.] Ou conciliam com os interesses dos grandes capitais financeiros ou cedem ao canto de sereia dos nacionalismos, um terreno armadilhado que não é o seu. Em ambos os casos, abandonam o caminho de uma Europa dos trabalhadores, única saída comprometida com a justiça social e à democratização da democracia, uma terceira margem, alternativa ao domínio atual da especulação financeira e à onda marrom. 
 
Daniel Aarão Reis - O Globo
 
 
 
 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

"Pode ter certeza que alguém do PT vai vazar a prova", diz Bolsonaro, em Davos, sobre o Enem



Exclusivo: Um (quase) café com o presidente

"Pode ter certeza que alguém do PT vai vazar a prova (do Enem)." 

 Foi assim que o presidente Jair Bolsonaro pontuou sua primeira conversa na manhã desta quarta-feira, 23, em Davos, permeada ainda por críticas à imprensa, comentários sobre o poder das redes, futebol, dólar, a situação da Venezuela e até mesmo perguntas sobre a ortografia de palavras.  

Enquanto os termômetros na cidade suíça marcavam 9 graus negativos na manhã desta quarta, Bolsonaro iniciava o dia em um café  em seu hotel, cercado por assessores, pelo chanceler Ernesto Araújo e o filho Eduardo Bolsonaro.  A reportagem do Estado, sentada à mesa ao lado, pode acompanhar cerca de 20 minutos da conversa da comitiva com o presidente em sua viagem de estreia no cenário internacional, para participar do Fórum Econômico Mundial. Parte da troca de impressões foi gravada, enquanto o debate percorria diversos temas. Assuntos estratégicos eram pontuados por questões corriqueiras e mesmo brincadeiras. 

Quando um dos assessores de Bolsonaro chegou para o café, o presidente comentou: "Viu os pobretões que estavam na minha mesa ontem?", provocando risada geral. Ele se referia ao fato de que, na noite de terça-feira, 22, o jantar de abertura do Fórum incluiu em sua mesa o presidente da Suíça, Ueli Maurer, a rainha Rania, da Jordânia, o fundador do Fórum, Klaus Schwab, o presidente da Apple, Tim Cook, a rainha da Bélgica e o presidente da Microsoft, Satya Nadella.   Parte do debate se concentrou na reação dos mercados e da imprensa sobre seu discurso em Davos, feito na terça-feira e que foi o mais curto já pronunciado por um presidente brasileiro no evento.  

Mas, entre os assessores e mesmo o presidente, não foram poucas as críticas à imprensa e à interpretação publicada de que houve uma relação entre a queda do real e o conteúdo de seu discurso. "Tem cinco dias de alta e da uma baixadinha e dizem que é o discurso", se queixou Bolsonaro, em referência à moeda.  Araújo destacou, de forma elogiosa, como dois jornais estrangeiros tinham dado destaque a certos trechos da fala do presidente, enquanto o resto da comitiva reclamava de que, no Brasil, foram as críticas que dominaram no que se refere aos trechos do discurso sobre meio ambiente. "E no Brasil dizem que eu me equivoquei ao falar das florestas", protestou o presidente. [no Brasil grande parte da Imprensa não aceitou a eleição de Bolsonaro;
e, agora, já que vão ter que aceitar, querem pautar o Governo Bolsonaro.]

Eduardo Bolsonaro dava uma atenção especial à cobertura do discurso realizado pelo jornal espanhol El País, que tem uma versão em português. Uma das pessoas na mesa chegou a qualificar o jornal de "vagabundo". "Um jornal vagabundo", insistiu. O deputado se surpreendia como, segundo ele, havia uma manchete no jornal espanhol diferente do título que o mesmo jornal havia dado para o discurso de Bolsonaro no Brasil. Eduardo, repetindo o que um grupo de jornalistas brasileiros tinha explicado um dia antes, tentou contar para o restante da mesa como ele ficou sabendo que, de fato, quem faz os títulos das matérias nem sempre são os repórteres, mas sim os editores.  

Conspiração no Enem
A conversa então migrou para a situação do Enem. "Pode ter certeza que alguém do PT vai vazar a prova", disse Bolsonaro, num dos trechos da conversa que está gravado. "Vai vazar", repetiu, insistindo para a facilidade que seria "tirar uma foto".    Nesta semana, o governo Jair Bolsonaro tornou sem efeito a nomeação de Murilo Resende, que assumiria a coordenação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e o nomeou para o cargo de assessor da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC).  
 
Ele havia exonerado a presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Fini, no dia 14. Dez dias antes, Bolsonaro havia criticado a "doutrinação em salas de aula".   Outro assunto discutido durante o café da manhã foi a Venezuela, que hoje pode ter um dia decisivo com a convocação que foi feita ao povo para sair às ruas. Eduardo Bolsonaro não disfarçava o temor de que isso gerasse mortos diante da reação que o governo de Nicolás Maduro poderia ter.  Jair Bolsonaro, que nesta quarta-feira, 23, terá de debater o tema com os demais chefes-de-estado da América do Sul, pediu que seu assessor internacional, Filipe Garcia Martins, fosse chamado para uma conversa sobre o assunto. Martins, de 30 anos, é considerado como um "discípulo" de Olavo de Carvalho e tem causado certo ciúme dentro do Itamaraty por conta de seu papel na política externa.  
 
Durante o café, não faltaram comparações ao futebol e mesmo comentários sobre os times do São Paulo e Vasco, que disputam a final da Copinha nesta sexta-feira. "O sr. vai ter de entrar para dar parabéns", sugeriu uma das pessoas à mesa.   Ao longo da conversa, um dos pontos centrais foi o poder das redes sociais e comentários sobre como o governo deve se comportar nesses meios. "É outro idioma", insistiu um dos assessores. A mesa também confirmou como Olavo de Carvalho é mesmo uma referência para o grupo. Num dos momentos da conversa, o brasileiro que vive no exterior foi citado como exemplo do que se deve fazer ao gravar vídeos para as redes sociais. "Você viu como ele faz?", perguntou uma das pessoas.  
 
Eduardo, porém, alertava para o fato de que "muita gente nem lê o que postamos".  "Olham a foto e já comentam, sem nem ler. Acho que apenas 5% das pessoas de fato leem o que se escreve", disse. Instantes depois, ele perguntou ao grupo: "Trilionário e bilionário têm (a letra) H?". "Não, né?".    Ao terminar o café da manhã, a reportagem se aproximou do presidente, ainda que a segurança tentasse evitar. Ao ouvir que o repórter era do Estado, Bolsonaro disse que já trabalhou no jornal. "Eu entregava jornal." 
Questionado se comentaria a situação de seu filho, Flávio Bolsonaro, o presidente virou as costas e, entrando em um elevador, apenas repetia: "Não, não".  
O dia estava apenas começando em Davos. 

Economia & Negócios - O Estado de S. Paulo

 

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Presidente do TST: 'Justiça do Trabalho é imprescindível, eficiente e moderna'

 Ministro Renato de Lacerda Paiva se pronunciou sobre a declaração de Bolsonaro, que cogita extinguir o órgão


O presidente em exercício do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Renato de Lacerda Paiva, recebeu as declarações do presidente Jair Bolsonaro, sobre o desejo de extinguir a Justiça do Trabalho, com “tranquilidade” e defendeu que o órgão é “imprescindível, eficiente e moderno”. Bolsonaro disse, na semana passada, que há um excesso de proteção ao trabalhador e defendeu uma flexibilização de direitos trabalhistas.- A Justiça do Trabalho tem ótimos índices de produtividade e taxa de congestionamento bastante inferior a outros ramos do Judiciário. Em 2017 foram revertidos aos cofres públicos cerca de R$ 3 bilhões em taxas, custas e recolhimentos decorrentes de processos trabalhistas. A Justiça do Trabalho foi a primeira a se tornar 100% eletrônica, com a instalação do Processo Judicial Eletrônico em todo o país – argumentou Paiva.Ele disse, ainda, que o então candidato Bolsonaro esteve no TST em novembro e disse aos presentes que eventuais mudanças no âmbito trabalhista seriam precedidas de consulta aos ministros do Tribunal. – Nós estamos à disposição para prestar todas as informações necessárias sobre o papel da instituição e sua relevância para o país – disse o ministro do TST.

Na sexta-feira passada, Noemia Porto, vice-presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) afirmou que as declarações do presidente não têm fundamento e são de “difícil sustentação jurídica”.- O poder executivo não tem o poder constitucional de atingir a estrutura do judiciário brasileiro. Não pode com uma canetada extinguir a Justiça, seja ela do Trabalho, Eleitoral, a Militar, porque isso fere a própria Constituição. Quando a Constituição prevê direitos, como consumidor, trabalhador e cidadão, também prevê garantias para que sejam cumpridos, com o aparelhamento de um judiciário forte – disse Noemia. [apresentar uma PEC propondo  extinguir um órgão, não fere à Constituição, tendo em conta que a matéria será amplamente analisada, discutida e então submetida à votação.] Ponderou, no entanto, que confia no compromisso do presidente Bolsonaro de respeitar a Constituição.

No domingo, em resposta a Bolsonaro, a maior entidade regional do país, englobando São Paulo (capital), região metropolitana e Baixada Santista, a Amatra-2, convocou um ato, marcado para o dia 21, para defender a existência da Justiça do Trabalho.

(...)  

- Qual país do mundo que tem (Justiça do Trabalho)? Tem que ter a Justiça comum. Tem que ter a sucumbência: quem entrou na Justiça e perdeu tem que pagar. Até um ano e meio atrás, no Brasil, eram em torno de quatro milhões de ações trabalhistas por ano. Ninguém aguenta isso. É o excesso de proteção disse Bolsonaro, na semana passada.

A nota da Amatra-2 diz que a Justiça do Trabalho existe há mais de 70 anos e “Atualmente, é o ramo do Poder Judiciário mais célere e eficaz no cumprimento de suas funções constitucionais”, completou. 

Matéria completa em O Globo


 

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Tropa de choque aflita

“O futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, está sendo acusado de escantear o PSL e favorecer o DEM. Bolsonaro precisou acalmar a própria bancada”

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, precisou passar na reunião das bancadas do PSL na Câmara e no Senado, ontem, para apagar um princípio de incêndio por causa do descontentamento do seu próprio partido com a nomeação de três ministros do DEM em áreas politicamente estratégicas do futuro governo: a poderosa Casa Civil, que coordenará a articulação política e ficará a cargo de Onyx Lorenzoni, e os dois titulares da área política indicados até agora, o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), na Saúde, e a deputada Tereza Cristina (DEM-MS), na Agricultura. A senadora Soraya Thronicke, eleita pelo PSL no Mato Grosso do Sul, puxou o coro de descontentes, porque ficou sabendo da nomeação de Tereza Cristina pela imprensa.

Na Câmara, o foco de descontentamento vem de Goiás: o deputado Delegado Waldir lançou sua candidatura a presidente da Câmara e pleiteia o apoio da bancada do PSL, que é a segunda da Casa, com 52 parlamentares. Foi preciso que a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), aliada incondicional de Bolsonaro, saísse em defesa do futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que está sendo acusado de escantear o PSL e favorecer o DEM na montagem do governo. Ela minimizou o desagrado: “Foi uma reunião em que alguns parlamentares apresentaram certo descontentamento, certo desconforto”, declarou.

Bolsonaro justificou as nomeações com o argumento de que as indicações de Mandetta e Tereza Cristina não foram feitas pelo partido, mas por frentes parlamentares que eles representam, da saúde e do agronegócio, respectivamente. O fato de ambos serem do DEM e do Mato Grosso do Sul, segundo o presidente eleito, foi mera coincidência. O problema é que o DEM, com apenas 29 deputados eleitos para a próxima legislatura, ocupa postos estratégicos do governo. Atrás somente do PT, que elegeu 56 parlamentares, o PSL pretende filiar deputados dos partidos que não atingiram a chamada cláusula de barreira e se tornar a maior bancada da Câmara. Atualmente, tem apenas oito deputados, ou seja, a grande maioria da bancada é formada por estreantes.

O deputado Major Olímpio, eleito senador por São Paulo, defende uma posição mais agressiva do PSL na Câmara, confrontando o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que pleiteia a reeleição. Para isso, pretende lançar a candidatura de Luciano Bivar, presidente do PSL, ao comando da Câmara. Se isso ocorrer, será uma saia justa para Bolsonaro, que publicamente vem anunciando a intenção de manter distância da disputa no Legislativo. Ontem mesmo, manifestou essa posição em conversa com um dos concorrentes de Maia, o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG), vice-presidente da Câmara. 

A indicação do advogado Gustavo Bebianno para a Secretaria-Geral da Presidência também pode acalmar um pouco o PSL. Um dos conselheiros de Bolsonaro, ele exerceu a presidência interina do partido durante a campanha eleitoral e conquistou a confiança do presidente eleito.  Com apenas quatro senadores, o PSL não tem a menor chance de disputar a Presidência do Senado. A tendência é fazer uma composição com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), mas esse acordo pode ser uma espécie de anticlímax na estratégia parlamentar de Bolsonaro, que fez uma campanha contra o sistema político e renegou o chamado “presidencialismo de coalizão”. Característica de todos os governos formados desde a redemocratização, o loteamento da Esplanada dos Ministérios entre os partidos da base fez do MDB, do DEM e do PP os fiadores da estabilidade dos governos no Congresso, na base do toma lá dá cá, ou seja, da distribuição de cargos e verbas em troca de apoio para votação de matérias de grande interesse do governo. Um compromisso de campanha de Bolsonaro é mudar essa relação, daí a estratégia de composição com as frentes parlamentares. Entretanto, o apoio desses parlamentares está relacionado às agendas corporativas que defendem; o problema é que isso não significa apoio a todas as propostas do governo, como a reforma da Previdência, que enfrenta o lobby das corporações.

Militares
O futuro ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, anunciou, ontem, os novos comandantes militares:
Antônio Carlos Moretti Bermudez, da Aeronáutica, é gaúcho, foi comandante da Base Aérea de Brasília, diretor-geral do Departamento de Ensino da Aeronáutica e adido de Defesa e Aeronáutico nas embaixadas do Brasil na França e na Bélgica. Atualmente, é o comandante-geral de Pessoal da FAB.


O general Edson Legal Pujol, futuro comandante do Exército, é colega de turma de Bolsonaro. Foi comandante Militar do Sul, secretário de Economia e Finanças, chefe do Centro de Inteligência do Exército, e instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras. Comandou a Força de Paz Minustah, no Haiti, e atuou como observador militar da ONU em El Salvador.


O almirante Ilques Barbosa Júnior, paulista, é o chefe do Estado-Maior da Armada (EMA), foi comandante do 1º Distrito Naval, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha e diretor de Portos e Costas.


 Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB



quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Trump ironiza seleção brasileira em reunião com presidente da Fifa

O presidente dos Estados Unidos disse que a seleção teve 'um probleminha' na Copa

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniu na Casa Branca com Gianni Infantino, presidente da Fifa, na última terça-feira, 28, para discutir assuntos sobre a Copa do Mundo de 2026, que terá os EUA, o Canadá e o México como sedes. Trump aproveitou o momento para alfinetar a seleção brasileira.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, posa para foto com o presidente da FIFA, Gianni Infantino, durante encontro na Casa Branca - 28/08/2018 (Leah Millis/Reuters)

Em conversa, a jornalista Raquel Krähenbühl, correspondente da Globonews em Washington, afirmou que o Brasil tem a melhor seleção do mundo. Trump ironizou: “O país do futebol. Acho que vocês tiveram um probleminha recentemente”, fazendo referência à eliminação do Brasil para a Bélgica na Copa da Rússia.

O Brasil vai enfrentar a seleção americana no dia 7 de setembro, no Estádio Metlife, em Nova York. O amistoso será o primeiro desde julho, quando o Brasil foi eliminado da Copa.

Conteúdo PLACAR

domingo, 8 de julho de 2018

Sepultada a geração Neymar. Canário belga canta melhor


Canário belga canta melhor - Sepultada a geração Neymar. Que venha a próxima

A Seleção de Telê, Falcão, Sócrates e Zico perdeu a Copa do Mundo de 1982, mas é universalmente celebrada até hoje. Para alguns, foi superior à Seleção de Pelé, Tostão, Gerson e Jairzinho que conquistou o tri no México em 1970. Um exagero, talvez.

Esta, de Tite, Neymar, Gabriel Jesus e Fernandinho, eliminada da Copa da Rússia, é uma Seleção para ser esquecida. Foi muito bem na fase de classificação e nos amistosos. Na fase de grupos e nas oitavas de final, avançou sem convencer. Deu no que deu. 

Por dias a perder de vista, e por muitas horas consecutivas, os 'especialistas' em futebol, reunidos em torno de mesas com todos os formatos, discutirão a derrota do Brasil e tentarão explicá-la da melhor maneira possível. Faz parte do ofício deles. É tão simples: a Bélgica jogou melhor. A Bélgica é um time melhor do que o do Brasil. Do ponto de vista tático, seu técnico espanhol deu um baile em Tite, elevado ao altar antes da hora. A vitória foi justa e merecida. O canário belga cantou mais bonito. E ponto final.
Em nenhum outro esporte, salvo o futebol, um time mais fraco derrota um time mais forte. Mas não é sempre que isso acontece. O Brasil foi mais fraco ontem, e por isso perdeu. Mas enquanto sua campanha vinha sendo irregular, a da Bélgica só fazia crescer.

O resultado não poderia ter sido outro. O Brasil finalizou mais – mas mal. A Bélgica, menos, mas o suficiente para vencer. Alisson, o goleiro brasileiro, teve pouco trabalho. O belga Courtois trabalhou duro e operou milagres. Mas ele estava ali para fazer isso, ora. E fez.  A mística da camisa amarela, e a prudência do técnico da Bélgica, salvaram a Seleção Brasileira de uma goleada. Do contrário, o placar final teria sido mais elástico. O domínio brasileiro no segundo tempo foi à base de espasmos, de raça, de desespero. Domínio enganoso.

Por acidente, poderia ter levado o jogo para a prorrogação. Mas só por acidente. A geração de Neymar acabou – que venha outra. O desfecho da Copa da Rússia tornou-se um ato privativo do futebol europeu. Uma espécie de Eurocopa relâmpago.