Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Vladimir Putin. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Vladimir Putin. Mostrar todas as postagens

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Passatempo para o fim do mundo - Revista Oeste

Guilherme Fiuza

Segue uma lista de perguntas para você responder enquanto o mundo (não) acabaJoe Biden, João Doria, Vladimir Putin, Bill Gates e Justin Trudeau | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Joe Biden, João Doria, Vladimir Putin, Bill Gates e Justin Trudeau -  Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Já que essa conjunção de nerds bilionários, burocratas sorridentes e ditadores enrustidos resolveu acabar com o mundo, vamos tentar pelo menos trazer um pouco de leveza ao processo. Segue uma lista de perguntas para você responder enquanto o mundo (não) acaba. Bom Carnaval.

 

  1. A guerra do Putin é de direita ou de esquerda?
  2. A direita é a da caneta e a esquerda é a do relógio, ou ninguém mais usa caneta e relógio e estão todos no centrão do iPhone?
  3. Quem usa o termo “geopolítica” para explicar as coisas está georreferenciado em quais georreferências?
  4. A nova pandemia prometida pelo Bill Gates vai esperar a outra acabar, ou os aplicativos modernos já permitem a aplicação concomitante de duas pandemias?
  5. Se as investigações no Senado dos EUA concluírem que os parças do Bill (Dr. Fauci e cia) financiaram manipulação de coronavírus em Wuhan e que a pandemia surgiu mesmo de um vazamento de laboratório naquela cidade chinesa, o processo poderá ser patenteado ou vai continuar tudo no terreno da pirataria?
  6. Já que o Bill Gates tem tanto feeling para pandemias, será que ele podia adiantar algumas características do próximo vírus, de forma que os jornalistas do consórcio já possam saber quais remédios baratos serão censurados, depois do de piolho e do de verme, para não perderem tempo e não deixarem faltar mordaça?
  7. O STF vai investigar se o Bolsonaro mandou o Putin invadir a Ucrânia?
  8. O STF vai investigar se o Bolsonaro mandou o Putin não invadir a Ucrânia e ele invadiu assim mesmo, provando que o Bolsonaro não manda nada?
  9. Se o blindado do Fachin não afasta a preocupação com tiros, não seria o caso de colocar, por segurança, duas máscaras nas urnas eletrônicas?
  10. Não é meio fora de moda falar em tanques na era da guerra biológica?
  11. Não seria o caso de a Rede pedir ao STF que determine a substituição das metáforas bélicas pelas metáforas farmacêuticas?
  12. Por que o Putin não encomendou ao Bill um plano mais moderno e barato para subjugar os ucranianos?
  13. Quem foi o gênio que inventou a tirania de boa aparência?
  14. Com quantos Trudeaus se faz um Xi Jinping?
  15. Quem tem lockdown, passaporte vacinal e imprensa venal precisa de exército?
  16. Se vários países já suspenderam o passaporte vacinal e o Sambódromo do Rio de Janeiro foi fechado para o Carnaval sem a suspensão do passaporte vacinal na cidade, o prefeito Eduardo Paes está:
  17. Em outro planeta;
  18. Em outra pandemia;
  19. Confiante na vacina e mais confiante ainda no vírus;
  20. Convicto de que vacina é uma coisa e imunização é outra;
  21. Perguntando ao seu comitê científico até quando esse papo vai colar.
  22. Se João Doria desistir mesmo de ser candidato a presidente, o que será feito daquele belo jardim montado cuidadosamente para o seu marketing pandêmico?
  23. Se depois que começou a vacinação de covid tantos jovens passaram a sofrer mal súbito devido às mudanças climáticas, não seria o caso de desenvolver uma vacina contra o aquecimento global?
  24. Se a Rússia trouxer o apocalipse nuclear antes da próxima pandemia, isso poderá ser considerado uma traição de Vladimir Putin a Bill Gates?
  25. Se o mundo acabar mesmo, como ficará a geopolítica?

Leia também “Lula & Alckmin na intimidade”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste


sábado, 19 de fevereiro de 2022

Brasil parece estar do outro lado’, dizem EUA sobre viagem de Bolsonaro

Durante encontro com Vladimir Putin em Moscou, presidente brasileiro disse ser 'solidário à Rússia'

Após ser questionada sobre a declaração de solidariedade do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia, em meio às tensões envolvendo uma possível invasão de Moscou à Ucrânia, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou nesta sexta-feira, 18, que o Brasil “parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global”. “Eu diria que a vasta maioria da comunidade global está unida em uma visão compartilhada, de que invadir um outro país, tentar tirar parte do seu território, e aterrorizar a população, certamente não está alinhado com valores globais”, afirmou Psaki em entrevista à imprensa em Washington. “Então, acho que o Brasil parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global”. [essa senhora,assim como os que pensam igual a ela, deve lembrar que o Brasil é uma NAÇÃO SOBERANA, tendo o direito de assumir as posições que entender serem as mais convenientes aos interesses do Brasil e do povo brasileiro.
Também devemos ter presente que o cidadão que preside os Estados Unidos, logo após   assumir o cargo insinuou, em parceria com o francês Macron a possibilidade da Amazônia ser invadida.
Insinuações de tal natureza são fatores que estimular o Brasil manter uma posição mais independente e sempre priorizando seus interesses.]

Em resposta a pergunta de um jornalista sobre se as falas de Bolsonaro poderiam afetar as relações Brasil-EUA, ela ressaltou que não conversou com o presidente americano, Joe Biden, sobre as declarações. Ainda assim, deu uma resposta dura. A fala da porta-voz segue o encontro do presidente brasileiro com o russo Vladimir Putin na quarta-feira em Moscou, onde Bolsonaro afirmou que “somos solidários à Rússia” e expressou desejo de intensificar as relações bilaterais entre os países.

As preocupações se dão em meio à consolidação de forças russas perto da fronteira com a Ucrânia.  De acordo com os EUA e o Ministério da Defesa ucraniano, há, atualmente, cerca de 150.000 soldados russos posicionados perto dos limites do país. A Rússia cercou o norte do país vizinho, onde a fronteira é mais desguarnecida, posicionando seu Exército como uma ferradura, cercando a região por três lados, em territórios de Belarus, de quem é aliada.

Além disso, a Inteligência americana vem afirmando há semanas que a Rússia poderia buscar um pretexto, como uma operação com agentes infiltrados, para justificar uma eventual invasão. Um dos pretextos poderia ser o recente agravamento de confrontos na região de Donbas.

A mensagem feita por Bolsonaro já tinha sido alvo de críticas por parte de autoridades americanas. Na quinta-feira, um porta-voz o Departamento de Estado dos EUA disse que o encontro “mina a diplomacia destinada a evitar um desastre estratégico e humanitário”. O momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, enquanto as forças russas estão se preparando para potencialmente lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior”, disse em entrevista televisionada. 

A VEJA antes da viagem do presidente brasileiro, uma autoridade do Departamento de Estado, que falou sob condição de anonimato, expressou que o Brasil deveria usar a oportunidade para reforçar à Rússia “a preocupação dos Estados Unidos e de outras nações sobre o papel desestabilizador que a Rússia está desempenhando e a ameaça atual à soberania e integridade territorial da Ucrânia”.

Segundo o funcionário americano, a posição do governo dos EUA sobre o aumento de presença militar russa na fronteira com a Ucrânia foi comunicada ao governo brasileiro, com quem “mantém diálogos regulares em todos os níveis”.

Em reportagem publicada em VEJA no início do mês, na edição nº 2775, o ex-embaixador Sergio Amaral destacou que Brasil e Rússia têm relação antiga e fazem parte do Brics, grupo que reúne ainda China, Índia e África do Sul. Em outras situações, uma missão oficial seria algo natural, mas não em meio a uma tensão que pode resultar em guerra. "Nesta circunstância é difícil evitar que essa visita seja interpretada como um gesto de simpatia e até solidariedade com Moscou”, destacou.

Caio Saad - Mundo Veja


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Uma baixa sentida no TSE e a profissionalização do garimpo - VOZES

Alexandre Garcia

TSE
Muitos pais têm me mandado mensagem que não sabem o que fazer por causa do noticiário a respeito da vacinação infantil. Eu tenho respondido: leiam as bulas. Eu tenho uma mania de ler a bula. Embora a minha mulher médica diga que o paciente não deve ler a bula, eu leio.

É fácil de acessar na internet as bulas das vacinas e estão lá relatadas as reações adversas. Estou contando isso porque o próprio diretor-geral da Anvisa – que participou de audiência no Senado nesta quarta-feira (16) –, o contra-almirante Antonio Barra Torres, se queixou que está recebendo muita ameaça por causa da autorização da vacinação infantil.

Bolsonaro na Hungria
O presidente Jair Bolsonaro vai desembarcar nesta quinta-feira (17) na Hungria, país que apoia a nossa entrada na OCDE, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o clube dos países de elite da economia. A Hungria também comprou dois cargueiros da Embraer, o KC-390, e é um bom parceiro.

Como o mercado financeiro vê os principais candidatos a presidente
Rússia expulsa vice-embaixador dos EUA e diz que será obrigada a “reagir” se não houver negociação
Quem vai decidir o que viola a Lei Eleitoral?


No Kremlin, nesta quarta, a conversa entre Bolsonaro e o presidente russo Vladimir Putin durou duas horas. Eles se sentaram lado a lado, apertaram as mãos e tiveram uma conversa muito profícua, como disse o presidente, sobre indústria de defesa, de material bélico, extração de gás e petróleo, indústria de fertilizante e tecnologia de ponta. Houve também reuniões entre os ministros da Defesa e os ministros de Relações Exteriores. Foi muito bom!

Tragédia repetida
Todos os anos, nessa mesma época, a chuva cause mortes na região serrana fluminense. Desta vez são 80 mortos. Em 2011, foram 918 mortes e 99 desaparecidos até hoje.

É incompreensível que os governos locais – prefeituras e governo do estado não tenham prevenido essa tragédia, porque isso se previne, evitando a moradia em lugares perigosos, segurando as encostas, há tecnologia para isso. Mas se repete todos os anos porque não fazem. Agora, eles dizem o que devem fazer e depois não fazem. É uma coisa incrível.

General recua

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não é fácil. O ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, Fernando Azevedo e Silva, que foi braço direito do general Villas Boas no comando do Exército e chefe de gabinete do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, desistiu de ocupar a direção-geral do tribunal. [decisão acertada a do general - iria ter muito aborrecimento indo para o TSE, já que lá a encrenca ronda por lá. Vejamos: 
- temos o ministro Barroso que não aceita críticas as suas.... ops, urnas eletrônicas - especialmente se os críticos cogitarem de invasão de hackers; 
- por sua vez, o ministro Fachin, declara em entrevista que a Justiça Eleitoral pode estar sob ataque de hackers.
Se algum apoiador do presidente Bolsonaro ao menos insinuar, de fininho, só imaginar que o sistema eleitoral do TSE pode ser invadido - aliás,  já ocorreu uma invasão,  tem um inquérito sobre o assunto (confira: hacker penetrou, mas não gozou?) - será no mínimo preso, encarcerado até o final do próximo mandato do presidente Bolsonaro.
FATO - ou o ministro Fachin  conspira contra a democracia (as urnas e a  TSE se confundem, um precisa do outro) = ao propagar que a Justiça Eleitoral pode estar sob ataque de hackers = ou o ministro Barroso exagera no excesso de otimismo.
Para completar o ministro Moraes está atento, pronto para prender qualquer um que em seu entendimento  conspire contra a democracia. Não podemos olvidar que o ministro Moraes é adepto de prender, até mesmo por supostas práticas que não são tipificadas como crimes - apoia suas determinações em interpretações criativas das leis e/ou crianção de figuras jurídicas inexistentes tais operações  = (com destaque para o delito continuado, o flagrante continuado. [ou flagrante perenemente possível, incompatível com mandato de prisão em flagrante.)  É muita encrenca para administrar, até para um general.]

O general Azevedo e Silva havia sido convidado e já tinha aceitado o posto em pleno ano eleitoral. Mas agora viu que não dá, que o coração dele não aguenta. Literalmente. Como certamente se espera um ano complicado no TSE, eles pediu desculpas e voltou atrás.

Profissionalização
De toda a Amazônia me mandam mensagens sobre esse decreto que criou o programa de apoio à "mineração artesanal e em pequena escala" dizendo que querem legalizar o garimpo. Não é legalizar, é para profissionalizar o garimpo mesmo.

Os garimpeiros hoje não vão mais minerar na unha como ocorria na Serra Pelada. Hoje eles têm retroescavadeiras, por exemplo. É uma microempresa a mineração em pequena escala, não é industrial. Por isso esse decreto é para organizar o setor. Agora, eu continuo sem entender porque daquele ataque, que parecia guerra do Vietnã contra os garimpeiros, no mesmo dia em que o Palácio do Planalto estava anunciando esse programa de apoio.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES



quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

'Somos solidários à Rússia', diz Bolsonaro no início de seu encontro com Putin - O Globo

Depois de fazer teste de Covid aplicado por russos, brasileiro cumprimenta colega com aperto de mãos ao chegar ao Kremlin 

O presidente Jair Bolsonaro se declarou solidário à Rússia ao chegar ao Kremlin no início da tarde desta quarta-feira em Moscou, manhã em Brasília, para o encontro com o colega russo Vladimir Putin, depois de se  submeter pela manhã ao último teste de Covid-19 exigido pelo governo russo.

Bolsonaro e Putin se cumprimentam no início do encontro no Kremlin Foto: SPUTNIK / via REUTERS
Bolsonaro e Putin se cumprimentam no início do encontro no Kremlin Foto: SPUTNIK / via REUTERS

[O presidente francês sendo recebido por Putin. A  distância mostra o quanto o francês - que quer defender o que resta do meio ambiente  do País que preside, sacrificando o Brasil - é tóxico.]
 
Com os testes negativos feitos pela equipe médica russa, Bolsonaro pôde ter um encontro mais próximo com Putin, como ocorreu com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, no início de fevereiro, e não com cada um de um lado de uma mesa de seis metros de comprimento, como ocorreu na semana passada com o presidente francês, Emmanuel Macron, e na terça-feira com o chanceler alemão, Olaf Scholz — ambos se recusaram a fazer o teste PCR russo e foram recebidos com o distanciamento que virou meme na internet.
Presidente russo, Vladimir Putin (E), durante reunião com o premier húngaro, Viktor Órban, tendo ao centro a famosa mesa do Kremlin Foto: SPUTNIK / via REUTERS
Ele foi recebido por Putin com um aperto de mão. Em suas falas iniciais, ambos indicaram que esperam um crescimento da cooperação entre os dois países. — Estamos retomando as relações que foram interrompidas, de certa forma, pela pandemia de coronavírus — afirmou Putin, sentado em uma cadeira ao lado de Bolsonaro, sem a longa mesa que utilizou com mandatários europeus que se recusaram, por questões de segurança, a realizarem os testes russos. É uma alegria recebê-lo, senhor presidente. espero que nosso encontro seja produtivo. É muito importante porque o Brasil é o principal parceiro nosso na região da América  Latina. Bem vindo. [aqui se faz, aqui se paga; corretíssima a conduta de Putin em relação aos mandatários europeus - alegaram, pelo menos o francês, que não queriam que os russos tivessem acesso ao DNA.
Alegação estúpida, por justificar uma conduta inútil. Até o mais idiota dos 'especialistas', sabe que nos tempos atuais NINGUÉM consegue evitar que seu DNA seja colhido.]

O presidente russo lembrou que,  apesar de todas as restrições provocadas pela pandemia no ano passado, o comércio bilateral registrou um aumento  de 87%. Bolsonaro agradeceu a recepção: — Estou muito feliz e honrado por este convite. Somos solidários à Rússia. Queremos muito colaborar em várias áreas, defesa, petróleo e gás, agricultura, e as reuniões estão acontecendo. Tenho certeza que esta passagem por aqui é um retrato para o mundo que nós podemos crescer muito as nossas relações bilaterais — disse o brasileiro, sem especificar a que se dirigia sua solidariedade, no momento em que a Rússia enfrenta tensões com o Ocidente por causa das manobras militares no entorno da Ucrânia. O brasileiro também agradeceu o indulto concedido ao brasileiro que estava detido na Rússia ao ser preso com um remédio proibido.

O encontro entre os dois começou quase uma hora depois do previsto anteriormente na agenda de viagem de Bolsonaro. A expectativa inicial é que a reunião, que incluirá um almoço, dure duas horas. Bolsonaro estava acompanhado do chefe do cerimonial da Presidência,  Marcos Henrique Sperandio. Ao lado de Putin, estava um intérprete.

DNA
O exame de Covid-19 realizado por Bolsonaro foi feito no hotel onde ele está hospedado por uma equipe médica russa destacada pelo governo local. O resultado foi negativo, o que garantiu o encontro bilateral. Integrantes do primeiro escalão também passaram pelo mesmo teste. Segundo autoridades brasileiras, ninguém testou positivo para a Covid.

Presidente russo, Vladimir Putin (E),tendo ao centro a famosa mesa do Kremlin Foto: SPUTNIK / via REUTERS

A mesa: Seis metros de comprimento e uma série de memes: conheça detalhes da mesa usada por Putin para reuniões no Kremlin

Os dois líderes europeus se negaram a fazer os testes alegando motivos de segurança, supostamente temerosos de que os russos pudessem reter o seu DNA. Autoridades brasileiras afirmam que a crise com a Ucrânia não deveria ser o foco do encontro. De todo modo, se abordado, Bolsonaro deveria reafirmar a posição do Brasil de solução diplomática para conflitos.

Além de tratar da cibersegurança e defesa, os presidentes também falariam sobre ciência e tecnologia,  energia e agronegócio. Um dos pontos principais para o governo brasileiro é buscar um compromisso para que a Rússia siga exportando insumos para a produção de fertilizantes. O Brasil também tem interesse em  exportar mais produtos acabados para os russos, que tentarão vender mais insumos e defensivos. O ponto alto será a confirmação da compra da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) da Petrobras, que fica em Três Lagoas (MS) pelo grupo russo Acron.

Antes da reunião com Putin, Bolsonaro iniciou seu único dia de agenda oficial em Moscou com uma visita ao Túmulo do Soldado Desconhecido. Já depois de deixar o Kremlin, Bolsonaro se encontrará com o líder da Câmara Baixa do Parlamento russo, a Duma. Depois participará de um encontro de empresários dos dois países.

Pela manhã, Bolsonaro e seus ministros visitaram o Túmulo do Soldado Desconhecido, homenagem aos combatentes soviéticos mortos na Segunda Guerra Mundial, chamada na Rússia de Grande Guerra Patriótica. A União Soviética foi o país que sofreu mais baixas na luta contra o nazismo, com 27 milhões de mortos entre militares e civis.

Recomendamos: Como Putin converteu Rússia  e inspirou líderes como Trump e Bolsonaro 

Mundo - O Globo - Jussara Soares


terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

De máscara e testado para Covid, Bolsonaro desembarca em Moscou - O Globo

Jussara Soares

Presidente brasileiro inicia visita em meio à tensão sobre Ucrânia

O presidente Jair Bolsonaro desembarcou na Rússia nesta terça-feira pouco depois das 10h, horário de Brasília. Ele saiu do avião presidencial usando máscara, acessório que costuma ignorar quando está no Brasil. Bolsonaro vai se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, nesta quarta-feira e, para isso, teve de se submeter a teste de Covid-19, atendendo as exigências sanitárias do governo local. 

Presidente Bolsonaro chega a Moscou Foto: Reprodução                                              
 Presidente Bolsonaro chega a Moscou Foto: Reprodução

Bolsonaro foi recebido pelo vice-ministro das Relações Exteriores, embaixador Sergey Ryabkov, e pelo diretor do Departamento de Protocolo Estatal, embaixador Igor Bogdashev. Ele foi do aeroporto ao hotel Four Seasons, na Praça Vermelha, aonde chegou pouco antes das 11h de Brasília, tendo entrado por uma porta lateral.

Na manhã desta terça, o governo russo anunciou a retirada de parte das tropas militares na fronteira com a Ucrânia. Não está claro, porém, quantos soldados serão retirados. A Rússia já anunciou outras vezes a remoção de tropas perto da fronteira ucraniana, sem que, nos dias posteriores, fotos de satélite indicassem uma efetiva diminuição no número de forças.

Artigo:Bolsonaro na Rússia é ruim para o Brasil, mas bom para sua campanha

Além disso, pouco depois do anúncio, o Ministério da Defesa russo anunciou planos de realizar exercícios navais no Mediterrâneo, com o envio de bombardeiros e jatos equipados com mísseis hipersônicos para a base do país na Síria.

Por causa das tensões e dos alertas emitidos pelos EUA e por outros países do risco de uma invasão iminente da Rússia na Ucrânia, a visita de Bolsonaro foi alvo de críticas. Como havia um temor de auxiliares da Presidência de que a agenda bilateral com Putin pudesse ser mal avaliada pela Casa Branca, Bolsonaro foi aconselhado a pregar a paz e uma solução diplomática em todas suas declarações durante a estada em Moscou.

Diplomatas brasileiros argumentam que o convite de Putin foi feito antes mesmo da crise ganhar maiores proporções, lembrando repetidamente que os dois países têm relações comerciais que justificam o encontro com Putin, previsto para ocorrer na quarta-feira entre 13h e 15h no horário local.

Nas redes sociais, Bolsonaro publicou, pouco antes das 8h, que já estava no espaço aéreo russo. Ele também divulgou uma imagem mostrando a notícia de que a Rússia anunciou o retorno de algumas tropas que tinham sido enviadas para a fronteira com a Ucrânia.

'Todo mundo tem problemas'
Na segunda-feira, Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão minimizaram a tensão entre Rússia e Ucrânia, e defenderam a realização da viagem. Em conversa com apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada, o presidente afirmou que quer a paz, mas disse que "o mundo todo tem seus problemas" e citou vários exemplos históricos de um país anexando terras de outro. Bolsonaro não mencionou a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, mas citou outros episódios:

— O mundo todo tem seus problemas. Se você começar a querer resolver o problema dos outros... O que for possível, a palavra lá é de paz para ajudar, tudo bem. Mas sabe o que está em jogo, não vou entrar em detalhes aqui. Temos problemas. A Argentina tem problemas com as Malvinas. No passado tivemos problemas, perdemos o Uruguai, ganhamos o Acre. Hoje a Venezuela quer a região de Essequibo, na Guiana. O americano mesmo pegou alguns estados do México no passado. A gente quer a paz, mas tem que entender que todo mundo é ser humano. Vamos torcer. Se depender de uma palavra minha, o mundo teria a paz — disse Bolsonaro.

O presidente reconheceu o "momento difícil" na região, mas defendeu a realização da viagem: — Temos a viagem à Rússia. Sabemos do momento difícil que existe naquela região. Temos negócios com eles, comerciais. Em grande parte, o nosso agronegócio depende dos fertilizantes deles. Temos assunto para tratar sobre defesa, sobre energia. Muita coisa para tratar. O Brasil é um país soberano. Vamos torcer pela paz lá, que dê tudo certo.

Também na segunda, Mourão disse não ver problemas na viagem de Bolsonaro. Segundo ele, o que há na região é um "jogo de pressão" envolvendo Rússia, Ucrânia e a Otan, que é a aliança militar com os Estados Unidos à frente. O vice-presidente avalia que o cenário vai ficar apenas nesse jogo de pressão.

Semana passada, o presidente da Argentina [Alberto Fernández] esteve lá [na Rússia]. Zero trauma. Não vejo problema. Essa tensão que está ocorrendo é fruto aí das pressões de ambos lados, entre a Rússia, a própria Ucrânia que está imprensada, e óbvio o pessoal da Otan, com os Estados Unidos à frente. Na minha opinião, vai ficar nesse jogo de pressão. Então a viagem do presidente lá é só um dia. Sem maiores problemas — disse Mourão.

Mundo - O Globo


quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

O TCU e os reajuste dos seus servidores - Bolsonaro vai encontrar Orbán, o líder ultradireitista da Hungria, numa viagem incomum - O Globo

Bolsonaro vai encontrar Orbán, o líder ultradireitista da Hungria, numa viagem incomum

Bolsonaro e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán

Jair Bolsonaro resolveu fazer uma dupla jornada no Leste Europeu em fevereiro. Depois da viagem a Moscou, onde irá a convite de Vladimir Putin, desembarca em Budapeste para um encontro de almas: se reunirá com o primeiro-ministro Viktor Orbán, líder da ultradireita húngara.

LEIA MAISBolsonaro visita Putin

Bolsonaro se encontrará com Orbán faltando dois meses para as eleições na Hungria. É um gesto incomum em política externa uma visita oficial como essa de um chefe de estado num momento tão perto de uma eleição num outro país.

O motivo é o óbvio: pode passar a mensagem de que o visitante está apoiando o candidato. No caso, é exatamente essa mensagem, nem tão subliminar assim, que Bolsonaro parece querer transmitir. Diplomatas avaliam que a visita a Orbán não ajuda em nada a relação de Bolsonaro com a Europa. 

TCU

TCU

A possibilidade de reajuste dos salários dos policiais federais, como quer Jair Bolsonaro, está inflamando os espíritos dos servidores do TCU.

A presidente da Corte, Ana Arraes, marcou para quinta-feira uma reunião com o sindicato da categoria, o Sindilegis, para discutir o adicional de qualificação dos servidores do tribunal — pleito que ela apoia.

Só que Ana está de férias. E criou-se um vácuo, embora os três secretários-gerais do TCU tenham confirmado presença.

Como os ministros da Corte resistem em discutir esse aumento, ao menos até ficar claro se o reajuste dos policiais será mesmo dado, o vice do tribunal, Bruno Dantas decidiu não participar da reunião.

Lauro Jardim, colunista - O Globo


terça-feira, 11 de janeiro de 2022

EUA cobram ‘resposta forte’ do Brasil contra cerco de Putin à Ucrânia

Mundo - Ernesto Neves

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, conversaram por telefone

Os Estados Unidos cobraram do Brasil nesta segunda-feira (10) uma posição firme contra uma eventual invasão da Rússia à Ucrânia. Desde 2021, o presidente russo, Vladimir Putin, posicionou 100.000 soldados ao longo da fronteira com a Ucrânia para evitar que o país se aproxime do Ocidente.

[presidente Biden! uma sugestão sensata e irrecusável: o presidente Bolsonaro foi eleito em 2018, com quase 60.000.000 de votos, para  governar o Brasil;
O senhor foi empossado em janeiro 2020 presidente dos Estados Unidos. Portanto, o senhor governa o país do qual é o presidente e o presidente Bolsonaro governa o Brasil. 
Cada um cuida dos assuntos do seu país = bom para os dois lados.]

A cobrança aconteceu durante um telefonema entre o secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, nesta segunda-feira.  Blinken disse será necessário “uma resposta forte e unida” contra uma eventual ofensiva russa contra Kiev.

De acordo com o comunicado divulgado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, a crise no leste da Europa foi uma das prioridades discutidas entre os dois durante a conversa. O comunicado afirma que a diplomacia americana pretende trabalhar com o Brasil em questões regionais, como a situação calamitosa do Haiti.

Recentemente, o Brasil voltou a ter assento no Conselho de Segurança da ONU.  Também nesta segunda-feira, diplomatas enviados por Washington e Moscou a Genebra, na Suíça, discutiram uma posição distensão na fronteira ucraniana.

A reunião durou mais de oito horas em Genebra, na Suíça. Segundo o Kremlin, não existem planos de invasão. “Não há razão para temer algum tipo de cenário de escalada”, disse Sergei Ryabkov.

“As negociações foram difíceis, longas (…). Temos a sensação de que o lado americano levou as propostas russas muito a sério e as estudou profundamente”, acrescentou.

Mundo - VEJA


domingo, 14 de novembro de 2021

Refugiados - Lixo humano - O Globo

Alexander Lukashenko costuma ser astuto em sua desumanidade. Currículo para isso ele tem, como primeiro e único “presidente” da Bielorrússia desde que esse antigo Estado-satélite da União Soviética tornou-se república, em 1990. Na última das eleições fraudulentas realizadas no país — a de 2020, para um sexto mandato de Lukashenko —, ele proclamou ter obtido 80% dos votos. E foi logo avisando ao mundo democrático: “A menos que vocês me matem, não haverá mais eleições”. O cara vive às turras com a União Europeia (UE), que lhe aplica sanções múltiplas por seus modos ditatoriais, e alinha-se com fervor à Rússia de Vladimir Putin, o vizinho imperial da fronteira leste.

Em tempos recentes, Lukashenko encontrou a maneira mais infame de ostentar seu poder e azucrinar a Europa democrática. Passou a importar como gado humano milhares de errantes de nações desintegradas do Oriente Médio e da África do Norte, para socá-los na soleira da porta trancada da sonhada União Europeia — mais precisamente, nas fronteiras com a Polônia, a Lituânia e a Letônia, todos países-membros da UE.

Seu esquema é tão azeitado quanto vil. Primeiro, agentes de viagens bielorrussos instalados no Iraque, Turquia e outros países oferecem voos, vistos de entrada e um possível recomeço de vida no Ocidente. Ao custo de alguns milhares de dólares por cabeça, aviões de carga da estatal Belavia transportam a carga humana até Minsk, capital da Bielorrússia. Mas dali são transferidos para uma viagem terrestre sem volta. Quando descarregados, têm à frente uma intransponível muralha de arame farpado como fronteira e, às costas, a guarda armada da Bielorrússia a impedi-los de sair dali. Pelas contas da revista The Economist, perto de 2 mil migrantes já foram estocados nesse limbo em pleno início de inverno, e outros 20 mil estariam aguardando seu destino em outros cantos do país-cilada.

A lógica de Lukashenko consiste em gerar uma crise política europeia semelhante à de seis anos atrás, quando uma avalanche migratória de proporções bíblicas, vinda do mar, quase derrubou vários governantes. Na tentativa de forçar a UE a levantar as sanções impostas contra seu regime, o homem forte de Minsk também ameaça interromper o trânsito de gás natural russo que atravessa a Bielorrússia antes de aquecer e manter a Europa em funcionamento. 
Por ora, esse plano B de Lukashenko tem poucas chances de ser levado adiante, pois não atende aos interesses atuais de Putin. 
Essa é uma arma cujo direito a eventual uso somente o Kremlin quer ter. Mas resta a massa de manobra de quem hoje foge da miséria e da violência. Expulsos de suas raízes, arriscam-se por caminhos incertos, sem rumo claro, a esperança minguando.

Nem sempre foi assim. Basta ver o notável acervo de fotografias reunido pelo chefe do Departamento de Registros de Ellis Island, Augustus Frederick Sherman, entre 1905 e 1914, nos Estados Unidos. Por aquela ilha vizinha à Estátua da Liberdade, fincada na Baía de Nova York, passaram mais de 12 milhões de imigrantes entre sua inauguração como porta de entrada nos EUA e novembro de 1954, ano em que se tornou obsoleta. Mais especificamente, imigrantes de terceira classe, pois passageiros marítimos da primeira e segunda classes podiam desembarcar diretamente nos cais de Nova York e Nova Jersey.

É extraordinário o garbo com que esses desprovidos da terceira classe procuravam se apresentar no desembarque, para a inspeção médica contra doenças contagiosas e regulamentação de documentos
Fosse o recém-chegado ao Novo Mundo um pastor de ovelhas da Romênia ou um mineiro da Baviera, um padre ortodoxo da Grécia ou um soldado albanês, uma família de ciganos da Sérvia ou uma mãe com duas filhas vindas da Holanda, quanto zelo em se mostrar com a melhor roupagem! 
Graças ao interesse pessoal do funcionário Sherman por fotografia, existe um registro impactante e comovente dessa gente. Vale a pena consultar esses retratos de fácil acesso na internet para admirar o zelo orgulhoso de indivíduos e famílias ao pisar em Ellis Island. Portavam o que tinham de mais bonito, mostrando suas raízes. 
Tinham motivo para desembarcar esperançosos, pois, apesar das agruras e sacrifícios que só desterrados conhecem, haviam chegado ao destino escolhido.
 
O que dizer do amontoado de vidas na fronteira bielorrussa? Não há garbo possível nem orgulho identitário nos agasalhos de plástico, jeans e tênis surrados, nem em bonés, toucas de lã ou xales misturados. No fundo, seja em terras europeias ou rumo aos Estados Unidos via México, o desterrado de hoje veste uniforme globalizado: quase tudo made in China ou em Bangladesh. Das 60 toneladas de roupas descarregadas anualmente no porto chileno de Iquique, para revenda na América Latina, mais da metade encalha e forma pirâmides de lixo no Deserto de Atacama, como noticiado nesta semana. 
Esse lixo de roupas usadas e descartadas nos Estados Unidos, Europa e Ásia por consumidores globalizados forma um triste retrato do capitalismo perverso. Na outra ponta, temos os descartados de suas terras a perambular pelo mundo. É torcer para que não venham, também, a ser considerados lixo.
 
 Dorrit Harazim, colunista - O Globo

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Anvisa diz não à Sputnik V e Pilatos lava as mãos

Anvisa

Ministro do STF, Ricardo Lewandowski, havia dado 30 dias para a Anvisa se pronunciar sobra a vacina russa, mas a agência precisava de mais tempo.

A CPI da Covid foi instalada nesta terça-feira (27) e já está feita a pauta. A gente já sabe o que eles desejam provar e qual é o objetivo
É o medo do resultado da eleição do ano que vem. Então, é preciso enfraquecer o presidente Jair Bolsonaro. O primeiro a depor vai ser o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e todos sabemos o que ele pensa do governo também.
O presidente da comissão é o senador Omar Aziz (PSD), do Amazonas, que teve a mulher presa duas vezes e os três irmãos presos por desvios na saúde. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), que todo mundo conhece, vai ser o relator da CPI. Renan, aliás, disse uma coisa muito importante. Disse que a CPI é para punir os responsáveis pelas mortes. Eu acho isso maravilhoso. Agora tem que separar, não é? 
Tirar política e tirar a eleição do ano que vem, e analisar por que as pessoas morreram e quem provocou isso. Porque não foi um só, foi um conjunto. E por quê?

Se a CPI conseguisse revelar esse óbvio, seria uma maravilha. E, claro, encaminhar para a Justiça para apurar as responsabilidades no Código Penal.

STF apressa o que não pode ser apressado
O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, havia dado 30 dias para a Anvisa se pronunciar sobre a vacina russa Sputnik V e liberar a importação aos estados que se prontificaram a comprar. A ação havia sido interposta pelo governo do Maranhão. Se a agência não desse um parecer dentro desse prazo, Lewandowski liberava os estados para importar a vacina. A Anvisa mandou técnicos para a Rússia e Bolsonaro tentou ajudar ligando para o presidente russo Vladimir Putin para apressar as coisas. Mas não resolveu muito.

O Instituto Gamaleya, que fabrica a Sputnik V, não deu acesso a nada, segundo a Anvisa. Faltou transparência. Está lá no relatório da agência dizendo que o adenovírus, que é o vetor que leva o coronavírus enfraquecido, pode se replicar no corpo da pessoa vacinada, podendo causar uma virose, o que é grave. E que na produção havia a presença de impurezas e contaminações, ou seja, são coisas graves.

Mas a Anvisa queria mais tempo para ir mais a fundo, poder ouvir e estudar mais a questão. Mas como o prazo de 30 dias acabava na noite de segunda-feira (26), eles tiveram que dizer “não aprovamos” a Sputnik V por unanimidade — foi cinco a zero. Bom lembrar que a Anvisa é um órgão independente do governo, tanto que Bolsonaro apoiou a compra da Sputnik V, mas a agência teve que dizer não.

Só que agora Lewandowski lava as mãos como Pilatos quando entregou Jesus para subir o calvário. Disse para o governo do Maranhão o seguinte: olha, pode comprar, mas sobre sua “exclusiva responsabilidade”. E mais: desde que “observadas cautelas e recomendações do fabricante, e das autoridades médicas”.[o ministro Lewandowski, MD do STF,  e demais ministros daquela Suprema Corte,o STF, devem ter em  conta que na medicina os prazos não são contados como na Justiça e assim, carimbar no processo exigindo uma resposta em cinco dias, dois dias, não funciona.

Para evitar enganos, equívocos, devem ser lembrados que toda e qualquer pessoa, que de alguma forma se envolver no uso em território brasileiro de medicamentos não aprovados no Brasil, pelas autoridades competentes, está cometendo crime CONTRA a Saúde Pública e sujeito as sanções penais.

Neste caso, vale o correto entendimento que quanto mais poderosa a autoridade infratora for, maior sua punição.]

Mas quem são as autoridades médicas?  
Oras, a Anvisa. E como faz agora? Agora “Pilatos” vai ter que resolver com o governador do Maranhão essa história. Ficou muito estranho isso.

Acreditando nos fatos e não nos factoides
Conversei com um grupo grande de especialistas de grandes entidades estatais e privadas, financeiras e de produção, que andam atrás da reforma tributária e administrativa que a Câmara dos Deputados está tocando.
Eles me disseram o seguinte: primeiro lugar, a gente não confia mais no noticiário tradicional. Já perceberam que as notícias são deturpadas e que não dá para confiar mais nas grandes organizações de mídia.
Em segundo lugar, hoje o grande herói deles é o presidente Arthur Lira (PP-AL), que está tocando as reformas na Câmara. E o sujeito que está transformando o país, dando uma aceleração ao país, segundo eles, é o ministro Tarcísio Freitas, da Infraestrutura.

A propósito, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que a indústria brasileira está reagindo. A capacidade ociosa já está menos da metade. Houve uma demanda de 50% de crescimento do consumo de aço no mês de março. A indústria da construção também.
Então está aí o milagre brasileiro. Nós somos resilientes. E quando querem nos enrolar, a gente deixa que eles se enrolem, porque nós acreditamos nos fatos e não nos factoides.

 Alexandre Garcia, VOZES - Gazeta do Povo 

 

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Presidente Bolsonaro: "Quem for frouxo na hora da tribulação é sinal de que não tem força"

Bolsonaro voltou a divulgar, nesta quarta-feira(18/11), elogios recebidos de Putin durante a cúpula virtual do Brics sobre suas "qualidades masculinas": "coragem e força de vontade"

 Deslumbrado com um novo começo de amizade após a derrota [ainda não confirmada] de Donald Trump nas eleições americanas, o presidente Jair Bolsonaro comentou, na manhã desta quarta-feira (18/11), os elogios feitos pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. A apoiadores que o aguardavam na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro questionou se haviam assistido à fala de Putin ocorrida ontem (17) durante o término da Cúpula do Brics, encontro de chefes de Estado de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, realizado por videoconferência.
 

“Alguém tomou conhecimento do discurso do presidente da Rússia ontem? Alguém lembra do provérbio que traduz o que ele falou ontem? Quem for frouxo na hora da tribulação é sinal de que não tem força”, disparou, minutos antes de seguir para Flores de Goiás, em Goiás, onde participará da cerimônia de Entrega de Títulos de Propriedade Rural. A previsão é de que ele retorne ainda no meio da tarde para Brasília.

Mais cedo, o mandatário voltou a publicar um trecho da declaração de Putin que presidiu o encontro, acompanhado do provérbio bíblico que havia citado anteriormente. Putin enalteceu as “qualidades masculinas” do chefe do Executivo brasileiro, como “coragem e força de vontade”, em referência ao enfrentamento da pandemia e sobre Bolsonaro ter sido infectado pela covid-19.

 “Provérbios 24, 10: Se te mostrares frouxo no dia da angústia, sua força será pequena.
 
PUTIN: Muito obrigado, Sr. Presidente (Jair Bolsonaro), não foi fácil para nenhum de nós trabalhar durante este ano, e o senhor pessoalmente enfrentou essa infecção e passou por essa provação com muita coragem.
Quero lhe desejar tudo de melhor e, é claro, muita saúde. Sei que esse momento não deve ter sido fácil, mas o senhor enfrentou tudo como um homem de verdade e demonstrou possuir as melhores qualidades masculinas, tais como a coragem e a grande força de vontade, enfrentando todos os desafios com grande respeito e consideração pela vontade de seu povo e pelos interesses do seu país”.

Em outro trecho, o presidente russo afirma que Bolsonaro é um exemplo mundial. “Isso tudo faz do senhor um exemplo para todos nós, pois mostra como podemos ser corajosos no cumprimento dos nossos deveres profissionais, nos nossos deveres como chefes de Estado”, finalizou. Ontem, o presidente já havia postado nas redes sociais o vídeo do discurso traduzido.


Maricas
No último dia 10, em meio ao crescimento dos casos do novo coronavírus no país, Bolsonaro disse que o Brasil "tem que deixar de ser um país de maricas" e enfrentar a doença. "Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas", concluiu. 
 
Correio Braziliense

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

O presidente dos maricas - Nas Entrelinhas

As reações de Bolsonaro são típicas de quem tem uma grande perda, no caso, o colapso da sua aliança estratégica com Trump. É um processo que começa pela negação e evolui para a raiva

O presidente Jair Bolsonaro ainda não conseguiu processar a derrota de Donald Trump nas eleições para a Presidência dos Estados Unidos. [sobre a "derrota" de Trump sugerimos ler: Coluna Alexandre Garcia - Correio Braziliense.

Bush perdeu para Gore por mais de 500.000 votos mas ganhou a presidência - foi considerado pela Suprema Corte o vencedor.

Quanto a estar do lado da China e Rússia, apesar de ideologicamente haver apreciável distância, os três estão entre os maiores do mundo.] Em parte, isso explica o fato de não ter manifestado, ainda, as congratulações devidas ao democrata Joe Biden, o novo presidente norte-americano, somando-se aos poucos chefes de Estado que ainda não o fizeram, entre os quais Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jinping, da China, que têm disputas estratégicas com os norte-americanos muito diferentes das nossas contradições com os EUA. No momento, a atitude de Bolsonaro situa o Brasil nesse quadrante político, mas isso não tem a menor aderência à realidade geopolítica da qual fazemos parte historicamente.

Para usar uma velha expressão popular, Bolsonaro está sem pai nem mãe na política internacional. Seu comportamento parece emocional, porém, politicamente, é muito semelhante ao de Vladimir Putin em relação ao então presidente norte-americano Barack Obama, e à primeira-ministra alemã, Angela Merkel. Ambos o decepcionaram por tratarem a Rússia como uma nação decadente e a ele, pessoalmente, como um líder de segunda classe. Putin deu as costas ao Ocidente e recorreu ao nacionalismo russo para se manter no poder, até hoje, com apoio dos militares, controle do Judiciário e da imprensa, e uma estreita aliança com a Igreja Ortodoxa Russa, para uma contrarreforma nos costumes.

[Detalhe curioso: tem uma Associação Brasileira de Juristas pela Democracia  
[a menção à democracia no título de qualquer entidade, associação ou o que seja, sempre assusta e espanta  = ninguém é  louco para considerar a Coreia do Norte uma democracia. Sabem o nome oficial daquele país? República Popular Democrática da Coreia; e uma Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social que pretendem reforçar representações já apresentadas ao Tribunal Penal Internacional, que julga crimes contra a humanidade.
A abundância da falta de conhecimentos jurídicos da dupla é tamanha que esquecem que Bolsonaro fez apenas e tão somente um discurso. 
Os arquivos do TPI são modernos e compactos o que os leva a uma grande seletividade no destino das petições que não merecem ser julgadas = arquivo ou lixo. Alguém tem dúvida sobre o destino da comunicação em comento?
A mais recente manifestação do TPI sobre a denúncia da tal Confederação foi em setembro: "o chefe do Departamento de Informações e Evidências do TPI, Mark P. Dillon, suspendeu as apurações contra o presidente brasileiro mas informou, em comunicado, que a decisão "pode ser reconsiderada caso novos fatos ou evidências providenciem uma base razoável (de evidências) para acreditar que um crime sob a jurisdição da Corte foi cometido". ]

Entretanto, na prática, uma conexão ideológica com Putin não faz o menor sentido em termos geopolíticos. As reações de Bolsonaro são típicas de quem está em dificuldades diante de uma grande perda, no caso, o colapso da sua aliança estratégica com Trump. É um processo que, psicologicamente, começa pela negação e evolui para a raiva. O presidente da República parece estar entre uma fase e outra. Num divã de psicanálise, suas declarações levariam a essa conclusão: “A minha vida aqui é uma desgraça, problema o tempo todo. Não tenho paz para absolutamente nada. Não posso mais tomar um caldo de cana na rua, comer um pastel. Quando eu saio, vem essa imprensa me perturbar. Pegar uma piada que eu faço com Guaraná Jesus para tentar me esculhambar”.

Bolsonaro disse, ontem, que o Brasil é um “país de maricas”, por duas vezes: “Tudo agora é pandemia. Tem de acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem de deixar de ser um país de maricas, pô. Olha que prato cheio para a imprensa, para a urubuzada que está ali atrás. Temos de lutar. Peito aberto, lutar. Que geração é essa nossa? A geração hoje em dia é toddynho, nutella, zap. É uma realidade”, disse.

Saliva e pólvora
Depois, ao se referir às articulações envolvendo o apresentador Luciano Huck, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o governador de São Paulo, João Doria, revelou certo temor de que a oposição de centro se unifique em torno de um desses nomes: “Vem uma turminha falar ‘ah, queremos um centro: nem ódio para cá, nem ódio para lá’. Ódio é coisa de marica, pô. Meu tempo de bullying na escola era porrada. Agora, chamar o cara de gordo é bullying. Nós temos como mudar o destino do Brasil. Não terão outra oportunidade. O Macri, na Argentina, não conseguiu implementar as suas políticas. Começou a levar pancada dos seus seguidores, como eu levo, agora, também. Voltou a turma da Kirchner, Dilma, Maduro e Evo”.

Bolsonaro voltou a investir contra a urna eletrônica: “Não temos um sistema sólido de votação no Brasil, que é passível de fraudes, sim. Tudo pode mudar no futuro com fraude. Eu entendo que só me elegi presidente porque tive muitos votos, e não gastei nada, não: 2 milhões de reais, arrecadado por vaquinha”. Bolsonaro defende a volta do voto impresso, já rechaçada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, e endossa as acusações de Donald Trump de que a vitória de Biden está sob suspeita de fraude, o que, a essa altura do campeonato, é um desastre diplomático.

Mas o fato que assustou todo mundo, inclusive ministros do governo e os líderes governistas no Congresso, foi a declaração de Bolsonaro comemorando a morte de um dos voluntários que estão testando a vacina chinesa CoronaVac, em pesquisa do Instituto Butantan, que a Anvisa, indevidamente, suspendeu. Além da absurda falta de empatia, Bolsonaro mentiu, ao afirmar que a vacina foi a causa mortis, quando se trata de um caso de suicídio. Se o presidente da República continuar nessa rota, teremos um formidável caso de suicídio político. [Para um melhor esclarecimento, detalhado e fundamentado, das razões da Anvisa, sugerimos ler:Anvisa, Butantan e Bolsonaro erraram na suspensão dos testes da CoronaVac, diz epidemiologista ]. 

Sua declaração de que pode defender a Amazônia com pólvora, contra a suposta interferência de Biden, é simplesmente insana: “Assistimos, há pouco, um grande candidato a chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas na diplomacia não dá, não é, Ernesto (Araújo)? Quando acaba a saliva, tem de ter pólvora, senão não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas tem de saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos.” [o presidente francês ameaçou invadir o Brasil = internacionalizar a Amazônia = o Biden ameaçou retaliar = apesar de até o momento seu poder, autoridade, não são suficientes para sequer ingressar com familiares na Casa Branca. 
 
Usar armas nucleares para invadir a Amazônia, vai transformar o chamado 'pulmão do mundo' e,m uma mega Chernobyl. Usar armamento convencional, algo tipo super bombas, ou bombardeio cerrado,  vai matar os indígenas que dizem querer salvar, proteger, e causar uma destruição várias vezes superior a que dizem que as queimadas causam. 
 
Vai ter que ser estilo homem a homem, infantaria, metro a metro - será que eles querem um novo Vietnam? Retaliação econômica o Brasil responde suspendendo venda de alimentos.]

 Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense

 

domingo, 5 de julho de 2020

Golpes à democracia - Lourival Sant'Anna

Rússia, China, Brasil e EUA assistem a processos de enfraquecimento da democracia ao longo do ano

A democracia sofreu golpes na Rússia, China e Estados Unidos na semana que passou, mas recebeu alentos na Europa e no Brasil. Um referendo aprovou mudanças constitucionais que permitem a Vladimir Putin se eleger para mais dois mandatos de seis anos, a partir de 2024, quando termina o atual. Muitos russos gostam de Putin, que identificam com a estabilidade, depois das rupturas traumáticas dos anos 90. 

[a democracia sempre nos pareceu um bom regime; 
só que de uns tempos para cá, não só no Brasil, muitos dos 'donos do poder', a pretexto de manter as vantagens da democracia - no conceito que eles entendem ser o modelo ideal de poder, de democracia - violam os direitos dos que discordam do modelo que eles pretendem impor, mesmo  que tais direitos estejam na democracia que eles dizem ter interesse em manter.]

Mas muitos não votaram exatamente pela sua perpetuação no poder. 
A consulta era sobre um pacote de emendas, que atrela o salário mínimo a um cálculo de renda mínima, corrige as aposentadorias pela inflação e declara casamento união entre homem e mulher. As opções eram sim ou não para o pacote todo. [convenhamos que as vantagens do pacote,compensam amplamente manter o seu autor até 2036.] 

A propaganda em torno do referendo focou nos benefícios salariais e no ataque ao casamento de homossexuais, numa Rússia que se tornou mais conservadora nas últimas duas décadas sob Putin, aliado da Igreja Ortodoxa. Ele governa a Rússia desde 1999. Em 2036, terá 83 anos.

O regime chinês emendou a Lei Básica de Hong Kong, introduzindo normas de segurança que, essencialmente, criminalizam os protestos, com prisões perpétuas por motivos vagos, como “subversão” ou “vinculação com estrangeiros”. Centenas de pessoas já foram presas. Na prática, deixa de existir o status de semiautonomia, e o modelo de “um país, dois sistemas”, consagrado no acordo da devolução do território à China pelo Reino Unido, que deveria durar 50 anos, até 2047.

O presidente Donald Trump deixou claro que investirá na divisão dos americanos para tentar se reeleger em novembro. Em um tuíte, por exemplo, ele disse que pode revogar uma lei que beneficia moradia de negros nos subúrbios, porque ela “desvaloriza” o patrimônio de “grandes americanos”. Noutro, afirmou que a frase “Vidas Negras Importam”, pintada pela prefeitura de Nova York na 5.ª Avenida, onde ele tem escritório, “denigre uma avenida luxuosa”.


Em contrapartida, a vitória dos Verdes nas eleições municipais francesas, domingo passado, representa um alento para a democracia: trata-se de uma corrente da esquerda europeia que se atualizou, entendeu a importância do papel das empresas na preservação ambiental, e se prontifica a fazer alianças com grupos conservadores. Essas alianças já aconteceram em seis Estados alemães, no governo da Áustria e, há uma semana, no da Irlanda. Os ambientalistas se tornam, assim, uma alternativa à extrema direita e à esquerda estatizante, na formação dos governos europeus.

A Alemanha assumiu a presidência de turno da União Europeia. No que poderá ser a última grande missão da chanceler Angela Merkel antes de se aposentar, a UE tem três desafios este semestre: levar adiante a discussão sobre o aprofundamento de sua integração, cujas falhas ficaram evidentes na gestão desigual e descoordenada da pandemia; repartir os custos das políticas de mitigação frente à crise sanitária; e negociar os termos finais da saída do Reino Unido, cujo prazo termina no fim do ano.

O liberalismo, a expressão da democracia na economia, também ganhou um ânimo, na reunião de cúpula do Mercosul. Brasil, Paraguai e Uruguai mantiveram-se alinhados no projeto de reduzir as tarifas do bloco e negociar acordos de livre-comércio com Canadá, Coreia do Sul, Cingapura, Índia e Líbano. A voz dissonante foi a do presidente argentino, Alberto Fernández.

A democracia brasileira demonstra vitalidade, com o Congresso e o Supremo Tribunal Federal retomando a iniciativa, para colocar limites às extrapolações de integrantes do governo federal. O cuidado maior com as palavras no círculo do presidente Jair Bolsonaro e a demissão de Abraham Weintraub do Ministério da Educação sugerem um reconhecimento da força dos freios e contrapesos. Nada está jamais garantido para a democracia. Ela é uma construção cotidiana.

Lourival Sant'anna, jornalista - O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 4 de maio de 2020

Força, fraqueza. E o atributo central - Alon Feuerwerker

Análise Política


Quando Luiz Inácio Lula da Silva estava fustigado pelas ondas da tempestade que passou à história como mensalão, a popularidade dele apenas oscilou. Jamais chegou a ser abandonado pela espinha dorsal do seu eleitorado. O escândalo deu-se em 2005. No começo do ano seguinte, o da reeleição, Lula já ultrapassava os adversários nas pesquisas. Liderança que não mais lhe escapou.

A oposição chegou a namorar o impeachment mas nunca foi em frente. Cautela. Pois todos os levantamentos mostravam ileso o prestígio do presidente junto à tropa dele. Quando se especula sobre afastamentos presidenciais normalmente mede-se 1) o apoio parlamentar, 2) a economia 3) o "povo na rua" e 4) as pesquisas.

Colocar povo na rua não chega a ser tão complicado. Há exceções, como numa pandemia. Mas mesmo agora na Covid-19 vemos gente disposta a sair de casa para protestar. E talvez “a rua” no pós mantenha um forte componente digital, quem sabe? E se o Brasil é habitado por bem mais de 200 milhões de pessoas colocar até 1 milhão na rua, ou na “rua”, não chega ser decisivo.

Presidentes normalmente entram "à vera" na linha de tiro para serem afastados só quando sua sustentação no povo evapora. O item 4. Foi assim com Fernando Collor e Dilma Rousseff. Estavam já muito vulneráveis quando os adversários colocaram para rodar os exércitos do impeachment. Mas dizer que governantes caem quando perdem apoio é quase uma tautologia.

O que leva líderes a ver evaporar a sustentação? A piora das condições materiais? Também, mas não necessariamente. A popularidade de Vladimir Putin vem resistindo bem às dificuldades econômicas trazidas pelas sanções em represália à reanexação da Crimeia. O ditado “É a economia, estúpido” popularizou-se com Bill Clinton, mas toda unanimidade é burra. Ainda que a afirmação do Nelson Rodrigues tenha uma contradição interna.

O governante consegue resistir bem à tempestade econômica na medida em que os atributos centrais dele estão preservados. Putin mantém-se porque ninguém duvida de que trabalha pela grandeza da Rússia humilhada ao final da Guerra Fria. Lula reelegeu-se, elegeu a sucessora e colocou seu candidato no segundo turno em 2018 porque nunca convenceram o povão de que ele deixou de “olhar pelos pobres e pelos excluídos”.

Ao contrário, Collor enfraqueceu-se decisivamente quando conseguiram carimbá-lo de corrupto. Bem ele que se apresentara em 1989 como quem melhor iria combater a corrupção. A anemia política de Dilma teve a ver com a guinada real e simbólica de política econômica entre a duríssima campanha pela reeleição e o instalar do segundo governo. Guinada que dividiu e desmobilizou a base eleitoral dela, deixando-a indefesa. E em vez de a oposição aplaudir a presidente por “fazer a coisa certa” aproveitaram a fraqueza dela para derrubá-la. É a política, estúpido.

Qual o atributo central de Jair Bolsonaro aos olhos do tal terço, um pouco mais, um pouco menos, nas pesquisas? Ele ser “anti-sistema”. Lato sensu. Eis por que precisa manter o conflito aquecido com “o sistema”. Mas a realidade é uma contradição ambulante, e essa guerra eterna drena recursos e energias do presidente, e traz isolamento. Quando ele mais precisa de aliados. Se não se faz omelete sem quebrar ovos, tampouco existe almoço grátis. Ah, sim: o dito centrão não está nem perto de ser "o sistema". Fica a dica.
E vamos ver até que ponto o conflito com Sergio Moro mexe na percepção dos atributos presidenciais. 

Alon Feuerwerker, jornalista e analista politico