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quinta-feira, 22 de julho de 2021

Vacinar, vacinar, vacinar - Alon Feuerwerker

Análise Política
Em todos os países nós quais a vacinação ultrapassou certa taxa crítica, em torno de 60% com as duas doses (no caso das vacinas que pedem duas) ou com a dose definitiva (quando pedem apenas uma) a mortalidade por Covid-19 mergulhou, ou ao menos iniciou o mergulho. Aqui na América do Sul o melhor exemplo é o Uruguai.
 
Mas mesmo onde se chegou a esses índices de vacinação e as mortes apenas começaram a declinar fortemente, os casos apresentam queda. É a situação do Chile. E nos lugares da Europa que vivem um aumento de casos, por novas variantes ou pela contágio na população não vacinada, ou pelas duas coisas, o aumento dos infectados não tem sido acompanhado da elevação no mesmo grau, nem próximo, dos óbitos.
 
A conclusão? Divergências pode haver sobre vários aspectos do combate à doença causada pelo novo coronavírus, mas uma coisa já se sabe com certeza. A prova da vida real, a partir da vacinação em massa pelo planeta, mostra que as vacinas funcionam. Todas elas. Inclusive as que são alvo de preconceitos político-ideológicos.
Por isso, vacinar em massa e o mais rápido possível, com a vacina que estiver disponível, é a única atitude aceitável quando se avaliam as ações de qualquer governo.
 
Alon Feuerwerker,  jornalista e analista político
 

terça-feira, 22 de junho de 2021

A gastança dos subdesenvolvidos com caças para... Nada!!! Sérgio Alves de Oliveira

Antes foi o Brasil com os gastos astronômicos inúteis na compra dos aviões Caça F-39 Gripen,da Suécia. Agora é a Argentina, com a encomenda que está fazendo dos caças chineses JF-17,considerados dos mais avançados do mundo. Entre os dois países existem algumas coincidências  “históricas”comuns. Ambos estão na “merda” econômica  (mais os argentinos), e  parecem estar “competindo” pela primazia das respectivas forças aéreas na “pobre” América do Sul, alimentando a ganância econômica irrefreada  dos países e fabricantes estrangeiros.

Mas ao mesmo  tempo em que fazem essa competição imbecil  “aeronáutica” ,com caças adquiridos do exterior para suas próprias defesas, outra equivalência entre eles,”coincidentemente”, é   que  a qualidade de vida dos seus respectivos povos deixa muito a desejar ,e não é nada condizente com essas astronômicas aquisições através de verbas públicas,suportadas,evidente e invariavelmente,pelos  contribuintes,sujeitos passivos dos “terrorismos tributários” dos seus respectivos países.

Não consigo precisar até que ponto essas absurdas políticas de desperdício dos recursos dos povos brasileiro e argentino, dentre outros, é lógico,  não seria apenas para  contentar os militares “subdesenvolvidos”, e suas  suas forças aéreas, os quais  provavelmente estariam “sonhando”,  ou talvez querendo “fazer de conta”,que essas meias dúzias de caças mais sofisticados estariam garantindo os seus países contra eventuais invasões por outros países mais ricos, ou militarmente mais potentes.

Somente  para se ter uma ideia, durante os conflitos bélicos envolvendo aeronaves na 2ª Guerra Mundial (01.09.1939 a 02.09.1945),a produção  SEMANAL de aeronaves de combate, caças e bombardeiros, pelas Forças Aliadas,ou pela Alemanha, ou  pelo Japão ,tão somente para recompor o número de aeronaves abatidas , supera em muito o número de caças (somados) agora adquiridos pela Argentina e pelo Brasil. Estão sendo comprados 36 caças suecos  F-39 Gripen pela FAB,e 12 caças  chineses JF-17,pela FAA,que parece reforçar a política de total submissão argentina aos interesses da China.

Não faz muitos anos que os arrogantes militares argentinos e sua “força aérea” foram completamente humilhados, desmoralizados e mesmo “despedaçados” pela Marinha, e por  “meia dúzia” de  caças do Reino Unido,  a partir dos seus porta-aviões, na Guerra pela disputa das Ilhas Malvinas,apesar dos argentinos estarem  “em casa”, e os britânicos separados por milhares de quilômetros de mar da sua “sede”. E se esse conflito tivesse sido com o Brasil, certamente o resultado teria sido o mesmo.[a traição dos franceses , fornecendo aos ingleses os códigos dos misseis Exocet, contribuiu em muito para a derrota argentina - sem a traição, os 'hermanos' terminariam derrotados pelos ingleses, mas o custo da vitória seria bem mais caro ao Reino Unido.]

Isso significa que querer se “exibir” , se defender,ou atacar,com  equipamentos e aviões cujas tecnologias não domina,sempre vai dar em desastre. Quando vejo os números “relativos” das despesas com  instrumentos de defesa ou de guerra brasileiros, comparados às grandes potências econômicas,ou militares do mundo,só posso concluir da inutilidade absoluta desses gastos. Para fins exclusivamente de defesa,nenhuma ou muito  pouca diferença haveria entre o Brasil contar com  os caças suecos, ou com os seus “Super Tucano”,que têm certidão de nascimento e batismo brasileiros.

Resumidamente,na cabeça dos  militares e dos políticos,o Brasil não passa de “um pobre metido a rico”,com imenso sacrifício do seu povo.                                                                                   

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo


terça-feira, 3 de novembro de 2020

Bolsonaro diz que eleição dos EUA corre risco de ingerência externa

Presidente afirma que o Brasil também pode sofrer interferências no pleito de 2022. Segundo ele, potencial agropecuário do país e domínio sobre Amazônia despertam interesses políticos de outras nações

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nas suas redes sociais, na manhã desta terça-feira (3/11), que a eleição presidencial dos Estados Unidos corre o risco da "ingerência de outras potências". Além disso, o mandatário opinou que, no próximo pleito presidencial do Brasil, em 2022, o país pode sofrer o mesmo tipo de interferência externa.

De acordo com Bolsonaro, "as eleições norte-americanas despertam interesses globais, em especial, por influir na geopolítica e na projeção de poder mundiais" e, por isso, "há sempre uma forte suspeita da ingerência de outras potências, no resultado final das urnas". Na publicação, o chefe do Palácio do Planalto destacou que o potencial agropecuário do Brasil é um forte motivo para que as eleições presidenciais de 2022 sejam manchadas pelos interesses políticos de outros países. "No Brasil, em especial pelo seu potencial agropecuário, poderemos sofrer uma decisiva interferência externa, na busca, desde já, de uma política interna simpática a essas potências, visando às eleições de 2022", escreveu. 

Ele citou a Amazônia como outro tema que pode influenciar os resultados das urnas do Brasil em 2022. Desde o ano passado, Bolsonaro é criticado pela sua política ambiental e sobretudo pela falta de uma resposta contra as queimadas no bioma. "Nosso bem maior, a liberdade, continua sendo ameaçado. Nessa batalha, fica evidente que a segurança alimentar, para alguns países, torna-se tão importante e aí se inclui, como prioridade, o domínio da própria Amazônia", ponderou.

O presidente também analisou que isso é um alerta não só para o Brasil, mas para toda a América do Sul, que, segundo ele, está sendo dominada pela esquerda. "Devemos nos inteirar, cada vez mais, do porquê, e por ação de quem, a América do Sul está caminhando para a esquerda."

Correio Braziliense

Foto do perfil de jairmessiasbolsonaro

*- Nossas riquezas, nosso futuro.*

“ - É inegável que as eleições norte-americanas despertam interesses globais, em especial , por influir na geopolítica e na projeção de poder mundiais;

*- Até por isso, no campo das informações, há sempre uma forte suspeita da ingerência de outras potências, no resultado final das urnas;*

- No Brasil, em especial pelo seu potencial agropecuário, poderemos sofrer uma decisiva interferência externa, na busca, desde já, de uma política interna simpática a essas potências, visando às eleições de 2022;

*- Não se trata apenas do Brasil. Devemos nos inteirar, cada vez mais, do porquê, e por ação de quem, a América do Sul está caminhando para a esquerda;*

- Nosso bem maior, a liberdade, continua sendo ameaçado. Nessa batalha, fica evidente que a segurança alimentar, para alguns países, torna-se tão importante e aí se inclui, como prioridade, o domínio da própria Amazônia.”


*- Presidente JAIR BOLSONARO.*

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Na soltura do traficante do PCC, quem ri por último é Bolsonaro

Thomas Traumann

O STF soltou um monstro. E não foi apenas André do Rap

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello de libertar um chefe do tráfico tem dois vencedores: o PCC, a facção do criminoso que recuperou um dos seus líderes, e o presidente Jair Bolsonaro, que fez do desprezo ao STF um eixo da sua carreira política.  

A soltura do traficante é juridicamente correta, mas mesmo assim injusta. [lembramos que foi o Supremo que em recente decisão proibiu a prisão de condenados em primeira instância, mesmo com a sentença condenatória sendo ratificada em 2ª instância.
A decisão foi adotada por um placar de 6 a 5 e revogou decisão anterior do STF, tomada pelo mesmo placar e que autorizava a prisão após ser a condenação  confirmada em 2ª instância.] O ministro alegou que o juiz do caso não renovou o pedido de prisão preventiva, que precisa ser feito a cada três meses. Um dos líderes da maior facção criminosa da América do Sul, André do Rap havia sido condenado a 15 de anos de cadeia por tráfico de 145 quilos de cocaína e estava detido desde o fim de 2019 sem uma sentença condenatória definitiva, excedendo o limite de tempo previsto na legislação brasileira.

Em nota, as associações nacionais de Procuradores da República e de promotores de Justiça estaduais afirmam que tanto o Ministério Público de São Paulo quanto o Ministério Público Federal já haviam se manifestado judicialmente pedindo a manutenção da prisão. O caso fica mais complexo porque a advogada responsável pelo pedido de soltura do líder do PCC é sócia do escritório de um ex-assessor do ministro Marco Aurélio, que deveria ter sido julgado impedido de dar sentença à causa.

Deixo a questão jurídica para os especialistas. É o efeito político da decisão que importa. Desde o fim de semana milhares de postagens nas redes bolsonaristas de WhatsApp retomavam o discurso por impeachment do ministro e fechamento da Corte, repetindo o coro de maio e junho quando Bolsonaro ameaçou a Justiça com uma intervenção militar. 

 Blog do Thomas Traumann - VEJA - MATÉRIA COMPLETA


quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Mourão, sobre currículo de Kássio: 'Que fique lá na sabatina dele; o meu não tem problema nenhum'

Vice-presidente comentou sobre as inconsistências indicadas no currículo do desembargador indicado para vaga no Supremo Tribunal Federal (STF)

O vice-presidente Hamilton Mourão comentou nesta quarta-feira, 7, sobre as inconsistências apontadas no currículo do desembargador federal, Kassio Marques, indicado para vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Jair Bolsonaro, reveladas pelo Estadão. O vice-presidente evitou responder se a sabatina de Marques poderia ser prejudicada, mas fez questão de ressaltar que o próprio currículo não "tem problema nenhum". 

Para o Estadão, a Universidad de La Coruña, da Espanha, negou oferecer o curso informado por Marques em seu currículo e informou que ele foi aluno apenas de um curso com duração de cinco dias, em 2014. Questionado por jornalistas se isso poderia influenciar na sabatina do desembargador no Senado, marcada para o dia 21 de outubro, Mourão respondeu: "Que fique lá na sabatina dele. O meu currículo eu tenho certeza que não tem problema nenhum, está registrado as minhas alterações, tá bom?".

Sobre o assunto, Marques chegou a se justificar para senadores dizendo que houve um "erro" na tradução do título do curso. O "postgrado" seria, na sua visão, um tipo de especialização sem paralelo com a pós-graduação nos moldes brasileiros. O termo usado, contudo, tem o sentido de pós-graduação, nos mesmos moldes definidos pelo entendimento no Brasil ou no exterior. A duração mínima, segundo sites especializados em ensino superior na Espanha, é de seis meses. O do candidato a ministro durou cinco dias. Além disso, a própria universidade diz que ele fez um curso e não um postgrado, uma vez que sequer existe na instituição.

O currículo de Marques cita também dois cursos de pós-graduação feitos na Universidade de Salamanca, na Espanha: o primeiro, um doutorado em Direito, com especialização em Administração, Fazenda e Justiça; o segundo, um pós-doutorado em Direitos Humanos. Questionada pela reportagem, a universidade afirmou que as informações públicas de alunos estão disponíveis no site da instituição. O doutorado aparece, de fato, na página da universidade — com um detalhe: a tese foi defendida há apenas 11 dias, em 25 de setembro. O pós-doutorado em Direitos Humanos, no entanto, não consta no banco de dados públicos da Universidade de Salamanca.

Também no currículo de Kassio Marques, consta: "Pós-Doutor em Direito Constitucional pela Universidade de Messina, Itália (Universitá Degli Studi di Messina)", na Itália. A reportagem questionou à universidade se Kassio, de fato, fez esse pós-doutorado. Um professor da universidade informou que o desembargador “participou de um ciclo de palestras e seminários na América do Sul e discutiu o trabalho final de pesquisa em Messina”. “Ao final, conforme previsto no edital, foi emitido um certificado de participação no curso”, afirmou Mario Trimarchi, responsável pelo curso. 

Na resposta de Trimarchi, não é informado se o curso atende à qualificação de pós-doutorado. Contudo, o Instituto Internacional de Educação, sediado em Belo Horizonte, que faz a coordenação entre a Universidade de Messina e brasileiros interessados no curso, informa que se tratou de um pós-doutorado. De acordo com as informações do IIES, o trabalho acadêmico que Kassio Marques classificou como “pós-doutorado” se resume a 80 horas de participação em “seminários de discussão” e 150 horas de “atividades de investigação”, com apenas dois dias na Universidade de Messina, para apresentação do trabalho de pesquisa.

Chama ainda a atenção o fato de Kassio Marques, com 48 anos de idade, ter concluído o doutorado apenas 11 dias atrás e já possuir dois pós-doutorados consumados em sua carreira acadêmica. O desembargador também não faz uso de um instrumento regularmente utilizado para comprovar a experiência acadêmica, o currículo Lattes, ferramenta básica usada para atestar, com detalhes, a formação e vida acadêmica.

A reportagem do Estadão mostrou também que interlocutores do Planalto minimizaram o caso, diferentemente do episódio com Carlos Alberto Decotelli, que foi nomeado para a pasta da Educação, em junho, mas caiu antes de tomar posse. A avaliação é que não há risco de o nome de Marques sofrer um revés na sabatina do Senado. Desde a semana passada, quando sua indicação foi confirmada por Bolsonaro, Marques tem se reunido com senadores. Nessa terça-feira, 6, Mourão opinou que as conversas pré-sabatina fazem parte da "liturgia do cargo". Para o vice-presidente, os parlamentares precisam conhecer o desembargador para conseguirem julgá-lo para sem se basear apenas na "opiniões de terceiros". [lembramos ao presidente Bolsonaro que toda esta situação vexatória, incluindo para os bolsonaristas de raiz, poderia ter sido evitada, dispensando o  rabo-de-arraia que foi aplicado nos evangélicos, se tivesse indicado um genuinamente  cristão].  

Emilly Behnke, O Estado de S. Paulo

domingo, 20 de setembro de 2020

Senhor da guerra - Nas entrelinhas

Mike Pompeo, o secretário de Estado norte-americano não deixou dúvida de que sua visita teve como objetivo trabalhar pela derrubada do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro

A inusitada visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, a um campo de acolhimento de venezuelanos refugiados em Boa Vista (RR) foi uma evidente provocação política, cujo objetivo é escalar as tensões entre a Venezuela e seus vizinhos. E, com isso, dar uma mãozinha para a campanha eleitoral do presidente Donald Trump, que está perdendo a reeleição para o candidato do Partido Democrata, Joe Biden. O Brasil armou o circo porque interessa ao presidente Jair Bolsonaro a vitória de seu amigo republicano. [Interessa ao presidente Bolsonaro,  ao Brasil e ao mundo - com a desorientação, a desorganização, que assola o planeta, os democratas ganhando nos EUA será o passo inicial para a catástrofe.

Sob um eventual governo do partido democrata, será fomentado nos Estados Unidos e a partir de lá em todo o mundo, o predomínio do maldito 'politicamente correto' que traz a reboque tudo que não presta.

Será o inicio do FIM para  todos os valores que as pessoas de BEM cultuam e tentam preservar.] A eleição de um democrata provocaria o colapso da política externa desenvolvida pelo chanceler Ernesto Araújo, considerada um desastre por seus colegas mais experientes do Itamaraty.

O que o Brasil ganhará em troca? Em princípio, 30 moedas, ou seja, US$ 30 milhões para auxiliar a assistência social aos imigrantes. Não chega nem perto do que estamos perdendo em investimentos em razão da política ambiental de Bolsonaro, embora o presidente da República diga que é a melhor do mundo. Só no Fundo da Amazônia, Noruega e Alemanha, que suspenderam seus investimentos, foram responsáveis por 99% dos R$ 3,3 bilhões destinados à proteção da Amazônia. Voltemos à visita de Pompeo. O secretário de Estado norte-americano não deixou dúvida de que sua visita teve como objetivo trabalhar pela derrubada do presidente Nicolas Maduro. Todo presidente dos Estados Unidos que está perdendo as eleições gosta de exibir seus músculos na política externa.

Do Brasil, Pompeo viajou para a Colômbia, cuja fronteira com a Venezuela é o ponto mais quente das tensões na América do Sul. O presidente Ivan Duque é outro aliado incondicional de Trump, que mantém assessores e aviões norte-americanos em território colombiano. Antes, Pompeu havia estado no Suriname e na Guiana, que também vive um estresse com a Venezuela, com o agravante de que sua fronteira nunca foi reconhecida pelos venezuelanos. Na Guiana, Pompeo voltou a criticar Maduro: “Sabemos que o regime de Maduro dizimou o povo da Venezuela e que o próprio Maduro é um traficante de drogas acusado. Isso significa que ele tem que partir”, afirmou. Para a situação política no país vizinho, a provocação só teria consequência prática se houvesse uma intervenção. Afora isso, fortalece a unidade das Forças Armadas venezuelanas e endossa a narrativa de Maduro para reprimir a oposição.

Operação Amazônia
Entretanto, vejam bem, a declaração que Pompeo deu em Boa Vista (RO) foi enigmática quanto ao que os Estados Unidos pretendem realmente fazer. Questionado sobre quando o ditador Nicolás Maduro deixará o poder, respondeu que em casos como a Alemanha Oriental, Romênia e União Soviética, todo mundo fazia a mesma pergunta. “Quando esse dia vai chegar? Ninguém imaginava, mas aconteceu”. Pompeo é ex-diretor da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, que se especializou em fomentar conflitos entre países vizinhos e guerras civis.

Republicano, Pompeo é um político reacionário do Kansas, que se destacou no Congresso norte-americano por combater o movimento LGBTQIA+.                                                                                        Também foi um dos proponentes de um projeto de lei que proibiria o financiamento federal de qualquer grupo que realizasse abortos, e outro que incluiria nascituros entre os categorizados como “cidadãos” pela 14ª Emenda. Ele também votou a favor da proibição de informações sobre o aborto em centros de saúde escolares e pela proibição de financiamento federal à Planned Parenthood e ao Fundo de População das Nações Unidas. [votos que representam pontos de vista que podem ser livremente expressos em um país que está a frente do mundo.]

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em razão das declarações de Pompeo, emitiu uma nota com duras críticas à visita do secretário de Estado. Deve saber de mais coisas sobre a conversa entre secretário norte-americano e o chanceler brasileiro. A visita também coincide com a mobilização de tropas, equipamentos e armamentos para a Operação Amazônia, que faz parte do Programa de Adestramento Avançado de Grande Comando (PAA G Cmdo), envolvendo mais de 3.000 militares, de cinco comandos diferentes. A operação será realizada nas proximidades de Manaus, até 23 de dezembro, portanto, bem longe da fronteira com a Venezuela.  [os países contrários a uma política hegemônica do Brasil, precisam ter ciência de que o Brasil está a frente entre todos os países da América do Sul.

E a Operação Amazônia, mostra também a países de outros continentes, com ideia de internacionalizar à Amazônia, que fracassarão em qualquer tentativa.

De nada adiantará mobilizarem milhares de soldados na Europa ou em qualquer outro continente para invadir a Amazônia - não conseguirão. O exemplo da Argentina, quando foi agredida pelos ingleses, não se repetirá no Brasil.

Aliás, quem quiser pode comprovar, a França apesar de vender armas para os hermanos, passava o código operacional para os ingleses. ]

O Ministério da Defesa e os comandos de Exército, Marinha e Aeronáutica nunca foram favoráveis à escalada de tensões com a Venezuela, embora tenhamos mais homens, tanques, embarcações e aviões do que o país vizinho. As vantagens venezuelanas são os 24 caças SU-30, os helicópteros Mi-17, os tanques T-92 e os mísseis S-300, capazes de atingir com precisão alvos a 250km, todos de fabricação russa e entre os melhores do mundo. [ao que se sabe não serão pilotados pelos russos e até os melhores caças, para serem eficientes, precisam de bons pilotos.

O que vale para caças, vale também para misseis e equipamentos  terrestres - sem bons operadores, nada são.] Mas, o grande trunfo de Maduro é o apoio ostensivo do presidente Vladimir Putin, da Rússia, que adora jogar uma boia para ditadores que estão se afogando, e a discreta, mas robusta, ajuda econômica da China. Na proposta de atualização da Política Nacional de Defesa, enviada pelo governo ao Congresso, pela primeira vez, desde a Guerra das Malvinas, o Brasil admite a possibilidade de um confronto militar com um país vizinho. [O período sem propostas de atualização se explica por todos os presidentes da famigerada 'nova República', tinham como meta acabar com as FF AA do Brasil.

Notem que o Collor, apesar da aparência de militarista, na primeira oportunidade golpeou de morte tudo que dizia respeito às pesquisas da 'Serra do Cachimbo".]

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


sábado, 5 de setembro de 2020

Gastos militares - O Globo

Ascânio Seleme


É ofensivo aumentar gastos militares num país como o Brasil, assaltado por corruptos de todos os matizes políticos, com 15% da sua população vivendo abaixo da linha da miséria
É ofensivo aumentar gastos militares num país como o Brasil, assaltado por corruptos de todos os matizes políticos, com 15% da sua população vivendo abaixo da linha da miséria, com quase a metade dos seus lares sem água encanada e esgotamento sanitário, com escolas e hospitais públicos caindo aos pedaços, com a pior segurança e os piores índices de violência da América do Sul. É mais do que ofensivo, é escandaloso.
O projeto de Lei Orçamentária enviado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso prevê R$ 1,47 bilhão para investimentos do Ministério da Defesa em 2021. Segundo o projeto, este dinheiro vai para a implantação de um sistema de aviação no Exército, para a compra de caças e o desenvolvimento de aviões cargueiros na Aeronáutica e para a construção de submarinos com propulsão nuclear na Marinha. Além disso, a Defesa vai ser agraciada com um aumento de 4,83% na sua dotação orçamentária. Terá R$ 110,7 bi para gastar no ano que vem. Um feito e tanto, considerando que todos os demais ministérios sofrerão cortes.
Caberá aos deputados e senadores barrar esta exorbitância. Eles devem se perguntar francamente para quê o Exército precisa de aviação se o país já tem uma força aérea. Responder que nos Estados Unidos é assim não serve. O Brasil não está em guerra. Os EUA, passaram apenas 16 de seus 245 anos de História em paz. E mais, por que a Marinha precisa de mais submarinos nucleares? Para fiscalizar nossas costas não é. O que o país precisa é de uma robusta guarda costeira, para impedir contrabando, tráfico, pesca ilegal e agressões ambientais.

Aliás, onde estava a Marinha quando foram despejadas centenas de toneladas de óleo no mar, no Nordeste do Brasil, sujando as praias, asfixiando e destruindo flora e fauna locais? [se os gastos tão criticados atualmente - sequer iniciados - tivessem sido realizado em anos anteriores o óleo não teria sido derramado.] Nem identificar o agente poluidor ela foi capaz.
Novos cargueiros para a Aeronáutica, podem ser úteis? Talvez, mas não para transportar tropas e equipamentos militares, e sim para, eventualmente, carregar alimentos e ajudas humanitárias até localidades que passaram por tragédias ambientais ou naturais. Nestes casos, não resta dúvida de que seria muito mais barato fretar aviões de carga das companhias privadas. Já comprar mais caças não faz muito sentido. Me diga quantas vezes você leu ou ouviu falar do emprego destes caças em situações reais de perigo para o país.
Lembro de uma ou duas interceptações de teco-tecos de traficantes. Mas a melhor memória mesmo é do dia em que Ayrton Senna foi à Base Aérea de Anápolis para voar num Mirage. Eu estava lá como repórter do GLOBO. Posso confirmar que ele adorou o voo. Você pode dizer que é importante ter Forças Armadas sólidas para qualquer eventualidade de agressão de nossos vizinhos. Ok. Então vejamos como estão nossos vizinhos. O Brasil é o 12º país do mundo que mais gasta com defesa. No ano passado, o país empregou 1,3% do PIB em defesa, contra 0,86% da Argentina e 1,07% da Venezuela. Seu ideal é chegar a 2% do PIB. E não se esqueçam do tamanho do nosso PIB em comparação com os dos vizinhos. Traduzindo, não há riscos. Ninguém vai ameaçar nossas fronteiras e muito menos invadir o Brasil.
O ex-presidente americano Jimmy Carter revelou numa palestra na sua igreja na Geórgia, há um ano, o teor de um diálogo que tivera com Donald Trump. Segundo Carter, Trump estava preocupado porque a China estava superando economicamente os Estados Unidos. Carter dividiu a preocupação com o presidente e disse a Trump qual seria na sua visão a principal razão que levara o seu país àquela situação. Você tem gastos militares muito altos, disse o ex-presidente.
Acrescentou que a China gasta menos, não vai à guerra e cresce numa velocidade de cometa. Por esta razão explicou, a China tem hoje 18 mil milhas (29 mil km) de estradas de ferro para trens de alta velocidade. “Se você pegasse os US$ 3 trilhões mal gastos com defesa e empregasse em infraestrutura (...) teríamos mais ferrovias de alta velocidade, melhores estradas, com manutenção adequada, escolas tão boas quantos as da Coreia do Sul e de Hong Kong”, disse Carter. [Quando necessário, quem defenderia as ferrovias, as estradas. O Brasil corre risco de países estrangeiros, tentarem interferir na SOBERANIA NACIONAL - temos que estar preparados.
Tais países tem que estar cientes que tentar invadir o Brasil não será um bom negócio.
Importante não esquecer que Guarda Nacional é uma coisa e FF AA são outra.
Recentemente a China para não ser impedida de pescar em águas territoriais de um País da América do Sul, enviou centenas de navios pesqueiro e, entre eles, alguns de guerra.
Se aquele país possuísse uma marinha poderosa a camuflagem não funcionaria. ]

Ascânio Seleme, jornalista - O Globo


segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Ciência e bate-boca - Alon Feuerwerker

Análise Política

A mais importante disputa pré-eleitoral nos Estados Unidos é pela narrativa-mestre: se vai ser a deficiência do governo de Donald Trump no enfrentamento da pandemia da Covid-19 ou a acusação republicana de que os democratas de Joe Biden são lenientes com a violência das manifestações #BlackLivesMatter. O andamento das coisas dirá quem levou vantagem.


Contra a linha propagandística de Trump pesa o fato de todas as pesquisas mostrarem simpatia majoritária pela rebelião dos pretos contra os recentes eventos de viés racista. Mas os números mais novos trazem algum estreitamento da vantagem democrata. Se é só o normal do pós-convenção republicana ou algo mais estrutural, novamente apenas o tempo dirá. Sobre a Covid-19 e o efeito dela na eleição será preciso também esperar para ver como estarão as coisas em novembro. Depois de criticar e depreciar a vacina russa por ter queimado etapas o Ocidente cogita fazer a mesma coisa: queimar etapas para não ficar para trás. E se Trump aparecer com uma vacina antes da eleição a sensação de algum alívio melhorará o ambiente para ele.

Por aqui na América do Sul parece que a Covid-19, por enquanto, leva jeito de querer equalizar estratégias. Proporcionalmente, a curva do registro diário de mortes na Argentina parece querer cruzar a do Brasil. Sendo que a Argentina tem a mais longa e uma das mais rígidas quarentenas do planeta. O Brasil? Uma das mais descoordenadas nacionalmente. [o Brasil já atingiu índice de contágio inferior a 1,o que reforça a teoria da imunidade de rebanho.]

Argentina e Brasil são dois países com distribuição populacional muito diferente. Ali o grosso da população concentra-se na Grande Buenos Aires, a província. Parece que agora a pandemia vai migrando para o interior. Sobre o Brasil, outra curiosidade. A curva de registro de óbitos no país está num platô bem elevado desde junho, mas parece ser um achado só estatístico.

O G1 tem uma página diariamente atualizada com as médias móveis de casos e falecimentos pelo Brasil e nos estados (leia). A curiosidade: a somatória dos estados vai num platô, mas os estados em si exibem flutuações mais agudas. No final, a resultante fica estável, e com uma esperança de queda diante dos números mais recentes. Por falar em números, eles ajudam a relativizar certas disputas. Se é legítimo, por exemplo, estabelecer uma correlação entre o governo Jair Bolsonaro e as cifras nacionais, também será razoável fazer isso nos estados. Mas a São Paulo do governador João Doria, adversário figadal do presidente, tem, em números redondos, proporcionalmente, um resultado em mortes bastante semelhante ao resto do país.

O que isso permite concluir: talvez seja saudável dar um desconto nas conclusões epidemiológicas baseadas na ciência política. Ainda que pedir racionalidade na política seja amadorismo, ou quixotismo, tanto faz. O fato? Talvez essa tal Covid-19 tenha mistérios para além das certezas que desfilam todos os dias pelas alas da polarização. Um mistério continua sendo a tal imunidade de rebanho. Por que as curvas de casos e mortes se estabilizam e caem se a presença de anticorpos detectados na população está muito longe dos 50, 60, 70% que se diziam indispensáveis para o R mergulhar abaixo de 1? [50% de contágio da população é inviável de ser obtido a curto prazo; imagine, 60, 70, 80%.
O mais sensato é que a imunidade de rebanho é alcançada quando o índice de contágio fica abaixo de 1 =  algo do tio 100 contaminam 98, 98 contaminam 96 e assim sucessivamente, até chegar a taxa de contágio de quase 0. Alguns órgãos da grande impressa, adeptos do fecha tudo, já assumem - meio envergonhados - que o índice de contágio no Brasil é 0,98. A se confirmar. ]  Quem tiver a resposta definitiva, para esta e outras dúvidas, que se apresente. 
Enquanto isso fiquemos com o bate-boca, que também é divertido.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político



segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Trump, Biden e Bolsonaro - Alon Feuerwerker

Análise Política

Qual será ao fim e ao cabo o efeito de uma eventual vitória do democrata Joe Biden nas relações entre os Estados Unidos e o Brasil? Nesta semana o assunto ganhou alguma tração quando um deputado do partido de Biden criticou o apoio aberto de familiares de Jair Bolsonaro ao incumbent Donald Trump.

O Brasil é ponto focal dos Estados Unidos na América do Sul. Um momento explícito foi quando o então presidente Richard Nixon disse que para onde pendesse o Brasil penderia a América Latina. É razoável portanto partir da premissa: a preocupação americana pelo que se passa aqui sobreviveria bastante bem à troca de guarda ali. Amizades e inimizades pessoais jogam seu papel, mas seria um erro superestimar. A chave decisiva para a análise é outra: de que maneira as relações entre ambas as nações ajudam ou atrapalham o projeto de poder do segmento líder em cada um dos dois países. E projetos de poder invariavelmente vêm conectados a projetos nacionais.

Nos tempos da primeira Guerra Fria a relação de troca sempre foi cristalina: os Estados Unidos ajudavam por aqui a manter uma arquitetura social e política enquanto o Brasil somava forças com o Ocidente no trabalho de contenção da influência da União Soviética. As exceções, quando essa lógica deixava de prevalecer em termos absolutos, apenas confirmavam a regraUma exceção foi no governo Ernesto Geisel. O rápido reconhecimento da Angola soberana e o acordo nuclear Brasil-Alemanha, no âmbito da ideia de “Brasil potência”, são fatos da história. Assim como o rompimento do acordo militar com os EUA em represália, segundo Geisel, às pressões do então presidente Jimmy Carter em torno do tema dos direitos humanos.

O momento hoje parece bem distinto daquele interregno geiselista. Não se nota nas elites brasileiras, lato sensu, maior desconforto com o alinhamento aos Estados Unidos. A divisão é outra: uns preferem acoplar-se a Trump e suas políticas, outros gostariam de engatar-se a Biden e à agenda do Partido Democrata, gostariam que a hegemonia norte-americana se desse apoiando outros atores e contemplando uma pauta mais antenada.

Não se nota por aqui hoje em dia maior ambição de protagonismo independente. Que implicaria jogar um jogo mais inteligente diante da “nova Guerra Fria”, entre os Estados Unidos e uma China em ascensão. Só o que se vê, no máximo, são lamentos diante da possibilidade de o alinhamento com o trumpismo atrapalhar os negócios do agronegócio.
E neste ponto é preciso admitir que se o Brasil precisa da China a China também se beneficia das boas relações com Brasil. Não à toa o atual momento comercial entre os dois países é o mais expressivo desde sempre. Nunca a China teve tanta participação nas exportações brasileiras. Manter as coisas pelo menos como estão interessa muito a Brasília mas também a Beijing.

Mas até quando?
O alarido diante dos factoides não deve enganar: há muito tempo não se via no Brasil tanta disponibilidade para uma acomodação ao jogo que é jogado pela Casa Branca. Pouca razão haveria para um possível presidente Biden arrumar encrenca com o Brasil por causa de Bolsonaro. Ainda mais se o horizonte para 2022 continuar como está. 

Alon Feuerwerker - jornalista e analista político


quinta-feira, 16 de julho de 2020

Governo aponta risco de conflito na América do Sul - Estadão


Tânia Monteiro e Vinícius Valfré, O Estado de S.Paulo

Ao atualizar Política Nacional de Defesa, ministério cita possibilidade de tensões no continente e reforça necessidade de proteção de costa do Atlântico e da Amazônia

A América do Sul não é mais considerada uma “área livre” de conflitos. É o que diz a nova Política Nacional de Defesa (PND), que será encaminhada ao Congresso na próxima semana. Numa atualização da diretriz preparada em 2016, o texto ao qual o Estadão teve acesso destaca a possibilidade de “tensões e crises” no continente, que podem levar o Brasil a mobilizar esforços na garantia de interesses nacionais na Amazônia ou mesmo ajudar na solução de problemas regionais. 





Sem citar nominalmente a Venezuela, o trecho sobre política externa do documento avalia “possíveis desdobramentos” das crises nos países vizinhos. A reportagem apurou que o principal foco de tensão se refere a ações do regime chavista de Nicolás Maduro. Em 21 páginas, a Política Nacional de Defesa traça cenários internacionais para o ambiente regional e assinala que é papel do País “aprofundar laços” no continente. Uma das novidades da nova versão do documento do Ministério da Defesa, porém, é justamente o alerta para as possibilidades de conflitos. “Não se pode desconsiderar tensões e crises no entorno estratégico, com possíveis desdobramentos para o Brasil, de modo que poderá ver-se motivado a contribuir para a solução de eventuais controvérsias ou mesmo para defender seus interesses”, diz o texto.

O documento pede, ainda, atenção especial ao Atlântico Sul, onde se concentram as reservas do pré-sal – entre o Brasil e a África Ocidental. Nesta região também houve, recentemente, derramamento de óleo por navio desconhecido que causou danos ambientais ao litoral brasileiro.
A chamada Amazônia Azul enfrenta impactos de ilícitos transnacionais, inclusive suspeitas de espionagem por navios estrangeiros, como divulgou o Estadão, em fevereiro, ao noticiar que a Marinha brasileira monitorou durante uma semana um navio russo de pesquisa e inteligência, acusado de espionagem por países da Europa e pelos Estados Unidos. Além do Atlântico Sul, a política de Defesa mantém como prioridades regiões onde se concentram os poderes político e econômico – Brasília, Rio e São Paulo –, a faixa de fronteira com os vizinhos sul-americanos e a Amazônia. Pela primeira vez, os tratados que compõem a Política Nacional de Defesa incluem no radar do governo desdobramentos das mudanças climáticas e de pandemias. O texto da proposta destaca que estes fenômenos poderão “acarretar consequências ambientais, sociais, econômicas e políticas pedindo pronta resposta do Estado”.

A pandemia do coronavírus, que atinge o País e o mundo desde março, tem exigido mobilização nacional de todos os segmentos, inclusive do Ministério da Defesa que, segundo a pasta, emprega diariamente 34 mil militares no combate à doença. O efetivo é maior que o da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial, quando foram mobilizados 25.800 homens.
A soberania e o desenvolvimento de ações de preservação da floresta amazônica estão entre as prioridades dos documentos que compõem a nova versão da PND. “A Amazônia, assim como o Atlântico Sul, é uma área de interesse geoestratégico para o Brasil. A proteção da biodiversidade, dos recursos minerais, hídricos, além do potencial energético, no território brasileiro é prioridade para o País”, constata o documento, que também apresenta uma “resposta” aos “interesses estrangeiros” na Amazônia.

(....)
Os documentos serão oficialmente apresentados ao Conselho de Defesa, em reunião no Palácio do Planalto, com a presença dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e, em seguida, enviados ao Congresso, no próximo dia 22.

Estado de S. Paulo - MATÉRIA COMPLETA


quinta-feira, 11 de junho de 2020

Uma aventura jurídica - Blog Fausto Macedo - O Estado de S. Paulo

O habeas corpus genérico ou corretivo não é previsto no direito brasileiro. [assim como o de ofício, concedido  em 2019 pelo  ministro Dias Toffoli]


O pedido é para trancamento do inquérito em relação a Weintraub e a tudo “que seja considerado resultado do exercício do direito de opinião e liberdade de expressão, inclusive crítica construtiva como é próprio ao regime democrático de governo”. Assim, a medida poderia ser concedida também aos demais alvos, como os investigados objeto das medidas de busca e apreensão determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes e mesmo os parlamentares com a conduta sobre apuração. O writ ajuizado é uma verdadeira aventura jurídica.

Ab initio é mister registrar que é inusitado pedir extensão de um benefício em HC que ainda não foi concedido. Mendonça quer que a blindagem requerida para Weintraub estenda aos alvos da operação de ontem. Isso se faz normalmente depois que o advogado consegue o benefício. Disse ainda o impetrante que, caso os pedidos não sejam aceitos, seja concedido a Weintraub o status de investigado, o que lhe permitiria não comparecer ao depoimento ou ficar em silêncio, além de ser ouvido apenas ao final das investigações.

Trata-se de um verdadeiro habeas corpus genérico que não deve ser conhecido, pelo menos, com relação ao pedido apresentado.
É firme a jurisprudência dessa Corte em inadmitir o habeas corpus quando não há determinação subjetiva, ou seja, quando os pacientes não podem ou não são identificados. A respeito, cito trecho de recente e laboriosa decisão do e. Min. Celso de Mello, no HC 143.704 MC, DJe 12.05.2017:

(.....)

Ademais, não há, da leitura daquele writ, qualquer comportamento concreto que se revele ilegal, abusivo. Afinal, se alguém agride a honra de ministros da Suprema Corte, deve ser chamado para que esclareça as razões por que assim agiu. Há exemplos dele no direito comparado.
Os países que mais utilizam a medida na América do Sul são o Paraguai, que prevê a hipótese expressamente em sua Constituição Federal de 1992, e o Peru. Na América Central, El Salvador prevê a hipótese.
Naqueles países tal espécie de HC era utilizada para a defesa de uma coletividade de pessoas que se achavam em condições de hipossuficiência, como os presos que recebiam um tratamento indigno.

Sendo assim a ausência de precisa indicação de atos concretos e específicos inviabiliza, processualmente, o conhecimento da ação constitucional de”habeas corpus” (STF, HC 109.327-MC/RJ, decisão monocrática, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJe de 08/08/2011).
O habeas corpus traçado é forma, às avessas, de discussão da matéria concreta, por uma via similar a ação de descumprimento de preceito fundamental. Em nome de uma defesa de direito de opinião, na verdade, é uma forma de defesa diante de crimes diversos que podem ser identificados como contra a honra subjetiva e objetiva de pessoas atingidas e contra a segurança nacional.
(......)
Por fim, quem dá o status de investigado é o investigador e não um requerente de habeas corpus. O inquérito não é um processo criminal onde o réu é interrogado no final da instrução.
Entendo, pois, que o habeas corpus noticiado deve ser objeto de não conhecimento.
*Rogério Tadeu Romano, procurador regional da República aposentado. Professor de Processo Penal e Direito Penal. Advogado

MATÉRIA COMPLETA em O Estado de S. Paulo - Rogério Tadeu Romano




quarta-feira, 25 de março de 2020

OS BRASILEIROS ACABARÃO LAVANDO OS PÉS DOS CHINESES... - Sérgio Alves de Oliveira


Certamente todos já leram ,disseram, ou ouviram,ao menos uma  vez na vida, a expressão “ironia do destino”.

Pois bem,  a maior “ironia do destino”,  todos os tempos e lugares, acabou sendo o  fato  dos  comunistas, que “antes” tripudiavam o IMPERIALISMO, principalmente dos Estados Unidos , sobre as nações menos desenvolvidas, terem se tornado mais “imperialistas” do que aqueles (imperialistas) que eles censuravam todo o tempo. A antiga luta contra a exploração do trabalho pelo capital, bem como a “mais-valia”, que motivaram  toda a vida obra de Karl Marx, perdeu  totalmente o seu verdadeiro  sentido e “status social”, frente à nova  realidade do mundo, construída a partir da  segunda metade do Século XX, quando  o antigo “imperialismo” passou a ser um verdadeiro “brinquedo de criança” frente ao novo “imperialismo”,  estabelecido pelos comunistas.

Tanto a Rússia, quanto a China, mais esta, estão investindo pesado na “compra” de um sem número de países, das suas empresas, e de todas as suas riquezas, inclusive naturais, que por isso paulatinamente vão “vendendo ” as suas  próprias soberanias aos  novos imperialistas. Após terem “comprado” quase todos os países africanos, os chineses atravessaram o Oceano Atlântico e fixaram o seu “acampamento-de-compras” na América do Sul, com a finalidade de comprarem o que ainda não foi comprado, estando atentos  especialmente na  nova “privataria” que o Brasil fará brevemente, dos seus ativos públicos, onde provavelmente  comprarão a preço  de banana as maiores estatais ,sempre subavaliadas,como antes foi na “privataria tucana”.

A China, portanto, entrou de “sola” no Brasil. O seu caminho de dominação “imperialista” começou a ser incrementado e facilitado pelos grandes investimentos que está fazendo na área das comunicações, já tendo se “infiltrado” em dois grandes grupos de comunicação, um deles o mais poderoso (Globo e Bandeirantes). Certamente os chineses têm plena consciência da importância do domínio das comunicações no comando do mundo. A “Lenda dos Nove Desconhecidos” pode fornecer alguns subsídios que comprovam que os chineses estão absolutamente certos ao investirem prioritariamente na “central” das comunicações do Brasil ,para depois “dominarem tudo”.    

Essa “lenda” remonta à época do Imperador Asoka, que governou as Índias, de 373 a.C / 232 a.C, e se relaciona à mais poderosa “Sociedade Secreta” que já existira no  mundo. Cada qual desses “Nove Desconhecidos”, segundo essa lenda, possuiria um determinado   Livro, contendo o relatório pormenorizado de uma ciência “x”. O primeiro desses livros era dedicado às técnicas da propaganda e da guerra psicológica. Era considerada a ciência e o livro mais importante de todos. Essa “lenda” tornou-se pública em 1927, com um Livro de Talbot Mundy, da Polícia inglesa nas Índias, segundo o qual: “ De todas as ciências, a mais perigosa é a do controle do pensamento dos povos, pois permite governar o mundo inteiro”.

As recentes atitudes “desaforadas” do Embaixador Chinês no Brasil, Yang Wanming, contra autoridades do Governo Brasileiro, parecem “sintomáticas” de quem já se sente psicologicamente “dono” de uma situação, ou de um país, achando-se no direito e no poder de partir para esse enfrentamento, ferindo a ética diplomática.


Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo


terça-feira, 17 de março de 2020

Salve-se quem puder! - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

O mundo em guerra contra o coronavírus, mas Bolsonaro mira seus inimigos particulares

[PARABÉNS !!!
Mais uma vez, a articulista foi extremamente feliz na escolha da denominação de sua crônica = Salve-se quem puder!.
Convenhamos que quem está matando (inclusive no Brasil) é o Covid-19 = novo coronavírus. O Presidente Bolsonaro não está matando, não matou e certamente não pretende matar.
Assim, cada um deve deixar de espancar o presidente JAIR BOLSONARO e cuidar de se salvar do que realmente mata e cuja erradicação interessa a todos. 
Com a grande vantagem de que cada medida tomada por alguém para se manter livre da contaminação,  ainda que individualmente, contribui para livrar terceiros.]


Já que o presidente Jair Bolsonaro vive sua realidade paralela, os três Poderes declaram trégua e traçam ações comuns contra os efeitos do novo coronavírus apesar dele. Com isolamento médico ou não, Bolsonaro está se isolando dos demais Poderes e ontem não participou de uma videoconferência de presidentes da América do Sul sobre a doença e a crise econômica. Enquanto isso, o vírus vai se multiplicando dentro e fora do Brasil.

Presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo se reuniram com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para ouvi-lo, traçar planos de ação e contornar a fogueira política diante do problema maior. Foi Rodrigo Maia, aliás, quem primeiro estendeu a bandeira branca, apesar de ter sido o principal alvo do presidente e dos bolsonaristas no domingo. [Causa estranheza a reunião conjunta do Chefe do Poder Judiciário, dos presidentes da Câmara, do Senado e o ministro da Saúde,  Luiz Henrique Mandetta.
Com a devida exceção do ministro da Saúde,  as demais autoridades não tem competência legal para cuidar de assuntos do Poder Executivo, representando além de uma intervenção indevida (e desnecessária, visto que nenhum das autoridades citadas tem conhecimentos técnicos para tal intromissão, que também representa, constrangimento do próprio ministro Mandetta) sem contar um complicador: confunde tudo, na hora de eventual decisão dos 'interventores' foi de um colaborador do ministro Bolsonaro ou do Chefe do Poder Judiciário ou dos chefes de uma Casa do Congresso Nacional.] 

Bolsonaro já disse que a crise é uma “fantasia”, uma “histeria”, e considerou que tudo é “superdimensionado”, ora por “interesses econômicos”, ora pela “luta pelo poder”. Das palavras aos atos, tirou a máscara, deu de ombros para o Ministério da Saúde, abandonou o monitoramento, não esperou o segundo teste e foi confraternizar com manifestantes em frente ao Planalto.

“Se eu me contaminei, ninguém tem nada a ver com isso”, disse ontem, mas não é bem assim. O problema não é apenas ele se contaminar, é o risco de ter contaminado as 272 pessoas com quem teve contato, de acordo com levantamento do Estado. E, depois, todo mundo tem muito a ver, sim, com a saúde do presidente da República. Ele não é uma pessoa privada, é a autoridade pública número um.

O próprio ministro da Saúde classificou protestos e eventos culturais neste momento como “completamente equivocados”. O governador Ronaldo Caiado, um dos raros a apoiar Bolsonaro, foi vaiado por manifestantes em Goiás ao lembrar, como médico, que “não se mostra apoio a governo colocando em risco sua população”. Se eles queriam pôr a própria saúde em risco, problema deles, mas sem o direito de pôr a dos outros. Cada contaminado tem poder de multiplicação do vírus.

A reação de Bolsonaro à contaminação da saúde e da economia tem sido errática, de quem não está entendendo nada nem parece muito interessado. Na terça-feira passada, declarou que era “fantasia da grande mídia”. Dois dias depois, deixou de ser fantasia e ele fez o primeiro teste e uma live com máscara. Mais dois, tirou de novo a máscara e lá se foi, sorridente, cumprimentar manifestantes contra o Supremo e o Congresso. Os contaminados da sua comitiva aos EUA já chegavam a 12.

Diante da perplexidade de Rodrigo Maia e do senador Davi Alcolumbre, abandonou de vez o vírus, a disseminação, a crise do mercado, a previsão do PIB esfarelando para bater boca pela TV com os presidentes da Câmara e do Senado. “Está em jogo uma disputa política por parte desses caras”, disse, resumindo tudo isso a uma “luta pelo poder”. Vocês sabem quem são “esses caras”.

Irritado, Bolsonaro disse que está “há 15 meses calado, apanhando”, e vai passar a revidar. O curioso foi ele dizer que passou todo o mandato calado, o que, absolutamente, não é verdade. E o mais intrigante foi ele anunciar que vai atacar e antecipou os alvos: “Grande parte da mídia, chefes do Legislativo e alguns governadores”. O mundo está em guerra contra o novo coronavírus, mas o presidente brasileiro abre uma guerra particular contra instituições e críticos.

Com o autoisolamento do presidente, são os ministros Mandetta e Paulo Guedes, além de Maia, Alcolumbre e Dias Toffoli, do STF, que vão ter de segurar a onda, ou o tsunami. Mandetta sobrevive bem, mas o conceito de Guedes já foi melhor e o dos demais vem sendo sistematicamente atingido pelo presidente, seu entorno e a tropa bolsonarista. Logo, salve-se quem puder!

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo


terça-feira, 7 de janeiro de 2020

O Brasil planeja a ir à guerra aliado aos EUA? - José Casado

A guerra seduz o presidente

Brasil renunciou à ambiguidade como força vital da diplomacia

Donald Trump girou a chave da guerra com o Irã. Esse é, essencialmente, um conflito dos Estados Unidos com China e Rússia na disputa por hegemonia, define Henry Kissinger, ex-secretário de Estado.  
Arquiteto da distensão dos EUA com Pequim e Moscou nos anos 70, Kissinger gastou os últimos três dos seus 96 anos alertando sobre como o Irã se tornou fundamental para a China e a Rússia. Prevê reação à perspectiva de redução da influência na região — “se não o fizerem, estarão terminados, assim como os iranianos”. 12 mil quilômetros de Teerã, o ex-capitão Jair Bolsonaro resolveu se alinhar a Trump no conflito. Nada de novo, se o Itamaraty não liderasse uma manifestação contra o Irã. 

[não somos, nem pretendemos,  porta-voz  do presidente Bolsonaro, mas, ousamos afirmar que o Brasil não estará nem a favor do EUA tampouco do Irã.
Além da neutralidade conveniente aos interesses do Brasil não haverá nenhum conflito.

Quanto ao criticado 'protagonismo' do Brasil na Conferência contra o Terrorismo, vale destacar que ainda que o Irã seja considerado terrorista, a ação dos EUA, sem estar em guerra e em solo estrangeiro, configura o terrorismo de Estado, o que torna recomendável que o Brasil se afaste dos dois terroristas, não tome parte seja do 'terrorista' Irã, seja do 'terrorista' de Estado EUA = neutralidade absoluta.
O presidente Bolsonaro certamente sabe que a neutralidade é essencial aos INTERESSES do Brasil, validando o brado = Brasil, acima de todos! DEUS, acima de tudo.']


O Brasil renunciou à ambiguidade como força vital da diplomacia. Assumiu inédito protagonismo, incitando governos da América do Sul a uma ofensiva contra o regime iraniano no dia 20, em Bogotá, na Conferência Hemisférica contra o Terrorismo. O Itamaraty confirma em nota de dez parágrafos, na qual usa cinco vezes a palavra “terrorismo” em referência ao Irã. Nela, anuncia a inclusão do Brasil na “cooperação”, porque “não pode permanecer indiferente a essa ameaça, que afeta inclusive a América do Sul.” Faltou definir cooperação. Nos dicionários significa “operar juntamente”. Faltou, ainda, dizer se o Congresso foi consultado. 

Bolsonaro não alcançou nenhum dos seus objetivos declarados na aliança com Trump. E sua política externa baseia-se numa coletânea de crenças obscurantistas. Por isso, o Congresso deveria abandonar as longas férias e procurar respostas para questões relevantes à sociedade
Duas delas: 
- qual é o interesse brasileiro nesse conflito? 
- O Brasil planeja ir à guerra aliado aos EUA? 

Mais de 20% do superávit comercial de 2019 tiveram origem na região do Golfo, Irã incluído. Falta o governo explicar a lógica e apresentar seu plano para lidar com as vulnerabilidades do país numa economia global ameaçada. Decisões políticas têm custo, não dá para evitar as consequências. 

 
José Casado,  jornalista - Coluna em O Globo
 
 
 
 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

E o Brasil com isso? - Eliane Cantanhêde

No maior teste da nova política externa, Brasil adota neutralidade ou assume lado?

O conflito dos Estados Unidos com o Irã é o maior teste do governo Jair Bolsonaro e já exibe duas claras guinadas, não apenas em relação aos governos petistas, mas à própria política externa tradicional do Brasil. E o pior está por vir, pois a vingança do Irã é certa, mas não se sabe quando, como e com que grau de ferocidade. O que fará o Brasil? [O Brasil tem que ser pragmático e seguir o caminho que qualquer estadista de importância, digno do nome - incluindo o próprio Trump - faria:
Colocar os INTERESSES do BRASIL ACIMA DE TODOS os demais interesses.
Acima do Brasíl, só DEUS ACIMA DE TUDO - que está, sempre esteve e sempre estará acima de tudo. 
E na situação atual a NEUTRALIDADE é a melhor, e mesmo a única opção de privilegiar os interesses do Brasil, colocando-os acima de todos os outros.
Registramos nosso entendimento de que não haverá guerra.
Saiba mais, lendo aqui.]

As duas mudanças perpassam as discussões de cúpula do governo e podem ser identificadas na nota do Itamaraty. A primeira é que o foco no Oriente Médio não é mais o conflito Israel-Palestina e sim o Irã. A segunda é que o Brasil deixa de tratar o terrorismo como uma questão distante, dos países desenvolvidos e do Oriente Médio. O terrorismo passa a ser problema nosso, sim.[considerando a natureza da operação, o caráter que não existe uma guerra declarada, estamos diante de um novo tipo de terrorismo? o terrorismo de estado?]

No “novo Brasil”, alinhado incondicionalmente não só aos EUA, mas ao governo Trump, o Irã é a maior ameaça internacional, com seu projeto audacioso de hegemonia na região e insinuando-se até como novo líder mundial a partir do seu programa nuclear. Persa, não árabe, é o Irã quem assume a dianteira no enfrentamento a Israel, negando até o holocausto e o próprio Estado de Israel, como já se esgoelava Mahmoud Ahmadinejad, homem forte do país entre 2005 e 2013.

Tanto Trump quanto Bolsonaro têm forte base política entre judeus e evangélicos, que estão na linha de frente pró-Israel. Não por acaso, o primeiro compromisso e a segunda manifestação de Trump após o ataque que matou o principal líder militar iraniano foram em Miami, num evento evangélico. Agregue-se à ascensão do Irã a sua proximidade com a Venezuela de Nicolás Maduro e tem-se a suspeita de apoio iraniano à instalação de células do Hezbollah na América do Sul. Bom pretexto para a mudança da posição brasileira sobre terrorismo. Não é mais “coisa dos outros”.

As primeiras manifestações do presidente Jair Bolsonaro foram bem-vindas. Ele admitiu o impacto da crise sobre o preço do petróleo, mas descartou tabelamento. Ponto com o mercado e com o Ministério da Economia. E lembrou que o Brasil não tem armamento nuclear e não pode assumir um lado, ficando sujeito a retaliações. Ponto com os militares e com a diplomacia responsável. A nota do Itamaraty, porém, é toda em cima do combate ao terrorismo e embica para a condenação ao Irã e o apoio aos EUA, deixando em aberto qual será a posição brasileira se, ou melhor, quando o Irã retaliar. Nesse momento, Trump cobrará posição e ação. O que o Brasil responderá? [NEUTRALIDADE; na Guerra das Malvinas, o Brasil assumiu uma postura correta e corajosa e manteve sua neutralidade naquele conflito, adotando as medidas adequadas que devem ser padrão no comportamento de uma nação neutra - inclusive negando trânsito sobre espaço aéreo brasileiro à aviões das nações beligerantes.
A Suíça se manteve neutra,  encravada entre países em conflito, durante a Segunda Guerra Mundial, e ao fim do conflito estava MAIOR do que ao início.
Talvez seja até conveniente que a competência para emitir manifestações  sobre a situação no Oriente Médio seja afastada, ainda que temporariamente, do Itamaraty.]
A nota não condena a ação americana e o assassinato do general Suleimani, mas sim, além do “terrorismo”, os ataques à embaixada dos EUA em Bagdá. E diz que o Brasil está pronto para participar de “esforços” para evitar uma escalada. Participar como? Como mediador neutro ou a favor de um lado? Ouçam-se os generais e estrategistas militares e eles responderão: “não é coisa nossa”. Ouçam-se embaixadores e especialistas em política externa e eles farão coro: “não temos nada a ver com isso”. E, juntos, concordam com a primeira avaliação de Bolsonaro: o Brasil não tem tamanho para entrar nessa guerra. Melhor seguir o exemplo da França: pedir cautela e fim da escalada. Ponto.

Além da questão geopolítica e dos riscos para o planeta, a crise envolve questões internas. Trump convive com o impeachment e a reeleição neste ano. O Irã sofre rejeição em parte do Iraque e do Líbano. Logo, arrumar “inimigos externos” é conveniente a ambos, assim como Hugo Chávez recorria ao “demônio” EUA a toda hora para unir a Venezuela. Objetivamente, o Brasil pode muito pouco num conflito ou numa guerra assim e tem de se preocupar com a ameaça imediata: o preço do petróleo. Isso, sim, tem reflexos diretos no País. Inclusive, na política interna.
 
Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo