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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Como resolver os obstáculos que dificultam o crescimento da economia

Os sinais para o país decolar surgem no horizonte, mas, para que isso aconteça, o governo e o Congresso precisam se livrar de entraves pelo caminho

Certos momentos podem definir o futuro de uma nação. Nas próximas semanas, uma leva de dados oficiais colocará em números a dimensão da recuperação econômica do Brasil, uma vez passada a fase mais dramática da pandemia de Covid-19, concentrada no segundo trimestre de 2020. Os sinais de que o pior ficou para trás despontam em diversos indicadores de setores como construção, vendas no varejo e produção industrial, além da confiança empresarial, mais robusta. 

 

As incertezas globais também foram atenuadas. A eleição [ainda não confirmada] do democrata Joe Biden nos Estados Unidos, depois de uma tensa corrida eleitoral, retirou um ponto de pressão de mercados de todo o mundo. E os testes acima de 90% de eficácia em diversas vacinas trazem mais esperanças de um mundo imunizado contra o coronavírus e mais próximo do “velho” normal. Por aqui, o Brasil tem se beneficiado da melhora de preços de diversas commodities — da recuperação no preços do petróleo, passando por produtos agrícolas que estão próximo da máxima histórica, como a soja, e o minério de ferro, que se valorizou por volta de 30% no ano. Em razão disso, a bolsa de valores retomou o seu maior patamar desde fevereiro, com o investidor estrangeiro de volta ao país. Até o último dia 20, o saldo de entradas internacionais no mercado de capitais brasileiro já superava 26 bilhões de reais, o que já fez de novembro o melhor mês da história. Tais variáveis combinadas apontam para um ciclo promissor pela frente.

 

 A grande questão que agora se impõe, portanto, não é mais ressuscitar uma economia abalroada pela crise sanitária, mas sim garantir que o reaquecimento da atividade seja consistente em 2021, aproveitando uma janela de oportunidade que o mundo deve proporcionar nos próximos meses. Com um fluxo de capitais menos intimidado pela pandemia, o Brasil terá novamente a chance e engrenar um crescimento duradouro e iniciar um momento positivo para o bem-estar da população. O momento é perfeito. As eleições municipais terminam neste fim de semana e a atividade parlamentar será retomada. Está na hora de um esforço conjunto entre o governo e o Congresso para a realização de reformas estruturantes que melhorem o ambiente de negócios, tragam prosperidade e mitiguem as desigualdades sociais. Não são medidas fáceis, exigem amplo entendimento e ação, mas tornam-se factíveis à medida que haja uma convergência entre os poderes. O risco é o país deixar de aproveitar esse cenário, optando por medidas motivadas por interesses eleitoreiros, que podem nos levar à beira de um colapso. “Nos últimos quarenta anos, alternamos momentos muito bons e muito ruins, mas o resultado final foi modesto, quase medíocre”, diz o ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga. “O que deveria ser uma locomotiva de crescimento ficou parado em diversas barreiras. E o país ainda está repleto de entraves”.

(..............) 

“Respeitar o teto é importante porque nos permite atrair investimentos e criar empregos.”

Michel Temer

 

Os entraves para o crescimento do Brasil são conhecidos e desafiadores. De uma certa forma, eles se encaixam com precisão em um conceito criado pela pesquisadora americana Michele Wucker, especialista em análises econômicas da América Latina. Em 2016, ela se valeu da imagem dos rinocerontes cinza, paquidermes africanos bastante comuns nos safáris fotográficos, para representar um padrão falho na gestão pública da região. Sempre presentes no cenário, eles costumam ser negligenciados até que, por motivos banais, se tornam agressivos e partem para o ataque. “São como problemas imensos, que as pessoas acham que sempre vão estar por ali, inofensivos, mas que, quando saem de controle, se transformam em ameaças devastadoras”, diz ela. A questão central, na teoria de Wucker, é se antecipar e resolver o problema antes que seja tarde demais. O plano de voo para a economia decolar, deixar esses rinocerontes para trás e atingir velocidade de cruzeiro já existe. Cabe ao governo e ao Congresso se empenhar para colocá-lo em prática. E logo.
 
Publicado em VEJA,  edição nº 2715, de 2 de dezembro de 2020
 
Em Economia - VEJA -  MATÉRIA COMPLETA

terça-feira, 31 de março de 2020

Nova República: Pandemia de Corrupção - Jorge Serrão

Existe risco de não ter hospital com UTIs, respiradores e profissionais suficientes para tantos que podem ser infectados, seriamente, pelo Coronavírus? A falha acontece não só porque nosso País é uma tragédia em planejamento, mas principalmente porque a área de saúde é um dos maiores alvos de corrupção. Só é fundamental lembrar que a roubalheira acontece desde o enfraquecimento do regime dos Presidentes Generais que degenerou na chamada “Nova República” de 1985.

 'Comitê' de apropriações da Nova República

Seria muita ingenuidade pensar que o ciclo de safadeza se encerrou, completamente, com a eleição de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Sem dúvida, a roubalheira teve uma redução expressiva com a eleição surpreendente e posse do Capitão (que sobreviveu milagrosamente a uma criminosa facada). No entanto, o Mecanismo do Crime Institucionalizado continua operando, constituindo-se um deep state que Bolsonaro ainda não conseguiu desmontar. Não é à toa que o sistema manobra, escancaradamente, para derrubar o Presidente.

Parasita Padrão

 O cara-de-pau do vídeo incorpora o perfil padrão do parasita que infesta o Estado brasileiro nos três poderes da União, estados 

Eis o cenário em que o Brasil se vê em luta contra os efeitos colaterais do coronavírus na saúde pública, na economia e, como não podia deixar de ser, na política. Com toda certeza, estamos no meio de uma guerra de 5ª Geração, na qual o jogo de informação e contrainformação contamina e manipula a vida das pessoas. 


O interessante é que alguns começam a entender como a guerra assimétrica se desenrola no mundo real. Novamente, publicamos um artigo que circula na Internet. O texto reproduzido a seguir ganha mais importância porque foi viralizado em grupos gigantescos de revendedores de autopeças. A autoria da mensagem, intitulada “Terceira Guerra Mundial”, é atribuída a Matilde Gonzáles M... Leia, reflita e a gente conclui no final... Como tem de ser...


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A Guerra Biológica é mais barata e rápida que uma Guerra Normal. Vamos fazer uma análise maluca, mas com possibilidades de acontecer.

Eu me chamo China, fiquei por anos trabalhando muito duro e acumulando riquezas. Eu tenho um fornecedor chamado Brasil, o qual tem terras mais férteis que a minha e produz alimentos, minérios e outras commodities que eu preciso comprar.
Eu tenho um rival, chamado EUA, o qual tem uma potencia militar muito maior que a minha, pretende colocar sanções ao meu comercio e me ameaça no ranking mundial. Lanço um vírus, me preparo primeiro (já estou a anos acumulando riquezas para esse golpe), infecto uma pequena região, isolo, trato e perco 0,01% da minha população (perda muito menor do que em uma guerra tradicional e um custo muito menor).

Nesse meu vírus, preservo a população mais jovem que futuramente será escravizada e elimino a população idosa, que detêm o conhecimento, riquezas e lideram muitos governos e empresas mundiais.  Paro minhas fábricas e produção, gerando um caos na economia mundial e digo que esse é o exemplo certo e ser feito.

Espalho o vírus no mundo, todo o mundo, desesperado, começa o pânico, governos gastando recursos, exércitos voltados a área de saúde, desemprego, fome, perdas astronômicas nas maiores empresas do mundo, enfraqueço toda a economia mundial.Todo o mundo para, nesse momento, nosso território começa a produzir, gerar riqueza novamente.

Governantes não sabem o que fazer, começa a briga interna em todos os países, a população fica procurando culpados entre si e cada vez mais dá tempo para finalizar o meu golpe. As bolsas de valores caem, começamos então, com todo o dinheiro que guardamos por anos a comprar essas empresas as quais precisamos ter controle a preço de banana.

Inevitavelmente, assim como uma guerra, milhares de pessoas morrem, algum tempo depois, eles juntam os fatos e percebem o golpe sofrido.  Governantes desesperados pedem para a população voltar a trabalhar, mas essa está em pânico devido as noticias e gera um conflito interno, pois a população está desacreditada e confusa, dificultando o aquecimento da economia.

Com o poder acionário de várias empresas produtivas, começo a enviar novos lideres para elas, o qual tem o intuito de “escravizar” todo esse povo para trabalhar para meu país. A recessão nesses países vai estar muito forte e os trabalhadores iram aceitar trabalhar por menos somente para não passarem fome.

Tenho uma produção mundial, com trabalho escravo e com produção direcionada aos meus interesses. Vendo um frango produzido no Brasil por apenas 1 real para o meu país, e vendo a 10 reais para o mercado interno brasileiro, os tornando cada vez mais pobres e dependentes. Consigo manipular a economia mundial, mando meu povo assumir cidades que sejam interessantes e cadeias produtivas.

Vocês entenderam agora o que está acontecendo?  Para todos que ainda não enxergaram essa guerra, serão escravizados por várias gerações.  Muitos se perguntam porque existiram guerras.  Algumas existiram, pois, pessoas e governantes preferem perder a vida a ver o seu povo escravizado.

Vamos enxergar lá na frente, o que vai ser no futuro, quando seu filho irá trabalhar 12 horas por dia em uma fábrica comandada por chineses, e recebendo meio salário mínimo.
Quando irá no mercado e não vai conseguir comprar comida com qualidade e preços que temos hoje a disposição.

Para os que reclamam que o arroz está R$ 3,00 o quilo (R$ 15,00 pacote com 5kg), ele provavelmente será quase todo exportado a China e custará R$ 30,00 o pacote de 1 Kg. O golpe que estamos levando, pensem em um jogo de estratégia, aonde o inimigo está várias jogadas a nossa frente.

Fechem as bolsas, não permitam que eles comprem nossas empresas (já estão comprando, a bolsa hoje, 24 de março de 2020, subiu quase 10%).  Parem de brigar entre si, vejam quem é o verdadeiro inimigo.  Eu não sei vocês, prefiro morrer lutando, do que ser e ver meu povo ser escravizado. Precisamos urgentemente dar um contra golpe ou seremos eternos escravos.

No Alerta Total MATÉRIA COMPLETA 


quinta-feira, 12 de março de 2020

Pandemia - O bem que o coronavírus fez à China e ninguém vê - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo

Novo coronavírus foi identificado pela primeira vez na China - Lulinha, TRF-4 manda processo dele para São Paulo


China vai crescer
Perdoem-me continuar no assunto coronavírus, porque ninguém mais aguenta o assunto. Cada vez aumenta mais a minha desconfiança sobre os objetivos dessa doença que tomou conta do mundo. Agora a OMS classificou a doença como pandemia. A gente lembra que em 2013 a mesma Organização disse que a gripe aviária também era uma pandemia, mas a China cresceu mais graças a essa doença.

A China também cresceu mais com a gripe suína e com a peste suína africana. A China também vai crescer mais com o coronavírus. No país asiático, o surto já está acabando e agora está crescendo. A China, que é uma grande compradora de petróleo, está comprando o combustível 30% mais barato. Está comprando mais barato também as commodities e o nosso minério de ferro está incluso.

O país está comprando alimentos com valor mais baixo. Além de estar aproveitando para comprar empresas ocidentais cujas ações caíram de preço. Está uma maravilha para a China. Eles vão conseguir resolver os problemas internos e a inflação graças ao coronavírus.

O caso Ronaldinho
Ronaldinho e o irmão dele continuam presos no Paraguai. O advogado dos dois está levando comida para Ronaldinho porque ele não quis comer o bandejão servido aos outros 200 prisioneiros.  A prisão que eles estão não é para criminosos violentos e sim para pessoas que cometeram crimes leves. Ronaldinho tem ido à cantina para comprar água refrigerada porque está fazendo 40ºC em Assunção e a prisão fica na margem do Rio Paraguai.

A polícia, o Ministério Público e a Justiça continuam investigando o porquê dele e do irmão terem entrado no Paraguai com passaportes, naturalidade e carteira de identidade falsos. Se eles fossem participar de algum evento só era necessário o RG brasileiro. Claro que tem alguma coisa. O jogador finge não estar sabendo de nada, mas isso não pode ser possível. Não tem como acreditar que o melhor jogador do mundo, que já jogou em Barcelona e em Paris, tenha essa ingenuidade.

O caso Lulinha
O processo do Lulinha está sendo transferido da 13ª Vara Federal de Curitiba, que recusou a proposta de prisão dele feita pelo Ministério Público alegando que não havia necessidade, para São Paulo. O Tribunal Regional Federal de Porto Alegre (TRF - 4), que jurisdiciona Curitiba, manteve a decisão de que a capital paranaense fica com as denúncias da Lava jato desde que estejam ligadas à Petrobras, empresa dilapidada por políticos corruptos do PT, do MDB e de outros partidos também.

Como o processo contra Lulinha não tem correlação com a estatal, ele vai para a comarca original. A investigação mira a Gamecorp que recebeu, segundo o Ministério Público, R$ 132 milhões da Oi/Telecom ou, segundo a Polícia Federal, R$ 193 milhões. Acham que uma fração desse dinheiro serviu para comprar o sítio em Atibaia. Já os processos do pai dele estão nas Varas de Curitiba e de Brasília, enfim, são muitos processos para responder.

Veja Também: Lula livre na Europa é atestado de fracasso das nossas leis e tribunais 


Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo



quinta-feira, 5 de março de 2020

Desemprego na América Latina – Editorial - O Estado de S. Paulo

No ano de seu centenário, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma em seu Panorama Laboral para a América Latina e Caribe que se deparou com uma incerteza básica: “A região se encontra em uma difícil encruzilhada entre o passado, o presente e o futuro do trabalho”. Entre as muitas incertezas que afetam a economia global, mais esta intensifica as inquietudes e priva a região da necessária serenidade para promover a recuperação econômica em ritmo satisfatório para reduzir gritantes diferenças sociais. Os índices de desocupação aumentam e há sinais de precarização dos empregos, afetando especialmente camadas mais vulneráveis, como os mais pobres e menos qualificados, mulheres e jovens.

As estimativas são de que no final de 2019 as taxas de desemprego tenham ficado em 8,1%, dois pontos porcentuais acima do registrado em 2014, quando se atingiu o nível mais baixo de desocupação neste século. Em 2020, a se confirmarem as projeções de crescimento econômico lento (1,4%), as taxas de desemprego devem se elevar para 8,4%. Serão 26 milhões de desempregados que podem aumentar para 27 milhões sem contar cerca de 40 milhões de subutilizados, ou quase 20% da força de trabalho. A criação de empregos com registro se desacelerou, principalmente em relação aos empregos por conta própria, sinal de aumento de informalidade, enquanto a subocupação por insuficiência de horas aumentou, evidenciando a precarização do trabalho.
A “encruzilhada” de que fala a OIT impõe às lideranças latino-americanas reestruturar suas políticas de emprego. O superciclo das commodities, do início dos anos 2000 até 2013, permitiu a vários países gerar programas que facilitaram a formalização do emprego por meio da ampliação da seguridade social e dos benefícios trabalhistas. Ainda que o resultado geral tenha sido positivo, a insuficiência destes programas e o imediatismo dos governos, que investiram mal em elementos capitais para um crescimento sustentável, como educação, infraestrutura e diversificação econômica, cobram o seu preço.

Às dificuldades de aplicar medidas contracíclicas que atenuariam os efeitos da desaceleração econômica desde 2014 somaram-se restrições fiscais. Após um período de expansão da classe média anabolizada por créditos e subsídios não sustentáveis, o acúmulo de frustrações, catalisado pela desconfiança em relação à classe política, rebentou nas ruas do Chile, Equador, Bolívia e Peru e pode se intensificar em 2020.

É um alerta para a necessidade de um amplo diálogo entre empregadores, trabalhadores e governos para identificar carências e prioridades na elaboração de políticas sociolaborais. Além de contemplar dinâmicas globais que estão impactando o mundo do trabalho, como as transições tecnológicas, demográficas e ambientais, as respostas institucionais precisam atender os grupos mais vulneráveis, como os das mulheres, que respondem pelo sustento de quase uma em cada três famílias na região, e especialmente os jovens.



A taxa de desemprego juvenil é três vezes maior que a da população adulta. Um em cada cinco jovens busca trabalho e não encontra. Os que encontram trabalham em condições precárias (informalidade, baixos salários, escassa estabilidade e pouco treinamento). Cerca de 22% dos jovens não estudam nem trabalham. Desde os anos 80, os modelos de intervenção baseados na combinação de formação e estágio em empresas melhoraram a empregabilidade dos jovens. Mas tais modelos precisam agora de uma atualização que capacite os jovens profissionais a enfrentar as transições que certamente virão. Além disso, é preciso explorar o potencial das novas ferramentas de computação e comunicação para dinamizar a provisão de competências, serviços de emprego e o empreendedorismo, além de um diálogo social que dê mais voz e protagonismo aos jovens. Caso contrário o trabalho das gerações passadas pode se perder, e com ele a prosperidade futura.

Editorial  - O Estado de S. Paulo


terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Coronavírus também ameaça a economia, inclusive a do Brasil - Míriam Leitão

A principal preocupação sobre o coronavírus é o risco que ele provoca à vida humana. Na economia, os efeitos da epidemia também começam a se manifestar. A região de Wuhan, a mais afetada, é sede de montadoras que suspenderam suas atividades e adiaram a volta de trabalhadores que viajaram no feriado do ano novo lunar. A economia chinesa, a segunda maior do mundo, está parando. Os reflexos começam a aparecer na cotação de empresas que exportam para lá.  

Os períodos de recesso do trabalho na China são raros e costumam se concentrar nesta época do ano. A propagação do vírus forçou algumas regiões a estender o feriado até o dia 09. Aconteceu em Wuhan e também em Xangai, cidade também industrial que é próxima a Wuhan e tem população de 21 milhões de habitantes.

O conceito de produção atual utiliza pouco estoque, chamado de “just in time”. O método depende da circulação constante de mercadorias. Se a produção é suspensa, toda a cadeia produtiva vai parando. As fábricas fecham, os componentes não são entregues, as matérias-primas não chegam. O número de voos na China já recuou 50%.  


Wuhan: moradores descrevem cenário de terror nas unidades de saúde

Os chineses são grandes compradores de produtos brasileiros. Além das commodities agrícolas, o Brasil embarca para lá muito petróleo, minério e metais. Só na segunda-feira, Petrobras e a Vale perderam R$ 34 bilhões em valor de mercado. A CSN e a Gerdau também perdem com a paralisação.

A situação potencializa as preocupações. O Brasil já temia as consequências do acordo comercial entre China e EUA, que obriga os chineses a comprar mais dos americanos. O mundo também está mais pessimista. Uma pesquisa da PwC mostra que para 2020 o nível de pessimismo dos principais executivos está no maior nível. No momento em que a economia do Brasil se recupera, o mundo começa a desacelerar.   

Míriam Leitão, colunista - O Globo

 


segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Começa a recuperação da malha ferroviária – Editorial - O Globo

Projetos corroboram avanço da participação chinesa em infraestrutura no Brasil

[além das inúmeras e incontestáveis vantagens elencadas na matéria abaixo, sempre bom salientar que é também o passo inicial para reduzir a dependência do Brasil ao transporte rodoviário, que hoje está nas mãos de irresponsáveis que não hesitam em prejudicar o Brasil para auferir vantagens criminosas.]

Em 24 meses, preveem o governo e concessionários, estará em operação o trecho ferroviário de 1.537 quilômetros ligando as cidades de Estrela D’Oeste, em São Paulo, e Porto Nacional, no Tocantins, com fluxo de 22,7 milhões de toneladas de carga por ano. É ótima notícia porque sinaliza a conclusão de dois terços da Ferrovia Norte-Sul, espinha dorsal da projetada malha ferroviária brasileira. Deve-se aos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro o desembaraço desse empreendimento relevante à integração nacional, iniciado há 35 anos na administração José Sarney.

Significa que a partir de 2022 haverá interconexão ferroviária efetiva entre os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Maranhão. Ou seja, será possível o trânsito de cargas num arco ferroviário de pouco mais de três mil quilômetros ligando os portos de Santos (SP) e de Itaqui (MA). O custo logístico de exportação tende a cair significativamente para o agronegócio nesses cinco estados. No porto de São Luís avança a construção de um terminal de uso misto, voltado para a Ferrovia Norte–Sul/Carajás, liderada por um consórcio do qual participam a maior corporação chinesa de infraestrutura e dois grupos privados.

A China já confirmou, também, interesse no empreendimento ferroviário para ligar Tocantins à Bahia (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) e na conexão sobre trilhos entre Mato Grosso e Pará (Ferrogrão). Nos dois casos, as licenças para construção serão leiloadas este ano. Há evidências de que está sendo intensificada a prospecção chinesa em infraestrutura no Brasil. No alvo, confirmou recentemente a China Communications Construction Company, estão duas dezenas de projetos de energia, portos, ferrovias, desenvolvimento de mobiliário urbano e agroindústria, com investimento potencial de R$ 102 bilhões.

Não é casual que o Brasil tenha se tornado o quarto destino global de investimentos diretos chineses entre 2010 e 2017. Recebeu 40% do capital aplicado na América do Sul, nesse período, porque apresenta oportunidades em energia e infraestrutura, tem mercado atraente e as relações comerciais fazem da China o maior cliente de 14 estados exportadores e o segundo dos demais. A expansão chinesa objetiva garantir suprimento de matérias-primas e alimentos básicos, além de desenvolver mercados para os produtos industriais nos quais se especializou, com alto nível de tecnologia embutida.

Governo e Congresso precisam refletir estrategicamente sobre a arquitetura dessa nova fase na parceria. É evidente a carência de capital em setores críticos, mas é necessário preparar a base de um relacionamento mais sofisticado com a China, assentado no desenvolvimento tecnológico, para desenhar um futuro muito além da dependência de investimentos em energia e infraestrutura e das exportações de commodities.

Editorial  - O Globo
 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Nós, os brasileiros - Nas entrelinhas

“A crise exacerba os conflitos sociais e regionais, por falta de um objetivo mobilizador da sociedade. O Brasil perdeu a utopia do país do futuro, a sacada genial de Stefan Zweig”

Duas das consequências da globalização estão sendo o aprofundamento das desigualdades e o esgarçamento das democracias no mundo. Num cenário de revolução tecnológica, em que a modernização da economia passou a ser uma condição para o crescimento econômico, a reinvenção dos Estados nacionais tornou-se um imperativo. É aí que certas contradições se acirram profundamente; o Brexit e a vitória do conservador Boris Johnson nas eleições britânicas de ontem confirmam essa tendência.

Aqui no Brasil, a política reflete de maneira particular essas contradições. Desde a abertura comercial do governo Collor, decorrência do esgotamento do modelo de substituição de importações, o Brasil vive uma crise de financiamento de sua infraestrutura, que se tornou um grande gargalo para a retomada do crescimento. Nossa vocação natural de país exportador de commodities agrícolas e minerais nos garante um papel relevante na divisão internacional de trabalho, mas isso não basta, porque outra face dessa integração à economia mundial está sendo a desindustrialização, a concentração de renda e o desemprego em massa.

A tentativa de enfrentar essa contradição com uma política industrial inspirada no velho modelo de substituição de importações e com o capitalismo de estado, no segundo mandato do então presidente Luiz Inácio Lula das Silva e no governo Dilma, a política de “campeões nacionais” e a “nova matriz econômica” fracassou. Somente agora, muito lentamente, graças a medidas tomadas durante o governo de Michel Temer e à aprovação da reforma da Previdência, além de algumas ações do governo Bolsonaro, a economia começa a dar sinais de recuperação. Entretanto, ainda estamos muito longe de resolver os gargalos da infraestrutura, do desemprego e das desigualdades.

Falta ao Brasil de hoje um projeto de nação. Desde a Independência, sob a liderança do patriarca José Bonifácio, sempre houve uma parcela da elite nacional empenhada em construir um projeto de país. Na República, em alguns momentos, isso ocorreu por uma via autoritária, como no Estado Novo e durante o regime militar; em outros, por uma via democrática, como nos governos Vargas e Juscelino Kubitscheck. A ausência desse projeto, de certa forma, alimenta os fantasmas do positivismo autoritário. E certo saudosismo reacionário em relação à superexploração megalômana de nossas riquezas naturais.

Esgarçamento social
A ausência de projeto de nação é um terreno fértil para a desesperança e a segregação da sociedade, o que favorece a radicalização política e ideológica e a emergência de projetos de natureza autoritária. Um projeto de nação, nas condições atuais, não pode ser a recidiva do nacional-desenvolvimentismo, que tanto serve à esquerda como à direita radicais. Nas condições atuais, significa a construção de um novo modelo de desenvolvimento, economicamente robusto, tecnologicamente inovador e socialmente mais justo.

Isso exige um amplo debate, pois nenhuma força política, isoladamente, seja no governo, seja na oposição, será capaz de construir um novo consenso nacional, com o necessário engajamento social. O quadro de desigualdades regionais, iniquidades sociais e radicalização política gera estranhamento da maioria da população em relação aos partidos políticos e às instituições governamentais. É uma situação em que o Estado brasileiro, para grandes parcelas da sociedade, é considerado muito mais um estorvo do que um agente transformador das condições de vida da população para melhor.

Qual é a identidade do brasileiro atual? A crise exacerba os conflitos sociais e regionais, por falta de um objetivo mobilizador da sociedade. O Brasil perdeu a utopia do país do futuro, a sacada genial de Stefan Zweig, o escritor, romancista, poeta, dramaturgo, jornalista e biógrafo austríaco de origem judaica que escreveu um livro dedicado ao ufanismo nacional. Nesse vácuo, a sociedade perde a perspectiva do avanço, o brasileiro enxerga com lente de aumento as suas divergências e já não se reconhece plenamente como um povo só e indivisível. Essa é a maior ameaça.

Feliz Natal — o colunista se ausentará deste espaço por breve período.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense



quarta-feira, 20 de novembro de 2019

E assim (não) vai a AL - Carlos Alberto Sardenberg

Depois de anos na fila, a esquerda ganhou no México com Andrés Manuel Lopez Obrador Amlo, como se apresenta – e que prometeu crescimento anual de 4%, simplesmente o “dobro do período liberal”. Passado um ano de governo, o crescimento do PIB se arrasta perto de zero, com baixa perspectiva de aceleração.

Pode-se dizer que um ano é muito pouco e que o mundo todo está desacelerado. Verdades, mas ocorre que Amlo não apresentou nada de novo, nenhuma virada. Cortou mordomias e salários de funcionários, inclusive dele próprio, cancelou obras que achou muito caras, sem qualquer base em números, e tocou o barco. Cancelou leilões de petróleo, mas a melhor esperança de algum crescimento de base está justamente na maturação dos investimentos em campos leiloados no governo anterior.
Nada na corrupção, e especialmente nada no combate ao narcotráfico, que se tornou ainda maior e mais violento.

Já no Uruguai, pode acontecer o contrário. A Esquerdista Frente Ampla, no governo nos últimos 15 anos, está perto de perder as eleições de 24 próximo. O candidato de centro-direita, Luis Lacalle Pou, lidera as pesquisas de segundo turno.  O problema da Frente é também o baixo crescimento. Como toda América Latina, o Uruguai pegou o boom das commodities, chegou a ter uma expansão de 8% do PIB em 2010. Acabada a festa, desacelerou forte e neste ano está crescendo menos de 1%. Tem um baita déficit nas contas públicas.

Na Argentina, outra inversão. Depois de apenas quatro anos de centro-direita liberal, volta o peronismo, protagonista de um dos maiores desastres econômicos de todos os tempos. Conseguiu empobrecer um país que estava entre os mais ricos do mundo no século passado.
Na Bolívia, também passado o boom das commodities, o país desacelerou, vai devagar, o que retirou a popularidade e a força política de Evo Morales.
No Chile, ao contrário, é um governo de centro-direita que está em apuros. Mas é preciso notar a população contesta uma política econômica que era quase uma unanimidade. Depois de Pinochet, direita e esquerda alternaram-se no poder e o país manteve o mesmo curso – por sinal bem sucedido.

Números: iniciada a década de 90, a Venezuela tinha um Pib per capita, no método de Paridade de Poder de Compra, de US$ 8.500; Brasil, 7.500; e Chile, 7.000. Fechadas as contas de 2018, o Chile apresentava PIB per capita de quase rico, US$ 26 mil, expansão de quase quatro vezes; o Brasil tinha US$ 16,1 mil (dobrando em relação em 90) e a Venezuela mal alcançava os US$ 11 mil. De certo modo, a bronca dos chilenos é de uma classe média que, passado o boom das commodities, sente os efeitos da desaceleração do crescimento e da renda. O país vai melhor que a média latino-americana – expansão anual em torno de 2% – mas não resolveu a questão clássica da região: desigualdade.

O que FHC disse uma vez a respeito do Brasil, se aplica ao Chile de hoje: não é um país pobre, mas tem muitos pobres. Quem visita a AL regularmente percebe que há muitas coisas melhores no Chile: economia mais eficiente, alguma inovação, organização, menos corrupção, democracia eleitoral mais consistente. Mas, tudo considerado, falta o que falta a toda América Latina: um capitalismo dinâmico, com um setor privado gerador de riqueza para a maioria da população, indústrias de ponta, inovadoras, máquinas exportadoras de bens de alto valor agregado, escolas de primeira. E um setor público muito ativo para remover as falhas de mercado e promover distribuição de renda via impostos, ricos pagando mais, todos recebendo mais serviços.

Falta o que um estudo do FMI chamou de Política de Tecnologia e Inovação, que arranca o país e o coloca no grupo de alta renda, de modo permanente. Exemplos ao longo dos séculos: Estados Unidos, Alemanha, Japão, Hong Kong, Cingapura e Coréia do Sul, o campeão mais recente.
A AL continua apresentando níveis de crescimento sempre inferiores ao dos asiáticos, não produziu nenhum verdadeiro milagre econômico. Nem conseguiu se livrar do capitalismo de amigos, aquele dos empresários amigos do governo. A Lava Jato pegou esse pessoal em toda a AL, mas parece que se está perdendo embalo até nisso.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Transcrito em 20 novembro 2019 

 

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

PT deveria admitir erros na economia - Míriam Leitão



O Globo

Sim, o PT precisa fazer autocrítica. Na economia, certamente. Não por qualquer exigência de humilhação pública, mas porque é preciso saber se o partido, na eventualidade do retorno, repetirá ou não os mesmos erros. Quando o PT saiu do Planalto a economia estava em ruínas: o PIB encolhia 3,5%, a inflação havia batido em 10%, os juros estavam em 14% (hoje estão em 5%), o desemprego havia disparado de 6% para 11,4% em um ano e meio, a dívida pública subia em espiral, o país perdera o grau de investimento, as contas públicas estavam no vermelho.

Há uma falha ainda mais grave da perspectiva de um partido de esquerda: ele transferiu renda para cima. Os subsídios e renúncias fiscais subiram de 2% para 4% do PIB. Se existe um rosto que significa o beneficiado das escolhas econômicas do PT é Joesley Batista. Ele e seus irmãos ficaram muito mais ricos. E no exterior. O BNDES comprava emissões inteiras de debêntures lançadas pelo grupo para que, com capital público no bolso, eles fossem às compras em outros países. Foi assim que eles compraram, por exemplo, a Pilgrim’s Pride, a maior processadora de frango dos Estados Unidos. Houve uma sandice pior. Eles pegaram dinheiro no banco para adquirir a National Beef. As autoridades antitruste vetaram, o banco deixou que o grupo ficasse com o recurso para uma compra futura, de fato feita. Tempo, como qualquer banco sabe, é dinheiro. Hoje, os Batistas têm a maior parte da sua fortuna no exterior.

Esta coluna nem trata da corrupção, que de fato houve. Tanto houve que os corruptos devolveram dinheiro aos cofres públicos. Difícil querer mais materialidade do que isso.  Diante desses fatos, o PT escolhe vários escapismos. Os líderes partidários admitem que erraram num ponto. Houve excesso de desonerações. Mas não foi apenas isso. Foi muito mais. Costumam fugir da realidade, dando desculpas como a de que a crise foi gerada pela queda dos preços das commodities e pela desestabilização do governo Dilma. Argumentam também que, como quase quatro anos depois as contas permanecem no vermelho e o desemprego em nível elevado, não se pode mais responsabilizar o partido.

Há sempre truques quando se quer embaralhar os números, e embrulhar os fatos por estratégia do marketing político. Culpar “as elites, os golpistas, o lado podre do Estado, a imprensa” é fácil. Encarar a realidade e pensar numa forma de governar que não arruíne a economia é o verdadeiro desafio. O ex-presidente Lula nos primeiros anos manteve o tripé macroeconômico que herdara dos “tucanos neoliberais”. Com superávit primário, metas de inflação e câmbio flutuante ele pôde iniciar sua política de inclusão dos mais pobres. Ele soube aproveitar o boom das commodities para manter o país crescendo e incluindo mais brasileiros. O problema foi ter minado a estabilidade fiscal quando se sentiu seguro para implantar o que os petistas definiram como a nova matriz macroeconômica. Em 2008 estavam certos quando iniciaram as políticas anticíclicas. Em 2010 erraram ao mantê-las apenas para eleger Dilma, apesar de o país já ter voltado a crescer. A crise que a ex-presidente Dilma agravou foi iniciada no governo Lula.

O PT criou uma rede de proteção para os pobres e muito pobres com o Bolsa Família, programa que ninguém se atreve a revogar. Ajudou a colocar brasileiros de menor renda, especialmente os negros, na universidade pública. A política social tem méritos inegáveis, mas alguns programas saíram pela culatra. O Fies era para ajudar os alunos sem renda, mas beneficiou mais as universidades privadas.

Para a esquerda ser realmente de esquerda será necessário analisar esses erros com sinceridade. A desorganização das contas públicas levou à recessão e à inflação, isso feriu os pobres com desemprego e perda de renda. Ao falhar na economia, o partido revogou seu próprio legado. A diferença entre os juros de 2015 e os de 2018 representa em torno de R$ 300 bilhões a mais transferidos pelo Tesouro para os detentores de títulos do governo. A desordem na economia custa caro. Os economistas do PT podem fechar os olhos para tudo isso. Mas sem entender seus equívocos, eles, se voltarem ao poder, vão trair o principal mandato de um partido de esquerda: combater as desigualdades.

Blog da Míriam Leitão -  O Globo, com Marcelo Loureiro

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Ameaças à Amazônia vão muito além das queimadas – Editorial - Valor Econômico

A Amazônia tem diante de si uma ameaça maior do que a cana, a do plantio de soja

As ameaças à floresta amazônica vão muito além do fogo e aumentaram depois que as queimadas saíram de cena, em meio ao espanto internacional causado pela omissão ativa do governo de Jair Bolsonaro. O desmatamento continua crescendo a ponto de tornar inviável a meta de reduzi-lo em 80% até 2020, obrigação assumida pelo Brasil nas Conferências do Clima. O governo brasileiro não só não está muito interessado nisso, como passou a trabalhar ativamente para que a livre exploração de terras amazônicas possa ocorrer sem entraves legais ou barreiras de nenhuma espécie.

[O Brasil, especialmente o Governo Bolsonaro, tem que ficar atento as interpretações xiitas sobre a Amazônia.
 
Se o objetivo dos xiitas  é manter a Amazônia intocada, uma vitrine de luxo, destina a ser saqueada em um futuro próximo por ambientalistas estrangeiros, ela não serve os interesses soberanos do Brasil.
 
Condenam as queimadas, condenam a pecuário, condenam o plantio da cana, começam a falar mal da soja, condenam restrições eventuais ao abuso da imensidão das reservas indígenas - milhares de hectares para poucos índios - querem impedir qualquer atividade que traga o progresso para a região e propicie a melhora das condições vida dos que lá habitam, incluindo os índios.
 
Para completar o deputado Rodrigo Maia, passou a agir como INTERVENTOR GERAL SUPREMO da Amazônia, quando decreta: "vai arquivar o projeto do governo para mineração em terra indígena, acha “inacreditável” a moção de repúdio aprovada pela comissão presidida por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) contra o presidente eleito da Argentina e diz que preservar o meio ambiente é a forma de proteger a economia."
Matéria em O Globo - Míriam Leitão - Maia atua nas falhas e omissões]

A Amazônia já é uma terra de ninguém, mesmo com proteção legal existente, que é frágil, carece de recursos, pessoal e fiscalização. Anteontem, o presidente Jair Bolsonaro, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina e o ministro Paulo Guedes, da Economia, por meio do decreto 10.084, revogaram decreto de 17 de setembro de 2009, que estabeleceu o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar e, em função dele, normas para o financiamento do setor. O zoneamento excluiu a possibilidade de exploração da cultura na Amazônia, no Pantanal e na Bacia do Alto Paraguai.

O governo julga a legislação obsoleta, mas ela foi efetiva para afastar mais um meio de pressão sobre a floresta e, tão importante quanto, criar um selo verde informal para o etanol brasileiro como alternativa bem-sucedida de energia mais limpa e menos agressiva ao ambiente. Graças ao decreto, apenas 144 mil hectares, ou 1,5 % da área total plantada com cana no país, estão na Amazônia.

A penada do governo em uma iniciativa bem-sucedida não resultará na invasão da floresta por vastos canaviais porque boa parte da região é inapta para o cultivo. Mas a ocupação produtiva nas franjas da floresta ocupada por pastagens, por exemplo, empurrará os bois mais para dentro da floresta, uma das linhas de frente do desmatamento contínuo da região. A posição oficial é deplorável do ponto de vista ambiental e visa continuar com o desmonte legal e institucional dos meios de proteção da Amazônia, em nome da liberdade de produção sem freios. É obscurantista e retrógrada, porque há uma grande quantidade de terras disponíveis para isso fora dos biomas protegidos.

A Amazônia tem diante de si uma ameaça maior do que a cana, a do plantio de soja, da qual o Brasil é o maior exportador mundial. Após contar com o beneplácito do governo e do presidente Jair Bolsonaro, a Associação dos Produtores de Soja abriu campanha contra amoratória da soja”, um acordo feito entre a Abiove (produtores de óleo vegetal) e 13 tradings, entre as maiores do mundo, para que não fossem comprados e comercializados grãos produzidos em áreas desmatadas após 22 de julho de 2008. O estopim para a campanha, que desembocará no Cade contra o suposto cartel, que estaria impondo condições aos fornecedores, parece ter sido a ação dos organizadores da moratória para barrar o avanço do desmatamento a partir da nova fronteira agrícola do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piaui e Bahia) e no norte do Pará.

A moratória da soja tornou-se um caso de sucesso internacional. Na prática, a área com soja no bioma amazônico desde 2006 mais do que quadruplicou de 1,1 milhão para 4,66 milhões de hectares em 2018 (Valor, 7 de novembro), mas dentro de padrões ambientais aceitáveis. A Aprosoja argumenta que têm o direito de desmatar até 20% da propriedade no bioma amazônico e em 65% no Cerrado, e que não podem ser discriminados por isso. A esse argumento fez eco um secretário da Casa Civil, Abelardo Lupion, que disse que era preciso “acabar com essa palhaçada da Abiove”.

O direito ao desmate precisa ser qualificado. 12% da soja cultivada na Amazônia e no Cerrado, numa área de 2,6 milhões de hectares, ocorre em imóveis sem Cadastro Ambiental Rural (Luís Paulo Guedes e Toby Gardner, Valor, 31 de outubro). Por pressão da bancada ruralista, foi aprovada uma MP que acabou com o prazo legal para esse cadastramento.

Destinar dinheiro do Fundo da Amazônia para regularizar terras de grileiros, abrir as áreas indígenas para mineração e outras atividades, restringir a ação do Ibama contra madeireiros ilegais são ações que se sucedem sem parar, fruto de planejada e insistente intenção de pôr fim a restrições legais à exploração privada sem limites dos recursos naturais do país. A soja, porém, é o carro chefe das exportações brasileiras de commodities. O prejuízo pode ser é severo.
 
 Editorial - Valor Econômico
 
 

sábado, 3 de agosto de 2019

Recuo político em Itaipu - Míriam Leitão

O Globo -Alvaro Gribel

(*A colunista está de férias)

Dado Galdieri
No setor elétrico, a posição do governo brasileiro em relação a Itaipu — de aceitar sem questionar o rompimento pelos paraguaios do acordo feito em maio foi vista como uma decisão política. É que a ameaça de impeachment do presidente Mario Abdo Benítez, com quem Bolsonaro tem boa relação pessoal, poderia conduzir novamente a esquerda ao poder no país vizinho. “Nos governos do PT, Itaipu foi usada para baixar tarifas aos paraguaios e ampliar a influência da esquerda na região. Agora, vemos um governo de direita recuar de um acordo técnico para evitar a queda de um presidente também de direita. Não faz sentido o Brasil subsidiar a tarifa dos paraguaios”, afirmou um especialista do setor. [vale qualquer esforço legal,. para neutralizar em definitivo a esquerda.]

PERGUNTA NO AR
A pergunta que fica é se o comportamento do governo brasileiro seria o mesmo caso um partido de esquerda governasse o Paraguai. O próprio Itamaraty, em nota, afirmou que a “elevação sem precedentes do relacionamento Brasil-Paraguai se deve, mais do que a qualquer outro fator, à excelente relação pessoal entre os Presidentes Mario Abdo e Jair Bolsonaro e à coincidência de visões estratégicas.” [excelente resposta, tendo em conta que o presidente Bolsonaro foi eleito com quase 60.000.000 de votos para neutralizar toda a esquerda, começando pelo PT - missão praticamente concluída e com êxito total e não teria o menor sentido, nem tem e nem terá, apoia, em detrimento dos interesses brasileiros,  qualquer governo de esquerda.]  Bolsonaro segue Donald Trump, que dá grande peso às relações pessoais em assuntos de diplomacia.

MÁGOA ELÉTRICA

Do lado paraguaio, há uma represa cheia de mágoas em relação ao Brasil. O argumento lá é que a energia mais barata, chamada de adicional e que custa US$ 6, deveria ser dividida meio a meio, mas o Brasil entende ter direito a cerca de 85% dela, mesma proporção que consome da produção mais cara, de US$ 44. “Grande parte da demanda aqui é domiciliar. São dois picos, um ao meio-dia e outro no fim das tardes mais quentes. A turbina não precisa trabalhar o dia inteiro. Por isso o Paraguai puxa mais a energia adicional”, conta Manuel Ferreira, da consultoria MF, de Assunção. No Brasil, a demanda maior é da indústria, que necessita de uma carga constante e previsível. Haverá uma guerra de argumentos até a revisão do tratado.

FATOR TRUMP

O dólar subiu R$ 0,12 em uma semana, cotado a R$ 3,89. O primeiro repique veio após o banco central americano não se comprometer com novos cortes nos juros. O segundo, com a fala de Donald Trump acirrando a disputa com a China. O temor é que a guerra comercial tenha impacto no crescimento do PIB mundial. “Trump pressiona cada vez mais a China e afeta até o comércio entre os países da Ásia. FMI e OCDE já estimam um corte de 0,7 ponto do PIB global de 2020. E o crescimento menor da China afeta os preços das commodities, por exemplo. O minério de ferro teve um tombo de 6% em um dia”, conta Pedro Galdi, analista da Mirae. A perspectiva preocupa. Trump está em campanha e parece que esse modelo agressivo será o padrão.

IMPULSO MAIOR
O efeito dos saques do FGTS sobre a economia pode ser maior do que o estimado pelo governo, segundo estudo da LCA Consultoria. Pelas contas do economista Vitor Vidal, o PIB poderia crescer até 0,55 ponto a mais nos próximos 12 meses, acima da projeção de 0,35 ponto da equipe econômica. Esses números mantêm a estimativa da consultoria de alta de 1% do PIB este ano e de 2,5% no ano que vem. “O FGTS reforça nossas projeções, que estão acima da mediana do mercado. Acho que vamos ver os números subirem no Boletim Focus nas próximas semanas, para se aproximarem dos nossos”, afirmou Vidal.

JUROS MAIS BAIXOS
Vidal entende que a Caixa Econômica, como operadora do FGTS, poderia sair na frente em relação aos outros bancos e diminuir juros das operações de empréstimos que têm o fundo como garantia. Pelas estimativas do economista, o banco poderia oferecer taxas entre 20% e 35% ao ano, bem abaixo de outras modalidade de crédito pessoal. “O impacto disso sobre o PIB é mais incerto e não entrou na nossa conta. Mas teremos uma melhora no perfil do endividamento de muitas famílias, que terão acesso a crédito mais barato. Acho que a Caixa, por administrar o FGTS, terá bastante segurança para ser competitiva nessa nova linha”, diz.

Coluna da Míriam Leitão - (COM MARCELO LOUREIRO)  O Globo

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Toffoli determina que Petrobras abasteça navios iranianos no Paraná

Petroleira teme represálias dos Estados Unidos, já que os dois cargueiros parados estão na lista de sanções impostas pelo governo de Donald Trump



O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, determinou em decisão na noite de quarta-feira 24 que a Petrobras deve fornecer combustível a dois navios iranianos que estão parados no litoral do Paraná, sem combustível, desde junho. A petroleira alegava que as embarcações são alvo de sanções dos Estados Unidos e que temia ser punida.

Mais cedo na quarta-feira, o Irã ameaçou cortar as importações do Brasil se a estatal não reabastecer os dois cargueiros. “Se não for resolvido [o problema], talvez as autoridades em Teerã tenham que tomar algumas decisões, porque isso é o livre-comércio e outros países estão disponíveis”, afirmou o embaixador do país em Brasília, Seyed Ali Saghaeyan. Do outro lado, a Petrobras se recusa a abastecer temendo represálias dos Estados Unidos — ambas as embarcações estão na lista de restrições imposta pelo governo estadunidense.

Toffoli cassou a decisão dada anteriormente pelo STF. Na ocasião, ele mesmo pediu a suspensão da determinação do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), para que os cargueiros fossem abastecidos.  Na nova avaliação do ministro, a possibilidade de represália pelos Estados Unidos é improcedente pelo fato das embarcações iranianas estarem sob contrato com a empresa brasileira Eleva, que fretou os navios e não inclusa na lista de agentes sancionados pelo governo estadunidense. Procurada, a Petrobras informou que ainda não foi notificada sobre a decisão e que ainda tem que analisá-la.

O Irã é o principal parceiro comercial brasileiro no Oriente Médio e o principal importador do milho produzido no Brasil, segundo dados do Ministério da Economia. Somente entre janeiro e junho deste ano, Teerã foi responsável pela compra de 28% desta commodities — o maior porcentual entre todos os parceiros comerciais —, no que se traduz em 470 milhões de dólares.  Além do milho, o país persa foi o terceiro que mais comprou carne bovina brasileira em 2019, atrás somente da China e dos Emirados Árabes Unidos, totalizando 154 milhões de dólares em exportações. Em contrapartida, o Brasil importa apenas 26 milhões de dólares em produtos iranianos, o que representa uma balança superavitária em cerca de 1,3 bilhões de dólares a favor da economia brasileira.

Veja - Estadão Conteúdo

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Os números que não mentem

O Brasil tem lições a dar em questões ambientais, mas está na defensiva


Números e narrativas não necessariamente coincidem e o Brasil é vítima de uma delas, com relevante repercussão internacional, sobretudo diante do anunciado acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul.  Exemplo clássico de números absolutos que não conseguem “narrar” corretamente uma situação é o da criminalidade. No Atlas da Violência do Ipea, verifica-se que São Paulo, com 4.631 mortos, figura entre os primeiros na lista de homicídios de 2017. Com menos da metade desse número – 2.203 casos – o Rio Grande do Norte está “confortavelmente” lá no meio da lista. Mas, em termos relativos, o Rio Grande do Norte apresentou uma taxa de 62 mortos (arredondando) por 100 mil habitantes em 2017. A mesma taxa para São Paulo era de 10, brutalmente inferior à do Rio Grande do Norte.

Vamos agora a um dos pontos nevrálgicos da discussão que o governo brasileiro terá de enfrentar ao tentar convencer europeus – governos e, especialmente, consumidores de produtos agrícolas brasileiros – de que o País atende aos padrões internacionais para o emprego de agrotóxicos. A narrativa consolidada é a de que o Brasil é o campeão mundial de uso de agrotóxicos, e o número absoluto não mente. Agrotóxicos são commodities, cotadas em dólares, e o valor do consumo brasileiro é o maior do mundo (indicando, portanto, a quantidade de toneladas compradas).

Mas, considerados em relação à área cultivada, ao tamanho da produção e à média de produtividade em função do uso desses agrotóxicos (um cálculo que leva em conta o consumo em dólares de pesticidas em relação à produtividade média por hectare de agricultura), os números da FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura, colocam o Brasil em situação incomparavelmente mais confortável do que potências europeias como França, Alemanha, Itália e Reino Unido (para curiosidade, os grandes vilões nessa comparação são Japão e Coreia).

Em outras palavras, é o Brasil que deveria acusar e não ser acusado de abusar do uso de agrotóxicos. Mas o País está acuado no debate internacional e não foi capaz ainda de encontrar uma fórmula para provar que os números que não mentem e contam como são os fatos relevantes deveriam favorecê-lo nas negociações duríssimas, com intrincados interesses cruzados (objetivamente, ambientalistas e protecionistas, por exemplo), que estão apenas começando.

Nessa questão específica, a do uso de agrotóxicos, sucessivos governos brasileiros perderam a batalha de comunicação doméstica também. Projeto de lei tramitando no Congresso para atualizar normas legais e permitir acesso a agrotóxicos mais modernos (menos tóxicos e venenosos, e que podem ser aplicados em dosagem menor) virou “PL do veneno”. O debate já se afastou dos argumentos científicos, suplantados pelo berreiro ideologizado.

De fato, o Brasil tem exemplos a dar para o mundo em energia renovável, biocombustíveis, aumento da produtividade na agropecuária e é uma formidável potência produtora de alimentos sem, para isso, ter aumentada a área cultivada. Mas não é esta sua imagem externa, uma situação apenas em parte criada por grupos organizados vinculados ou não a interesses governamentais estrangeiros e comerciais. Diante das avenidas que podem se abrir com o acordo entre Mercosul e União Europeia, o governo brasileiro está diante da urgente necessidade de desenhar uma estratégia que o tire da atual postura defensiva. Proferir frases contundentes em reuniões internacionais de cúpula, como o G-20, energiza e mobiliza o público cativo interno. Mas é pouco.




William Waack - O Estado de S. Paulo